Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 10
Capítulo 10 - Tatakai!




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Você tem certeza?

Na hora do almoço, Haruhi-chan e eu (e o Tamaki-kun também, é óbvio) estávamos no refeitório. Haruhi, como sempre, duvidava das minha habilidades latentes.

Sim, eu tenho! Eu vou entrar no clube de Karate!

Mas você é péssima em educação física, não agüenta correr nem por 10 segundos, e não saber nadar sem uma bóia, não sabe nem mesmo como se faz flexões – ela numerava minhas aptidões atléticas sem dó nem piedade.

Mas isso é pelo Kaoru-kun, não é? – Tamaki disse, piscando de um jeito malicioso – C’est l’amour.

Enquanto eu me ocupava em corar com as afirmações embaraçosas do Tamaki-kun, e em procurar um bom lugar pra esconder minha cabeça, ouvi uma vozinha fininha chamando meu nome.

Haaaaana-chaaaan!!!

Ah! Honey-senpai! Há quanto tempo não? – Honey-senpai me abraçava apertado, enquanto a sua sombra, o Mori-senpai, segurava o prato de bolo do morango para ele. Os dois se sentaram à nossa mesa, Honey-senpai não parava de comer nem mesmo para respirar.

Hm... Honey-senpai, eu precisava mesmo falar com você... – ele voltou seus grandes olhinhos brilhantes para mim, sem parar de comer – você é o presidente do clube de karate, certo?... anh... eu queria saber se ainda tem vagas para novatos...

Você quer entrar no clube de Karate, Hana-chan? – Honey, enfim, terminou com o bolo, e agora me encarava curioso, com a cara cheia de chantily.

Sim – respondi somente.

Aah! Eu vou adorar ter você lá! – ele me abraçou novamente, sorrindo radiante – Mesmo que eu saiba que não é bem por minha causa que você quer entrar... – ele sussurrou no  meu ouvido, me fazendo corar um pouco. Argh! Como Honey-senpai é perceptivo!

Mas antes... – Mori senpai murmurou quase inaudivelmente, com um voz forte que me fez sobressaltar – é necessário preencher o formulário de inscrição. E também, passar pelo teste.

Teste? – eu o fitei, perdendo instantaneamente toda a empolgação de antes. Kyaa! Eu não sou boa em testes...!

Depois não diz que eu não avisei – Haruhi balbuciou, olhando para o lado.

Eu quero o número 7 – ouvi duas vozes falarem em conjunto. Duas vozes que me eram bastante familiares. Virei à cabeça para trás, e pude ver duas cabeças vermelhas que se destacavam da multidão, no balcão de pedidos da cantina. Eles estavam um pouco longe, mas eu podia ouvir claramente suas vozes exaltadas – Por favor, me dê uma porção grande, levemente apimentado, e sem ovo – eles repetiram, em uníssono novamente. Se encararam com raiva por alguns minutos, enquanto a atendente titubeava entra chamar os professores ou não.

Seus pedidos... anh... já estão prontos – ela disse fracamente, temendo uma briga.

O que está fazendo? Está me imitando, certo? Você está fazendo isso de propósito, não está? – Hikaru-kun berrou, visivelmente irritado.

Não estou te imitando – Kaoru-kun disse apenas, de modo calmo.

Apesar do diálogo se resumir em apenas isso, as faíscas de ódio que saiam dos olhos deles era perfeitamente visível.

Aqui vamos nós de novo...

Depois do que aconteceu na biblioteca, eu esperava que eles dois ficassem mais próximos, ao menos um pouquinho, mas ao que parece, isso não ocorrerá tão cedo.

-

Era hora da aula, e eu estava olhando pela janela, não conseguindo pensar em nada com muita clareza. Tudo parece tão entediante, nesse ritmo eu vou acabar dormindo aqui. Kaoru-kun havia saído para resolver problemas com o Clube de Karate há algum tempo e ainda não retornara então eu não tinha nada que prendesse minha atenção aqui dentro da sala. O professor tentava a todo custo fazer com que sua voz fosse ouvida, no entanto  era o mesmo que não haver ninguém ali na frente. Eu pensei que por ser uma escola tão requisitada e rígida, as coisas seriam diferentes, mas  nesse sentido, acho que todas as escolas possuem professores que se deixam comandar pelos seus alunos. E eu não estou reclamando.

