I Must Be Dreaming escrita por Pandora Imperatrix


Capítulo 5
Capítulo IV – O som do silêncio.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/111625/chapter/5

Naruto não me pertence.

Capítulo IV – O som do silêncio.

“Em sonhos agitados eu caminho só

Em ruas estreitas de paralelepípedos

Sob a auréola de uma lamparina de rua

Virei meu colarinho para proteger do frio e umidade

Quando meus olhos foram apunhalados pelo lampejo de uma luz de néon

Que rachou a noite

E tocou o som do silêncio”

Simon & Garfunkel – The Sound Of The Silence

O verão ainda estava no início, o que significava que Hinata não teria que se preocupar nem tão cedo com a famigerada escola, mas em vez disso, teria que aprender a lidar com um longo mês de férias longe do clã Hyuuga.

A manhã chegava ao seu final, o sol tocava-lhe na pele exposta gentilmente e a brisa vinda do mar – que não ficava muito longe – balançava a barra do seu vestido cor de zinco enquanto ela caminhava pelo gramado da frente da casa dos Uzumaki. Ao chegar ao seu destino, a caixa de correio, levantou a tapinha de alumínio e depositou dentro do objeto pintado de laranja, a carta que havia escrito para a irmã.

Hanabi, depois que Neji fora levado sob custódia para julgamento em que respondia pelo assassinato de Tenten, fora viver com os padrinhos na Inglaterra, já que os Hyuuga, com morte dos pais de Hinata, se resumiam na mesma, Hanabi e Neji. As irmãs Hyuuga tinham respectivamente 16 e 11 anos e ficaram sob a guarda do primo de 19, após o acidente de carro que matara o rico patriarca Hyuuga Hiashi.

 Hinata ainda estava distraída, brincando com as pontas das fitas enroladas em seus pulsos cortados quando notou que alguém fazia sombra a frente de si, levantou os olhos perolados e se viu encarando o sorriso radiante de Naruto.

Gostava do garoto Uzumaki, ele era divertido e era capaz de fazê-la sorrir nas suas horas mais sombrias, ele nunca perguntava o que havia de errado com ela, ou se juntava aos comentários sobre o quão era estranha a garota morena que agora morava com os Uzumaki, ele simplesmente se sentava ao lado dela e conversava quase unilateralmente, não de um jeito que a desagradava, mas ele impedia que o som do silêncio que havia dentro dela ficasse alto demais e a deixasse surda, e ao contrário de Ino, não a sufocava com atenções ou a ofuscava com seu brilho, ele o dividia com ela.

Ela tentou presenteá-lo com um sorriso, mas só o que conseguiu foi corar fracamente.

- Ano... Hinata-chan – começou coçando a nuca e colocando a outra mão atrás de si para que ela não visse, ergueu o dedo do meio para Sai e Suigetsu que deixando os skates de lado, o provocavam, como vinham fazendo desde que notaram a proximidade, mesmo que pequena, entre o loiro e Hinata – é que meu pai não vai poder te levar na Dra. Yuuhi, então você vai comigo’ttebayo – ele piscou – Você não tem medo de andar de moto, tem?

Ela engoliu em seco e negou. Com um ultimo sorriso e um gesto de adeus, já ia se afastando em direção a um Suigetsu ajoelhado que parecia pedir em casamento um Sai bancando a donzela envergonhada, quando sentiu sua blusa ser puxada.

- D-desculpe... – murmurou de cabeça baixa.

- Pelo que’ttebayo?

- Acredito que você preferisse s-sair com seus amigos...

- Aqueles manés?  - ele arregalou os olhos, descrente – Tá maluca, Hinata-chan?! Quando é que eu, Uzumaki Naruto ia preferir sair com um monte de marmanjos chatos em vez de acompanhar uma moça bonita?

Então ela sentiu como depois de muito tempo sentindo um frio interminável, uma brisa morna a atingisse, aquele era o efeito de Naruto.  Ela sentiu a estranha vontade de rir da seriedade com a qual ele dizia aquelas palavras, era uma vontade bem rara se tratando dela.

- C-certo...

E ele saiu deslizando no skate atrás da dupla de engraçadinhos que tentaram se esconder atrás dos sérios Sasuke e Gaara que estavam mais a frente.

Com a súbita saída do loiro, a cor que sua presença calorosa havia injetado no mundo de Hinata desapareceu com a mesma rapidez, a pressão da insignificância desceu violentamente sobre ela que tonta, teve que se segurar na caixa de correio para não cair.

oOo

Só saía de casa quando a noite já havia passado da metade, não suportava duas coisas: a) sol e b) pessoas. No silêncio da madrugada ela jamais encontrava o sol incomodo que machucava sua pele e as pessoas da noite não eram como as do dia, sempre prontas para uma conversa amigável, não, naquela rua iluminada pela luz triste e fria dos letreiros de hotéis baratos, conversar com estranhos não era lá uma atividade muito apreciada.

O barulho do carro passando em alta velocidade ecoou a sua volta, a poça que as rodas velozes haviam perturbado não esguichou água o bastante para atingi-la por pouco no meio fio onde estava equilibrada e observando as pontas do coturno preto que usava por baixo da calça pisar no asfalto enquanto atravessava a rua, no lugar do sol, a luz provida de cor desbotada do neon das duas da manhã tocou-lhe o rosto. Ela fechou os olhos, torcendo para que um caminhão a tingisse.

