Aira Snape escrita por Ma Argilero


Capítulo 20
Uma parte esquecida


Notas iniciais do capítulo

Estava com saudades de postar novos capítulos. Demorei, pois estava doente, mas agora aqui está ele.
Obrigada KPrince pela recomendação. Amo você, garota!



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Snape levou-me até seus aposentos, onde selou a porta com feitiços e indicou uma poltrona onde eu deveria sentar, mas recusei-me.

  Ele afastou-se e começou a mexer nos armários, inquieto, procurando algo.

  Nunca estive naquele lugar. Não era escuro e nem frio com na sala de aula, mas quente e ventilado. Observei uma mesinha repleta de recortes de jornais. Trouxas, descobri depois de ver atentamente as imagens que não se moviam. Ali constava imagens e notícias de um acidente em uma via estadual.

   Peguei o único pedaço que não havia sido cortado completamente e li em voz alta:

“Enquanto ia de West Midlands para Worcestershire, Hayley Thompson sofreu um acidente...”.

Não consegui terminar, pois Snape retirou o papel de minhas mãos e entregou-me uma xícara de café. Café? Desde quando se tem café em Hogwarts e eu não sei? Estou precisando de cafeína pra manter-me acordada.

  Decidi não deixá-lo mais fulo da vida e sentei-me no sofá. Cheirei, disfarçadamente o café, com o intuito de saber se estava doce e depois tomei. Sabe-se lá se ele não colocou veritaserum para eu dizer verdades?

  Até que Crouch/Moody não era de tão imprestável, quando disse em sala de aula para saber o que está sendo oferecido a você.

  Esperei ele sentar-se a minha frente.

  - O que você quis dizer? Você me salvou alguma vez?

  Ele estava muito estranho. Tomei mais um gole de café e o observei atentamente.

  Snape apertou a xícara de café e olhou-me penetrante.

  - Foi quando você tinha dez anos... – ele parou e olhou para dentro da xícara. – Eu nem deveria estar, mas ainda bem que eu estava. O que vi foi horrível. Pensei que perderia a única coisa de valor que possuo.

  Tentei pensar em algo ruim que tenha acontecido a mim, mas não veio nada em minha mente. Pensei se tratar de fingimento dele para conseguir minha atenção, porém ao ver os olhos dele, percebi que eram reais suas palavras.

  - Era dia do seu aniversário. E todo ano eu fazia a mesma coisa: lhe observava ir e voltar da escola... Mas naquele dia você estava triste, parecia assustada e se escondia de alguém.

  Deixei minha xícara de café sobre a mesinha e levantei-me, ficando de costas a ele e abraçando-me.

  - Eu estava fugindo de ser agredida como sempre fui em minha vida por ser diferente – virei-me. – Queria chegar em casa o mais rápido possível e esquecer que existiam garotos que me machucavam.

  Engoli em seco afastei meu cabelo do meu pescoço e apontei pra minha pele.

  - Eu estava salvando meu pescoço. De uma maneira eles estavam certos. Eu sou diferente.

  - O que aconteceu com você... Desculpa, filha!

  Pela primeira vez ele me chamou de filha. Fiquei tentada em agradecer, mas ignorei e continuei:

  - Mas o que esse dia tem haver com o fato de você ter me salvado?

  - Eu lhe segui. Você andava cabisbaixa e triste. Parou em um parque e observou algumas crianças se divertirem.

  - Lembranças amargas da minha maldita infância!

  Snape nem se importou com meu comentário, pois continuou:

  - Aos poucos o céu foi mudando de cor e ficando escuro e em pouco tempo começou a chover. Pensei em aproximar-me e lhe oferecer proteção, mas o que você diria a um estranho?

  Sorri. Ele seria a pessoa mais normal que eu teria visto naquele dia.

  - Mesmo na chuva fiquei observando você, estática, observar o lugar onde estavam as crianças. Você abaixou-se e pegou uma fita vermelha.

  - Fita vermelha... Não lembro mais dela. Só lembro... – e eu percebi, depois de tantos anos que faltava uma parte de uma lembrança. – O que aconteceu comigo depois que peguei a fita?

  Snape levantou-se e veio em minha direção. Colocou sua mão em meu rosto e afastou meus cabelos. Senti-me estranha. Era a primeira vez que Snape demonstrava qualquer ato de carinho.

  - Tive que apagar a sua memória – ele deixou escapar uma lágrima.

  - Snape!? – eu estava incrédula, vendo-o chorar.

  Ele me abraçou com força.

  - Você perambulou pela cidade até chegar em outro parque onde havia um lago. No que você estava pensando quando pulou lá dentro?

  Não conseguia acreditar no que ele me falava. Estava petrificada nos braços dele, sentindo meu ombro quente e úmido.

