Eu estava bem, não precisava de mais nada. Nunca iria imaginar viver uma historia que mudaria por completo a minha vida, ao lado daquele que nunca chegaria a tal ponto, a pessoa mais próxima a mim que eu nem ao menos, pensei em, amar. Então sofrendo. Vi na pessoa errada a salvação pelo abandono, fazendo da minha vida um inferno, nessas horas gostaria de entender o coração de uma mulher, para assim entender o meu.

Sou uma típica mulher americana, simples, trabalho dia e noite para pagar a faculdade que curso. Nos fins de semana fico com a minha família, passo noites em claro sentindo dores de cabeça por causa do barulho dos carros, brigava com a minha mãe pelo fato dela nunca ter aceitado que eu havia crescido e assim saído de casa, toda a manha corria para pegar o ônibus que sempre atrasava me fazendo receber mais e mais broncas do professor, estudava, sorria, chorava, sentia medo, solidão, cócegas, arrependimentos, sonhos, alegrias, fantasias, preguiça, enfim, eu era normal, mais a única coisa que eu nunca tive a oportunidade de sentir foi o amor, pois eu nunca tivera sido desejada como mulher por nenhum homem, e muito menos tivera tempo para isso, e agora, sentia na pele a dor de ver a vida passar e nada a deixar para trás, nem uma pequena marca minha neste imenso universo, e logo me via perdida novamente.

Nunca pensei em viver esse amor, nunca imaginei que podia ter acontecido tão rápido, e mais que isso, nunca imaginei ser tão forte.

Segunda. 15/11/2009 13h44min da tarde.

O dia em que a minha vida mudou.

‘’Chuvas intensas ameaçam nossa cidade. Noticias de tufões e grandes tornados aproximados a costa oeste alertam muitos passageiros a não saírem de suas casas, pois este caso poderá se agravar, mais de 23 mortes por terremotos, e as chuvas não acabaram neste final de semana, não saiam de casa e muito menos viajam... ’’

__Viu só, será que ele vem justamente agora?! –Eu andava de um lado para o outro, extremamente angustiada, de pé ao lado do sofá, olhando para fora e avistando chuva e mais chuva que só aumentava a cada segundo.

__Melhor Desligar a TV porque se não explode... –Minha ‘’Doce’’ Amiga de longos cabelos loiros se levantava do sofá, dando leves risadinhas a me ver naquele estado.

__Não ria de mim! Por favor, você me ouviu?! –Eu a seguia com os olhos, enquanto ela caminhava pela sala tranquilamente.

Logo o vento frio adentrou pelas janelas, fazendo as cortinas voarem.

__Que Droga! –Eu corria para fechá-las.

__Viu só, se ele vier nesse tempo prova que é muito idiota! –Ela chegava ate a geladeira e dela retirava uma garrafa de suco de laranja, e logo bebia gulosamente.

__Nem liga para mim, nem ao menos veio me ajudar! –Eu arrumava as cortinas gritando para ela, vendo o estrago que o vento teria feito em minha casa.

__Deixa, logo você arruma... –Ela iria se sentar novamente, quando eu não agüentei mais.

__Saia! Você não ajuda então saia! –Eu cheguei ate ela, apontando ferozmente para porta.

__Nossa, só porque eu não quero te consolar, passei a minha vida toda te consolando, me dá um tempo! –Ela que se levantou, devagar olhando para mim, se dirigiu ate a mesinha donde estava sua bolsa de coro.

__Qualquer coisa, me liga... –Ela fez o sinal de telefone com as mãos, sorrindo de leve saio da sala.

Eu nada fiz, simplesmente ouvi a porta bater com força.

Respirei fundo, e logo me joguei no sofá, exausta.

__Chuva, chuva... –Levei as mãos ate o rosto e assim limpei os pingos gelados que me haviam molhado.

Então se ouvia trovões.

__Não... –Eu levantei um pouco assustada, afinal agora estaria sozinha no apartamento, donde se tinha uma enorme janela, que se podia ver o horizonte aterrorizador vindo dos relâmpagos e trovões.

Eu me agarrei a um travesseiro, respirando ofegante, molhada e com frio, na minha própria casa fria e sem vida.

