Além do Destino escrita por AnaBonagamba


Capítulo 15
Encontro inesperado.


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora, e logo responderei os reviews lindos que estou recebendo.
Este capítulo eu dedico para a Letícia, que pintou (com caneta vermelha) um desenho rídiculo que fiz ontem na aula de russo... é querida, somos artistas, uhul o/
Um beijo e até amanhã, se minha criatividade não falhar!



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- Chegamos, querida. Pode acordar agora. – disse Tom, sacudindo de leve os ombros de Hermione, que adormecera em seus braços.

- Que horas são?

- Tarde, como previ. – Tom pegou as malas e desceu, entregando-as para outro rapaz, este, alto e loiro. – Seja bem-vinda à Little Hangleton, Sra. Riddle.

- Não seja bobo, Tom. – Hermione sorriu, descendo em seguida. – Como é frio aqui! – estremeceu.

- Como previ, também. – disse Tom, entregando a ela seu próprio casaco.

- Oh, que cavalheirismo! – ela riu.

- Tenho que tomar cuidado com o que é meu. – ele pousou uma mão em sua cintura, guiando-a para dentro do albergue.

Não ficaria descontente, mas Tom parecia extremamente normal com o que estavam acontecendo. O albergue era pequeno, porém limpo e arrumado. Havia alguns trouxas jantando no pequeno salão, um balcão de recepção e as escadas que levavam aos quartos.

Hermione não pode conter um sorriso ingênuo. Jamais viajara com um rapaz, muito menos sonhara em viajar com o futuro Lord das Trevas. Deveria considerar-se em um sonho ou em um pesadelo?

- Venha. – chamou Tom, puxando-a para perto. – A recepcionista está quase atacando você.

- E por que ela faria isso? – contestou, sussurrando no ouvido do outro.

Tom não disse nada, somente deu um sorrisinho de escárnio.

- Você é o cúmulo da modéstia, Tom Riddle Jr. – ela sorriu.

- Do que me chamou?

- Tom Riddle Jr. É estranho chama-lo apenas de Tom Riddle, uma vez que seu pai também possui esse nome.

- Deixemos esta conversa para depois, minha querida. – ele virou-se para a recepcionista.

- Como posso ajuda-los? – disse, entediada, a moça com a caneta.

- Fiz uma reserva aqui. – ele mostrou a carta-resposta. – Meu nome é Tom e esta é minha esposa, Hermione.

Esposa?! Ah, claro. Se dissesse “namorada”, ou “futura noiva” jamais conseguiriam fazer as reservas.

- Tão jovenzinhos para estarem casados. – disse a mulher, com ódio na voz, olhando diretamente para Tom. – Esta é a chave do seu quarto. – ela debruçou-se na mesa, intensificando as curvas superiores de seu corpo. – Tenham uma boa estadia.

- Obrigado. – respondeu educadamente Tom.

- As malas já estão no quarto e vocês podem descer para jantar. O café é servido às oito e o almoço às onze. Temos duas horas de suporte, então podem atrasar um pouquinho.

- Sim, claro, já entendemos. – disse Hermione, virando Tom para si. – Vamos, querido?

- Claro. Obrigado, mais uma vez.

Hermione foi na frente de Tom, procurando os números dos apartamentos enquanto passava pelas portas enferrujadas. Uma trouxa idiota dando em cima dele! Não poderia acreditar em nada parecido.

- Não está com ciúmes, está? – Tom sorriu, indicando a porta que passara despercebida. Com um aceno da varinha, esta abriu.

- Não! Você quer matar Felipe por gostar de mim, mas fica ligeiramente encantado pelas belas curvas da mocinha ali de baixo! – era nítida a irritação em sua voz.

Tom, por sua vez, somente sorriu. Um sorriso de deboche e de astúcia.

- Eu estava lendo a mente dela, sua bobinha. – disse, prendendo-a na parede com seus braços.

Hermione estremeceu.

- Você...consegue ler mentes? – perguntou, sentindo que ele se aproximava lentamente, deixando-a sem foco.

- Estou aprendendo. Slughorn não é tão inútil assim. Tem que saber brincar com eles. – Tom sorriu.

- Eu não estou com ciúmes. – disse convicta.

- É claro que está. Posso sentir isso na sua voz, sua criança estupida. – Tom a soltou, ligando o aquecedor do quarto. – Imaginei que seria pior. – disse, olhando para onde estava.

- Imaginei exatamente isso. – a garota retrucou com ar sólido.

- Está brava, querida? – falou Tom, suavemente.

- Não, não estou! – ela sentou-se na cama e cruzou os braços.

