A faca cada vez me parecia mais fascinante. Peter engoliu a seco, eu sorri. Naquela hora eu percebi, eu estava como Loren. Parei. Joguei a faca longe. Respirava fundo. O que estava acontecendo comigo? Peter parecia aliviado. Começava a me acalmar.

      Meu cabelo caia sobre meu rosto e estava ofegante. Minha roupa estava rasgada e cheia de sangue. Meu rosto, meus braços, eu estava pálida. Peter foi em minha direção, calmamente. Ele me olhava com uma ponta de medo. Eu fechava os olhos e abria, tudo lentamente. Ele segurou minha mão e com a outra tirou a faca de mim. Ele a torceu como se fosse borracha e jogou com uma força incrível que foi parar bem longe de onde estávamos.

     Peter largava minha mão lentamente e andava para trás. Cada vez mais rápido. Ele simplesmente fugiu de lá. Sem mais nem menos. Por que ele estava fugindo de mim? Começava a acreditar em que Luca havia me dito. Era um anjo da morte? Mas como?

     Aquela vontade ainda não tinha passado só estava mais calma.

     -Carter!

     -O que você quer? - estava de costas para Luca, só dava para ver seu reflexo.

     -O que foi?

     -Houve alguma coisa? - caminhei passando por ele, de repente sinto Luca me puxando pelo braço. Ele olhava dentro dos meus olhos.

      -Como?

      -Como o que?

      -Carter, como você virou um anjo da morte?

      -O que houve quando você morreu? - Luca engoliu a seco.

      -Não sei, não lembro.

      -Ham... ok. Loren... tinha feito... - engoliu a seco novamente - Aquelas coisa. Você "morreu" e o que aconteceu depois?

      -Eu continuava ouvir aquelas palavras sem sentido, eles gritavam, mas eu cada vez ouvia mais baixo, mas sabia que eles estavam gritando. Eu sentia menos dor naquela hora. Me sentia mais forte de um jeito diferente.

      -De que jeito?

      -Eu não sei - dei de ombros - Nunca havia me sentido assim! Não tem quando pensamos em nada, quando não temos nada para pensar e simplesmente olhamos para o nada sem pensar? Então, eu estava assim. Mas não estava em mim. Senti algo em mim. Parecia que minha alma havia saido do meu corpo. Depois, quando dei por mim abria meus olhos como sempre e vi a cena. Sua cena.

      -Minha cena?

      -Sim. Você havia cortado o pescoço de Loren. Isso me deixou... diferente. Eu queria experimentar. Pelo menos encostar naquela faca.

      -Carter, lembra da corte do submundo?

      -Você já me falou dela, por quê?

      -Estou pensando em levar você lá para o que vai acontecer.

      -To com problemas ou algo do tipo?

     -Não, é só para ter certeza.

     -Ah, ok. E agora? O que a gente vai fazer?

    -Eu queria voltar para o mundo normal que eu prefiro e ir na praia.

    -Bom... perto da minha casa tem uma praia. Vamos lá!

    -Ok, deixa eu achar o portal.

    -Ta bom. – Luca procurava no bolso do casaco. Era um medalhão igual ao que Loren, Peter e Jason havia roubado – Todos do submundo ganham um?

    -Sim.

    -Mas está escrito “die angels”.

     -Cada tipo de sobrenatural ganha um com o determinado nome.

     -Ata.

     -Ah, droga.

     -O que?

     -Lembra do Justin e os outros anjos que me ajudaram quando eu lutava contra Jason, Peter e Loren?

     -Sim, o que tem eles?

     -Eu tinha prometido sair com eles hoje!

     -Ah, convida eles para vir com a gente!

     -Serio mesmo?

     -Sim, eu não me importo.

     -Ok. – Luca pegou de seu bolso seu celular e discou o numero que provavelmente devia ser de Justin – Alo, Justin? – sim, era dele – Oi, eu sei, a gente vai sair sim, ainda ta de pé, mas... Não, eu não vou cancelar nem adiar, cara só que a Carter vai junto, falo? Ta valeu, tchau – Luca guardou o celular no bolso – Vamos? – estendeu a mão. Segurei em sua mão. Uma luz branca forte me cegou. Até que em questão de segundos já estávamos no mundo normal, no meu mundo. Bem, não era mais o meu mundo. Agora meu mundo era o submundo. Era difícil se acostumar que você é um sobrenatural. Parecia que ainda não tinha caído a ficha.