__Passa logo... Por favor, chegue bem... –Eu fechei os olhos, e pedia para que nada de ruim acontecesse ao vôo dele.

Neste dia, eu estava o esperando ansiosamente, ele me ligaria quando chegasse ao aeroporto e ate agora nada. Não queria que ele viesse, afinal não estava preparada, só de pensar em vê-lo meu coração pulsava de medo.

__Me dê forças... –Eu apertava o travesseiro.

Logo batidas na porta, que ao se misturarem com os trovões mal se ouvia.

__O que? -Eu recuei assustada.

Afinal a sala e toda a casa estavam com as luzes apagadas, e somente o leve brilho de um céu cinza mantinha meus olhos abertos.

__Abre, sou eu! –Uma voz familiar soou em meus ouvidos.

Eu levantei devagar, com passos leves.

__Anda...

Logo a voz fora reconhecida, aquecendo meu coração neste dia assustador.

__Naruto!

__Sim! Abre para mim, aqui ta chovendo!

Sem pensar duas vezes eu abri a porta, destrancando todas as fechaduras, e quando vi meio assustado, sorria mais calma.

__Você... –Eu sussurrei.

Ele estava molhado, usando um longo sobre tudo, com os cabelos loiros escorridos pelo rosto, de leve tampando seus maravilhosos olhos azuis.

__Não, o papai Noel!

__Para...

Ambos rimos, e então eu o convidei para entrar.

__O Natal ainda vai demorar um pouco... –Eu fechava a porta.

Enquanto ele limpava os pés e retirando o sobre tudo, eu podia ver seu peitoril.

__Nossa...

__O que? -Ele se virou sorridente.

__Você engordou... –Eu sorria.

Na verdade queria disfarçar o quanto teria ficado tímida naquela hora. Ele havia mudado muito, mudava toda semana, meu amigo e fiel companheiro de longa data. O conheço desde criança, e ele sabia desse meu medo repentino.

__Por que veio aqui?

Fomos ate a cozinha, eu acendi as luzes e preparava um chocolate quente para nós dois.

__Você estava sozinha não é? –Ele falava enquanto beliscava as bolachinhas que eu tinha em cima da mesa.__Eu resolvi vir para ver se você estava bem, afinal eu sei que você não gosta de tempestades como essa...

Neste momento eu parei. O fogo ardeu nas chamas, o chocolate borbulhava e eu parava de súbito ao ouvir suas palavras.

Ele percebeu o que acabara de dizer.

__Não! Desculpa... –Ele se levantou e foi ate mim. __Olha...

Pegou na minha mão que tivera gelado repentinamente.

__Tudo bem? –Ele colocou a mão em meu rosto baixo e triste, e levantou ate seus olhos.

__Eu, não gosto de chuvas só isso... –De leve sentia um forte aperto subir pelo coração.

__Por causa da sua irmã não é? –Ele perguntava.

Eu de leve me virei, apoiando na pia, meu cabelo rosado caia pelos olhos, que agora transbordavam uma lagrima solitária.

__Ela não devia ter embarcado naquele avião...

__Não! Não chora ta tudo bem...

Eu sentia seu abraço vindo por trás, seus braços quentes me ajudavam a superar a morte da minha irmã já fazia muito tempo, pois sempre que chovia, ele viria me fazer companhia, e muitas vezes eu estaria triste assim.

__Agora eu estou angustiada, porque ele esta vindo assim e...

Quando eu comecei a falar, senti que os braços envoltos ao meu corpo agora se soltavam.

__Naruto? O que foi? –Quando me virei ele havia recuado, agora com uma feição completamente triste.

__Ele esta vindo? –Logo ao perguntar isso eu percebi tudo.

__Espera! –Eu me virei para ele.__Por favor, não começa...

__Começar?! –Ele esmurrou de leve o armário.__Falar novamente tudo de novo, tudo o que eu sinto por você não é?! Isso que você quer que eu não comece!

Neste momento eu me calei. Ouvia os pingos agudos da chuva ao bater no teto, o TIC TAC do relógio, o vento batendo na janela, e logo os pequenos chiados do chocolate na chama.

__Você quer ver nele um motivo para não admitir! –Ele disse de leve, agora mal se agüentando na minha frente.

Eu respirei fundo e me envolvi na blusa fina que usava.