Por Merlin, Granger, o que você pensa que está fazendo? Pensou ela.

- Quer saber o que eu estava procurando na mente daquela trouxa imunda? – disse Tom, deitando a cabeça no colo da menina.

- Não.

- Pois irei lhe contar mesmo assim. – ele virou-se para a barriga dela, mordiscando de leve e fazendo cócegas. – Quis ver se ela sabia quem meu pai era.

- Por quê?

- Se soubesse mudaria meu nome, ou apagaria sua memória.

- Qual é o problema se ela conhecesse seu pai? Não veio aqui para vê-lo? – ela questionou, bagunçando os cabelos do rapaz.

- Eu desejo muito vê-lo. – disse Tom. – Mas posso apostar mil galeões, dos quais não tenho nem cinquenta, que ele não quer saber nenhum pouco a meu respeito.

- Tom, ele nem sabe que você existe! Como pode afirmar com tanta certeza que ele não gostará de você?

Tom se levantou, puxando-a para frente dele.

- Pense da seguinte forma. – ele tirou uma mecha de seu cabelo negro dos olhos e a observou fixamente. – Você é um homem trouxa rico, bonito, que tem o apoio da família em tudo o que precisa. Do nada, aparece uma mulher horrenda, de uma família nobre, porém diferente, bruxa, que por ironia do destino carrega desleixo físico, mas potência mágica, e ela diz ser sua esposa, que carrega seu filho e, sem o feitiço, você não se lembra de nada, nem como foi parar ali, muito menos como tudo aconteceu. Como acha que Tom Riddle deve se sentir?

Hermione não disse nada. Esperava por uma reação assim.

- Ele deve odiar a minha mãe pelos seus adoráveis anos perdidos e me desejar morto, no mínimo. – completou.

- Disse para eu me colocar no lugar de seu pai, não foi? – Hermione começou. – Muito bem. Se eu fosse seu pai, vendo você como é, não sentiria maior orgulho em tê-lo como filho. Você é saudável, inteligente, lindo, consegue manter-se sozinho e não busca nada além de conhecimento daquele que compartilhou sua vinda nesse mundo. Não há nada de mal nisso, Tom.

- Há uma coisa.

- O que poderia ser, oh Merlin?

- Ele é um trouxa imundo, e por sua causa carrego essa desgraça nas minhas veias.

A face de Tom Riddle Jr. estava desconjurada. Sofrida, talvez.

- Aquele que chama de imundo e que amaldiçoa a existência é seu pai. – disse a moça, calmamente. – Um dia, mesmo que por alguns momentos, sua mãe deve ter ficado feliz em tê-lo ao seu lado. Ele o amava, Tom, e mesmo por encantamento, o amor dela supria o amor de seu pai para com você. Quando se conhecerem... – ela pegou a mão de Tom e a entrelaçou na sua. – aposto que ela estará vigiando você, e sorrindo.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Tom Riddle, deixando a garota em choque.

Sem pensar, ela abraçou-o com força, o sentindo estremecer de leve, tentando controlar as outras lágrimas intrusas que caíam.

E, pela primeira vez em toda a sua vida, ela se sentiu completa de um sentimento de vitória. As lágrimas de Tom não significavam apenas que ele tinha sentimentos, mas sim que estes sentimentos estavam vivos e fortes dentro dele. Poderia ser apenas por alguns instantes, mas ela sabia que sua missão estava quase chegando ao fim... mais do que isso, sabia muito bem a hora de terminar.

E com um beijo delicado, molhado pelas lágrimas dele, ela apoiou a cabeça dele em seu peito, sentindo as mãos de Tom abraça-la por trás enquanto sua respiração voltava ao normal.

O rapaz ficou estático por alguns minutos, sentindo apenas seu peito se encher de ar e as leves mãos da menina afagarem seus cabelos e rosto. As lágrimas estavam secas. Fazia tempos que não chorava, e não esperava fazê-lo agora. Apesar de tudo, não demonstrava fraqueza perto da garota, pois ela parecia feliz com tudo aquilo.

- Isso foi medo, ansiedade...? – ela perguntou, erguendo o rosto do outro.

- Não gosto de pensar na minha mãe. Acho que você conseguiu juntar todas as coisas em mim. – Tom sorriu de leve, beijando a mão dela que estava em seu rosto.

- Olhe... – ela o beijou. – eu sei que isso parece ridículo, mas fiquei aliviada em vê-lo chorar, principalmente por alguém da sua família... quer dizer que pensa sobre isso...sente falta, talvez?

- Estou sozinho, isso não é nítido?