  - Você no começo não tentou nadar, mas depois ficou desesperada em querer sair dali. Eu não pensei duas vezes e fui atrás de você. Consegui te tirar da água, desacordada.

  O coração dele estava acelerado enquanto revelava tudo aquilo. Eu sentia o amor dele por mim.

  - Tentei de todas as maneiras fazer com que você respirasse, mas você não fazia. Usei magia, mas nada. Então resolvi apelar pelo o que a Hayley sempre fazia quando queria uma situação...

  Ele afastou seu rosto de mim.

  - Eu implorei para a oração.

  Acho que minha boca formou um “o” perfeito, pois ele afastou-se mais, olhando-me curioso. Mas não é pra menos! Ele rezou pra me salvar. É difícil de acreditar.

  O rosto dele estava todo manchado de lágrimas. Eu não tinha motivos para odiá-lo por querer me proteger, mas proteção demais é um saco.

  - Não pense que conseguiu minha aprovação

  Ele sorriu.

  - Claro, que não Dulce.

  Ninguém me chama de Dulce.

  - Mas não vou parar de te proteger, pois você é minha garotinha.

  Abracei-o e dei um beijo estalado em sua bochecha.

  - Obrigada... papai!

Procurei Fred depois de sair da sala do meu pai, mas não o encontrei. Com certeza, pelo horário, ele já deveria estar em seu dormitório. Continuei perambulando pelos corredores até que fui vencida pelo sono.

§§§

Acordei com meus cabelos e lençóis suados. Apalpei meus pescoço e meu rosto para saber se estava com febre. Depois que lembrei de meu sonho (que não era pesadelo), descobri porque de ter suado.

  Sorri maliciosa.

  Levantei de um pulo da cama e fui preparar-me. Ainda tinha um dia inteiro pela frente.

  Mas como amo provocar. Coloquei um mini vestido baloné preto, all star, meia luva acima do cotovelo. Todos ficariam curiosos para saber o que era aquilo preso na minha coxa direita...

  Cheguei no salão principal e fui procurar Fred. Se ele pensava que depois do episódio com Snape, não me veria, mais...

  Fui direto para a mesa da Grifinória e quando o encontrei, o puxei com tudo e lhe beijei com vontade. Tava com saudade daquela boca e era hora do mundo saber que estávamos namorando, mesmo que de mentira.

  Fred nem se importou, entregou-se ao meu beijo, colocando sua mão em minha nuca e puxando meu corpo para mais perto do seu.

  Quando nos separamos, vi na mesa dos professores, meu pai cortar algo com tanta ferocidade, que pensei que ele estava pensando estar fatiando Fred. Tal pensamento me fez rir. Rir de verdade como nunca ri na vida. Gargalhei pra todos ouvirem.

  Sequei minha lágrimas e olhei Fred.

  - O que é tão engraçado?

  - Tem certeza que quer saber?

  - Tenho.

  Olhei mais uma vez meu pai, que dessa vez mastigava a torrada com raiva.

  - Snape vai te matar a qualquer momento.

  - Ah... É sério então aquilo...

  - Super sério. Mas mantêm segredo, tá?

  - Tá. – e ele fez biquinho, querendo beijo. Mas eu dei um tapa no rosto dele. – Ei! O que foi isso?

  - Deu vontade.

  Deixei meu namorado com os amigos dele e voltei para a mesa da Sonserina, onde tinham pessoas querendo me matar.

  Tomei meu café tranquilamente e depois fui puxada pela Giulia e pela Geovanna até Hogsmead comprar vestidos para o baile.

  Eu não compraria vestidos para o baile, mas precisava de outras peças de roupa e calçados. Eu tinha visto um lindo sapato preto em uma vitrine numa loja trouxa e tentei procurar algo parecido. E nada. Bruxos não aderem à moda trouxa.

  Decidi pedir como presente de natal um lindo sapato para mim através de uma carta aos meus pais. Eles nunca foram notificados por nada que eu fiz na escola – Não sei como, se faço bagunça demais.

  Observei um relógio em um balcão. Era branco com ponteiros vermelhos. Era parecido com um relógio de pulso normal, mas depois que a vendedora disse que ele possuía um pedra capaz de fazer você ver parte de uma data que está longe, percebi que era raro e muito caro. Retirei até meu saquinho com galeões, sicles e nuques e olhei dentro.

  Deixei a melhor coisa que eu poderia comprar em Hogsmead e acompanhei minhas amigas ao Três Vassouras.

  - O que vocês querem? – perguntei sentando-me, enquanto procurava com os olhos pessoas conhecidas.

  - Chá – disse Giulia. – Mantendo a forma. Quero entrar naquele vestido vermelho sangue. É tão lindo. Foi feito para mim!

  Ela foi louca de comprar algo que, após tomar um simples copo de água, pode explodir.

