Elisabeth acordou se sentindo estranha naquela manhã. Podia sentir os braços de Damon a segurando, mas nem isso foi suficiente para lhe afastar os pensamentos ruins. Sabia que Isobel havia voltado por um motivo que não era apenas estragar o aniversário de Elena. E não saber que motivo era esse a enlouquecia. Não demorou para que Damon sentisse sua inquietação e também despertasse, logo percebendo que algo estava errado.

“O que foi, princesa?”

“Nada de importante, só ainda não consegui parar de pensar na visitinha da Isobel”, disse ela, preferindo não mentir.

“Você não devia ficar esquentando com isso”, disse ele.

“Eu sei, mas não consigo. Ainda quero saber por que ela voltou. Coisa boa é que não é!”

“Amor, deixa pra lá. o único jeito de você descobrir vai ser ela te contar, e ela não vai fazer isso,” Damon ponderou, pontuando o argumento com um beijo em sua bochecha.

“Pode até ser, mas eu só vou saber se perguntar.”

Damon arregalou os olhos. “Você não vai fazer o que eu acho que você vai fazer, né?”

Elisabeth apenas sorriu. Era exatamente o que ela iria fazer. Meia hora mais tarde já estava andando pelas ruas de Mystic Falls. Não precisava ser nenhum gênio para adivinhar que Isobel estaria na casa de Matt Donovan, cujo endereço Liz tinha pegado que Elena, após alguns minutos de insistência. Logo Lizzie estava de pé do lado de fora da simpática casinha amarela dos Donovan.

Bateu apenas uma vez e um par de olhos azuis veio abrir a porta.

“Pois não?” Matt perguntou. Obviamente, não se lembrava da noite anterior, graças à compulsão de Isobel.

“Eu quero ver a Isobel.” Liz decidiu ser direta. “Será que você pode chama-la pra mim?”

“Não será necessário, Matt querido.” Isobel falou de dentro da casa. “E não a convide para entrar.”

“Eu não preciso de convite,” Liz lembrou-a. Podia ouvir os passos de Isobel pela casa. “Eu sou uma bruxa também, não se esqueça. Mas sempre opto pela boa educação.”

“Quem diria!” Isobel apareceu atrás de Matt, que ainda continuava parado, bloqueando a entrada de Lizzie. “Matt, meu bem, porque você não vai dar uma volta? Aproveita para rever seus amigos. Não precisa se apressar.” Matt concordou imediatamente e partiu, deixando Liz frente a frente com Isobel.

“Devo admitir que você veio mais rápido do que eu pensei.” O olhar de remorso de Isobel era traído pelo sorriso cínico de seus lábios. “Devo ter feito um grande estrago ontem pra você aparecer assim tão rápido!”

“Na verdade, nem tanto assim,” Liz deu de ombros. “Se bem que o Ric deve ter tido uma noite longa pra colocar todos os pingos nos is com a Jenna.”

“Bem feito, já era hora de ela saber de toda a verdade. Mas não foi pra falar do meu ex que você veio, não é mesmo, Liz?”

“Não, não foi. E eu vou ser bem direta. Quero saber por que você voltou. E não venha me contar essa história de reunião de família, porque eu não acredito!”

“Liz, você sempre com essas ideias absurdas. Por que mais eu voltaria se não para me aproximar da minha filha?”

“Eu te conheço, Isobel, e a mim você não engana. Você voltou por algum motivo e eu quero saber qual!”

“Eu já disse, voltei por causa da Elena. Se você não acredita é problema seu! E agora me da licença que eu tenho mais o que fazer.” Isobel fez menção de fechar a porta, mas Elisabeth foi mais rápida. Concentrou-se e logo Isobel estava gritando, devido à dor de cabeça que Liz lhe causava.

“Um pequeno truque que, pelo que ouvi, é muito popular por aqui.” Liz sorriu por um segundo. “Isso é um aviso, fique longe dos meus amigos.”

“Ou o que?” enfrentou Isobel, “Você vai fazer minha cabeça explodir?”

“Se você ainda tiver uma cabeça... talvez!”

Elisabeth partiu, deixando Isobel ainda atordoada no chão. Queria arrancar sua cabeça, mas isso só pioraria as coisas. Se Isobel estava aprontando alguma coisa, Lizzie precisa descobrir o mais rápido possível, antes que fosse tarde demais. Tinha sido ingênua uma vez por confiar em Isobel, mas não cometeria o mesmo erro. E agora, tudo era diferente. Tinha pessoas a quem proteger. Pessoas a quem amava. E não deixaria de nada de mal acontecesse a elas.