- Não, Tom, você não está sozinho. Eu estou aqui, e sempre estarei aqui. Se estivesse sozinho, não teria me dado isso. – indicou a aliança que brilhava em seu dedo. – Eu...eu te amo mais do que tudo que a vida me deu...mais do que ela própria.

- Você é minha. – disse ele, beijando-a ardorosamente e dolorosamente. – E acabou de dizer tudo o que eu precisava ouvir. – levantou-se, abrindo a porta e estendendo a mão para a moça. – Vamos comer, antes que eu não a deixe sair daqui?

Hermione abriu um enorme sorriso.

- Claro, querido.

                                       * * *

A noite passou tranquila. Tom e Hermione dormiram juntos, ele abraçado nela, tentando aquecê-la enquanto dormia. Ouviu, por vezes, a menina gemer alguma palavra, ou chamar seu nome, e logo cair no sono novamente.

Era bom que dormisse bem, pois no dia seguinte deveria cumprir o que viera fazer em Little Hangleton.

Tom acordou cedo, antes das seis da manhã. Trocou-se fazendo o menor barulho possível para não acordar a menina que dormira ao seu lado, e ainda despojava de um sono profundo e delicado.

Vestiu-se com um terno preto mais novo e grosso, colocando por cima dele o sobretudo que Martha havia lhe dado de presente, e que nunca usara. Seus olhos estavam mais azuis do que de costume... brilhantes, para ser mais exata. Arrumou-se com o costumeiro penteado de lado e desceu para o salão de comer.

Como imaginava, não havia ninguém... a não ser um senhor, vestido elegantemente com roupas da época, e sapatos lustrados. Estava sentando em uma das banquetas do pequeno bar e bebia vodca (N/A: No frio, não há nada melhor!). Deveria ser rico.

- Bom dia. – disse cordialmente o Senhor, observando Tom olhá-lo com curiosidade. – Junte-se a mim, rapazinho.

- Bom dia. – respondeu Tom, sentando-se ao lado.

- Menina. – chamou o mais velho, a moça que estava na recepção no dia anterior. Parecia que ela fazia de tudo ali. – Traga um copo para o rapazinho ao meu lado. Parece tenso. – disse, virando-se para Tom.

- É impressão, senhor. – disse Tom, com exagerada educação.

- Não me chame de senhor, me chame de Thomas. – ele sorriu.

- Thomas...? – Tom estremeceu. Não podia ser...!

- Riddle. Thomas Riddle, moro perto daqui com minha mulher e filho. – o velho sorriu. – Deve estar estranhando o que um velho como eu faz essa hora da manhã com um copo de bebida na mão...

- Não me atrevo, senh...Thomas. Isso não é da minha conta. – Tom sorriu de lado, estava conversando com o próprio avô.

- Ah, mas quero contar mesmo assim. – ele riu. – Ontem eu o vi chegar aqui, com poucas malas, aposto que a maioria delas pertencem à aquela bela mocinha que desceu com você... quem agora chama de esposa, ou creio que em breve chamará. – ele parou, olhando para Tom com expressão que mesclava admiração e curiosidade, enquanto a aliança brilhava delicadamente no dedo de Tom.

A aliança na mão errada, pensou. Como não prestara atenção nisso?

- e fiquei realmente surpreso de vê-lo com poucas malas. – continuou, sem raciocínio algum.

- Por que, senh...Thomas? – perguntou o mais novo. – Deveria ter vindo com mais coisas?

- Deveria, meu caro, pois não vou deixá-lo ir embora. – disse Thomas, um tanto emocionado. – Não faz ideia do quanto esperei para conhecê-lo, rapaz! Não faz ideia do quanto sonhei que você existia! – ele se levantou, pousando-se na frente do menor.

- Senhor Riddle, o que está dizendo? – desviou-se o outro, enraivecido. Não tinha planejado nada que incluísse esse tipo de coisa.

- Querido, o que está... – começou Hermione, vendo Tom levantar-se abruptamente.

Hermione estremeceu. Havia dado certo!

- Como vai, senhor Riddle? – perguntou calmamente a garota, esticando a mão para cumprimentá-lo.

A expressão de Tom mesclava raiva e fúria, enquanto observava o cumprimento delicado de seu avô e Hermione, como se fossem velhos conhecidos.

          * * *

Eram quase duas da madrugada no pequeno relógio de parede que pendia sobre a cômoda. Tom dormia intensamente nos braços da menina, que o observava atordoada.

Logo que amanhecesse, Tom iria em busca do pai. Para mata-lo, talvez, as probabilidades favoreciam tanto ao destino como ao futuro... E Hermione tentava não pensar muito a respeito disso.

