Lembranças de Um Anjo - OneShot escrita por Paola_B_B


Capítulo 1
Capítulo único - Lembranças de um anjo


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma One-shot que escrevi em um dia apenas, pois a idéia não saia de minha cabeça.

Na história original os acontecimentos a seguir não acontecem, pois eles não se lembram um do outro, porém tive essa vontade de responder uma pergunta em minha cabeça: E se eles se lembrassem?

Espero que gostem :D



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Lembranças de um anjo

POV Edward

A folha de papel já estava gasta e amarelada devido a sua idade. Há mais de 80 anos guardada com o maior cuidado em um plástico transparente e dentro de uma caixa de jóias que pertencia a minha mãe.

Guardava a caixa dentro da gaveta do criado mudo que ficava ao lado de minha cama. A chave do “esconderijo” eu deixava pendurada em meu pescoço.

Agora você me pergunta: Porque tanto cuidado com uma simples folha de papel? Porque ela é tão importante para você? O que ela contém que a torna tão significativa?

Minha resposta é simples. Esta folha de papel nada mais é do que a prova de que um dia eu possuí uma alma.

Minhas memórias humanas são borradas, mas ela foi algo de muita importância para se apagar com a minha transformação.

Em minha vida humana eu tinha um anjo da guarda, na verdade uma linda anja. Ela possuía uma pele branca que reluzia como se fosse uma fonte de luz. Muito parecido com a luz que emitimos quando somos expostos ao sol. Lindas asas brancas abertas em suas costas. E um olhar tão cálido e terno que me fazia passar horas olhando-a sem me cansar.

Meu grande desejo sempre fora escutar sua voz. Infelizmente eu não podia ouvi-la, mas isso não a impedia de transmitir suas mensagens. Meu anjo era expert na arte da mímica. E eu na arte da adivinhação.

Esteve ao meu lado desde... Sempre. A verdade é que em todos os momentos de minha vida ela esteve por perto. Alertando-me de perigos quando era criança, me fazendo companhia quando estava sozinho, dando-me conselhos quando tinha problemas e sempre sorrindo para alegrar meu dia.

Contei a minha mãe e ela me falou que os anjos protegem as almas das pessoas, são os guardiões da vida e da bondade e que era uma dádiva de Deus eu poder enxergar o meu anjo da guarda.

A última vez que a vi foi no dia em que Carlisle me transformou. Eu estava morrendo de gripe espanhola e minha linda anja estava me observando de joelhos aos meus pés sob a cama do hospital. Suas mãos em punho sobre suas pernas, seus ombros encolhidos e sua expressão sofrida. Lágrimas escorriam por sua delicada face. E seus olhos transmitiam desespero. Essa é a última lembrança que tenho dela, pois após vê-la tão triste minha visão escureceu com a dor e eu comecei a gritar com o veneno espalhando em meu corpo.

Quando acordei a primeira coisa que fiz foi procurá-la. Olhei em minha volta, mas ela não estava. Tinha esperanças que ela estivesse apenas cumprindo alguma de suas obrigações de anjo e depois apareceria, mas no fundo de meu ser eu soube no momento em que acordei para minha nova vida que eu já não possuía mais um anjo da guarda, ela não tinha mais obrigações em acompanhar um ser sem alma. E seu olhar desesperado antes da minha transformação era o conhecimento de que eu estava perdido para sempre.

Longe de mim culpar Carlisle por ter me transformado. Pelo contrário, eu sou grato a ele por ter me presenteado com um novo modo de “vida” e também uma família maravilhosa. Mas eu gostaria de ver meu anjo somente mais uma vez então eu poderia se um vampiro verdadeiramente feliz.

- Edward? Vamos? – chamou Esme, minha mãe vampira, após duas batidinhas a porta de meu quarto.

Sorri para ela e assenti. Esme sorriu e voltou-se para o corredor. Dei mais uma olhada no delicado papel em minhas mãos e suspirei nostalgicamente. O desenho que fiz meses antes de adoecer era de minha linda anja. Ela sorria delicadamente e seus olhos transmitiam tanta ternura... Era essa imagem que eu queria ficar em minha mente, mas seus olhos desesperados me perseguem em meus pesadelos.

Atrás da folha estava escrito com minha letra corrida Meu anjo da guarda. Não somente uma prova física, mas também uma lembrança.

Guardei meu delicado tesouro e corri para sala me encontrar com minha família.

