Changing Lifes escrita por Maty


Capítulo 27
Nova Perspectiva




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/112536/chapter/27

    Eu contei a ela. Eu contei para a Beatrice sobre o que aconteceu entre mim e a Katharine em Paris. Eu o fiz por que as coisas estavam incríveis entre a gente, e realmente acreditei que ela aceitaria... Mas ela foi embora.

-Por que eu sempre tenho que estragar tudo? – perguntei á Teresa passando minha mão direita carinhosamente sobre suas costas. Ela estava sentada ao meu lado na cama brincando com o controle remoto.

    Beatrice sempre foi compreensiva. Todas as merdas que eu fiz, ela nunca levantou um dedo contra nada. Quando brigávamos ela citava tudo de novo, mas não houve uma única vez em que eu fiz algo de errado e logo depois ela levantou a voz para me repreender. Esse era seu jeito, era algo que eu admirava. Saber que pela primeira vez ela foi contra essa pequena regra fazia meu peito doer, por que eu sabia que isso significava que eu a machucara muito.

-Bom, ela deixou você aqui então mais cedo ou mais tarde vai voltar, certo? – continuava falando com minha filha de 9 meses. No fundo eu esperava que ela pudesse me entender, mas sabia que eu só estava falando aquilo para me auto-assegurar de que Beatrice voltaria.

    Eram 3 horas da tarde, Beatrice estava sentada no sofá. Eu estava sentado á sua frente no tapete brincando com a Teresa, nós ríamos de suas tentativas frustradas de manter-se em pé sem nenhum apoio. Ela estava tão bonita rindo daquela maneira, e eu senti-me um grande panaca pelo que havia feito e por ainda estar escondendo isso dela. Então sentei-me ao seu lado, peguei sua mão e comecei a contar. Contei-lhe sobre como eu fui ingênuo, sobre como acreditava amar a Katharine, sobre como estava confuso. Narrei em detalhes nosso encontro, sendo sincero quanto á parte do sexo.

-Desculpe. – sussurrei ao final da história, ainda segurando forte na sua mão. – Eu te amo.

    Beatrice continuou em silêncio, recusando-se a olhar em meu rosto, seus olhos estavam direcionados para a Tessie que engatinhava pela sala, mas eu sabia que na verdade ela não estava a observando. Então aos poucos foi desvencilhando sua mão da minha e finalmente se levantou. Eu não conseguia decifrar nenhum sentimento na sua expressão, e isso me deixava mais desesperado do que eu podia prever. Ela pegou a bolsa e se dirigiu até a porta, virando-se para trás antes de sair.

-Gostaria que tivesse percebido isso antes.

-Hey. – sussurrou da porta, assustando-me. Não havia ouvido o barulho da porta se abrindo. Analisei-a por alguns segundos e sorri de leve ao perceber que ela não aparentava estar ressentida ou nervosa. – Ela deu trabalho?

   Não respondi á sua pergunta, esperando que alguma coisa relevante saísse de sua boca. Beatrice sabia que a Teresa era extremamente boazinha e, portanto, não havia me dado nenhum trabalho. Ela pegou a nossa filha em seus braços e sorriu pegando na sua mãozinha.

-Você não tem nada para falar? Depois de 4 horas sumida, não há nada que precise me falar? – perguntei-lhe.

-Não.

-Como não? Não está brava? – questionei-a confuso. Beatrice soltou um longo suspiro, deixando a Teresa no chão, que logo saiu engatinhando pela casa.

-Eu nunca estive em um relacionamento sério. Não tenho certeza do que esperar disso que estamos começando... Eu sempre achei que fosse desapegada das coisas e que poderia facilmente sair ilesa de uma situação dessas, mas a verdade é que saber que você dormiu com a Katharine doeu muito.

-Escute, eu sei que fui um idiota, mas quando fiz aquilo não tinha a menor intenção de te machucar. – disse, sentindo a culpa apertando em algum lugar do meu corpo. Sentei na cama e encarei-a, internamente implorando por perdão. Sabia que aquela frase era clichê, ridícula e não melhorava nada, mas era tudo que eu tinha nesse momento.

