Changing Lifes escrita por Maty


Capítulo 17
Amor




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     “ O prazo para o divórcio do Tom e da Beatrice, esqueceram? Acaba no aniversário de um ano da Teresa. “

         A caminho de casa voltando da reunião as palavras de David se recusavam a sair da minha cabeça, não importava o quanto eu aumentasse o volume do rádio ou batesse em minha própria cabeça. Não queria ter que me separar da minha filha. Ainda mais agora que as coisas finalmente pareciam estar se encaixando. Queria mandar o maldito acordo para o inferno junto com o momento que ele foi selado, mas sabia que não podia fazer isso. Sabia que dessa vez não dependia de mim. Era Beatrice quem tinha que fazer a escolha, foi ela que se submeteu ás piores situações por minha causa, ela tinha todo o direito de decidir o que fazer quando tudo estivesse acabado.

-Merda... – sussurrei ao parar no sinal. Escondi meu rosto em minhas mãos e encostei a cabeça no volante.

     Podia ouvir o choro de Tessie enquanto andava pelo corredor fazendo o caminho até a porta de número 95. Beatrice andava de um lado para o outro balançando-a em seu colo, estava impaciente e nervosa o que indicava que Teresa estava chorando a algum tempo.

-O que aconteceu? – perguntei largando a carteira e as chaves do carro na estante ao lado da porta.

-Ela estava brincando com a chave do Cadillac e eu estava distraída vendo TV, não sei o que aconteceu, alguma coisa deve ter machucado sua boca. – explicou preocupada – Como foi lá? Sobre o que era a reunião afinal de contas?

-Fotos nossas de ontem estão em todos os lugares, David quer aproveitar que eu estou na mídia para promover essa imagem “nova“ de mim, sabe? Ele marcou algumas entrevistas e sessões de fotos para a banda, e uma só para nós 3.

-Uma sessão de fotos e entrevista? Eu? – fez careta – Não sou muito fotogênica...

-Não se preocupe com isso, depois que inventaram o photoshop todo mundo é fotogênico. – disse, pegando Tessie no meu colo. – Também parece que mês que vem eu já vou estar trabalhando para valer, David falou de marcar concertos na Alemanha e Europa.

-Eu também tenho que ir? – perguntava enquanto olhava de perto cada pequeno centímetro da boca de Teresa. Não havia nada naquele chaveiro que pudesse ter machucado-a, provavelmente não era nada, ela só deve ter mordido forte demais ou algo assim.

-Sabe que a agenda é corrida e pode ser cansativo levar um bebê junto. Mas se quiser conhecer uma ou outra cidade David pode providenciar a sua ida também.

-Não, acho melhor ficar aqui com ela. Um bebê só vai te atrapalhar. – Tessie parecia finalmente estar dando os primeiros sinais de estar se acalmando.

-Beatrice...

-Sim? – ela perguntou dirigindo-me seus olhos azuis.

-Er... – pensei por um segundo. Na verdade estava decidido a questioná-la sobre o contrato e o que ela planejava fazer quanto a ele, se ia mesmo embora. Mas no último segundo acabei mudando de idéia. Tive medo de tocar no assunto e não gostar da resposta. Agarrei-me á esperança de que ela havia simplesmente esquecido sobre ele. – Quer sair para algum lugar?

-Agora? – pareceu confusa com a pergunta repentina.

-É... Eu queria comprar algumas coisas para você. – disse, o olhar surpreso de Beatrice me deixou desconfortável – Quer dizer, para a sessão de fotos! Você é a minha noiva, tem que estar bem vestida para zelar com minha imagem. E as roupas que tem não são lá aquelas coisas... – ela fez careta de quem não gostou do comentário e eu me senti bem melhor por alguma razão. Talvez não demonstrar nenhum afeto fosse a minha própria maneira de demonstrar algum afeto, seja lá o que isso signifique. – Eu posso chamar o Bill se quiser, ele entende dessas coisas.

-E a Tessie? Você vai ficar com ela enquanto estou fora?

