Love Is Waiting escrita por Gabriela Rodrigues


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Foi mal a demora, mas essa foi uma semana de comemorações: passei no vestibular!! Mas esqueçam minha vida; vamos à fic.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/116855/chapter/22

Acordei finalmente na cama certa e quase não reconheci a suíte. A noite passada voltou à minha memória num flash. Por um triz Alanna não obteve sucesso em estragar o que restou de minhas férias, e eu acabei esquecendo de falar com ela. Minha tia tinha proibido a Pernalonga de pisar naquela casa outra vez, o que complicava bastante as coisas para Jake e eu.

Corri para tomar um banho enquanto ia pensando no que fazer no resto do dia e montando uma lista mental. Saí do banheiro pronta para sair (seja lá onde a gente fosse), mas a roupa não era exagerada para ficar em casa, então não chamaria tanta atenção. Luke estava na cozinha lavando a louça quando sentei para tomar meu desjejum.

- Vai sair? – ele quis saber.

- Não que eu saiba. – ainda bem que eu estava descalça. – Por que?

- Você não pára mais aqui em casa. – ele comentou – Não sei o que tu vês de tão legal no Jake que só quer sair com ele.

- Ele perdeu uma aposta. Tem que me dar carona para onde eu quiser até o fim das férias. O melhor é que ele não pode reclamar. – a mentira era deslavada, mas colou.

Luke deu de ombros e voltou ao trabalho.

- Por falar nisso, por onde anda meu motorista? – eu não vira Jake essa manhã e procurara na casa inteira.

- Ele saiu. Pediu pra te avisar que ele foi na casa de um amigo. Um tal de Tom. – droga. E eu aqui, empacada. Falaria com ele quando chegasse. Nem o telefone da lambisgóia em sabia. O jeito era esperar.

Fui pra salinha de salinha de estudos, mas não tinha absolutamente NADA para fazer ali. Devera ter acordado mais cedo. Com o tédio começando a bater por causa do computador que estava sem internet (jogar paciência só me deixava nervosa) resolvi fuçar o despensa.

Preso na maçaneta de uma forma que só tentando abrir a porta alguém poderia sentir, estava uma tira de papel amassado. Abri imaginando quem deixaria aquilo ali (mesmo sabendo a resposta) e o que seria assim tão importante além disso, como ele saberia que eu ia vir para cá?

“Toque para mim.”

Legal, boiei. A única coisa que eu sabia tocar era... Então lembrei. Abri a porta com Killer, o cachorro, farejando meu pé e acendi a luz. Na última prateleira, tão bem embalado que mal se via, estava um teclado (não de computador, mas aquele que parece um piano eletrônico). Desembalei o instrumento e o coloquei na mesinha que mal cabia naquele lugar minúsculo.

Até que órgão estava bem conservado, mas não fazia idéia do quê eu deveria procurar. Testei tecla por tecla e nada. Não achei o cabo para ligar na tomada, mas eu tinha um teclado parecido em Belém e ele funcionava com pilhas. Abri a parte de trás onde eu deveria colocar a bateria e encontrei outro bilhete; este com um número de telefone. Sem pensar duas vezes, liguei do meu celular mesmo.

- Alô? – reconheci a voz na hora. Jake realmente pensara em tudo.

- Alanna, sei que não fomos uma com a cara da outra, mas quero te ajudar a conquistar o Jake.

- Quem...?

- Por favor, não desligue. É a Zoey. - por um segundo, pensei que ela fosse gritar comigo ou ser grosseira de algum modo. Fiquei surpresa quando ela perguntou:

- Como? – respirei fundo. Foi um progresso, sem dúvida, mas não cantaria vitória antes do tempo. Afinal, ela poderia perguntar o porquê e quanto a isso eu não saberia o que responder.

- Primeiro preciso saber onde a gente pode conversar. Sinto muito pelo... Incidente de ontem à noite. Infelizmente não vamos poder falar cara a cara aqui.

- Você pode vir aqui em casa? – isso estava mais fácil do que eu pensei.

- Sim. Vou pedir para o... – resolvi não tocar no nome do meu primo – Para me levarem. Só preciso do endereço. – É claro que Jake me levaria, mas resolvi fingir que não; que eu iria por conta própria e ver se ela daria o endereço certo. Ela ditou uma palavra de cada vez sem pressa e duas vezes. Anotei tudo, desliguei o celular e telefonei para Jake.

- Zoey? – eu podia ouvir o ronronar suave do motor de um carro ao fundo.

- Sim. Você ta dirigindo? Posso ligar depois.

- Não, o Tom ta no volante. Estamos indo a um bar, por quê?

- Nada, não. só me confirma um endereço. – li o que a Pernalonga ditou e ele disse que era lá mesmo. Que bom. Ela estava cooperando. – Não precisa se apressar. – eu disse antes que ele se oferecesse para me levar. - Eu dou um jeito.

