A Beautiful Lie escrita por Raquel Severini


Capítulo 37
Capítulo trinta e seis: Year Zero


Notas iniciais do capítulo

Awn, esse é o penúltimo capítulo, acho eu. A não ser que me dê a louca e precise postar alguns complementares, o que duvido muito que irá acontecer... Mas enfim, nada é impossível.
Mas enfim, esse capítulo está muito bom, espero que gostem.
Enjoy ;*



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As sirenes de policia pareciam ainda ressoar em meus ouvidos, por mais que tentasse tampá-los com as mãos. Ouvir Constance admitir tudo aquilo... Simplesmente
acabou com Shannon. Ele se recusava a falar sobre o assunto, apesar das minhas tentativas de entender o que se passava em sua mente. Jared estava quieto, menos
falante, menos expressivo. Ambos pareciam fantasmas, satisfeitos com o próprio silêncio. Depois que Constance e Megan foram presas, Jared parecia estar se recuperando
do choque, finalmente se dava conta de que era verdade. Sua mãe havia envenenado o irmão e atirado em sua namorada. Porém, estava cheia de esperar sua reabilitação
e cansada de vê-lo daquele jeito.
Quando passei pela sala, nenhum dos dois levantou um dedo para me impedir. Limitaram-se a um olhar. Dei as costas e saí. Chuvia do lado de fora, mas não me importei.
Caminhei sem proteção alguma contra o frio, deixando a água enxarcar minhas roupas e cabelo. Sentei no banco de uma praça, observando a paisagem cinzenta.
Contemplei a cena por incontáveis minutos, até perceber que tremia muito. Saí de transe quando meu celular tocou, assustando-me. Olhei no visor do aparelho. Shannon.
Desliguei. Eu só queria que ele sentisse... Sentisse alguma coisa! Qualquer coisa! Se minha ausência o preocupava, ficaria ali mais um pouco, desde que ele demonstrasse
um sentimento sequer.
Quero tanto que ele seja o mesmo. O mesmo idiota, preocupado e ciumento de antes.
Deixei uma lágrima escorrer, misturando-se às gotas da chuva.
Preciso desaparecer por alguns dias.
Não quero ser egoísta, só... Tenho que fazê-los voltar pra mim.
Desliguei o celular e corri desgovernadamente, atravessando ruas e avenidas, quase sendo atropelada algumas vezes.
Porque estou correndo?
Parei, observando as pessoas me olharem com curiosidade.
Do que estou correndo?
Arfava. Escolhi uma direção e voltei a andar.
Será deles ou de mim mesma?
Andei uns bons quilômetros, até estar delirante de frio. Entrei num bar. Caía aos pedaços, mas pelo menos havia um aquecedor. Fiquei na direção deste durante pelo menos
dez minutos, até meu tremor amenizar.
Um homem de quase dois metros, de pelo menos cento e vinte quilos e com roupas de couro veio em minha direção. Não sei porque não senti medo, talvez apenas estivesse
cansada demais para fazê-lo.
- Tudo bem? - Indagou ele, erguendo uma grossa sobrancelha loura em minha direção. Assenti fracamente e abraçei meu próprio corpo, um pouco receosa. - Toma. - Disse
ele, retirando a jaqueta de couro e estendendo-a em minha direção. Neguei com a cabeça. - Vamos lá, pode pegar... Você está pálida.
Estendi minhas mãos e peguei o casaco, vestindo-o logo em seguida. A roupa batia na altura dos meus joelhos. O homem me ajudou a levantar e guiou-me em direção a
um dos bancos altos que ficavam atrás de um balcão onde um barman atendia. Logo este se aproximou.
- Uísque. - Disse a ele, sem rodeios.
A bebida ardente me esquentou por dentro, fazendo com que uma sensação de bem-estar se apoderasse de mim.
- Como se chama?
- Mellanie.
- Prazer, Mellanie. Sou o Axl.
- Obrigada pelo casaco, Axl.
- E pela bebida. - Acrescentou ele, insinuando que iria pagar meu pedido.
Suspirei.
- Escuta... Se você está sendo legal comigo porque quer me embebedar e transar comigo, é melhor desistir.
Para minha surpresa, ele riu.
- Não se preocupe com isso. Afinal, se eu quisesse te levar pra cama não ia esperar que ficasse bêbada.
Estremeci. Ele queria dizer que podia me levar à força. Olhei seus braços enormes e resolvi não duvidar de suas palavras. Deixar aquele homem irritado não parecia algo
que gente sã faria. Permaneci em silêncio, brincando com os gelos do meu copo.
- Então... Você parece um pouco triste.
Encarei-o. Estava tão aparente assim? 
- Problemas com meus... - Hesitei. Deveria contar à ele? Decidi que não havia nada a perder - Com meus namorados.
- São dois!? Gulosinha! - Gargalhou, divertido, para logo depois voltar ao tom sério - E qual o problema com eles?
- A mãe tentou matar um deles e depois atirou em mim.
- Espera aí. São irmãos? - Assenti lentamente - E a mãe tentou matar o próprio filho?
- Sim. Só que não conseguiu. Aí atirou em mim.
- Nossa... Que tragédia... Pelo menos essa mulher foi presa?
- Esse é o problema... - Suspirei - Depois que ela foi presa, os dois mudaram muito. Eu entendo que se sintam chateados, porque afinal, é a mãe deles, mas... Mas eu acho
que ela finalmente teve o que queria... Eles não se importam mais comigo.
Não consegui impedir algumas lágrimas de escorrerem.
- Eles não vieram te procurar?
- Bom... O Shannon me ligou a algumas horas, mas eu não quis atender.
- Porque você não liga seu celular, e vê as chamadas perdidas? Assim vai descobrir se eles estavam preocupados ou não.
Fiquei em silêncio durante alguns segundos.
- Você tem razão.
Peguei o aparelho do bolso e liguei-o... E para minha surpresa (Ou não), não havia nenhuma chamada perdida.