Todos me aguardavam impacientes. Estavam ansiosos para conhecer o vampiro colega de meu pai no hospital e a garota que ele criava, segundo ele era a princesa da Lua. Foi uma grande surpresa para nós quando Carlisle nos contou a estória de seu mais novo amigo e nos revelou que a lenda que há tanto tempo eu não escutava era na verdade uma estória real a prova nada mais era que o vampiro Charlie que sobrevivera a grande guerra que ocorrerá há mais de 7000 anos.

- Vamos logo! – apressou Jasper bufando ao não conseguir controlar toda a ansiedade de nossa família.

Ele puxou Alice pela mão. A baixinha escondia algo de mim, pois cantava o hino da independência de Bangladesh de trás para frente. Olhei-a interrogativamente e ela sorriu largamente cantando mais alto. Revirei meus olhos e segui os três casais a minha frente.

Minha família volte e meia tinha pensamentos em relação a minha solidão. Eles gostariam que eu encontrasse uma companheira, que me apaixonasse. Mas eu não queria. Não mais.

Confesso que já tive outros relacionamentos, um deles foi com Tânia, nossa “prima”, mas não durou muito tempo, não por falta de vontade que desse certo, mas por falta de sentimento. Quando nos beijávamos eu não sentia nada, era algo tão... Normal. Não era nada parecido com o que meus irmãos e irmãs pensavam quando beijavam seus parceiros. E eu sabia que isso não estava certo.

A verdade é que meu coração há muito tempo já tinha dona. Essa dona era o meu anjo. Talvez por querê-la tanto Deus tenha me castigado tirando minha alma.

[...]


POV Bella


Terminava de comer meu sanduíche quando Charlie chegou do trabalho. Ele beijou o topo de minha cabeça e sentou-se a mesa para me fazer companhia.

Ele sorriu amoroso me olhando.

O vampiro até podia não ser meu pai biológico, mas eu o amava como se fosse. Percebi um pontinho de preocupação em sua face então indaguei.

- Qual o problema?

- Um amigo meu vem aqui hoje com a sua família.

- Vampiros?

- Sim... Sete. – respondeu hesitante.

- Oh! – disse surpresa.

Minha surpresa era por que há alguns dias atrás tive uma premonição em forma de sonho. Sonhara que sete sombras saiam de uma floresta para uma clareira. Não consegui ver seus rostos, porém vi seus braços brancos como os braços de meu pai e soube que eram vampiros.

- Eles são vegetarianos como eu. – explicou-me. – E vivem como uma família normal.

- Então qual é o problema? – perguntei ao perceber que sua expressão denunciava que ele me escondia algo.

- Nenhum. – sorriu.

Revirei meus olhos pela mentira deslavada. Charlie acha mesmo que me engana.

- Então ta. – disse dando de ombros.

Assim como eu o conhecia suficiente para saber quando me escondia algo, eu o conhecia o suficiente para saber quando eu conseguiria arrancar alguma informação dele ou não. No caso de hoje eu não conseguiria nada.

- Vou tomar um banho. – avisei lhe beijando as bochechas e subindo para o meu quarto.

Suspirei pelo cansaço de subir as escadas. Isso era absurdo nem os humanos se cansam em subir essa quantidade de degraus! O fato é que essa cidade me deixa fraca e conseqüentemente impossibilitada de usar meus poderes. Charlie e meu irmão pedem que eu tenha paciência e que eu acredite na história absurda que me contam.

Quantas vezes será que terei que explicar que não sou droga de princesa nenhuma! Que nunca vivi na lua! E que minha memória é perfeita!

Antes de eu encarnar como criança e encontrar Charlie e meu irmão, eu era um anjo da guarda de um humano. Seu nome era Edward e quando ele foi transformado eu virei uma criança.

Eu o amava tanto, mas não podia tocá-lo e isso me machucava de mais. Porém eu estava feliz ao seu lado, tudo o que eu queria era a sua felicidade.

Fico me perguntando o que será que aconteceu com ele. Será que ainda está vivo? Onde está morando? Está feliz? Casado talvez?

Só de pensar nele me dói o peito como se eu não pudesse respirar. Eu gostaria de ter continuado ao seu lado, mesmo sem poder tocá-lo ou falar com ele. Eu estaria feliz apenas com sua presença.

Edward tinha olhos lindos, quando os fitava diretamente era possível ver refletir minha alma. Parecia que ele me lia por dentro, que me amava por pensamento.

A campainha tocou me tirando de meus devaneios e eu me apressei para sair do banho.