__Sasuke deve chegar amanha, e eu vou me casar com ele...

__Mais você não se lembra?! Você sempre desabafou comigo! –Ele apontou para si mesmo.__Sempre disse em meio a lagrimas que nunca tivera sido desejada por um homem!

__Para... –Eu tentava não ouvir.

__Pois ele realmente não te ama! Então esse casamento vai ser sem amor, só para herdar o Maldito nome Uchiha!

__Cala boca! –Eu me exaltava, pois suas verdades doíam em meu coração.

__Você acha que ele te ama! Mais não é verdade! Ele ama a sua inocência para assim fazer de você o que ele quiser!

__Cala Boca! Cala a Droga da boca! –Eu bati com tanta força na pia que o chocolate parou ate mesmo de borbulhar.

O silencio se fez na sala.

Ele me olhava com pena, e eu o olhava assustada.

__Desculpa... –Eu me voltei, levando as mãos ao rosto, cansada e exausta.

__Ele não vai te amar, como eu amo...

Quando o ouvi, meu coração parou, em um lamento viria uma declaração dessas.

__Por favor, ele vai chegar amanha...

__Você não vai ser feliz com ele, sabendo disso... –Ele chegava mais perto.

Eu queria correr, mais minhas pernas não se moviam, era como se o meu coração ordenasse para que elas me permaneçam ali naquela tarde.

__Sabendo? –Eu sussurrei sentindo meu coração palpitar ao ponto que aqueles olhos chegavam mais perto.

Logo ele parou na minha frente.

__Sabendo que eu te amo a muito mais tempo que qualquer homem nessa terra...

E então eu senti o seu beijo.

Doce e molhado sentia o seu toque, seus braços me segurando em sua boca. Eu não tentei evitar, pelo contrario, nunca recebi tamanho amor vindo de um homem, nem ao menos Sasuke havia demonstrado tamanha paixão.

Ele me beijava, eu queria mais e mais.

A chuva começou forte, e logo os trovões fizeram as luzes acabarem em todo o setor.

Eu nada vi nem senti.

Ele foi abaixando a minha blusa, me deixando com frio e logo me envolvendo em seus braços quentes. Então eu sentia suas mãos pelo meu corpo, chegando ao rosto e a boca, as pernas e tudo.

__Não... –Eu parei, em meio a escuridão, onde se via uma leve brisa de luar.

__Você ama ele?

Sentia seu calor em meu ouvido.

__Se você o ama eu paro aqui e agora...

Meu coração começou a palpitar.

__Mais se não... –Eu então vi seus olhos azuis próximos aos meus. __Basta me dar um beijo...

Eu o conhecia a tanto tempo, éramos amigos de infância, e eu sabia, no fundo eu sabia que ele não era comum. Acho que o meu coração sempre me disse que ele era o certo, ele seria o homem ao qual eu viveria essa paixão. Procurando e sofrendo, e ele enxugava as minhas lagrimas quando eu precisava, ele fazia cócegas em mim quando eu estava com dor, e logo segurava minha mão quando a mesma estava gelada, e mesmo assim meu coração estava cego por tanto tempo.

A chuva caia.

__Promete... –Eu logo tive de falar, sentindo as lágrimas escorrerem pelos meus olhos.__Promete que vai vir aqui sempre que chover? Ficar comigo quando trovejar? E mais que isso segurar a minha mão quando a luz acabar?

__Eu faço isso... –Eu sentia suas mãos virem em meus cabelos. __A mais de 20 anos não faço?

Nesse momento eu o beijei.

Então ele me beijou de novo, e mais que isso me envolveu em seus braços, um beijo doce, um toque macio. Sem perceber eu estava deitada, no tapete da sala, e logo sentia meu corpo completamente nu, e o seu toque me fez sentir a mulher mais desejada desse mundo.

Naquele momento, ele me beijava me abraçava me desejava, e eu logo o sentia em mim como nunca, e então tudo pareceu sumir da terra, somente eu e ele naquela noite de chuvosa...

O chocolate transbordou caindo pelo chão.

Ao ponto que eu me entregava por completo para ele, o sentido violar o meu corpo como ninguém jamais fez.

Agora só me restava esperar pelo Sasuke, para dizer que tudo mudou em uma noite... Mesmo com medo...

Continua.