Amor na Escuridão escrita por Marcela


Capítulo 5
Capítulo 5




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     Alice apertou os cadarços dos tênis antes de se dirigir para a quadra vazia. Era três horas e a turma da tarde estava em aula, enquanto a turma da manhã já tinha se retirado do colégio. A morena bateu a bola de basquete no chão umas cinco vezes antes de pará-la, segurando-a entre os pés para poder amarrar o cabelo em um rabo de cavalo no alto na cabeça.

     Estava parada bem no centro da quadra, na direção das duas cestas. Escolhera uma delas para ser seu alvo. O objetivo seria alcançado, só precisava ter precisão e estar concentrada. Correu com a bola se revezando entre suas mãos e batendo no chão. Cada batida fazia um barulho que ecoava no ginásio.

     Então ela arremessou, porém não fora desta vez. A bola acertou a tabela, tocou a borda da cesta, mas não caiu. Embora tivesse falhado, Alice não desistiu. Estava ali para treinar. Se errasse, teria que tentar novamente até acertar.

     Correu para o outro lado da quadra repetindo os passos anteriores. Desta vez, se imaginou em meio as adversárias que bloqueavam o caminho e ficavam de marcação. Arremessou outra vez, falhando novamente. Na terceira tentativa, ela acalmou os passos. Já podia sentir a testa orvalhar. Porém, nada ia impedi-la. Com muita concentração marcou uma cesta de três pontos. Comemorou sozinha.

     Treinou mais cinco minutos e fez mais uma cesta. Desta vez, digna de aplausos. E estes foram reais. Palmas ecoavam no ginásio e Alice se virou para ver de onde vinham. Da arquibancada, Mariana aplaudia a cesta da amiga com um sorriso no rosto.

     — Se continuar assim, venceremos o próximo jogo. — em sua voz havia uma pitada de alegria.

     — Essa é a minha intenção. — Alice respondeu enquanto procurava pela bola.

     — A minha também. — Mariana arremessou a bola para a amiga, que a pegou e tornou a jogar.

     Agora jogavam juntas. Quatorze pontos foram marcados antes que a ruiva começasse a falar novamente.

     — Acho que eu não deveria deixar o jogo interferir em nossa amizade. — segurou a bola entre o braço e o tronco.

     — Isso é um pedido de desculpas? — a dona dos cabelos longos perguntou enxugando a rosto com sua toalha que estava no banco.

     — Só se você aceitar sair comigo essa noite. — Mariana sorriu.

     — Oh, meu Deus! Fale baixo! Assim podem desconfiar de alguma coisa! — as palavras divertidas da morena fizeram as duas rirem.

     — Estou falando sério, sua besta! O pessoal do terceiro ano vai dar uma festa hoje. Até me convidaram para ir e disseram que eu podia te levar também. Viu como é bom ser amiga de todos? — ela sorriu maliciosamente dando uma cotovelada no braço da amiga enquanto saiam da quadra.

     Alice não conhecia tão bem aquelas pessoas quanto Mariana, mas sabia que a maioria não era boa companhia, principalmente na presença de álcool.

     — Er, não sei não, Mari.

     — Vamos! Vai ser divertido! Garanto! — a ruiva deu pulinhos de ansiedade.

     Pensando na possibilidade de Bernardo também ir, Alice aceitou o convite.

***

     O dono dos olhos negros estava sentado em uma cadeira com seu copo de coca cola nas mãos que estavam apoiadas em suas pernas. Os pés batiam no chão, acompanhando o ritmo da música alta. Os olhos correndo pelo local à procura de uma pessoa. Aquela que fazia seu coração pulsar mais rápido.

     Bernardo não tinha idéia do que estava fazendo naquele lugar. As pessoas da turma nunca foram com sua cara e agora ele estava ali, entre os próprios. A festa acontecia na casa de um dos garotos mais ricos da classe e ele mesmo deixara claro que todo mundo poderia comparecer.

     — Refrigerante, mano? — uma voz em tom de zombaria surgiu ao seu lado.

     O moreno levantou os olhos com desprezo para a pessoa que se dirigia a ele e nada falou. Preferiu ficar na sua e curtir a festa do seu modo. Sabia muito bem que Bruno nunca fora gentil e era o mestre das piadas de mau gosto contra ele. Aliás, quem lhe dera o direito de chamá-lo de “mano”? Eles nunca foram tão próximos assim.

     — Não cara, falando sério agora. Essa não é a melhor maneira de se aproveitar uma festa.

     — Então qual é? — Bernardo perguntou com desdém, encarando aqueles olhos rudes.

     — Siga-me. — Bruno se dirigiu para o meio da sala, com Bernardo o seguindo. — Aí galera, vamos mostrar a esse cara como é que se bebe de verdade!

     Os jovens concordaram com um grito e ergueram os copos cheios de bebidas alcoólicas. Bernardo sentou-se em um dos lugares vazios, assim como todo mundo fez. Estavam todos ao redor de uma mesa. Cada pessoa possuía um copinho vazio que não ficaria assim por muito tempo.

     — A brincadeira é simples. Sei que a maioria aqui já conhece. — Bruno disse dirigindo um olhar safado para Carol, que estava sentada do seu lado. — Um copo de tequila para cada coisa errada cometida, que será, de certa forma, uma confissão de pecados com uma penitência conveniente. Todo mundo entendeu?