-Eu saí para pensar sobre o que você fez, e acabei descobrindo que eu não quero pensar sobre isso.

    Ela tirou os sapatos e deitou-se na cama, encostando a cabeça em minhas pernas, imediatamente eu comecei a mexer em seu cabelo, desembaraçando-o com meus dedos longos e finos. Ficamos assim por alguns minutos, eu tentava entender o significado de sua última frase, sentindo-me cada vez mais frustrado por não conseguir.

-Eu desisto. – cortei o silêncio. – Por favor, me explique o que está passando pela sua cabeça. E por favor, no final da explicação diga que me perdoa e vai continuar comigo.

-Eu decidi que por mais que me incomode eu não vou pensar nisso. Não vou pensar em nada... Por que se eu pensar na sua traição então eu também vou ter que pensar em todas as vezes que me largou sozinha aqui com a Teresa, vou ter que pensar em todas as outras vezes que me traiu, todas as vezes em que foi um um pai horrível e ficou sentado no sofá enquanto sua filha chorava. Pensar nisso me faz lembrar de todas as vezes que eu chorei e me senti sozinha aqui nesse apartamento. – ela sentou-se e me olhou de perto, tão de perto que eu não conseguia ver nada a não ser seus olhos azuis. – E apesar de tudo isso eu ainda me apaixonei por você.

    Ela parou de falar e eu fui, aos poucos, sentindo minha respiração se descompassar enquanto esperava pelo resto de sua fala.

-Quando você disse que me amava a 1 mês atrás eu te perdoei por tudo que havia feito, e decidi que queria começar tudo de novo do zero com você. Antes da noite de natal eu e você estávamos confusos e tropeçamos várias vezes, mas finalmente chegamos a algum lugar e eu não quero parar de andar agora.

-Você é a melhor coisa que já me aconteceu, e mesmo sem querer foi a responsável pela minha filha que é a maior felicidade da minha vida agora. Você me deu um motivo para acreditar em destino. – aos poucos eu fui tombando para frente, procurando pelo seu corpo. Encostei meu rosto em seu ombro e a abracei carinhosamente. – Eu tive medo que as coisas voltassem a ser como antes, só a idéia disso me deixa apavorado.

-Parece que entre nós dois as coisas são sempre um pouco mais complicadas do que o normal. Mas eu já me conformei com a idéia de que vamos passar o resto das nossas vidas com você fazendo merdas e eu perdoando todas elas...

-Eu realmente te amo muito. – afastei-me e envolvi seu rosto em minhas mãos. – Me sinto ridículo falando isso, mas eu sou sortudo por ter você.

-Não me importo com o que você fez antes. De agora em diante nós vamos encarar nossa vida sob uma nova perspectiva. – concluiu sorrindo.

-E qual seria a nova perspectiva da nossa vida?

-Que ela começa em uma noite de natal, onde você nossos corações bateram forte em sintonia, você disse que me amava e eu me entreguei inteiramente a você. – sorri beijando-a, aliviado por tudo estar certo novamente. – Que se dane o que aconteceu antes disso. – eu ri entre nosso beijo sentindo-me genuinamente feliz por tê-la como minha.

-Você realmente existe, ou é só uma criação perfeccionista da minha própria mente? – ela riu.

-Eu existo, e começo a achar que o único motivo para isso é poder passar o resto da minha eternidade existindo ao seu lado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo Capítulo ( e muito possívelmente o penúltimo capítulo ) :

" Ela estava agora com 11 meses, isso significava que faltava apenas um mês para aquele maldito contrato expirar. Ficava me perguntando se Beatrice pensava nele, se ela realmente iria embora apesar de todo o esforço que eu fiz para fazê-la ficar.

Os olhos de Beatrice estavam enormes, e eram tão azuis e vidrados que quase ficavam assustadores. "