– Alice, pode me dizer onde você se meteu?

– Er... oi mãe, cheguei! – falei abrindo um sorriso amarelo.

– Isso eu percebi né Alice, quero saber onde você estava que não veio pra casa depois da aula!

– Onde eu estava? Eu... estava na casa da Kate!

– Kate? Que Kate? Por quê?

– Aquela que veio aqui mãe, a loira magrinha, então ela passou mal no colégio, ai eu levei ela em casa e fiquei lá até a mãe dela chegar, foi isso!

– uhmm e ela está bem? O que ela teve?

– Dor de estômago! Mas agora ela ta legal. – falei me apoiando na escada.

– Sei... e o que houve com o seu sapato?

– Eu tropecei, ai ele quebrou... – falei tirando os sapatos. – Er... agora eu vou subir, qualquer coisa eu to no banho.

– Ta, só não demora daqui a pouco o jantar vai estar pronto.

– Ok. – falei correndo pela escada.

Entrei no meu quarto, tranquei a porta e comecei a rir, de nervoso, de espanto sei lá, desse dia absurdo que eu tive. Tomei um banho e depois do jantar fui dormir.

No dia seguinte Sam, Kate e eu assistimos o começo da aula com a cara mais lavada do mundo. Até que a Sra. Smith anuncia se no auto falante o convite nada informal feito pela diretora para irmos ao seu gabinete.

Como era de se esperar, depois do seu longo discurso cada uma ganhou seu dia de folga, digo suspensão e de quebra uma advertência que deveria ser entregue no dia seguinte com a assinatura de nossos pais.

Saímos as três do gabinete da diretora pensando em como conseguiríamos a assinatura, foi então que a Sam quebrou o silêncio.

– Calma gente, nós temos o resto do dia pra pensar em algo, mas enquanto não resolvemos o que acham da gente ir lá pra casa?

– Mas e os seus pais?

– Eles estão viajando! – ela falou jogando o papel na bolsa.

– E você fica sozinha? – indaguei.

– Não, o Brad tá em casa! Agora chega de conversa e vamos lá pra casa curtir o resto do dia. – ela falou antes de atender o celular.

– Adorei, eu to dentro! – gritou a Kate. – E você, vem?

– Eu vou, mas quem é Brad mesmo? – perguntei a Kate.

– Brad é o irmão mais velho da Sam... que é gostosíssimo diga- se de passagem.

– Uí, acho que eu já gostei. – falei e nós rimos.

O resto do dia foi muito legal, fizemos as unhas, comemos besteira. Sabe que pra um dia de suspensão até que não foi mal. Mas eu ainda tinha um problema pela frente, como fazer a minha mãe assinar a advertência sem levar uma bronca? Uma coisa é certa seja lá qual fosse a resposta, eu teria que descobrir logo.

Cheguei em casa e minha mãe estava na sala conversando com a tia Nessie. Elas estavam tão animadas com o ultimo capítulo da novela que mal notaram a minha presença. Eu não sabia como falar então resolvi aproveitar o momento de distração e seja o que Deus quiser.

– Er...Mãe assina aqui pra mim. – falei entregando o papel com uma caneta.

– Assino filha o que é isso?

– É uma autorização pra excursão da escola. – menti, foi o jeito.

– Olha começou! – tia Nessie alertou sobre o fim do intervalo.

– Pega aqui Alice. – minha mãe falou entregando o papel assinado.

– Valeu! – respondi antes de correr até o meu quarto.

Juro que enquanto ela estava assinando o papel eu nem respirei. Foram sem dúvida os minutos mais longos da minha vida. Me joguei na cama e fiquei rindo que nem uma boba da minha proeza.

O resto da semana passou voando. No sábado o sol apareceu e a minha mãe junto com a tia Nessie resolveram fazer um piquenique entre as famílias. Que foi bom, exceto pelo Jasper que além de não fale comigo parece me evitar completamente. O que me deixa absurdamente irritada.

– Bells foi você quem fez essa torta? – indagou tia Nessie.

– Imagina, foi a Alice! – falou orgulhosa. – Não é pra me gabar, mas a minha Alice tem uma mão maravilhosa pra doce.

– Toca piano, boa filha e sabe cozinhar. Perfeita pra casar! Não é Jasper?

– Quem não conhece que compre! – ele falou se levantando.

– Jasper! – exasperou.- Desculpe querida.

– Imagina, deixa que eu resolvo. – falei indo atrás dele.

“Ridículo, se ele tem um problema comigo, então é comigo que ele tem que resolver!” – pensei.

– Que foi garoto? O que é que eu te fiz?

– A mim você não fez nada! Eu só acho muito engraçado você ficar aí posando de boa moça quando faz o que faz!

– Se é por causa da aula que eu faltei eu sinto muito! Não achei que fosse um pecado tão grave, na verdade eu nem sabia que você se importava!

– Tem razão, eu não me importo e isso não é da minha conta nem você nem essas porcarias em que você anda se metendo!

– O que? Eu não sei do que você está falando e particularmente nem me interessa!

– Ótimo!- ele falou.

– Ótimo! – eu respondi.

Depois dessa discussão eu virei as costa e voltei ao piquenique, mas ele se despediu e foi embora. A tia Nessie parece ter notado pois não o impediu.

O resto da tarde foi tranquila, mas eu fiquei me perguntando o porque dessa indignação. O que foi que eu fiz?

Levantei cedo no domingo e corri pra preparar o café. Deixei a louça limpa, depois bati na porta do quarto pra avisar aos meus pais que o café estava na mesa. Não demorou muito e eles desceram.