  Geovanna foi mais adepta e escolheu preto. Ajudei tanto na escolha, após tanta insistência dela.

  - Cerveja amanteigada com um pouco do noz moscada.

  - E você?

  - Ah... Acho que chá.

  - Você precisa fazer uma dieta, Aira – olhei pra Giulia, que estava me chamando de gorda. – Não que precise muito, mas você precisa criar curvas, tornar-se mulher.

  E ela ajeitou o bustié no seio, atraindo a atenção de muitos garotos.

  Nunca pensei que estaria viva para ver minha amiga ter atitude de mulher fatal. Ela acenou para um garoto e lançou um beijinho.

  Ri da cara de bobo que o garoto fez. Mas homens são todos uns retardados.

§§§

POV – Severo Snape

Tenho que encontrar o Weasley e ter uma bela conversa com ele. Tenho condições se ele quiser continuar se encontrando com minha filha. Se ele não aceitar, é por que não ama minha filha, mas se aceitar e quebrar: morre.

  Havia esquecido do passeio a Hogsmead. Tive que sair de meu aconchego. Como é duro ser pai, meu Merlin! Ainda bem que só tenho uma filha. Se fosse duas Aira, eu estava morto!

  Parei em frente às lojas para ver se encontrava qualquer indicio de Weasley por ali, mas o que vi, foi minha pequena admirando um lindo relógio. O relógio é lindo, mas custa o olho da cara. Ela nunca que pediria dinheiro emprestado pras amigas para satisfazer um desejo.

  Ouvi tilintar de ouro dentro de meu bolso. Ouro querendo ser gasto. Entrei na loja e comprei, sem culpa na consciência, o relógio que minha filha tanto queria. Guardei em meu bolso e continuei a caçada pelo garoto. Não deveria ser difícil ver uma cabeleira ruiva, mas não havia nada.

  Acabei escorregando em uma poça e sujando minha capa nova, que demorou a ser feita e entregue. Já tinha ocorrido um desastre com uma capa anterior, quando eu misturava uma poção, acabei encostando-se ao fogo, enquanto pensava em uma forma de matar um garoto que estava se insinuando para minha garotinha. E o estrago: queimaduras e uma capa caríssima sem utilidade.

  Mas com essa queda vi quem eu estava procurando durante tanto tempo. Aproximei-me do garoto, cautelosamente, igual fantasma. Sempre gostei de assustar grifinórios, não é por diversão, é mais por passatempo.

  - Weasley!

  Ele deu um pulo e virou-se para mim.

  - Sim, professor?

  - Tenho algo para você... – retirei um pergaminho de minhas vestes e lhe entreguei. – Uma cláusula, se você assinar poderá namorar a Aira, se não tiver sua assinatura aqui, nada feito!

  Eu não estava pegando pesado. Conheço bem esses garotos e suas mentes pervertidas.

  Ele lia minha lista de mais de trinta centímetros, atento.

  - Ah... Professor... Somente mãos dadas, nada mais? – ele mostrou um erro, que eu não havia visto.

  - Desculpe pelo meu erro.

  Conjurei uma pena e corrigi meu pequeno erro.

  - Nada de mãos dadas. Um metro de distância.

  Weasley não acreditou no que acabara de ler. Eu estava me divertindo com ele. Sabia muito bem que minha filha não seguiria aquilo, mas queria aterrorizá-lo psicologicamente.

§§§

Fred entrou no Três Vassouras e somente me olhou. Resolvi ir até a mesa onde ele estava, mas ele saiu, dizendo que precisava ir ao banheiro.

  - O que ele tem? – perguntei pro gêmeo dele.

  - Não sei. Deixei ele lá fora um pouco e entrei numa loja de roupa, mas quando voltei ele parecia ter visto um fantasma.

  - Fantasma...

  Fui encaixando as peças. E deduzi: Severo Snape. Meu pai fez alguma coisa contra ele.

  Fred voltou e desviou, indo em direção a um grupo de amigos.

  Fui tirar satisfação do porquê de estar me ignorando.

  - Snape teve algo haver com essa sua mudança?

  - Ah... Não. Snape, mas por que Snape?

  Revirei meus olhos.

  - Fala sério, Fred! Você não vai fazer nada que ele pedir!

  - Tarde demais...

  - Como assim “tarde demais”?

  Ele não ia falar.

  - Deixa pra lá! Eu descubro o que meu pai tá tramando!

  Paguei minha conta.

  - Aonde você vai?

  - Ver o meu pai.

  - Mas como? Ele pode vir pra cá? Ele é trouxa... – Geovanna não entendia.

  - Não é meu pai adotivo e sim biológico, Snape.

  Deixei minha amigas e algumas pessoas boquiabertas.

  Snape me contaria aquela história detalhe por detalhe.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Escreverei o próximo em breve.
Comentem se gostarem. Até o próximo!