Desvencilhando-se vagarosamente do corpo quente de Tom, levantou-se e vestiu-se com um robe vermelho aveludado, tentando enganar o frio que sentia.

Passara a noite bolando uma forma de evitar as probabilidades ruins...o que era indecente, uma vez que não se dava bem com planos sentimentais. Era muito ingênua nessa área, e Tom Riddle a instigava a se aprofundar cada vez mais em sentimentos diferentes. Encontrara uma caneta no paletó de Tom. Não usaria pena, lembrava-se bem que se tratava de uma família nobre de trouxas. O papel era limpo, mas amarelado, com marcas de velhice.

Perfeito, pensou ela. Agora esperava a parte mais difícil: a quem deveria endereçar a carta?

Não lhe passou, nem por um instante, a ideia de mandar entregar ao Senhor Tom Riddle. Seria uma catástrofe, pois ela também temia a rejeição do pai de Tom. A Mary Riddle, talvez, mas indignava-se a pensar que a velha senhora morreria de febre ao saber que o neto “indesejado” estava próximo de seu adorado filho. De todas as formas, Tom havia forjado em sua mente que os rejeitaria de qualquer forma, e que eliminá-los era a melhor escolha a ser feita.

Thomas Riddle, decidiu-se. Nada daria mais orgulho a um velho do que saber que tinha um neto, e um neto homem. Hermione matutou. Sabia que na época as famílias mantinham a tradição dos primogênitos serem do sexo masculino, ou ainda, somente os rapazes poderiam herdar os bens e tomar conta dos assuntos financeiros da família.

Em suas pesquisas, Dumbledore afirmara para Harry que Tom Riddle não havia se casado com ninguém e morava com os pais na bela mansão.

Só esquecera-se de dizer para o menino dos olhos verdes como as pessoas pensavam nessa época, ou melhor, como os trouxas pensavam nessa época. Hermione era trouxa e conhecia muito bem história para imaginar a vergonha que Thomas Riddle deveria passar, as palavras maldosas que deviam dizer-lhe: o filho que fugiu com uma qualquer e nunca se relacionou com mais ninguém... a família acabaria em seu filho Tom e todas as suas conquistas seriam distribuídas aos monges.

Finalmente, convicta, pegou a caneta e escreveu no papel as seguintes palavras:

Caro senhor Thomas Riddle,

Eis que lhe informo para estar amanhã de manhã no albergue da sua pequena cidade, Little Hangleton, para uma grande surpresa.

Seu neto, o qual herdou o nome do pai, Tom Riddle, acaba de chegar de uma terra distante, trazendo a futura esposa, Srta. Hermione Granger, e creio que espera conhecê-lo... ao senhor e toda a sua família.

Eis que lhe afirmo que o rapaz não deseja nada além de somente saber que possui uma família, mesmo que pequena, o que muito o agrada. Temo que seja tímido e modesto ao dizer-lhe com tais palavras a posição que me coloco, e espero que o receba com o mesmo ardor que ele o procura.

Exasperada, peço a compreensão de não contar nada aos seus entes ainda. Endereço-lhe esta carta, mesmo não o conhecendo, por talvez entender-lhe, ou imaginar tal entendimento. Perdoe-me a astúcia, mas vá sozinho.

Quanto ao rapaz, saberá ao certo quem ele é. Herdara todo um talento e toda uma graça digna de um Riddle. Digna de sua família, que também é a família dele.

Obrigada, caro senhor, e espero ter, de alguma forma, ajudado. Tenho certeza do que estou fazendo, se não tivesse, jamais teria começado.

                                                            Jane.

Enrolou e depositou com delicadeza o papel nas patinhas de um passarinho, conjurado de sua própria varinha. Apagou o feitiço e abriu a janela, sentindo o vento gelado invadir o quarto. Tom se remexeu na cama, porém não acordou.

O passarinho voou apressado, com a certeza de seu destino. A carta chegaria às mãos do avô de Tom, e seus efeitos eram incertos.

A única certeza era a que deveria dormir, e rápido, antes que levantasse alguma suspeita.


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Notas finais do capítulo

Querem saber de uma coisa? Acho que o Tom ficará um tanto bravinho com a Hermione, não?
hahahahahaha, quem sabe?!
Esse capítulo começou com um açougue inteiro, não só a linguiça... e acabou num drama (/adoro). A idéia da carta eu devo a Luiza (é, a poetiza chata que tanto amo) que disse que imaginava a Hermione escrevendo (é, bem trouxa) para o avô de Tom...pois se fosse Mary Riddle, ela desmaiava e a carta era comida por um pincher de lacinho rosa(/Humbridgefãns), hahahaha.
Bem, eis que postei. Gostaram? o/