Jared;

- Shannon, me deixa ligar pra ela! - Gritava, pulando em cima dele e tentando pegar o telefone de suas mãos.
- Entenda, Jared! Ela quer ficar sozinha! Você não vê?
- Desculpe, mas dessa vez eu não concordo com você. - Respondi, sério. - Por favor. Eu preciso falar com ela.
- Não.
- Porra! Como você pode ficar ai parado, sem fazer nada!? - Gritei, completamente fora de mim - A Mellanie está lá fora a mais de cinco horas, sem dar notícias! Ela saiu
daqui triste e nós não fizemos nada para impedir! Eu não quero que isso aconteça denovo. Ela pode não voltar mais.
- Não seja tão infantil, Jared. Se ela nos ama, vai voltar.
- Meu deus, Shannon... Você não entende - Repliquei, desesperado - Ela quer que a gente vá atrás dela. Não podemos nos esconder aqui pra sempre.
- Ninguém está se escondendo.
- Eu conheço ela desde os meus sete anos de idade e posso dizer quando está triste. Ou quando finge não ligar. Eu conheço ela e a amo... E não posso ficar aqui parado
sem fazer nada.
- E o que você quer fazer? Ir atrás dela? - Indagou, com ironia.
- Ela não vai voltar, Shannon. - Falei, dando as costas para ele. Meu coração doía, sabia que essa era a verdade.
Shannon se aproximou e colocou uma mão em meu ombro.
- Escuta... Vamos esperar até amanhã, está bem? Ela precisa de um tempo para pensar, é só isso... Não fique falando besteiras antes do tempo.
- Amanhã cedo nós podemos procurar ela?
- Não vamos precisar, amanhã cedo ela já vai estar de volta.
Passei a mão pelo cabelo, de maneira nervosa.
- Hey, relaxa, Jared.
- Tudo bem. Acho que vou pra cama. - Respondi, saindo de perto dele. E foi o que fiz.
Por mais que eu tentasse, não conseguia dormir. A certeza de que ela não iria voltar me invadia como um veneno de pouca eficácia, que mata aos poucos e silenciosamente,
dando esperanças sobre o futuro incerto da vítima.
Me contorci no colchão, começando a suar gelado. Lembranças me invadiam. Lembranças detalhadas e que podiam parecer bôbas para outra pessoa. Lembranças simples,
como seu sorriso, seu cheiro ou a pequena covinha que nascia quando unia as sobrancelhas.
E se o Shannon estivesse errado? E se ela não voltasse?
Ela precisava voltar... Ou eu poderia perder totalmente o controle. Poderia acabar me matando sem ter essa intenção, como da última vez.
Ela não vai voltar.
Meu subconsciente insistia, começando a vencer aquela batalha que estava sendo travada durante horas. Olhei o relógio. Quatro e meia da manhã.
Foda-se. Voltando ou não, preciso ir atrás dela.
Joguei o cobertor para o lado, contente por estar, finalmente em movimento, liberando a angústia de ficar sentado esperando-a.
Caminhei pelos cômodos, com a falsa esperança de que ela estivesse ali, esperando por mim.
Mas não estava.
Para minha surpresa, pude ver Shannon ainda sentado no sofá, como eu o deixara, olhando fixamente para a porta da sala, não saberia dizer se dormia de olhos abertos,
ou se realmente estava acordado.
- Shannon...?
- Ela não vai voltar, não é mesmo?
- Não, não vai. - Sussurrei, com cuidado.
Jogou o telefone em minha direção.
- Tenta, vai.
Estudei a expressão de Shannon por um momento e então disquei.