Aproveitando que estava na cidade, Lizzie passou em seu apartamento, onde tomou banho e trocou de roupas. Estava terminado de se arrumar quando alguém bateu a porta.

“Oi Liz.” Era Elena. “Desculpa, mas não aguentava mais o Damon resmungando que você não devia ter ido ver a Isobel, que eu não devia ter dado o endereço do Matt e blá, blá, blá.” Ela fez uma careta e continuou. “Aí decidi vir atrás de você.”

“E como você sabia que eu estava aqui?”

“Intuição feminina!” Ao ver o olhar incrédulo de Lizzie, ela confessou. “Tudo bem, eu vi você entrando no prédio e vim atrás. Mas encontrei o Matt no caminho.”

“E você conversou com ele?”

“Claro, por isso demorei. E é claro que eu perguntei se ele sabia o porquê da minha querida mãe estar de volta.”

“E o que ele disse?” Liz quis saber de imediato.

“Disse que não sabe. Que tudo estava normal até dois dias atrás, quando a Isobel recebeu um telefonema de alguém que a deixou maluca. Foi quando ela decidiu vir pra Mystic Falls. E antes que você me pergunte, ele não sabe quem telefonou. Mas acha que foi um homem, pois Isobel disse que era um amigo.”

“Isso não nos ajuda muito.” Elisabeth afundou no sofá. “Damon tinha razão, pra mim ela também não contou nada. Mas quem pode ter ligado pra ela que a faria voltar a Mystic Falls tão depressa?”

“Não sei, mas combinei de tomar um suco com o Matt mais tarde. Talvez ele possa ter ouvido mais alguma coisa que possa fazer sentido.”

“Tomara, Elena.” Liz suspirou. “Ele é a nossa única esperança.”

Infelizmente, Matt se mostrou um verdadeiro beco sem saída. O encontro de Elena com ele tinha sido tão decepcionante quanto a tentativa de Elisabeth em descobrir algo com Isobel. Esta, por sua vez, procurara Elena para conversar, mas a jovem recusara o convite para almoçar, alegando que não queria contato algum com a mãe biológica. Isobel pareceu descontente, mas não insistiu. Preferiu dizer que daria um tempo para Elena pensar melhor e que a procuraria novamente em breve.

Passaram-se alguns dias até que se ouvisse de Isobel novamente, o que fez com que todos ficassem ainda mais apreensivos. Agora, Jenna também sabia de toda a verdade, o que era um alívio e, ao mesmo tempo, mais uma preocupação. Sem saber de nada, Jenna se mantinha a salvo. “Como diria minha mãe, às vezes a ignorância é uma benção”, pensou Elisabeth.

Era fim de tarde e todos se encontravam novamente na Mansão Salvatore. Ric havia ligado e convocado, como ele mesmo dissera, uma “reunião de emergência”. Sem entrar em muitos detalhes, disse que tinha descoberto algo e que queria contar a todos de uma vez.

“O que aconteceu, Ric?” Damon, como sempre, era o mais impaciente. “O que de tão importante você tem pra contar pra gente?”

“Bem,” começou Ric, “pode não ser nada, mas eu vi Isobel hoje a tarde na cidade.”

“Muito bem acompanhada, por sinal!” intrometeu-se Jenna.

“Acompanhada de quem?” Elena externou aquilo que todos queriam saber.

“Do Klaus.” Ric respondeu.

“Impossível!” Elisabeth falou. “Da última vez que falei com ele, ele estava de partida para o Canadá! Ainda devia estar lá!”

“Talvez ele tenha voltado mais cedo,” ponderou Elena.

“Ou talvez ele jamais tenha ido pra lá!” Damon disse, ríspido.

“Eu não acredito.” Elisabeth tentava raciocinar. “Ele não mentiria pra mim! Por quê?” A cabeça dela estava a mil. Não fazia sentido. Por que Klaus esconderia isso dela? Por que voltaria à cidade sem lhe contar?

“Você tem certeza que era o Klaus?” Stefan perguntou, só por precaução.

“Claro que tenho!” Ric respondeu. “Tenho certeza que era o Klaus. Mas tenho que admitir que ele me pareceu um pouco estranho. Eu me aproximei com a Jenna e claro que minha adorável ex-esposa fez questão de nos cumprimentar. Mas ele agiu como se não me conhecesse.”

Foi quando tudo fez sentido. Elisabeth finalmente sabia a resposta.

“É porque o homem que estava com a Isobel não era o Klaus!” ela respondeu prontamente. Sob o olhar surpreso de todos, acrescentou: “Vocês tiveram o prazer de conhecer o irmão gêmeo dele, Vladmir.”