Você estudava no Instituto Ouka, não é? – o garoto que dividia a classe comigo tentou puxar assunto.

Sim – eu afirmei, um pouco desconfortável por estar conversado com um garoto desconhecido, apesar de ser a favor da boa convivência entre colegas de classe.

Aquele é um colégio famoso pelas estudantes bonitas, e você não é exceção – ele riu de um modo estranho – posso te chamar de Hana-chan?

Subitamente, alguém apareceu atrás do garoto, segurando seu ombro até ele se virar. Eu reconheci de imediato aqueles cabelos flamejantes e o sorriso de escárnio.

Ei, Pirralho! Nós vamos mudar de lugar!

Os nossos lugares são dispostos de acordo com os números... – o garoto começou, com a voz diminuindo aos poucos ao notar o semblante selvagem que Hikaru exibia.

Eu não perguntei – ele bradou, com seus olhos felinos brilhando de forma ameaçadora – eu quero esse lugar. Lá na frente eu não posso dormir, e aqui tem uma ótima vista – ele olhou pra mim ao dizer a última frase, e tudo o que eu pude fazer, foi fingir que não era comigo.

Por que você fez isso? – eu perguntei quando ele atirou nosso colega longe e sentou ao meu lado, colocando seus materiais na mesa.

Oh! Não seja tão tímida, Coelhinha! Você dormiu lá em casa, e também disse que iria me seguir aonde quer que eu fosse, não se lembra? – ele disse, com um olhar evidentemente debochado, muito mais alto do que o necessário, atraindo a atenção de toda a classe, incluindo o professor, para mim.

Não diga essas coisas! – eu ameacei, segurando-o pelo colarinho com a maior força que pude reunir – As pessoas podem entender errado!

Tarde demais. Todos na sala já me olhavam torto, como se eu tivesse cometido algum crime. Algumas garotas cochichavam comentários a meu respeito, dando risadinhas esfuziantes, ou me jogando olhares furiosos.

I-i-isso não... isso não é verdade – balbuciei. Esse garoto nasceu com o propósito de me atormentar! Aah! Eu quero matá-lo!!! Porque ele teve que ser tão mal?

-

No fim da aula, eu me dirigi até a sede do clube de Karate, levando o formulário preenchido, depois de me despedir da Haruhi-chan, que foi pra casa com Tamaki a tiracolo. Aposto que ela vai conseguir um namorado antes de mim, a traidora.

            Na entrada da sala, algumas garotas assistiam aos treinos, todas elas gritando histéricamente, e rindo descontroladas. Tentei passar pelo meio daquele galinheiro da melhor forma possível, mas acabei levando uns pisões, que eu podia jurar, foram intencionais. Depois que eu consegui chegar até a frente, pude apreciar de uma visão privilegiada, que certamente era o motivo de haverem tantas solteiras oferecidas na porta do clube. Kaoru-kun (e os outros, que não me importavam nem um pouco) estava treinando com empenho, coberto de suor, com os cabelos molhados e o kimono meio aberto, mostrando seu peitoral definido... dava até pra ver a marca de nascença... me esforcei pra não babar, e tentei chamar a atenção do Honey-senpai, que estava supervisionando.

            Aah! Hana-chan, você veio! Está pronta para o teste? – ele me perguntou, enquanto me dava o habitual abraço fofinho de “oi”.

            A-acho que sim – tentei parecer confiante.

            Vamos então! – ele me puxou pelo braço, até a porta do vestiário – Aqui tem um kimono – Honey apontou para Mori-senpai, que trazia consigo um kimono dobrado e uma faixa branca – não temos nenhum do seu tamanho, então eu peguei um do Kao-chan, espero que não se importe – ele finalizou, piscando um olho.

            O-o-o-o k-k-k-kimono d-d-do Ka-aa-oru-kun? – minha língua se enrolou, eu mal conseguia raciocinar.

            Sim~ Ele usou ontem, hihihih.

            Eu vou me vestir – eu baixei a cabeça o máximo possível e entrei apressada no vestiário com o kimono debaixo do braço.

            O kimono tem o cheiro dele...