     -Onde vamos encontra-los?

     -Na casa abandonada!

     -Ok, vamos?

     -Ta animada? – sorri e o empurrei de leve. Percebi que ainda estava de mãos dadas a Luca. Quando o empurrei e me puxou juntos. Fui para cima dele, sem querer. Arrepiei.

     -Er... vamos?

     -Sim. – conversávamos durante o caminho até a casa abandonada que não estava longe. Conversávamos sobre sites, como tumblr. Um site, tipo blog onde postam sobre sentimentos. Andávamos devagar apesar de sermos sobrenaturais e por isso sermos rápidos. Quando chegamos estavam Justin, Liza, Caise, Hanna, James, Damon e Jesse esperando-nos.

      -Vocês são sobrenaturais, vocês podem correr, voar. O que houve? – Damon parecia irritado por ter que esperar.

      -Só queríamos conversar durante o caminho, já tentou fazer isso, Damon? – Luca brincou com Damon provocando-o.

      -Tanto faz, vamos logo. Mas agora, voando. – Luca deu de ombros.

      Levantamos vôo. A praia ficava a alguns kilometros de distancia. Velozes, chegamos em questão de segundos e aterrissamos em local que ninguém nos visse voando.

     Logo, estávamos na praia.

     Ficamos conversando. Uma ou duas vezes íamos na água e depois ficamos na areia. Tínhamos jogado frisbee etc.

     -Vou andar um pouco. Já volto. – Luca deu um beijo na minha testa.

     -Ok.

     Depois de um minuto ou dois, talvez até mesmo três, estávamos Justin, Liza, Caise, Hanna, James, Damon, Jessé e eu na praia. Enquanto Luca caminhava na areia.

     -Carter, você sabe onde Luca foi? – Hanna me perguntou.

     -Não, não sei. Eu vou procurá-lo! – sai andando na areia molhada perto do mar.

     Depois de um tempo caminhando sobre a areia molhada com meu shorte jeans encharcado achei Luca. Ele estava andando lentamente na praia. Sai correndo. Perto de Luca eu dei um pulo. Fui em cima dele. Caímos-nos na areia. Começamos a rolar sem conseguir parar. Até que Luca conseguiu, mas eu não. Finalmente parei. Luca levantou e foi direto até mim. Esticou sua mão, eu sorri.

        -Você está bem? – assenti com um sorriso no rosto tampado pela minha mão. Eu estava com a minha unha na boca – Você é louca! – peguei sua mão e ele me puxou me fazendo levantar.

        -Mesmo? Só louca? – Luca deu uma risadinha. Segundos, estávamos calados andando sobre a areia molhada próximo ao mar indo para cima e para baixo – Quer voltar para lá? – quebrei o silencio.

       -Não, eu quero continuar a pensar.

       -Pensar em que?

       -Nada de mais. Eu estava pensando em uma garota. Ela é muito especial para mim e... sei lá.

      -Sabia! Luca ta apaixonado – cantarolei – É sempre sobre uma garota. Então, eu a conheço?

      -Melhor do que eu!

      -Serio? – Luca assentiu – Como ela é?

      -Ela é linda, fofa, engraçada, divertida, muito bonita tanto por dentro quanto por fora.

      -Que legal! – apesar de pelo menos tentar aparentar estar bem com a situação, meu coração apertava de tanta dor. Eu estava apaixonada pelo Luca Tworns e ele por outra – Então... vai me dizer qual o nome dela? Quem é ela? – Luca, devagar, sentou na areia. Fiz o mesmo. Bati minha mão na outra para tirar a areia.

     -Eu digo, mas promete que não irá rir?

     -Sim, prometo, prometo. Agora, me conta logo! – Luca olhou nos olhos e se aproximou. Encaixou suas mãos em meu rosto formando uma concha. Suspirou.

      -Carter, essa garota é tudo pra mim. Ela é fofa, divertida, me faz rir e... eu me mataria se o que eu irei falar mudasse alguma coisa por simplesmente, talvez, por favor não, ela não sentisse o mesmo. Carter, ela é você! – fiquei boquiaberta. Sem pensamentos. Sem mais nem menos. Luca havia falado que...