Mellanie;

Já tinha perdido as contas de quantos copos de cachaça barata havia bebido. Estava com o queixo apoiado sobre o balcão, ainda pensando em Shannon e Jared, quando o
celular tocou. Observei Axl, que estava logo em meu lado, pedindo ajuda.
Ele levou alguns bons segundos para entender.
- Atenda. - Aconselhou, por fim.
Fitei o visor durante um tempo, tomando coragem.
- Mellanie? Amor, graças a deus! Onde você está?
- Porque, Jared? - Pude ouvir sua respiração falhar do outro lado da linha, ele sabia o que eu ia perguntar, o que só tornava as coisas ainda mais difíceis - Porque você não
ligou antes?
- Eu tentei, amor. Desculpa, por favor. Me desculpa, por favor, por favor. Volta pra casa.
- Você sabe que eu não posso.
Sua respiração falhou denovo, sabia que ele estava prestes a chorar.
- Então me diz onde você está... Eu vou até aí e trago você devolta. - Pediu, com a voz fraca.
Fiquei em silêncio, mordendo os lábios para impedir os soluços.
- Eu te amo. - Voltou a falar, após não obter uma resposta.
- E eu só queria ter ouvido isso antes. 
- Por favor, Mellanie... Me diz pelo menos se você está bem.
- Não... Eu não estou bem.
Consegui ouvir outra voz, ao fundo e, mesmo sem poder distinguir as palavras, soube. Shannon.
- Amor, por favor, me escuta. - Agora era ele quem falava - O Jared não tem nada a ver com isso. Eu não quis deixá-lo ligar pra você.
- ...Porque, Shannon? - Não consegui conter as lágrimas, ao ouvir aquilo.
- Não importa agora. Só... Não culpe ele por isso, tá bom? Ele é meu irmão mais novo e não posso ficar parado de braços cruzados, vendo ele se desculpar por uma coisa
que não fez.
Houve uma pausa. Não conseguia pensar em nada.
- Mellanie? - Chamou-me - Olha, só diga onde você está, tá bom? Vou passar pra ele.
- Amor...? - Era Jared denovo, que parecia ter conseguido conter o tom de choro na voz.
Onde eu estava? Tinha corrido por tantas e tantas ruas, que não saberia dizer. Passei o celular para Axl que, entendendo, logo passou o endereço, trocou algumas palavras
e desligou. Voltei a apoiar o queixo no balcão e fechei os olhos.