– Nossa que mesa linda. – minha mãe falou surpresa.

– Torradas? – ofereci com um sorriso no rosto.

– Quero sim obrigada! - ela aceitou.

– Alice, você não vai fazerr uma tatuagem! – meu pai falou abrindo o jornal.

– Que isso pai? – fingi indignação. – Eu só quero ver vocês alimentados!

– Sei... - meu pai falou desconfiado.

– Então Alice, que planos tem pra hoje?

– Sabe, era exatamente sobre isso que eu queria falar. – disse me sentando.

– Lá vem! – Meu pai falou fechando o jornal pra prestar atenção na conversa.

– Sabe o colégio, então... Tem um pessoal do colégio e... eles me convidaram pra uma festa que vai ter... Sabe nada muito grande, é só uma festinha pros calouros se conhecerem, de boas vindas, entende?!?

– Alice, se eu bem me lembro você ainda está de castigo.

– Ahhh mãe, qual é! Eu não vou fazer de novo!

– Eu sei, pelo simples fato de que você não vai.

– Ahhh pai? – supliquei.

– Você ouviu sua mãe. - falou abrindo o jornal.

– Argh! Eu não acredito que vocês vão fazer isso comigo!- sai batendo o pé.

– Alice! – exasperou minha mãe.

– Fala... – dei meia volta.

– Já tomou seu remédio?

– Não.

– Quer que eu aplique?

– Não, eu faço isso sozinha.

– Ótimo, então vai, depois volta pra tomar o seu café.

– Tá. – Falei me arrastando pro quarto.

O resto do dia foi uma droga! Fiz tudo o que podia pra convencê-los a me deixar ir e nada. Depois do lanche da tarde fui tocar um pouco de piano pra espairecer. A campainha tocou e como eu achei que fossem as meninas, corri pra atender.

– Jasper?

– Oi, é... a Senhora Black acha que eu fui rude com você no piquenique, o que significa que se eu não for gentil com você ela vai confiscar minha moto o resto do ano. – falou contrariado.

– Legal!

– Legal eu perder a minha moto?

– Não... – falei rindo. – Legal você ter uma moto!

– A tá...

– Apesar de que você me deu uma idéia.

– Que idéia?

– Você tem que ser legal comigo certo?

– Certo...

– E isso inclui não me negar companhia certo?

– Certo. – bufou.

– Ótimo!Espere aqui. – falei gritando da escada. - Ô Mãe!

– O que é Alice? – ela falou descendo.

– O Jasper tá aqui!

– Ele está aqui? O que houve, aconteceu alguma coisa?

– Na verdade ele veio aqui perguntar se eu posso ir na festa com ele... Mas a senhora disse que não podia...

– Eu vim? – ele perguntou incrédulo.

– Você veio me levar na festa do pessoal da escola, lembra!

– Er... eu vim!

– Bom, acho que nesse caso eu posso abrir uma exceção. – Com uma condição!

– Qual? – falei saltitando.

– Você vai e volta com o Jasper. E nada daquelas porcarias ok?

– OK! – falei pulando no pescoço da minha mãe. – Obrigada, obrigada, obrigada. – disse a beijando o rosto.

– Tá bom, agora anda, vai se arrumar. E você Jasper pode esperar na sala. – ela falou e eu corri pro quarto.

A noite estava fresca, então coloquei uma maquiagem leve e um look mais suave. Jasper e eu não falamos muito no caminho pra festa. Eu encontrei as meninas que falavam super animadas sobre os garotos do time de Water-Polo.

– Fala aí Alice, diz o que você fez pra consegui o JB na sua cola?

–O Jasper? – falei olhando pra ele que me encarava do outro lado da festa. – Ahhh Kate isso é uma longa história... por sinal, vou lá falar com ele!

– Isso amiga, vai lá, ele tá tão sozinho. – falou debochada.

– Há- há! Nem vem... – falei antes de ir até ele.

– Então vai ficar aí me vigiando a noite toda?

– Só estou garantindo que não faça nenhuma besteira. – disse dando um gole na cerveja.

– Credo precisa ser tão grosso?

– Você não viu nada! – ele deu um sorrisinho.

– Você é absurdo garoto!

– Valeu!

– Quer saber, fica aí que eu vou procurar a Kate. - falei olhando em volta - Putz cadê as garotas?

– Devem estar lá fora.

– Vou lá ver. – falei saindo e ele veio atrás.

Caminhamos em silêncio pelo jardim. Era uma dessas festas em casa onde o pai do anfitrião tinha saído no fim de semana..

– Então, vai falar por que você me odeia?- perguntei em tom ameno.

– Eu não te odeio, só não aprovo o que você faz!

– Que seria...?

– Não se faça de sonsa por favor!

– Não quer falar tudo bem, só queria saber o que eu te fiz pra te deixar puto.

– Você não fez nada, quer dizer não fez nada pra mim né... só não gosto de gente hipócrita!

– Assim você me ofende!

– Foi mal, não quis ofender a Miss perfeição! – gesticulando teatralmente.

– Tá agora chega! – falei o segurando pelo braço. – Desembucha !

– Seguinte, se você quer ficar se drogando tudo bem só não me arruma problema!

– Droga? Tá loco? Eu nunca usei nada, nem maconha se você quer saber. – falei rindo.

– A tá bom, vai me dizer que aquilo que você colocou no braço não era cocaína?

– O que?- falei gargalhando.

– Que foi falei alguma coisa engraçada?

– Na verdade sim... aquilo não era cocaína, era insulina!