Coloquei rapidamente uma roupa confortável e quentinha para noite fria de Forks e então sequei meus cabelos. Olhando-me no espelho fiz uma careta para as minhas olheiras enormes. Bufei e segui o caminho pelo corredor.

Senti de repente um frio passar pela minha barriga, como se algo fosse acontecer. Meu coração bateu forte em meu peito.

Desci as escadas lentamente olhando bem onde eu pisava, pois do jeito que eu estava ultimamente era capaz de eu tropeçar em alguma poeira mal informada que entrara em meu caminho.

- Pai? – chamei para saber onde eles estavam.

- Aqui na sala de estar Bells! – gritou ele.

Segui pelo corredor e logo os avistei levantando dos sofás. Meu pai estava ao lado de um casal que aparentava mais idade.

A mulher tinha cabelos cor de mel que caiam soltos ao redor de seu rosto bem desenhado. Sua expressão era doce e foi impossível não sorrir para ela. O homem ao seu lado tinha a postura rígida, comum aos vampiros, seus cabelos loiros e bem alinhados, seu rosto pacífico me transmitia confiança, sua feição me lembrava alguém. Depois vasculharia minha mente para saber.

Um pouco atrás deles estava um grandão meio bombado de cabelos escuros, aparentava ter uns 17 anos e tinha um semblante de criança, ao seu lado estava uma loira que fazia qualquer garota que estivesse por perto se sentir insignificante, era uma vampira linda, os dois deveriam ser parceiros, já que suas mãos estavam entrelaçadas.

À esquerda do casal estava outro vampiro, ele era forte, porém não bombado como o moreno, seus cabelos loiros eram um tanto quanto compridos e emolduravam sua face de traços firmes. A garota ao seu lado era miudinha, linda como todos. Com os cabelos escuros e espetadinhos parecia uma fada. Tinha um enorme sorriso no rosto que retribui com prazer.

http://www.youtube.com/watch?v=cnKiGiI_uko&feature=related [No air - Jordin sparks feat. Chris Brown]

Então finalmente parei no último deles. Meu sorriso desmanchou e minha boca abriu em um perfeito “o”. Prendi minha respiração inconscientemente e meu coração se acelerou de uma maneira que eu não imaginava ser possível.

Senti minhas mãos tremendo e meus olhos enchendo d’água em quanto minha boca se fechava. Eu queria ir até ele. Abraçá-lo. Matar as saudades. Sair das profundezas e respirar novamente. Mas meu corpo não seguia meus comandos. Eu estava paralisada.

POV Edward

A voz que soou fez algo dentro de mim mudar. O timbre fora tão bonito e doce, fez com que a imagem de meu anjo viesse a minha mente, mas logo espantei minhas esperanças. Como posso imaginá-la com esta voz se nunca a escutei? Senti-me inquieto de repente. Jasper me olhou confuso pela minha súbita mudança de sentimentos. Dei de ombros para que ele não se importasse e então olhei para a passagem da porta.

Confesso que pensei que iria desmaiar. Minhas pernas bambearam quando ela apareceu. Puxei o ar com muita força e me esqueci de soltá-lo. Minha boca se abriu um pouco e meu coração se aqueceu. Eu não conseguia acreditar que ela estava ali. Apenas a alguns passos de mim, tão perto. Depois de tanto tempo.

O modo como me olhava demonstrava que ela me reconhecera. Primeiramente ela assustou-se, seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu. Ouvia seu coração disparado e aquilo parecia música aos meus ouvidos. Então lentamente sua boca se fechou e seus lindos orbes chocolate começaram a nadar em lágrimas não caídas.

Aquela expressão me quebrou por dentro. Meus sentimentos começaram a vir de maneira rápida e quando percebi já estava caminhando em sua direção.

Parei a um passo dela. Ainda não acreditava que ela fosse real, mesmo com seu cheiro floral acariciando meu rosto. Quando era humano eu sentia esse perfume também, mas ele não era tão intenso como agora. Lembro-me que falava para ela que ela tinha o aroma do paraíso. Por Deus que eu não esteja tendo alucinações!

Minha mão moveu-se sozinha em direção ao seu rosto. Incrivelmente eu não estava tremendo. Hesitei perto de sua bochecha e então finalmente a toquei. Ela soltou o ar e fechou os olhos. Uma lágrima escorreu pela sua perfeita pele e eu a capturei com a ponta de meu dedo.