-Bem, se não tem outro jeito, neh?! – rolei os olhos como se não gostasse da idéia. Ela riu, será que era tão óbvio assim que eu estava mentindo?

     Bill passou em casa cerca de 1 hora depois, animado com a idéia de comprar roupas. Ás vezes me surpreendo ao pensar que ele realmente não é gay.

    Beatrice parecia insegura de me deixar sozinho com a Teresa, ela não parava de repetir um monte de coisas que eu já estava cansado de saber. A frase que ela proferira ontem ainda ecoava na minha cabeça e, apesar de não gostar da falta de confiança, eu podia entender o porquê de tanta hesitação.

           “ Nunca mais quero minha filha sozinha com você! “

- Para com isso, Beatrice. – olhei sério para ela. – Não posso mudar nada se você não deixar. Confie em mim. – sorri, afastando as mãos dela da Teresa. Ela me lançou um último olhar inseguro antes de respirar fundo e sorrir também.

-Tudo bem então... – olhou para Bill, que esperava da porta. – Estaremos de volta antes do jantar? – ele assentiu com a cabeça. – Ótimo! – deu-me um selinho rápido, um beijo no rosto da Teresa e saiu, deixando somente eu e a pequenina no apartamento.

-Hum... Agora que a mamãe saiu que tal eu e você darmos um passeio também? – sorri levantando Tessie até a altura de meus olhos, jogando-a para cima e arrancando-lhe uma risada.

      Deu trabalho, mas eu consegui enfiar o bebê-conforto no banco de trás do Audi. Parei em frente a uma enorme loja de crianças, apenas a alguns quarteirões do meu apartamento, que havia visto na ida ao estúdio de manhã.

-Ahá! Agora você não vai mais se machucar com chaves de carro. O que acha? – perguntei a Tessie exibindo-lhe o mordedor em forma de guitarra que achara. – É bonito, não é? – sorri, orgulhoso do meu achado.

      Entrei no carro e novamente ajeitei-a no cadeirão. Ela olhou para mim enquanto eu afivelada seu cinto e eu senti um enorme desconforto no peito ao pensar que talvez tivesse que me separar dela um dia. Dei-lhe o meu dedo e ela o segurou, mesmo que não com a força que fazia quando ainda era recém nascida. Depositei-lhe um beijo na testa e sorri ao acariciar a pele macia de seu rosto.

     Dirigi mais alguns quarteirões até a joalheria onde comprara o presente de aniversário da minha mãe ano passado e adquiri uma pequena e delicada pulseira. Ela era extremamente detalhada, os fios de ouro se entrelaçavam como se fossem uma trança e em alguns pontos encontravam-se pequenos brilhantes, tudo muito simples, feita especialmente para bebês, como dissera a moça da loja. Já no carro, ainda estacionado em frente á joalheria, eu a aconcheguei em meu colo e coloquei a pulseira em seu pulso.

-Promete que não vai tirar? – perguntei para Teresa que permanecia sentada em minhas pernas, segurada pelas minhas mãos. Depositei um beijo no topo de sua cabeça. - Mesmo se estiver longe e não me ver muito, eu vou continuar sendo seu pai. Quando a pulseira ficar grande e não couber mais, não a perca, ouviu? Me chame que eu te compro outra, ainda mais cara e bonita que essa... – ri de leve balançando seu bracinho pálido e gordo que exibia a pulseira recém-comprada. Segurei-a em pé de frente para mim e fiquei a observando por alguns segundos. – Droga, será que tem como não te amar?


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

" -Nós somos péssimos pais. – conclui entregando Tessie para a Beatrice que a aconchegou em seu ombro fazendo-a parar de chorar em poucos minutos.

—Mas estamos melhorando... – ela riu. "

" -Ah meu Deus! Tom! – beijou-me demoradamente. Agora sim era a reação que eu queria. Era deliciosa a sensação de ser o causador daquele sorriso. – Eu não acredito! Você perdeu a cabeça?! "