Innocence escrita por Anna, Thalia_Chase, bibi_di_angelo


Capítulo 36
Capítulo 36 - Complicações




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                POV Annabeth

                Abri os olhos vagarosamente, bocejando, e me sentindo estranhamente bem. Lembrei do que fizera ontem à noite e arregalei os olhos. Senti minhas bochechas pegarem fogo.

                Meu Deus, eu não sou mais virgem?!, pensei e abaixei o olhar, notando um par de braços envolvendo minha cintura. Aimeudeus, não sou mais virgem. NÃO SOU MAIS PURA! Meu Deus, Silena e Thalia vão me perturbar pro resto da nossa vida miserável e impura.

                Delicadamente, tirei os braços de Percy de minha cintura e levantei da cama. Espreguicei-me e notei que estava de baby doll. Suspirei aliviada por, pelo menos, ter dormido de roupa. Fui até a suíte e fiz minha higiene matinal. Bocejei novamente e parei no meio do quarto, observando meu namorado dormir com uma fisionomia de paz que eu nunca vira em nosso tempo de namoro. Fiquei o olhando por um longo tempo, pensando em como tenho sorte, até minha barriga roncar. Revirei os olhos para minha necessidade idiota de comer algo e desci as escadas, indo na direção da bendita cozinha.

                Procurei alguma coisa para comer, e como não encontrei, revirei os olhos de novo e sentei no balcão, encarando tudo ao meu redor. Então, me levantei e fiz waffles, o que normalmente não é o que como de manhã, mas como não encontrei nada para comer, fiz isso mesmo. E, acredite em mim, tem sorte de eu não ter queimado a cozinha.

                Sentei no balcão novamente e fiquei em silêncio, alisando meu cabelo. Finalmente, levantei, peguei um prato de vidro e coloquei os waffles dentro do mesmo. Andei até a sala e liguei a tevê, para ver se tinha alguma coisa de legal passando. Olhei meu pulso, e lembrei que não estava de relógio. Abri a guia na televisão e vi o horário: 9hrs48min. Como não achei nada de bom passando, resolvi deixar logo na Disney. Que foi? Que tipo de adolescente não tem uma paixão platônica pelos bonequinhos? Embora eu prefira os desenhos antigos... Dei uma mordida no waffle e pendi a cabeça para o lado, cheia de tédio. Passei para o canal da Nickelodeon, e como também não estava passando nada de bom, bufei de frustração, desisti e desliguei a tevê.

                Levantei do sofá e calcei minhas pantufas de coelhinho. Deixei o prato na pia e subi as escadas para tomar, pelo menos, um banho. Silenciosamente, entrei no quarto onde meu namorado dormia – na verdade, ele parecia um cadáver. –, abri meu armário e peguei uma roupa qualquer. Fui para o andar de baixo para tomar banho no banheiro social. No corredor, parei e vi alguns retratos meus e de Taylor quando pequenas. Sorri ao ver uma foto minha, de Silena e Thalia aos doze anos, em um parque aquático.

                Corri para o banheiro e tomei um banho rápido, calçando uma sandália depois de arrumada. Passei uma maquiagem básica e escovei os cabelos “dourados”, como Silena costumava falar. Saí do banheiro e fiquei zanzando a casa, sem ter o que fazer.

                Me lembrei do que deveria fazer, corri para a cozinha e coloquei a ração para Cookie. A seguir, pus água. Fiquei zanzando pela casa novamente, e me cansei de esperar.

                - Quer saber? Desisto. – murmurei para mim mesma e subi as escadas, entrando no meu quarto onde um anjo dormia sobre minha cama. Fiquei com pena de acordá-lo, mas se não o fizesse, ficaria zanzando a casa até o fim dos dias.

                Aproximei-me da cama e o balancei carinhosamente. Hesitei um pouco, então chamei seu nome. Ele apenas se virou para o outro lado e murmurou algo como: “Mais 5min, mãe”.

                - Não sou sua mãe. – falei, botando as mãos na cintura.

                - Então quem... – ele começou murmurando, e então abriu os olhos. – Ah, desculpe se dormi demais, Annie.

                Revirei os olhos e o puxei, em vão, para levantá-lo da cama.

                - Cara! – parei, sem fôlego. – O que você come?

                - O mesmo que você. – rebateu.

                Fiz um biquinho.

                - Tá legal. Você tem 5min, me espere lá embaixo. Se Silena e Nico chegarem aqui e nos verem nesse estado, o que acha que irão pensar? – perguntei.