Levei minha outra mão ao seu rosto e acariciei sua face como se fosse algo quebrável, tinha medo de que meu toque fosse muito forte. Eu dedilhava como se fosse um cego enxergando com os dedos.

Trilhei sua testa, o contorno de seus olhos. Desci pelo nariz chegando em seus lábios extremamente macios. Segui para sua mandíbula e espalmei minha mão em seu rosto. Ela soltou um suspiro delicado e então abriu seus olhos.

Suas mãos estavam tremulas, mas ela não hesitou em aproximá-las de meu rosto. Fechei meus olhos sentindo a sutileza com que seus pequeninos dedos trilhavam meu rosto. Pequenas ondas de calor atravessavam minha pele e seguiam pelas minhas veias até chegar ao meu coração.

POV Bella

Meu coração galopava em meu peito. Sua pele gelada me fazia arrepiar e estranhamente me aquecer preenchendo o vazio que sua falta fazia.

Segurei seu rosto entre minhas mãos e ele abriu seus olhos.

Aquele olhar profundo que só ele podia dar. Aquele olhar que consumia a minha alma e deixava meu corpo mole.

Minha mente vagou para o ultimo dia de sua vida como humano. O desespero que me pediu para salvar seus pais e infelizmente eu não podia fazer. Senti-me culpada e o jeito com que me olhava me fazia acreditar que ele sabia que eu nada fizera para salvar seus pais, ele lia em minha alma que eu fora incapaz dessa ação.

O que eu podia fazer para fugir desse olhar?

Desviei de sua mão que estava em meu rosto. Seu olhar tornou-se confuso. Então eu enterrei meu rosto em seu peito e o abracei com toda a força que conseguia e o choro entalado em meu peito por tantos anos finalmente saiu.

Por alguns instantes Edward não se mexeu. Acho que se assustou com a minha ação, mas então ele suspirou e rodeou meu corpo com seus braços gélidos.

- Me perdoe, eu não consegui salvá-los. – disse contra seu peito entre meus soluços.

- Shhi... Está tudo bem meu anjo, não chore. – sussurrou ele em minha orelha em quanto acariciava meus cabelos de maneira delicada.

Meu choro foi se acalmando. O abraço do vampiro me confortava de uma maneira impressionante.

- A propósito meu nome é Bella. – murmurei baixinho e escutei seu riso abafado pelos meus cabelos.

- Combina com você. – disse ele sem se afastar e eu não consegui evitar sorrir contra seu peito.

Não sei quanto tempo ficamos em nossa bolha, mas fomos tirados de nosso mundinho quando um dos vampiros disse.

- Mais alguém achou isso extremamente assustador e necessita de uma explicação?!

Afastei-me de Edward o suficiente para enxergar os outros. Limpei meu rosto com a manga da blusa. O vampiro continuava com uma de suas mãos em torno de minha cintura e eu fazia o mesmo com ele.

Todos possuíam uma expressão surpresa, exceto Charlie que sorria largamente.

- Traidor! Porque não me contou? – perguntei magoada.

- Como se você acreditasse em sua própria história. – disse ele revirando os olhos e depois me olhando esperançoso. – Recuperou a memória?

Olhei entediada.

- Não existe memória para recuperar. – respondi fungando.

A expressão de meu pai mudou para surpresa.

- Então como se conhecem?!

- Baixinha do mal, por isso ficava cantando o hino da independência de Bangladesh! – disse Edward para a vampira de cabelos espetados que sorria matreira.

O vampiro ao meu lado tinha um sorriso divertido nos lábios e seus olhos brilhavam de uma maneira que eu conhecia muito bem.

- Você sabe o hino da independência de Bangladesh?! – perguntou o loiro de maneira assustada para a fada vampira que deu de ombros como se fosse algo comum.

- Nossa! Eu amo quando essa família me ignora! Alguém pode me explicar o que está acontecendo? – disse o grandão de maneira emburrada.

Foi impossível não sorrir.

Eu e Edward nos olhamos. Ele coçou a cabeça.

- Isso vai ser uma longa história... Acho melhor todos sentarem.

POV Edward


[...]

- Então quer dizer que você sempre esteve ao lado de Edward? – perguntou minha mãe com os olhos brilhantes e emocionados.

- Desde que ele era um bebê. – respondeu Bella docemente.

Eu não me cansava de escutar sua linda voz. Meu sorriso não desmanchava de meu rosto.

- Por isso sempre teve essa convicção de que não possui alma. – deduziu Carlisle e eu assenti.