Jared;

Após falar com um homem desconhecido no telefone, dirigi com a maior pressa possível até o endereço, usando o GPS do carro como aliado. Não havia trânsito, por ainda
ser madrugada, o que me possibilitou chegar em pouco tempo.
Basicamente escancarei a porta do bar, correndo os olhos por toda sua extensão, até encontrá-la, sentada em um banco, com a cabeça baixa, apoiada sobre os braços.
Ainda tinha um copo de bebida à sua frente e ela vestia uma jaqueta que obviamente não era dela.
Me aproximei lentamente, observando-a. Percebi que dormia, parecendo realmente exausta.
- Então você é o Jared? - A voz vinha de um homem muito alto, com roupas estilo roqueiro dos anos oitenta. Assenti, um pouco receoso - Cuide bem dela, é uma garota
muito especial.
- É, eu sei. Obrigado por ficar de olho nela enquanto eu não estava.
Apertamos as mãos e ele sorriu, pagou a conta e foi embora. Beijei o rosto de Mellanie carinhosamente, porém ela mal se mexeu, então peguei ela no colo com cuidado e
saí pela porta da frente. Coloquei-a no banco do carona e dirigi com calma, apenas observando-a.
- Jared... - Puxou minha camisa, ainda sonolenta.
- Que foi? - Respondi atenciosamente.
- Não quero ir pra casa.
- Porque não, amor? - Afaguei seu braço.
- Por causa do Shann... 
- Você está chateada com ele?
Assentiu.
- Porque ele não me ligou?
Parei o carro no acostamento e a encarei.
- Ele não fez por mal, apenas achou que você precisava de um tempo para pensar.
- Eu só precisava dele.
Não consegui reprimir a vontade que tinha de abraçá-la. Pareceu surpresa inicialmente, mas logo envolveu minha nuca com delicadeza.
- Eu te amo. - Sussurrei.
Me apertou com mais força e permaneceu em silêncio. Ficamos assim durante vários minutos, até que, quando dei por mim, estava adormecida em meus braços. Tentei
colocá-la de volta no banco do carona, para que ficasse mais confortável, porém, assim que tentei, grunhiu e se remecheu, indicando que queria ficar onde estava. Sorri
e voltei a dirigir lentamente, fitando-a, linda em seu sono.
Quando estacionei o carro, resolvi acordá-la, para ver se iria mesmo pro hotel ou não. Assim que perguntei, pareceu meio hesitante, mas por fim, cedeu. Subimos de
mãos dadas até o quarto, o qual abri a porta.
Shannon andava de um lado para o outro com a expressão preocupada, parecendo muito distraído com a tarefa. Quando nos viu, deu alguns passos receosos em direção
à Mellanie, que se escondia atrás do meu corpo e olhava para o chão, sem querer encará-lo.
- Olha, Shannon... Me desculpa. Não foi minha intenção te deixar chateado, eu só queria que você voltasse a ser o que era antes, sabe... Não aguentava mais ver você do
jeito que estava - Mell atropelava as palavras - Eu sei que não devia ter ter saído assim, é que as vezes eu faço as coisas sem pensar e acabo est...
Shannon aproximou-se e segurou suas mãos.
- Casa comigo?


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Notas finais do capítulo

Bom, esse capítulo, como eu disse, ficou fofo! Finalmente as coisas se resolveram pro lado deles, e eles resolveram também os problemas entre si. Jared e Shannon finalmente se recuperaram por inteiro do que a Constance, a Megan e a Anna fizeram!
O que vocês acharam?
* Queria falar aqui, sobre a próxima fanfic, que irei postar no término dessa.
Gente, as coisas estão complicadas pro meu lado... Tenho várias fanfics sobre 30STM no pc, e não sei qual irei postar! Estou acreditando numa possível parceria com a Bruneca, onde estamos escrevendo uma fanfic sobre assassinatos, afinal, eu preciso me livrar um pouco do gênero romance, ou as ideias iriam ficar repetitivas... Mas estou na dúvida... Também posso postar uma fanfic em parceria com a Lynch, que é eu considero muito engraçada e romântica. Ou até mesmo, posso postar uma fanfic independente, que eu acho linda a história, apesar de não fazer a mínima ideia de qual rumo ela vai tomar, mas enfim, aguardem! Beijos!



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