                Ele entendeu imediatamente. Levantei as sobrancelhas e me virei para sair do quarto. Antes que o fizesse, senti braços envolverem minha cintura por trás. Ri baixinho e o encarei. Ele tinha uma expressão angustiada no rosto.

                Rapidamente recuei.

                - Sobre ontem... – ele começou. Arregalei os olhos e, definitivamente, corei. – Eu não que...

                - Eu gostei. Pode ter certeza de que gostei. – o assegurei e dei um sorriso tímido.

                - Tem... Certeza? – interrogou, a angústia se transformando rapidamente em curiosidade e vergonha.

                Revirei os olhos.

                - Claro. – respondi.

                Ele deu a impressão de ter se aliviado um pouco. Sorri timidamente e saí do quarto onde eu perdera minha virgindade de dezesseis anos. Sorri novamente, só que dessa vez para o além, e desci as escadas.

                POV Silena

                - MEU DEUS! – exclamei, caindo da cama. Só que o infeliz do meu namorado continuou dormindo. Bufei de frustração e me levantei para ver a hora direito. Estreitei os olhos somente para confirmar. Com medo de sair sozinha pela casa, balancei Nico pelos ombros. – Ni... Nico? Nico? – repeti várias vezes até obter resultado.

                - Morreu. – murmurou ele, virando-se.

                Revirei os olhos.

                - Deus... – murmurei, amaldiçoando-me internamente por estar na casa de meu namorado, e não na casa de Annie. Se eu estivesse na dela, poderia berrar poucas e boas no ouvido dele.  Mordi o lábio inferior, procurando opções.  Então, apontei sua ponte do nariz com as unhas, e aquele lugar foi ficando vermelho. – Que droga, Nico! Acorde!

                Ele se espreguiçou lentamente. Fiquei com cara de retardada.

                - Nico! – chamei novamente um pouco mais alto. Me encolhi de medo ao notar que talvez foi um pouquinho mais alto que o normal.

                Ele finalmente abriu os olhos e me encarou com os profundos olhos negros. Não pude evitar: Desviei o olhar. Mesmo odiando admitir, e mesmo que Nico seja meu namorado, ele é meio... Intimidador. Quer dizer, digamos que não seja a pessoa que você queira ficar um tempo sozinho em uma sala... Por um bom tempo. Entende?

                Pigarreei, constrangida.

                - Eu preciso ir ao banheiro. – admiti, sussurrando.

                Ele franziu o cenho.

                - E precisa me pedir para fazer isso?

                - Não! – exclamei. – Quer dizer, não gosto de sair andando por aí na casa das pessoas.

                Ele bocejou e se sentou.

                - Silena, minha casa, sua casa. – brincou, apenas em parte. Sorri alegremente e levantei, totalmente vermelha. Andei na direção de minhas bolsas no canto do quarto de meu namorado e peguei uma roupa simples, e claro, minha maquiagem (Uma vez, Nicole disse: Nunca se sabe quando você vai precisar sair correndo de casa para fugir de um incêndio).

                Fui ao banheiro, fiz minha higiene matinal, tomei banho, vesti a roupa, escovei os cabelos e passei a maquiagem básica. Tive vontade de chorar apenas em lembrar o sorriso sarcástico de Nicole, mas não o fiz. Porque se não tivesse ficado, morando com Annie, não veria Thalia e Annabeth todos os dias, seus namorados; não veria minhas professoras – acredite, as chatas, as normais e as legais. –, não zoaria mais com os garotos nerds, nunca mais perturbaria minhas duas melhores amigas, não teria a minha vida. E, além do mais, o motivo principal: Nico. Nunca poderia deixá-lo. Nunca. Não mesmo. Ele faz parte de minha vida.

                Além do mais, mamãe nunca me deixaria fazer mechas rosas e verdes no cabelo. Nunca mesmo. Mas eu fiz, e a tradução disso é: Se ela me ver, vou ficar de castigo até o fim do mundo. Ano que vem! Mas, não posso permitir isso. De jeito nenhum.

                E eu, definitivamente, não deveria contar aos meus amigos que há uma semana, recebi um telefonema de uma empresa de modelos de revistas, oferecendo-me uma vaga para ser modelo. Não. E o pior de tudo, essa agência não fica a 100 km, nem nada. Fica em Moscou. Na porcaria da Europa. E, para piorar tudo, é um emprego pago. Muito bem pago. E, bem, é esse tipo de oportunidade que estou esperando para conseguir pagar a faculdade. Até estou pensando em aceitar essa profissão, mas... Nico, Annabeth, Thalia, Percy, Luke... Todos vão ser parte de meu passado. Meu idiota e patético passado.  E, cara, tenho apenas duas semanas para decidir. Agora, apenas uma. E... Sinceramente, estou realmente cogitando a ideia de ir e aceitar isso.