- Meu anjo da guarda desapareceu no dia em que virei o que sou então conclui que eu não possuía mais alma. – disse a meu pai.

Bella que estava conversando com seu pai parou na metade de sua frase para se intrometer em nossa conversa.

- Eu contei ao meu irmão, pensei que ele tinha te contado... Isso é absurdo! – ela virou-se rapidamente me fitando como se eu tivesse algum problema.

- Não é absurdo é somente a mais pura verdade. – disse a ela encolhendo meus ombros.

- Não diga besteira, é lógico que você possui alma, assim como qualquer vampiro. – apontou convicta.

- Como pode ter tanta certeza? – perguntei.

Seu olhar tornou-se terno e paciente, como se ela estivesse prestes a explicar a uma criança pela vigésima vez do porque ela não pode comer doces antes do jantar.

- Assim como tenho certeza que amanhã o sol nascerá. – respondeu-me sorrindo e eu fiquei surpreso com a força que suas palavras gritavam a verdade. – Eu vejo Edward. – explicou-me. – Vejo a alma de cada pessoa, cada ser existente nesse planeta... E vejo a sua... Tão brilhante, porém tão cheia de culpa... – dizia ela olhando para mim, mas seus olhos estavam desfocados como se ela não estivesse realmente me enxergando.

Bella piscou algumas vezes e sorriu envergonhada.

- Desculpe... Não costumo ficar analisando os detalhes... Mas é que você é muito fácil de ler.

- Ao contrário de você! Porque não posso ler sua mente? – perguntei emburrado.

O riso de Charlie me chamou a atenção e ele respondeu a minha pergunta.

- Assim como Jasper controla as emoções, Alice prevê o futuro, você lê mentes e Emmett tem uma força descomunal, Bella é um escudo. Ninguém entra em sua mente, nem mesmo Aro.

Minha boca e de minha família foi ao chão.

- Nem mesmo Aro?! – perguntou Jasper de olhos esbugalhados.

- Quem é Aro? – perguntou ela curiosa.

- Alguém que prefiro que você não conheça. – respondi de imediato olhando-a seriamente.

Ela piscou seus olhos inocentemente procurando algo em minha expressão.

- Porque está bravo? – perguntou-me calmamente.

Minha expressão caiu ao ser flagrado e quem respondeu foi Rose.

- Você é doce demais... Edward não suportaria vê-la perto de um vampiro tão desagradável feito Aro.

Pela primeira vez eu vi minha irmã tratar com delicadeza alguém que ela acabara de conhecer. Geralmente levava um bom tempo até ela confiar na pessoa e se ela não fosse com a cara tratava com muito desprezo.

- É verdade? – perguntou-me Bella com a testa franzida.

- Lógico! Não duvido nada que Aro com sua mente maníaca não te chamaria para fazer parte de sua guarda. – disse de cara fechada.

- Isso quem nunca permitirá sou eu. – disse Charlie de maneira sombria.

- Vocês falam dessa maneira como se Bella fosse cair nas armadilhas de Aro. – falou Alice com muita intimidade se levantando do sofá e vindo em direção ao meu anjo. – Vamos à cozinha, você sentira fome em 3,2...

Dito e feito o estômago de Bella roncou alto fazendo-a corar e nós rir. Ela fez uma careta e disse emburrada ao se levantar.

- Por incrível que pareça não faz nem duas horas que eu jantei.

Alice riu se enganchando em seu braço e Rose seguiu as duas em direção a cozinha.

Assim que suas vozes ficaram abafadas eu perguntei a Charlie.

- O que são todas essas imagens em sua mente?

- Não é por acaso toda essa empatia entre nós todos... Eu já os conheço há muito tempo, todos nós já fomos grandes amigos em um passado longínquo... Mas não entrarei em detalhes não cabe a mim revelar um passado cheio de tanto sofrimento, principalmente em seu caso e de Bella. – respondeu-me seriamente e então sorriu. – Não me surpreende que ela tenha te seguido.

Eu e minha família estranhamente confiamos nas palavras do vampiro e por um sentimento mútuo não perguntamos nada. O silêncio foi cortado por Emmett.

- Ah Edward! Finalmente você desencalhou! – disse entusiasmado.

Meus olhos esbugalharam em quanto todos riam.

POV Bella


Coloquei uma bandeja sobre a mesa da cozinha e comecei a enchê-la com pãezinhos, suco, manteiga, presunto, queijo...

