*Rennesme PDV*

- Sendo assim, acho que não há alternativas. Felix?!

Felix moveu-se rápido demais. Por um segundo achei que ele atacaria Nat, mas no segundo seguinte ele estava vindo diretamente para mim e Seth. Não sei o que ele estava pensando, mas o que se seguiu ocorreu muito rápido, embora eu visse tudo em câmera lenta.

Nat avaliou a situação mais rápido que qualquer um e se moveu tão depressa que nem parecia humana. Do nada ela apareceu na nossa frente e recebeu todo o impacto de Felix. Eu gritei com o susto, Nat gritou de dor, e Seth e Jacob rosnaram alto. Quando dei por mim, havia uma luta rolando. Os Volturi partiram pra cima, assim como minha família e os Quileutes. No meio da confusão perdi Nat e Felix de vista.

- NATASHA, NÃO! – ouvi a voz de Seth gritar. Devia ser grave, se ele precisara voltar a forma humana. Meu coração acelerou, mas outro grito surgiu na confusão da batalha.

- JÁ CHEGA! – era Aro. Todos pararam diante daquela ordem e pude avaliar que os Volturi estavam em desvantagem. Apenas Marcus, Caius e Aro não havia se mexido. Devia ser por isso que ele parara a briga. – Acho que já terminamos nosso trabalho. Vamos embora. –Um pouco relutantes em abandonar a briga, eles se foram. E notei que Felix estava com um braço a menos. Peraí? O que ele quis dizer com ‘terminamos nosso trabalho’? Olhei ao redor, um pouco afastado de onde ocorria a batalha, estava Seth, debruçado sobre uma forma meio inerte que ele sustentava nos braços. Não, não podia ser! Corri até eles e derrapei antes de chegar.

Nat pendia o corpo molemente nos braços de Seth que chorava profusamente. Ela tinha um profundo corte no pescoço e sangrava muito de outros cortes na barriga feitos por unhas afiadas. A garoa de antes se intensificou, como se sentisse a dor que havia ali.

- Ela se colocou na frente dele... não deu pra evitar... quando vi já tinha feito isto... – explicou Seth enquanto chorava.

- Está tu-tudo bem! Vamos salvá-la. – eu disse tentando me convencer mais do que a ele. Mas não via como salvar Nat de tantos cortes fundos que pareciam uma cachoeira jorrando sangue.

- Deixe-me examiná-la. – disse Carlisle se aproximando. Eu nem havia reparado que os outros havia se aproximado. Vovô se aproximou de Nat, mas Seth não permitiu que a tirasse de seus braços. Enquanto a examinava, ninguém falou. Todos pareciam chocados demais para falar. Alice abraçava Jasper, que não conseguia acalmar nem a si mesmo. Meus pais também estavam abraçados, mas meu pai mantinha o rosto sério, tentando captar os pensamentos de Carlisle. Jake apareceu, na forma humana e se ajoelhou entre mim e Seth, com o rosto tão pálido quanto o meu. Os Quileutes continuaram ali, sob forma de lobo, um pouco mais atrás.

Passado um tempo, que me pareceu uma eternidade, Carlisle suspirou, e pareceu que meu pai estava mais pálido.

- Não dá pra fazer nada aqui. Ela esta perdendo muito sangue e esses cortes são muito fundos.

- Então vamos levá-la a um hospital! – disse Seth em inconfundível desespero.

- Não dá...

- COMO NÃO DÁ? SOMOS RÁPIDOS, PODEMOS CHEGAR LÁ...

- Não há tempo! O esforço pode... – ele não precisou terminar a frase. Meu coração apertou. Quer dizer que ela... Mas um sussurro fraco chegou aos meus ouvidos.

- Nes...sie...

- Nat! Não se mexa, vai piorar...

- Desculpe ter... desobedecido você. Eu só queria me redimir... – ela suspirou sem forças. Aquilo me lembrou terrivelmente quando brigamos e ela foi atropelada. – Pelo menos... eles não vão mais... incomodá-los... – ela fechou os olhos com visível cansaço.