- Boa sorte com ela. – ele desejou.

- O mesmo pra ti.

Desliguei.

- Alanna? – é. Eu tinha ligado para ela de novo. – Não tem ninguém que possa me dar uma carona e eu não sei andar por Americana.

- Não esquenta. Eu vou te buscar. – ela devia estar desesperada. – Agora?

- Já estou pronta.

- Ótimo. Chego aí em dez minutos.

Mandei uma mensagem para meu primo avisando onde e como eu iria. Não estava nem aí se ele ia surtar. Mal terminei de me calçar, um carro prateado estacionou em frente a casa, buzinando. A Pernalonga baixou o vidro do carona e eu corri para dentro. Os outros, como sempre tinham saído e nem se importaram em me convidar. O apartamento de Alanna era simples. Pelo que ela me contou ela morava sozinha e os cômodos, mesmo pequenos eram muito aconchegantes. Ela me indicou o sofá. Sentei.

- Água? – ela ofereceu. Estranhando a cortesia, recusei. Esperei que ela sentasse.

- Por que está fazendo isso? – justo a pergunta que eu não queria ela fez! Respondi a primeira coisa que me veio à cabeça:

- Porque não gostei de como ele te tratou ontem. Sei que começamos com o pé esquerdo, mas não achei justo o que Jake fez. Não quero ficar com uma pessoa que mente o tempo todo só para conseguir as coisas ou se livrar de problemas. – até que isso não soou tão falso aos meus ouvidos. Era bem possível que aquilo fosse verdade, exceto pela hipocrisia pura, pois se eu não suportasse pessoas assim já teria me separado de mim mesma há muito tempo.

- E como você acha que pode me ajudar? O Jake só tem olhos pra ti. – ela disse com amargura. De fato eu não sabia, mas poderia começar com o básico: devolvendo a pergunta, afinal eu teria que passar para ela as informações sobre Tom, não sobre o meu primo.

- Primeiro, preciso saber o que você no Jake.

- Por que? – pra eu te empurrar pra outro.

- Porque eu preciso saber como você o enxerga e tentar encontrar algum ponto em comum entre os dois. – essa foi profunda. Esperei que ela engolisse essa.

- Acho que ele é... – ela pensou um pouco – Bonito.

Fala sério. Era isso que a Pernalonga via no meu primo? O Tom ia morrer na solidão.

- Deve ter alguma outra coisa. – rezei.

- Claro que sim! – graças – Ele tem aquele jeitão de bad boy, acho isso um charme. Ele não liga pra mais ninguém e é completamente na dele, sabe? Um desafio.

Então ela via a fachada apática e pensava que o conhecia? Ela não enxergava o cara leal, confidente, protetor e brincalhão que meu primo podia ser e era, realmente? Fiquei pasma.

- Bom... Então você gosta de desafios?

- Sim. O tipo grosseiro é meu favorito. – ela riu animada. Até que Tom tinha uma chance.

- E num encontro? O que você esperaria?

- Nossa... Isso parece aqueles programas de relacionamentos que eu detesto. Sei lá. Sempre foi no improviso. Odeio esses lances melosos de lugarzinho romântico. Acho que um passeio de moto seria show. E o cara tem que ser cavalheiro a ponto de não me deixar pagar nada. – muquirana. É bom que Tom ganhe um salário que valha a pena.

Ficamos nessa até quase duas da tarde, quando meu celular tocou. Pedi licença, fui à sacada e atendi. Era Jake.

- Ta tudo bem? – ele parecia preocupado.

- Tudo ótimo. Se puder vir me buscar eu agradeço. Ainda to na casa dela. Descobri coisas que não gostaria sobre os... Outros ex dela. – ele riu ao telefone.

- Estou passando aí. Esteja na frente do prédio em cinco minutos.

Voltei pra sala alegando que consegui carona de volta para casa com minha mãe, que voltara do passeio. Alanna se ofereceu para me acompanhar até a portaria, mas recusei. Por sorte, Jake resolveu vir com o Classic alugado (que eu quase não reconheci de tão acostumada com o Fiat de tia Margareth.

Entrei no carro. Mal fechei a porta, Jake perguntou:

- O que descobriu?

- Que você tem mania de complicar as coisas. – ele pareceu confuso – Por que você não mandou uma mensagem de texto pra mim ao invés de deixar aqueles bilhetinhos? E se eu não aparecesse na despensa?

- Sabia que você iria. Fui eu quem desconectou o cabo da internet. Não notou que estava sem o modem? – penei um pouco, mas não tinha prestado atenção a esse detalhe.

- Mas isso não é importante. O que descobriu? – contei a ele cada detalhe das descrições que Pernalonga fez. Jake escutou como se fosse a coisa mais interessante que ele tivesse ouvido em semanas. Quando terminei, quis saber o que ele descobriu, pois Alanna me convidou para voltar à casa dela no dia seguinte.