- Er, Bella? Você sabe que a gente não come né? – perguntou Rose hesitante.

Eu ri sem graça.

- Sei sim... É que ultimamente ando com muita fome...

Ela sorriu despreocupada para mim. Tive uma sensação boa, como se fossemos velhas amigas e agora estivéssemos matando a saudade.

- Porque eu sinto tanta confiança com vocês? Como se já nos conhecêssemos? – perguntei fazendo um biquinho.

As duas vampiras trocaram um olhar e depois sorriram para mim dando de ombros. Ok né?

Seguimos de volta para a sala, eu praticamente desaparecia atrás da bandeja. As duas riram de mim.

- Finalmente você desencalhou! – disse Emmett antes de gargalhar e ser acompanhado por todos.

- Quem desencalhou? – perguntei abaixando a bandeja para poder enxergá-los.

Edward começou a tossir. Franzi a testa para ele.

- Isso tudo é só para você? – perguntou-me assustado.

- Pois é... Eu estou com fome. – respondi dando de ombros.

Sentei ao seu lado e comecei a preparar meus pãezinhos calmamente. Em quanto isso os outros entraram em um papo sobre lobisomens e afins.

- Como consegue comer isso? – perguntou-me Edward com cara de nojo em quanto balançava entre seus dedos uma fatia de queijo.

Revirei meus olhos retirando o alimento de suas mãos.

- Não faça essa cara de nojo, que eu me lembre você era louco por queijo... Sua mãe até te chamava de Mini-mouse. – lembrei-me gargalhando e ele me acompanhou.

Então em quanto eu comia, nós nos perdíamos em lembranças de seu tempo humano.

- Argh! Eu tinha que agüentar a voz nasal da Kathy. – disse com desprezo e colocando o dedo em minha boca como se me desse vontade de vomitar.

- Ela era minha amiga. – retrucou divertido.

Olhei descrente.

- Amiga? Em meu mundo aquele tipo de garota tem outro nome. – disse entediada.

- Não seja assim... Ela sempre fora divertida. – disse-me com um sorriso calmo.

- Principalmente na cama. – disse bufando e ele arregalou seus olhos. – Não me olhe desse jeito... Não duvido nada que você não tenha algum filho perdido no mundo.

Minha voz soava magoada e Edward ficou em silêncio.

POV Edward


O assunto morreu entre nós. Não tive coragem de abrir minha boca. Eu não tinha idéia de que Bella havia presenciado meu pseudo-namoro com Katharine. Um dos maiores erros de toda a minha vida. Eu começara um namoro com minha melhor amiga buscando inutilmente um modo de acabar com a paixão que eu sentia pelo meu anjo da guarda.

Não sei quanto tempo passou, mas quando percebi minha família se levantava para ir embora e Bella dormia encostada em meu ombro.

Tive medo de me mexer e acordá-la.

- Subindo o corredor a terceira porta a direita. – disse Charlie piscando de um olho só para mim.

Assenti e me virei pegando Bella no colo e a levando para seu quarto.

Ela se encaixou em meu peito e suspirou. O calor de seu corpo me passava descargas elétricas que pareciam querer reanimar meu coração a tanto tempo dormente. Ela é tão leve...

Chegando ao seu quarto eu a coloquei em sua cama com cautela para não acordá-la. Tirei seus chinelos de leãozinho de seus pés sem conseguir evitar sorrir. A cobri e suspirei ao vê-la se aconchegar em suas cobertas.

Ajoelhei-me ao lado de sua cama e acariciei sua face.

- Perdoe-me... Aquilo foi apenas uma tentativa covarde de fugir dos meus sentimentos por alguém que julgava ser impossível eu amar... Como poderia eu estar apaixonado por alguém que eu nem sequer podia tocar? Perdoe-me meu anjo, eu nunca quis magoar seus sentimentos... Tudo o que eu sempre quis e ainda quero, sempre foi e sempre será somente você. – sussurrei com dor.

- Eu também te amo Edward. – murmurou abrindo seus olhos sonolentos.

Eu sorri sentindo meu peito se encher de uma emoção que eu nunca imaginei que sentiria. Aproximei-me lentamente e selei nossos lábios com a promessa de um futuro finalmente verdadeiro.

FIM.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Então um comentariozinho não custa nada né? *o*

Essa one-shot foi bazeada em A Lenda da Lua : http://fanfiction.nyah.com.br/historia/105240/A_Lenda_Da_Lua