Changing Lifes escrita por Maty


Capítulo 6
Medo




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     Bill, Georg, Melany, Britney, Gustav e Andreas ficaram em casa até que anoitecesse. Eu tentava negar para mim mesmo o que no fundo eu sabia ser a mais pura verdade. Eu estava aliviado pela presença deles, tinha medo de ficar sozinho com a Tessie. Era inevitável, não tinha experiência nenhuma com bebês. Suspirei aliviado quando Beatrice voltou, 4 horas depois.

-Finalmente. – sussurrei me afundando no sofá. Ela nem ao menos olhou para mim, jogou sua bolsa em cima da mesa apressada.

-Como ela está? Tiveram algum problema? – obviamente aquela pergunta não havia sido direcionada á mim, e sim á Melany que segurava a Tessie.

-Não! Britney trocou a fralda e o Tom deu a mamadeira... Depois disso ela ficou acordada passando de mão em mão por algum tempo. Agora já deve fazer quase 2 horas que está dormindo. – sorriu e estendeu a Tessie na direção da Beatrice.

-O Tom deu a mamadeira? – olhou para mim e riu. – Desculpa, eu só acredito vendo. – todos começaram a rir, menos eu.

-Por que é assim tão difícil de acreditar?

-Por que você não tem sentimento algum pela sua própria filha. Não faz questão de mover um único músculo por ela...

     Me calei, não podia negar, apesar dessa não ser a completa verdade. Bill, Britney, Gustav, Andreas, Georg e Melany pareceram perceber meu desconforto e a tensão que era constante entre eu e Beatrice. Eles se levantaram e se despediram, eu pedi que voltassem com mais freqüência. Me sentia sozinho e entediado naquele apartamento, para mim viver com a Beatrice era como viver com uma estranha, não tinha intimidade, não me sentia confortável na sua presença.

    Assim que eles saíram pela porta Beatrice deixou a Tessie dormindo no berço e foi tomar banho, novamente eu me sentei no sofá e liguei a televisão, voltei a desligá-la pouco tempo depois quando ouvi os passos delicados pelo piso de madeira. Me levantei disposto a falar com ela, e parei por alguns segundos ao encontrá-la somente de lingerie. Não me lembrava do seu corpo ser tão bonito, magro com curvas delicadas, definitivamente sem nenhuma estria e marcado somente por algumas tímidas pintas. Ela andava em direção á cozinha enquanto colocava um camisetão que pegou de mim. Sem permissão.

-E então? Vai me falar onde estava? – me encostei na porta da cozinha olhando para Beatrice escondida atrás da porta da geladeira, deixando á mostra apenas sua perna pálida. A parte que não era coberta pela camiseta.

-Já disse que não.

-Por que não?

-Por que não é do seu interesse.

-Como não? Você é minha noiva! – exclamei, e senti meu rosto corar de leve quando ela fechou a porta da geladeira e me lançou um olhar divertido. Seus cabelos curtos e molhados delineando seu rosto fino me trouxeram a leve sensação de admiração.

-Só o anel no meu dedo não faz de mim sua noiva...

-Caso você não saiba, é exatamente isso que faz de você minha noiva.

-Que seja, eu não vou te contar onde estava. – sorriu ao passar por mim com apenas uma garrafa de água nas mãos. Senti tudo ficar quente, provavelmente devido á irritação que aquilo me provocara. Segurei em seu braço, talvez um pouco mais forte do que o necessário. – Ahh! O que você pensa que está fazendo?!

    Seus olhos azuis exibiam o medo. Senti meus músculos endurecerem, minha expressão pesar com a culpa. Ela tinha medo de mim... Em que tipo de monstro eu havia me transformado? Nos segundos seguintes nenhum dos dois se atreveu a ao menos respirar. Lentamente fui afrouxando minha mão de seu braço, baixei a cabeça quando ela o puxou com força fugindo de meu toque. Observava seus pés, com vergonha de olhar em seus olhos. Esperei que ela se distanciasse e ao constatar que isso não aconteceria tomei coragem e olhei para ela, me surpreendi com a profundidade do olhar que me direcionava, o suficiente para arrepiar os pelos de minha nuca.

-Desculpe... – sussurrei, e novamente seus olhos azuis pareceram transparecer seus sentimentos e responder por ela. Dor. Eu a havia machucado, física e psicologicamente. – Espera! – chamei quando ela me deu as costas sem mais uma palavra.

-O que foi? – a frieza em sua voz me atingiu de maneira inesperada, aumentando a culpa em meu peito.

-Eu sei que tenho agido de maneira errada. Eu realmente, realmente sinto muito!

-Eu não quero suas desculpas, Tom! – exclamou andando a passos largos até mim, parou seu rosto a centímetros do meu me permitindo sentir o cheiro cítrico de seu shampoo.

-Então o que você quer?! – respirei fundo para não deixar a raiva tomar conta de mim novamente, eu precisava me controlar. Não podia arruinar tudo novamente, minha mãe não ia aparecer na porta para acabar com outra briga e eu tinha medo do que faria se perdesse o controle.

-Desculpas não mudam nada... Não mudam o tempo que eu já perdi, não concertam os erros que cometemos! – gritou, me dando as costas novamente, dessa vez fechando a porta do quarto atrás de si.

-Merda!! – gritei o mais alto que consegui. Soquei a parede com raiva ao constatar que havia acordado a Tessie, Beatrice abriu a porta do quarto com uma raiva semelhante á minha andando á passos pesados e forçados até o quarto.

    Observei-a pegar Tessie de seu berço, ela tinha cuidado e já o fazia com experiência e segurança. Seu rosto tenso foi lentamente se acalmando e seus lábios cerrados lentamente se abrindo em um sorriso. Era inegável que Beatrice, diferente de mim, tinha um carinho enorme pela Tessie, algo que de alguma maneira me comoveu. Talvez, afinal de contas, eu escolhi a mãe certa para minha filha.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

" -Essa deve ser a primeira coisa legal que você diz para mim, acho que estou emocionada. – brincou rindo fracamente, ao notar meu olhar surpreso abaixou a cabeça envergonhada. Eu já havia visto a Beatrice sorrir para a Tessie, para a televisão e até mesmo para minha mãe e Gordon, mas era a primeira vez que ela sorria para mim. "

" Senti meu coração bater abafado em meu peito, apertado por um turbilhão de emoções que nunca sentira antes. Era a primeira vez que Beatrice se referia à Tessie como nossa filha. "