- Por favor Nat, não dorme! – pediu Seth. As lágrimas rolavam por sua face misturando-se com a chuva. Nat abriu os olhos e o encarou. Tocou seu rosto lentamente e sorriu.

- Desculpe não ter sido... a mulher perfeita...

- Não diga isso, você é perfeita! É o meu imprinting! Eu te amo Nat, por favor, não morre! – o sorriso dela pareceu se alargar mais diante daquela informação.

- Que bom que... se decidiu! Eu também amo você Seth... sempre amei...

- Carlisle, precisamos tirá-la daqui! – disse meu pai, ele parecia tão desesperado quanto qualquer um ali. Tenho certeza que choraria se pudesse.

- Edward, não podemos...

- Pai... – sussurrou Nat com dificuldade, e meu pai desviou sua atenção pra ela. – Desculpe por tudo... e obrigada por acreditar em mim...

- Chega disso tudo! Parece despedida! – disse Jake exasperado. – E você não vai morrer hoje, Natasha! Eu não vou permitir! - Ele tremia levemente, e pelo vermelho em seus olhos, poderia dizer que também chorava, embora fosse difícil afirmar graças a chuva intensa. Isso fez meu coração quebrar. – Tem que haver um jeito de evitar que... – ele engasgou e também não terminou a frase. Parecia querer evitar a tragédia não dizendo.

- Acho que pode haver... – disse Zafrina que estava um pouco atrás de Alice e Jasper. Meu pai pareceu ler seus pensamentos e exclamou.

- Não. Tem que haver outra coisa.

- O quê é Edward? – perguntou a minha mãe com a voz rouca.

- Se ela fosse imortal, não precisaria morrer. – disse Zafrina de forma enigmática. Mas era simples e claro, e poderia salvá-la.

- Você quer dizer que quer transformá-la em uma... vampira? –perguntou Seth em um murmúrio, não querendo acreditar naquela sugestão, nem que fosse a única maneira.

- A salvaria...

- Mas a mataria do mesmo jeito. – disse Jacob rudemente, meio sem pensar. Houve um silêncio, até que Nat gemeu de dor.

- Vocês têm que decidir logo. Ela já tomou a decisão dela, ela aceita isso, agora você precisam aprovar. – disse Zafrina. Nos entreolhamos, todos numa muda confirmação. Se fosse para salvá-la, faríamos tudo. Ela já era da família mesmo. Contudo não dependia só de nós.

- Seth... o quê você diz? – perguntei baixinho. Eu sabia que devia prezar a opinião dele, ainda mais naquele momento. Ela era o imprinting dele, e não sabíamos o que aconteceria se ela se transformasse em algo odiado pelos Quileutes. Ele suspirou e olhou para Nat em seus braços, ela o olhava com os olhos semicerrados, parecia pedir com o olhar.

- Ela viverá feliz?

- Faremos com que sua existência seja a melhor. – disse Alice incentivando. Queria mais que todos que Nat se salvasse, e se virasse vampira, seria até melhor pra ela, pra todos nós.

- Então é o quê me basta. – ele disse e uma lágrima perceptível escorreu por seu rosto. Olhei para Jake e ele acenou que sim com a cabeça. Também dera o seu consentimento. Os Cullen trocaram um olhar estranho, tentando saber quem o faria. Eu não podia, não tinha veneno, se não já a tinha transformado.

- Eu o farei. – disse meu pai tomando o lugar de Carlisle. – Ela é minha filha. – ele segurou a mão dela gentilmente, mas antes que fizesse algo, ela o deteve. Esticou sua mão e tocou Seth. Ele lhe sorriu e disse tentando manter a voz firme.

- Não importa o quê você se torne, nem que me esqueça, eu vou continuar te amando. – Ela sorriu e sussurrou fracamente.

- Eu também... sempre vou amar você... não importa que não tenha... um coração com sangue...

Seu braço pendeu ao lado do corpo. Meu pai se apressou e a mordeu na mão. Seth não a soltou um segundo, nem quando ela começara a tremer e seu coração parou.

Seth uivou infeliz, assim como os outros Quileutes. Natasha morrera, e o coração de Seth morreu com ela.