Mas não atingiu.

Agora o som de seus saltos gastos era tudo o que conseguia ouvir, o vento gelado da noite que havia deixado sua pele tão fria e imóvel como o mármore, já não soprava mais.

A casa a sua frente era modesta, com três degraus na entrada fechada por uma porta de ferro. Ela sentou no tapete puído que lhe desejava boas vindas em inglês, os pés encostados no degrau do meio e inspirou o ar fresco com força antes de encostar a cabeça no corrimão decorativo, quando o ar saiu por suas narinas, condensou a sua frente, e ela fechou os olhos. 

Uma pesada e grande jaqueta deveria ser posta sobre seus ombros agora, ela deveria sentir o gostoso cheiro masculino na peça de couro e uma risada rouca para acompanhar, mas nada daquilo voltaria a acontecer, e seu meio-delírio, meio-lembrança desapareceu como a névoa criada por sua respiração.

Sentia falta de Kiba, de sentar em sua garupa, abraçar as costas fortes e macias e correr pela cidade na moto que o matou.

Queria sentir aquela sensação de novo, o cheiro peculiar de gasolina, o som das palavras vazias dele ao vento, ele quase a fazia se sentir viva.

Soltou um riso sem humor, estava com ele naquela noite, como em todas as outras, Kiba era um tanto danificado, mas nunca quis morrer, costumava dizer que era um sobrevivente e que era bom que desistissem de tentar derrubá-lo, pois ele nunca desistiria, e ela que tanto desejava a morte fora quem sobreviveu. Se havia mesmo um deus, o cara tinha sérios problemas.

Já passava das três da manhã quando entrou em seu quarto na casa dos Hyuuga, largou os sapatos que havia tirado na entrada, de qualquer jeito no tapete, o cachecol uva que contornava o pescoço alvo enfeitado por um pingente de cristal negro estava sendo retirado quando um relâmpago iluminou o quarto e Hinata descobriu que tinha companhia.

Ela se tornou rígida como uma estátua e respirou fundo, sua ultima ação espontânea naquela noite, o mestre da marionete Hinata estava de volta e pronto para brincar.

oOo

Com alguns cortes a mais, tremores disfarçáveis a olhos desatentos e um olhar vazio, Hinata foi arrastada por Ino e Sakura – melhor amiga da loira – até uma sorveteria. Sabia que tinha sido levada com as duas a pedido de Kushina que ainda teimava em tratá-la como uma garota saudável como a filha e as amigas desta, não reclamava, sabia que a ruiva fazia o que podia e sair com as duas garotas não era assim tão torturante, certo, teria que aturar a felicidade irritante de ambas e se lembrar de tomar seu sorvete antes que ele derretesse e a sujasse chamando atenção para si.

Como as duas tinham – ou pelo menos pareciam ter – bastante assunto para tratar, mal notariam que ela, Hinata não participava ativamente da conversa,nem perguntaria se havia algo de errado quando seu olhar se perdesse e ela começasse a parecer uma estátua de gelo derretendo naquele sol, até porque os garotos estavam jogando basquete na quadra em frente a sorveteria – um time com camisa e outro sem – então as duas tinhas coisas mais interessantes para se olhar.

Naruto chegou na surdina, com um brilho divertido no olhar, levou o indicador aos lábios pedindo a Hinata para não anunciar a presença dele enquanto com gestos felinos roubava o sunday da irmã sem esta perceber –já que olhava  abobada para o ruivo do outro lado da rua.

Hinata deixou-se sorrir para o próprio sorvete de creme, antes de encher a colher com o doce e levar aos lábios.

- Nee Sakura-chan, o teme já te deu o fora do dia ou eu ainda vou ter chance de me divertir?

Assustadas, as duas se viraram para ele de supetão, Hinata quase engasgou com o sorvete quando Sakura derramou seu copo ao se mover.

- Naruto! Seu imbecil! Olha o que você me fez fazer! – ralhou Sakura bastante irritada.

Mas ele não mostrou se importar, apenas sorriu satisfeito com o corado de vergonha no rosto dela e a blusa de marca melada de sorvete.

E em meio à confusão de reclamações que surgiu após a chegada do loiro escandaloso, Hinata sentiu sua mão se envolvida pela dele, e logo ela estava sentada na garupa de um garoto que não era Kiba.

- Aonde você vai com ela? – perguntou Ino.

- Não é da sua conta’ttebayo. – respondeu um divertido Naruto antes que Hinata tivesse a oportunidade de fazê-lo.

Então ele já em cima da moto, fez Hinata o abraçar e logo o ronco poderoso de sua Honda pode ser ouvido enquanto corriam pelo asfalto.

N/A: Miiiiiil desculpas pela demora, mas é que esse capítulo mesmo que curto e previamente escrito parecia sempre interminado...

Me inspirei em Missing do Everything But The Girl (obrigada Fer-chan!) e na música que inicia o capítulo.

Muito obrigada pelos comentários recebidos n.n

Kisu no Kokoro


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Must Be Dreaming" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.