- Bom... Tom te acha bonita. – não pude evitar; corei – Disse que deu em cima de ti pela primeira vez por causa disso e depois da, er, rejeição, ela viu isso como um desafio.

- O passeio à Pedreira. – lembrei.

- É, ele disse a mesma coisa. E depois viu que nem te beijando à força você cedeu. Tom se encantou com a tua lealdade, digamos assim, e o teu jeito de dizer o que pensa e de se defender. Basicamente o mesmo que a psicótica vê em mim.

- Então isso torna tudo muito mais fácil. – a essa altura já estávamos na salinha de estudos conversando aos sussurros com a porta fechada, pois todos já tinham voltado do tal passeio. Sem cerimônias, minha mãe entrou no cômodo.

- Onde vocês estavam? – ela quis saber.

- Fui visitar um amigo. – Jake pensou rápido – E lá pela hora do almoço levei a Zo pra comer alguma coisa. Pensaram o que? Que eu tinha seqüestrado minha prima e que a gente tava se agarrando às escondidas? – ele debochou e minha mãe ficou sem-graça.

- De qualquer forma – intervim – já são quase quatro da tarde e eu to sem nada pra fazer aqui. – virei para minha mãe – Posso ir à sorveteria? – pedi.

- Mas filha...

- Obrigada. – antes que ela respondesse, saí. Ou tentei. Ela segurou meu braço. “sermão, não”, pensei.

- Só se seu primo for junto. Não quero você andando sozinha por essa cidade. Sei que Americana é pequena, mas...

- Ok. – eu a cortei. – Vamos, Jake. – meu primo me seguiu.

Pegamos o carro e nos mandamos para a sorveteria. Não a do rato (tinha nojo só de lembrar), mas outra bem longe dali. Será que devo acrescentar que essa outra ficava na capital e que descobri só quando chegamos que nós passaríamos a noite lá?

- Que palhaçada é essa? – já estava anoitecendo quando estacionamos na garagem do prédio – Eles acham que nós fomos a uma sorveteria!

- E nós vamos. Mas é bom ligar pra tua mãe e avisar em qual. Aproveita e diz que ta tarde pra pegar estrada e que vamos dormir por aqui. O apartamento já ta pronto com quarto de visitas e tudo. Tomei a liberdade de comprar umas roupas pra ti. Estão no armário do teu quarto.

Levei um minuto para assimilar os fatos. Desde quando eu tinha um quarto naquela casa? Desde quando eu tinha um armário naquela casa? Mas ao invés de eu perguntar isso apenas pedi:

- Posso ver meu quarto? – a cara que ele fez... Era como se eu tivesse dado a uma criança um bolo de chocolate inteirinho.

Jake me arrastou até os elevadores e não falou nada até chegarmos. Estava tudo como eu lembrava: o sofá, o carpete, os móveis... Ele me levou à primeira porta.

- Feche os olhos. – obedeci. Ouvi a maçaneta girando e uma claridade repentina através de minhas pálpebras. Meu primo me guiou para dentro – Abra.

Fiquei sem palavras. Uma cama de casal ocupava parte de uma das paredes do quarto enorme. Ao lado, uma mesinha de cabeceira com um relógio despertador à moda antiga, telefone e abajur de leitura. De frente para a cama, um armário que ia do teto ao chão, cuja porta era tão sutil que parecia apenas uma parede de madeira.

Em uma leve cavidade, uma TV de plasma. Embaixo, um armarinho que conforme descobri, guardava uma enorme coleção de DVDs. De frente para a porta, cortinas de um bege suave como todo o resto do quarto. Um carpete cobria quase todo o chão. Abri a cortina e fiquei pasma. A vista era magnífica! Eu tinha uma sacada só para mim, separada do quarto apenas por uma porta de vidro. Aquele quarto era um sonho.

Jake me abraçou por trás sem que eu percebesse sua chegada.

- Gostou? – ele soprou a palavra em meu ouvido, fazendo-me tremer. Incapaz de falar, assenti. – Que bom. Porque ainda tem mais.

- O que...? – eu não concluí a frase. Meu primo abriu a porta do armário. Aliás, chamar aquilo de armário era uma ofensa sem igual ao closet que ocupava uma área quase igual à do próprio quarto.

As fileiras de cabide estavam dispostos como uma loja: havia a parte de roupas esportivas, trajes de festa, roupas de banho, pijama e roupas intimas. Segundo Jake, aquele closet era de nós dois, mas não anulava o fato de ele ser enorme.

Eu estava esgotada, mas antes de dormir ainda conversamos um pouco mais sobre nossa “operação cupido” e vimos um filme qualquer na minha nova cama. eu parecia flutuar naquele colchão de água e travesseiros de plumas. Não consegui ver nem metade do filme. Peguei no sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Love Is Waiting" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.