- Brincadeira, Rose. Você sabe que eu te amo – Scorpion tentou se concertar.

Eu o olhei cínica e raivosamente.

- O que você sabe sobre amar, Malfoy? – soltei com desprezo – Você só ama a si mesmo e o que provém. Pra você as pessoas, ou melhor, as garotas, são descartáveis e seus amigos apenas um passe para a popularidade.

Ele ficou me olhando em silêncio enquanto os outros no salão, menos os nossos amigos, cochichavam fervorosamente e nos encaravam.

Levantei-me do banco sob o olhar de todos.

- Perdi a fome – disse para Bia e Manu e elas assentiram compreensivas, sabendo o que se passava em meu íntimo.

Virei-me como se nada houvesse acontecido e sai com aquele silêncio tenebroso atrás de mim. Caminhei devagar até sair do castelo, mas assim que pisei fora dele comecei a correr velozmente até o salgueiro lutador. Chegando lá desmoronei entre as grandes raízes e me pus a chorar tentando entender porque eu não podia simplesmente me apaixonar por um garoto normal. Porque justo Scorpion Malfoy?

Numa tentativa de esquecer o que havia acontecido, ergui minha varinha em direção ao castelo.

- Accio Dragoonbolt – gritei e não demorou muito para que minha vassoura aparecesse.

Só havia uma coisa que me acalmava e isso era voar o mais veloz possível na minha Dragoonbolt. Montei nela e dei impulso, sentindo logo em seguida a sensação maravilhosa de ser livre e não ter problemas.

Comecei a voar cada vez mais rápido na tentativa de deixar para trás todos os problemas. Fui subindo a vassoura e quando peguei uma altura suficiente para que quase não conseguisse enxergar o castelo, inclinei-a para baixo num delicioso mergulho.

Estava quase fechando os olhos para desfrutar melhor o momento quando vislumbrei ao meu lado a Fireboolt de Scorpion. Com a raiva de volta, aumentei a velocidade descendo cada vez mais rápido.

- Rose, pare já com isso! – gritou Scorp e eu fechei os olhos ignorando-o – Se você não parar eu vou obrigá-la a fazer isso.

- ME DEIXE EM PAZ, MALFOY! – gritei abrindo os olhos e notando as la´grimas que escorriam deles.

- NÃO! VOCÊ VAI SE MACHUCAR SE CONTINUAR A DESCER NESSA VELOCIDADE! – gritou também.

- Eu não me importo – murmurei, mas ele me ouviu.

- Pois eu me importo – ele disse suave.

Totalmente surpresa, inclinei a vassoura um pouco para o lado e ela começou a diminuir a velocidade enquanto descia em círculos. Não demorou muito para que aterrissássemos ao lado do salgueiro lutador. Deixei minha Dragoonbolt no chão e sentei-me na grama cruzando as pernas e encostando a cabeça nos joelhos.

- O que você pensou que estava fazendo? Queria se matar? – Scorpion falou alterado.

- Sai daqui, Malfoy – mandei sem olhá-lo.

- Não, não vou sair enquanto não tiver respostas – disse convicto.

Levantei-me irritada.

- SAI DAQUI! EU NÃO TENHO NANDA PARA FALAR COM VOCÊ! – gritei.

- JÁ DISSE QUE NÃO VOU SAIR! – gritou também.

- Então eu saio – falei dando as costas e comecei a caminhar em direção ao castelo. Senti ele pegar meus braços e puxar-me em sua direção – ME LARGA!

- Não – disse meneando a cabeça e sorrindo.

- Você não tem direito de fazer isso, Malfoy – falei – SOLTE-ME AGORA!

Ele continuou a me segurar e me olhar nos olhos. Não conseguia mais segurar as malditas lágrimas que teimavam em sair, então fechei os olhos me recusando a encará-lo.

- Rose, - sua voz estava mais suave – porque não me disse antes?

- Não sei do que está falando – tentei escapar.

- Sim, você sabe – sussurrou me abraçando.

- Me deixe ir, Malfoy – supliquei.

- Não, querida. Enquanto não me esclarecer tudo você não vai sair daqui.

Resmunguei baixinho enquanto abria os olhos e ele riu. Jogou-se na grama me levando junto e fazendo com que eu ficasse em cima de si. Tentei me sentar, mas não deixou segurando minha cintura e nos virando para que ficasse deitado em cima de mim.

Senti minhas faces esquentarem enquanto ele me encarava insistentemente.

- Sabe, você fica linda quando cora – ele disse acariciando meu rosto.

- Pare com isso, Malfoy – mandei tirando sua mão.

- Será que é tão difícil dizer meu nome? – perguntou sorrindo – Me chame de Scorpion, Rose.

- Malfoy – teimei.

- Scorpion – sussurrou se aproximando perigosamente.

- Malfoy – murmurei.

- Ruivinha teimosa – disse sorrindo antes de tomar meus lábios nos seus.

Quando nossos lábios se tocaram, instantaneamente fechei os olhos suspirando. Não resisti ao beijo, apenas me entreguei movimentando meus lábios no ritmo dos seus lentamente. Sua língua pediu passagem para aprofundar o beijo e eu entreabri os lábios, sentindo seu delicioso gosto invadir minha boca.

Separamos-nos quando o ar se fez necessário. Scorpion rolou para o lado me junto e eu me aconcheguei em seus braços, sentindo vontade de aproveitar aquele momento antes que a realidade se voltasse até nos.

- Isso não é um sonho, Rose – ele disse como se lesse meus pensamentos.

Não me pronuncie, desacreditando de suas palavras.

- Rose, eu não estou brincando – voltou a falar, só que dessa vez sua voz denunciava urgência, como se fosse importante que eu acreditasse.

Ele sentou-se na grama e me pôs entre suas pernas.

- Eu não quero falar sobre isso, Scorp – murmurei.

- Mas você vai me ouvir – disse me olhando e pegando meu rosto com as mãos – Rose, eu te amo. Só não te falei antes porque tinha medo de que isso fizesse você se afastar de mim, mas depois do que me disse no meio do salão eu tive certeza que você sentia o mesmo por mim.

Continuei encarando-o sem acreditar.

- Quando fui atrás de você e vi o que fazer entrei em desespero. Não podia deixar que se machucasse. Entenda querida, que eu nunca conseguiria viver num mundo onde você não existisse – disse ansioso e então me beijou.

- Oh, Scorp. Não sabe quanto tempo esperei para ouvir isso – murmurei ofegante.

- Acredite, eu sei – sussurrou – Agora, não me faça esperar mais seis anos para que aceite ser minha namorada – pediu sorrindo.

- É claro que aceito, meu amor – falei exultante e novamente nos beijamos.

Um tempo depois, quando já caminhávamos de volta para o castelo eu parei.

- O que foi querida? –perguntou.

- O que vamos dizer para os outros? Afinal, nunca foi segredo que nós nos odiávamos – falei.

- Não se preocupe, diremos que finalmente você percebeu que é apaixonada pelo lindo, sexy e maravilhoso Scorpion Malfoy – ele disse rindo.

- Esqueceu do modesto – brinquei – E você dirá que conseguiu confessar que morre de amores...

- ...por uma ruiva que aquece meu sangue – ele sussurrou me interrompendo.

Virei-me e o encarei totalmente corada e sedenta.

- Assim nós não chegaremos tão cedo ao castelo – murmurei antes de agarrá-lo e beijá-lo como tantas vezes ainda iria fazer.

FIM ?