            -

            Mori-senpai contou que você vai fazer o teste para o clube de Karate – Kaoru-kun me cumprimentou sorrindo depois que eu saí do vestiário, sob os olhares atentos e invejosos das tripas que estavam do lado de fora.

Morram testudas!!! Sou eu que estou aqui!!

            O karate-gi ficou bom em você. Eu não sabia que ia ficar tão bonito em uma garota, embora tenha ficado um pouco grande. Vê? As mangas cobrem suas mãos – senti minha pernas bambearem enquanto ele falava – Ah! Voce amarrou errado! – ele se abaixou, amarrando a faixa corretamente na minha cintura. Eu sentia suas mão roçarem suavemente a minha barriga, por cima do tecido, e isso fez um arrepio estranho passar pelas minhas costas. Novamente, Kaoru-kun não demonstrava saber nada sobre essas sensações que ele me causa.

            O teste vai começar! – Honey-senpai chamou todos os novatos que estavam ali, para o tatame, me acordando dos meus devaneios.

            Boa Sorte! – Kaoru-kun sussurrou antes de sair dali.

            Honey-senpai fez um longo discurso sobre karate, muito animado, antes de passar a vez ao Mori-senpai, que era quem aplicaria os testes.

            O teste começou – ele anunciou com sua voz baixa e imponente – todos vocês, façam 200 flexões e 200 abdominais, e depois corram 30 voltas na quadra de esportes, entendido?

            Senti meu chão afundar. Eu não conseguiria nem mesmo começar qualquer uma daquelas tarefas. Aah! O meu lindo sonho de ser colega de clube do Kaoru-kun acabou de terminar, sem nem mesmo ter começado.

            Honey puxou a ponta do kimono do Mori-senpai, pedindo por atenção. Depois de olhar para baixo por alguns segundos, Mori se voltou a todos, e acrescentou:

            Para garotas, os exercícios são cortados pela metade.

Olhei em volta. Eu era a única garota por ali... Obrigada Honey-senpai, estou profundamente emocionada com sua ajuda, acho que vou chorar...!

            E eu fiz tudo, tudinho o que Mori-senpai mandou. Apesar te ter que fazer a metade do que os outros faziam, eu terminei tudo por último, e pensei em desistir incontáveis vezes, mas cada vez que eu via o rosto do Kaoru-kun me encorajando, recuperava minhas energias, afinal, eu estou fazendo tudo isso por ele!

            No final, eu estava acabada. O karate-gi estava todo desalinhado, e as tranças que eu havia feito tão cuidadosamente antes, estavam bagunçadas, descabelada, e eu devo ter centenas de roxos, hematomas e cortes espalhados pelo corpo. Tudo o que eu queria agora era um longo banho e uma cama, mas essa sensação agradável de dever cumprido que se espalha sobre mim agora me diz que tudo isso valeu a pena.

            O se desempenho hoje, foi muito bom – Kaoru-kun disse, pousando a mão levemente na minha cabeça, com um sorriso lindo adornando seu rosto – Meus parabéns, Mori-senpai disse que você entrou no clube.

            Eu mal pude conter toda aquela alegria, tudo o que consegui fazer foi sorrir, pois eu já não encontrava minha voz.

            Todos os membros do clube tomaram banho, e eu tive que usar o vestiário do prédio principal, pois aqui só tem um vestiário masculino. Depois de me arrumar, eu voltei para o clube, onde Kaoru-kun me esperava. Nós iríamos para casa juntos. Pode haver algo mais perfeito?

            Amanhã começam as atividades do clube pra você, Hana-chan – Honey senpai avisou, antes de ir embora. Eu acenti, feliz por finalmente ter conseguido, depois de tanto trabalho.

            Acho que meu coração pode sair flutuando a qualquer minuto...

Apesar de estar pisando em nuvens enquanto ia para casa com Kaoru-kun, eu não consigo me livrar da sensação incomoda de estar sendo seguida, vigiada... Que estranho!

Deve ser coisa da minha cabeça...


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Notas finais do capítulo

Só para constar, karate-gi é o kimono de lutar karate. Sim, ele tem um nome só dele, não é fofo?
Espero ansiosa pelos reviews de todos, quero saber o que acharam. Não se esqueçam, viu?!

kisuu

Shiroyuki