                Jane, a mulher que me ligou, disse que se eu aceitasse esse cargo, Jennifer – uma mulher que eu nem conhecia – seria minha empresária. Tá legal, vou admitir: É uma oferta tentadora. Quer dizer, muito mesmo. Mesmo que tente fugir dela, vão me pegar. Isso... Poderia abrir portas para mim. E para aos meus amigos.

                Que amigos?, pensei. Se eu fizesse isso, Annabeth, Thalia, Nico, Percy, Luke... Ninguém, absolutamente ninguém, nunca iria me perdoar.

                Fiquei absorta em pensamentos até tomar minha decisão.

                POV Thalia

                - Eu. Quero. Morrer. – vociferei, encarando a tevê, que por sinal, estava muda.

                Pelo canto do olho, vi Luke revirar os olhos.

                - Pelo menos estou em condicional.

                Virei à cabeça para ele, e o encarei sombriamente.

                - Como posso viver apenas uma hora com você por dia?! – exclamei, dando um salto da poltrona.

                Ele deu de ombros. Agora quem revirou os olhos fui eu. Balancei a cabeça, me lembrando de que teria que ir embora.

                - Luke, preciso ir embora. – informei a ele. O mesmo ficou boquiaberto.

                - Mas você chegou ontem!

                - Por isso mesmo. – o encarei como alguém que se desculpa. – Minha mãe ligou faz umas duas horas, e ela disse que se eu não chegar em casa hoje, ela vai me mandar pro hospital e me internar. Quer dizer, já vou ficar de castigo por ter deixado Sophia em casa sozinha, não preciso que ela venha me internar agora.

                Ele franziu o cenho.

                - Mamãe acha que sou anoréxica. – expliquei rapidamente. Meu namorado arregalou os olhos, subitamente preocupado.

                - Você é anoréxica? – interrogou.

                Revirei os olhos.

                - Não. Mas ela acha que estou saindo demais para não ter que comer. Cara, às vezes eu acho que minha mãe precisa de um psicólogo. Ela é totalmente anormal da cabeça. Meu Deus, acho que quando se convive demais com gente assim, pega essa “anormalisse” – abri aspas com os dedos para minha palavra esquisita. – Acredite, não quero ser anormal como ela.

                - Você já é. – brincou ele, sorrindo.

                Não pude evitar e retribuí o sorriso.

                POV Annabeth

                Fiquei brincando com meus cabelos até meu namorado descer das escadas. Me ajeitei no sofá e pigarreei, chamando sua atenção. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a campainha tocou. Ele riu de minha careta e foi atender a porta. Virei à cabeça para ver quem era e vi apenas uma Silena correndo para o andar de cima. Troquei um olhar questionador com Percy e fiquei boquiaberta.

                Que diabos aconteceu?, era o que eu queria perguntar. Mas não fiz isso, porque ver Silena chorando era, tipo... A experiência mais bizarra que uma louca pode ter. Quero dizer, Silena Beauregard chorando? Cara, a parada deve ter sido muito séria. Como quando ela disse que iria se mudar.

                - Eu vou ver o que aconteceu. – Falei, baixinho. Ele apenas assentiu. Subi as escadas, e, paralisei. De verdade. Não conseguia mexer um músculo do corpo sequer. Bem... Isso era invasão de privacidade. Não quer dizer que Silena mora na minha casa que devo me intrometer nos seus assuntos particulares. Ouvi soluços vindos do quarto de hóspedes, que agora era o de minha amiga. Lentamente, andei até lá e a vi encolhida no cantinho.

                Respirei fundo e me encostei-me ao batente da porta.

                - O que aconteceu? – sussurrei.

                - É complicado. – sussurrou ela, como uma criança fazendo travessura no meio da noite com medo de ser flagrada por um adulto.

                - Pode dizer. Somos melhores amigas, não somos? – me aproximei dela e peguei suas mãos. Ela assentiu, lentamente, com a cabeça.

                - Eu... deveria ter contado! – exclamou ela, virando a cabeça.

                Naquele momento, percebi seu olhar. Seu agonizante, triste, infeliz, angustiado e belo olhar. Havia uma coisa mais importante atrás da questão que a fizera chorar.


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