Além dos Olhos de Prata escrita por Ty3f


Capítulo 1
Ainda marcada para a morte?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/10935/chapter/1

Segurando delicadamente as mãos da pequena Clare, Teresa do Sorriso Aparente deixava para trás suas semelhantes, a quem ferira quase mortalmente, e junto com elas seu passado como defensora dos humanos contra os Youmas. Seus olhos prateados miraram de relance a garotinha a quem salvara poucas semanas antes. Era por ela que deixava tudo para trás. Não se arrependia e de tudo faria para continuar cuidando dela. Em nome de sua afeição, descartara a regra principal da organização. Assassinara humanos. Não que eles valessem mais que Youmas, porém, mesmo assim não deviam. Se humanos não prestavam, problema dos humanos. Mas tudo mudara de figura depois que aquela garotinha entrara em sua vida, resgatando nas mais escuras profundezas daquela criatura, a miséria de humanidade que ainda existia.

Teresa se sentia bem assim. Melhor do que jamais estivera em todo o tempo no qual trabalhara para a Organização. Sentia-se menos... Mostruosa. Tornara-se capaz de chorar novamente, de sentir, de se importar. Tudo aquilo valia muito mais que ser a mais forte e a mais bela das guerreiras. Não fazia idéia do que faria dali em diante, no momento desejava apenas manter Clare longe do perigo. Algo um tanto difícil, já que a garota estava na companhia de um monstro que caçava outros monstros e ainda tinha um preço sobre sua cabeça...

Seus pensamentos foram brutalmente interrompidos quando sentiu uma forte emanação de Youki se aproximando. Uma delas atingia limites perigosos ao utilizar de maneira tão descuidada os poderes de Youma. Irene não poderia ser, era inteligente demais para tentar vencê-la de modo tão apelativo. Sophia e Noel sabiam o quanto era perigoso invocar seus poderes daquela maneira. Era a novata. Apesar de forte e extremamente poderosa, era inabil e inexperiente. Aquela atitute refletia isso.

Clare apertou a mão de Teresa quando Priscilla caiu de pé a frente delas. O rosto infantil de Priscilla estava distorcido pela invocação excessiva de seus poderes de Youma, cheio de veias saltadas.

“Desista,” aconselhou Teresa calmamente. “Não importa quantas vezes tente, não conseguirá mais me derrotar.”

Entretando um facho de luz se ergueu em torno da garota, ela invocava ainda mais poder. Seu corpo se tornava horrivelmente musculoso e as veias saltavam em sua pele.

“É melhor não se pressionar demais. Se uma novata como você liberar demais o poder de Youma, não conseguirá mais reverter,” Teresa começou a explicar. “Quando nós, meio humanos, meio youmas liberamos 10% de nossos poderes, nossos olhos mudam de cor. Em 30%, nossos olhos ficam retorcidos. Em 50%, nossos corpos corpos ficam distorcidos. E em 80%, não é mais possivel reverter. Você já passou de 70%.”

“Cale-se!” Priscilla rugiu e avançou para cima de Teresa que escondeu Clare atrás de si. As espadas se chocaram ruidosamente. “Assassina!”

Os músculos de Priscilla se evidenciaram tanto que rompem os resistentes bracelhetes de metal.

“Aos poucos aprendemos os limites de nossos poderes nas lutas. Você não teve essa experiência.” Teresa continuava a explicar-lhe

“Cale-se!” Priscilla urrou como um monstro e empurrou Teresa de modo que os pés dela criaram um rastro em baixo relevo entre as pedras.

Priscilla se lançou para cima de Teresa que se esquivou. A garota caiu fincando a espada do chão e levantando poeira.

Há tanto youki saindo de seu corpo que nem consigo dizer de onde vem! Teresa pensou quando viu Priscilla erguer-se rapidamente e postar-se em sua direção novamente. Os braços da garota se esticaram como os braços elásticos de um Youma ao tentar atacá-la. Uma... Duas... Três vezes. Teresa conseguia se esquivar com habilidade, mas não conseguiu evitar um corte próximo ao couro cabeludo. O sangue rapidamente manchou o rosto branco e escorreu ao chão.

“Teresa!” Clare gritou.

“Como ousa matar meu pai...” Priscilla balbuciava em seu delírio “Imperdovável... Imperdoável! Vou matá-la... Matá-la!”

Mais uma rajada de luz e vento ao redor dela. "Ela já se perdeu..." Constatou Teresa em pensamento.

“Não há muito tempo agora,” Teresa anunciou. “É melhor eu levar a sério.”

Então a experiente guerreira fechou os olhos, invocando seu próprio poder de youma. Seus olhos agora brilhavam dourados e ameaçadores como os de um youma.

