Capítulo 45

Tudo se resume a amar você

Every time I look at you, baby, I see something new

Toda vez que eu te vejo, amor, vejo algo novo

That takes me higher than before and makes me want you more

Que me deixa mais animado do que antes e me faz te querer mais

I don't wanna sleep tonight, dreamin's just a waste of time

Não quero dormir essa noite, sonhar é uma perda de tempo

When I look at what my life's been comin' to

Quando olho o que minha vida vem se tornando

I'm all about lovin' you

Tudo se resume a amar você

All about lovin’ you – Bon Jovi

Por decisão unânime do júri, James foi condenado à prisão perpétua por sua série de assassinatos e abusos sexuais. A vítima que Alice tinha visto jamais foi encontrada, mas, segundo o próprio James, ela tinha conseguido escapar de suas mãos por causa de minha melhor amiga. Eu esperava que, pelo menos dessa vez, ele falasse a verdade, já que não tinha nada a perder.

 James passaria o resto de sua vida na cadeia e não poderia fazer nada quanto àquilo. Eu tinha comunicado ao tribunal que ele ameaçara fazer algo contra mim (ou talvez contra Alice ou às outras testemunhas) caso fosse condenado. O representante legal me tranquilizou quase que imediatamente, no entanto, pois disse que a comunicação de James com o mundo ficaria completamente impossível em sua estadia na prisão de segurança máxima.

Então eu estava feliz e sem problemas aparentes pela primeira vez em algum tempo. Um sorriso bobo não saiu de meu rosto quando deixei o tribunal de Nova York por conta daquela instantânea constatação.

A neve caía, assim como naquela fatídica sexta-feira, quando tudo começou. Puxei mais a manga de meu casaco, tentando me esquentar mais. Emmett, ao meu lado, me deu um abraço de urso.

-Estou feliz por você. – ele disse. Podia mesmo sentir um sorriso em sua voz.

Eu gargalhei e me pus de volta no chão. As poucas pessoas que passavam na rua me olhavam perplexas, mas eu não me importava. Eu estava tão satisfeita com a minha vida... Pela primeira vez em anos!

Tinha recuperado o relacionamento com meu filho, uma das pessoas mais importantes do meu mundo; consertara as falhas de minha relação com meu ex-marido; colocara um criminoso na cadeia (minha situação tinha sido encaminhada ao Sistema Judicial, mas era quase certeza que eu voltaria a exercer a minha profissão em um tempo breve); e ainda tinha conquistado o homem certo para mim... E ele estava bem ali, me protegendo de tudo e todos, exatamente como um dia eu tinha sonhado.

Eu não mudaria nada.

-Estou feliz por nós. – eu o corrigi após alguns minutos, fazendo-o sorrir ainda mais abertamente. Emmett se aproximou e eu logo entendi sua intenção: nossos lábios se colaram em um perfeito encaixe.

Nós nos completávamos e nada mais importava. Era muito clichê pensar daquele jeito, mas era isso que eu sentia naquele momento. Eu não queria saber de sua doença incurável; nós iríamos saber ser felizes e superaríamos aquilo juntos.

-Vamos, Rose. – Emmett me chamou e caminhamos de mãos dadas até o carro para podermos ir para casa. Era realmente o fim do pesadelo.

-Como foi, mamãe? – Ella apareceu na porta quando me ouviu destrancá-la. Fechei a porta atrás de mim e dei um abraço forte na minha menina. – Doutor Emm! – ela o cumprimentou quando o viu com seu sorriso radiante.

Emmett deu um abraço digno de pai em Ella e só a soltou quando ela se virou para mim novamente.

-Você ganhou? – Ella não tinha ideia da situação que eu enfrentava; só pensava que era um tipo de brincadeira que eu participava na qual eu podia sair vencedora ou perdedora, assim como em um jogo de tabuleiro.

Mas, pensando bem, na verdade era isso mesmo.

-Ganhei El. – eu a respondi com um sorriso e ela logo o retribuiu, mostrando-me seus dentinhos...? – Filha, você arrancou seu dente da frente?

-Não mamãe – ela sorriu, mostrando-me novamente o buraco que se formara pela queda do dente de leite – Ele caiu. É assim que funciona.

Emmett e eu gargalhamos com o jeito técnico de Ella falar e fomos em direção à sala para nos esquentarmos perto da lareira.

-Mãe! – Travis sorriu quando me viu. Eu o abracei meio abobada; ainda era muito estranho ter o meu filho me tratando daquele jeito depois de tantos anos. – Como foi?

A expressão do meu menino era preocupada. Ele era diferente da irmã, sabia mais ou menos como as coisas funcionavam.

-Muito bem. – eu disse com orgulho. Ele sorriu novamente.

Emily, a babá, cumprimentou a todos e deixou-nos a sós.

Travis finalmente arrumou um companheiro de videogame, e Emmett era tão bom quanto ele. Os dois ficariam o dia todo jogando se isso fosse possível.

Ella, por sua vez, encontrava a sua diversão brincando comigo de bonecas ou me fazendo de manequim para que ela pudesse me maquiar.

Aquilo era bom e eu não sabia o quanto antes de fazê-lo, realmente.

Horas se passaram quando Emmett e eu nos cansamos de brincar com Travis e Ella; era também a hora de Emmett ir trabalhar. Agora eu quase nunca declinava um convite de brincar com meus filhos – era como se fosse um pedido de desculpas por todos os anos que tinha passado ausente em suas vidas.

Sentei-me na mesinha da sala, próxima a lareira, e reparei no convite de casamento que havia ali. Primeiro fiquei confusa, para depois me lembrar de que aquele era o convite do casamento de Emily, a babá das crianças. Ela provavelmente o tinha deixado ali enquanto cuidava dos meus filhos e eu nem vi quando cheguei em casa.

Peguei o convite em minhas mãos. Eu observava aquele papel com cuidado, como se fosse algo muito precioso. Eu não queria amassá-lo. Era comum, mas tão bonito, tão... Único.

Eu conhecia Emily já algum tempo, mesmo antes de ela virar babá de Travis e Ella. Eu vi de perto o romance dela com Sam, que tinha passado por fortes turbulências – já que, antes de conhecer Emily, Sam namorava a prima dela, Leah. Fora bem complicado no início, os três nem conseguiam ficar no mesmo ambiente... Mas depois Leah conheceu o seu atual marido, Jacob, e finalmente aquela história foi superada.

Aquele convite de casamento significava que o amor tinha vencido todos os empecilhos ao qual foi imposto. Eu só queria que, no meu caso, os bons tempos viessem para ficar e que, um dia, eu realmente pudesse chamar Emmett de meu.

-Bonito o convite. – Emmett caminhou até mim, vendo como eu estava interessada no papel que segurava.

-É realmente bem bonito. – sorri sem olhar para ele. – É a cara dela.

Emmett puxou a cadeira ao meu lado e sentou-se.

-Você gostaria de ter um?

Encarei-o sem entender.

-Como assim? – coloquei em palavras o que ele não quis explicar.

-Eu só quero saber se você gostaria de ter um. – Emmett deu de ombros e lançou o meu sorriso de covinhas. – Porque você é a próxima.