     Todos assentiram e Bruno encheu o copo de Amanda, que estava sentada do seu outro lado, indicando que ela começaria o jogo.

     — Bem — a loira fingiu estar encabulada —, eu sou virgem.

     Os rapazes começaram a gritar e jogar coisas na jovem enquanto ela tomava toda bebida do copo. A brincadeira seguiria no sentido horário e o próximo jogador era uma garota que quase subiu na mesa para chamar a atenção de todos.

     — Minha vez! Uma coisa que eu nunca fiz foi — ela estourou a bola de goma de mascar que havia feito — trair meu namorado.

     — Opa, eu agora tenho chances? — Felipe, um dos rapazes que não estava jogando, se intrometeu, colocando as mãos pervertidas nas pernas da moça.

     — Claro, meu bem, do jeito que eu estou, até você serve. — a música alta se misturou com os gritos e risadas histéricas vindas daquela mesa. — Sua vez Thiago. — disse enchendo o copo do colega ao lado.

     O jovem fitou o recipiente por um curto momento e confessou: — Eu nunca... Nunca peguei um cara.

     Todos começaram a rir dele. Jamais pensariam que o capitão do time de futebol cometeria tal ato.

     — Sou eu? — uma garota de óculos corou e segurou seu copo com as duas mãos enquanto Thiago o enchia de tequila. — Bem, eu não estou grávida. — confessou fechando os olhos com força, esperando que todos ficassem chocados. Porém, ninguém ligou, riram como loucos, pois já estavam bêbados.

     A vez agora era de Bernardo, que olhou para o copo e sorriu. — Eu nunca colei numa prova. — fora a única confissão que ele achou para aquele momento. Todos riram novamente.

     Fora a vez de algumas outras pessoas, até que chegasse a vez de Bruno. O rapaz virou o copo antes mesmo de confessar. — Vou te dizer que minha empregada é uma gata. O resto você deduz. — disse arrancando a garrafa quase vazia das mãos de Carol e a colocando na boca.

     A brincadeira rodou a mesa pelo menos umas quatro vezes, mas as garrafas de tequila não deram conta. Alguém da roda sugeriu brincar de verdade ou desafio. Uma garrafa vazia foi colocada no centro da mesa e Amanda girou.

     Bernardo já não estava em suas condições normais. Ele nunca havia bebido desse jeito. Porém, se sentia muito à vontade naquele lugar. Pelo menos uma vez, ninguém olhou diferente para ele. Era como se nunca tivesse sido suspeito de matar o próprio amigo.

     Do lado de fora da casa, Alice temia em entrar na festa, já que a única pessoa que conhecia era Mariana e ela nem ao menos sabia se o moreno estaria lá. Respirou fundo mais uma vez antes de abrir a porta e se surpreender com o fato do som estar bem mais alto lá dentro.

     Procurou por sua amiga, mas a movimentação era grande demais, o que dificultou o trabalho. Então decidiu procurar por Bernardo, que possivelmente estaria isolado em algum canto.

     A garrafa na mesa apontou para Bernardo, indicando que ele responderia e a pergunta seria feita por Bruno, que por coincidência tinha acabado de ver Alice procurando por alguém. Ele sabia que ela e Bernardo estavam se dando bem nas últimas semanas. Então resolvera apimentar as coisas.

     — Verdade ou desafio? — perguntou malicioso.

     — Desafio. — o dono dos cabelos pretos respondeu sem pensar duas vezes, dando a Bruno o que ele queria.

     — Desafio você a beijar aquela garota ali. — e apontou para Alice, que Bernardo não reconheceu de imediato.

     O moreno se levantou da cadeira e se dirigiu cambaleante em direção a garota que estava de costas. No momento em que a dona dos olhos verdes o viu ele a beijou. A boca lasciva violando os lábios da moça. Rente aos braços fortes, ele exigiu ainda mais dela. Foi quando Alice se afastou assustada.

     Não conseguiu ao menos dois segundos para poder respirar e Bernardo já estava avançando novamente. Suas mãos seguraram os ombros da garota que o empurrou com força. Como ele já estava bêbado, não reagiu ao empurrão. Cambaleou para trás, tentando se equilibrar para não cair.

     Porém, Bruno, que estava assistindo a cena, pensou em dar uma ajuda ao colega. Empurrou Bernardo novamente para frente. O moreno oscilou em seus passos e caiu na direção de Alice. Esta não conseguiu reagir rapidamente e acabou sob o rapaz.

     A garota pode sentir que ele cheirava a álcool. Seus olhos se encheram de lágrimas quando todos que estavam bêbados começaram a rir. Sua força não era forte o suficiente para tirar o corpo de Bernardo de cima dela. Ele havia desmaiado ali. Então ouviu a voz de Mariana ao longe. A amiga veio correndo e gritou para alguém ajudá-la a levantar o moreno e socorrer a garota.

     — Você está bem, Ali? — perguntou nervosa.

     As lágrimas da moça foram o suficiente para Mariana levá-la embora.    


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez eu não consegui terminar a história no capítulo prometido hahaha! Mas garanto que ela não vai ser tornar uma long fic. TENTAREI fazer do próximo capítulo o último.
Bom, desta vez, a coisa ficou preta, né? A situação entre os personagens está bem tensa.
Vamos ver se vai se acertar ou se vai piorar. :O HAHAHA!
Enfim, espero que tenham gostado! Comentem :) Beijos.