O  som das espadas se chocando podia ser ouvido de longe. Pedras explodiam com a queda de uma delas e assustavam até mesmo a Irene, Sophia e Noel que acompanhavam a briga a uma distância segura.

“Só... Só pode ser brincadeira, não é?” Noel balbuciou com medo. “O que são essas quatidades incrível de youki?”

“Será impossível para nós,” Sophia disse. “O que podemos fazer com esses monstros?”

Irene começou a avaliar a situação: “Ambos os lados têm muito poder de youma. Mas...”

“Mas o quê?” Perguntou Sophia.

Irene respondeu em pensamento: Um dos lados é muito mais forte que o outro. De quem é...?

Enquanto isso, Priscilla se tornava mais monstruosa a cada momento que passava, invocando cada vez mais de seu poder para ofender mais ataques a Teresa, que por sua vez, mantinha-se na defesa.

A pequena Clare se escondera atrás de uma pedra e tampava os ouvidos com as mãos. Choramingava e gemia em agonia.

“Mas o que... Essa é... Priscilla!?” Noel perguntou assim que as três conseguiram se aproximar.

“Irene,” Sophia chamou. “Não me diga que ela...”

“Não, ela ainda não passou de seus limites. Se a pararmos agora, ainda poderemos trazê-la para sua forma humana. Mas, nunca achei que ela seria tão poderosa assim... Quem conseguiria pará-la?”

Como se em resposta para sua pergunta, Teresa conseguiu inferir um grande corte no ombro de Priscilla. A Guerreira número 1, jogou-se para trás e Priscilla avançou novamente. As espadas se encontraram. As duas deram início a uma dança rápida com suas armas, quase impossível de ser vista por olhos destreinados.

Teresa, se movimentou de modo a jogar impulsionar seu corpo para cima e acertar o outro ombro de Priscilla. A garota-monstro tentou atacá-a de novo, mas Teresa colocou sua espada de encontro com a dela, jogando-a ao chão. Irene arregalou os olhos.

“Não acredito! Diante do poder monstruoso de Priscilla, Teresa se igualou a ela apenas liberando seu poder a nível de mudar a cor dos olhos!? Esse é o verdadeiro poder de Teresa quando ela libera seu poderes?”

Clare ousou levantar os olhos de seus esconderijo e sorriu ao ver Teresa de pé e o monstro caído ao chão.

“Teresa.”

Teresa se aproximou de Priscilla e apontou a espada para ela. “Direi enquanto ainda pode ouvir minha voz. Isso deve ser óbvio. Suprima seu youki agora e volte a sua forma humana,” ela ordenou. “Ainda é possível voltar.”

“Pai... Devolva o meu pai...” Priscilla balbuciou. “O papai era tão bom... Eu o amava tanto... Ele comeu... Bem na minha frente... Ele comeu as vísceras de TODOS!”

De repente, ela se jogou para cima.

“CUIDADO!” Irene gritou.

Teresa se virou rápido e impediu a investida com sua espada. Faíscas. Priscilla pulou para trás.

“Por isso eu o matei. Quando ele comia o meu irmão, eu vim por trás e decepei sua cabeça.”

Priscilla avançou para mais um ataque, mas algo a fez parar. A espada caiu. Teresa se assutou. Uma corcunda rompeu o tecido da malha que vestia. Ela gemia em grunhidos guturais.

“Ela passou de seu limite?” A voz de Irene não passava de um sussurro hesitante.

Priscilla caiu de joelhos urrando. Sofria espasmos musculares.

“Não... Não posso voltar... Ajude-me,” os rosto dela estava banhado de lágrimas e suor.  “Eu imploro... Não quero virar um youma...”

“É inútil,” Irene falou. “Ela vai virar um youma agora.”

“Eu imploro... Me ajude...” Priscilla pedia. “Eu imploro... Me ajude... Eu imploro!”

Teresa se desfez de seu poder de youma e encarou as lágrimas da novata. Era só uma novata...

“Sinto muito, não posso mais salvá-la. A única coisa que posso fazer é cortar sua cabeça antes que vire um youma.” Teresa anunciou.

Os olhos esbugalhados de Priscilla se arregalaram e ela baixou a cabeça. “Eu imploro... Me mate... Enquanto eu ainda tenho coração humano...”

“Está bem, acabarei com seu sofrimento.”

A respiração ruidosa de Priscilla se tornou ofegante, a pele dela escurecia. O rosto, outrora belo e angelical agora era disforme, distorcido, cheio de veias saltadas. Os músculos sofriam espasmos violentos. Priscula gritou. Um grito de agonia ou de prazer? Moveu sua mão, que se transformava em garras para a espada caída ao chão.

Teresa ergueu a espada rapidamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Além dos Olhos de Prata" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.