Em Busca das Almas Perdidas escrita por vivaopato


Capítulo 17
Volto para casa


Notas iniciais do capítulo

capitulo meio curto, mas tem mais em breve
desculpem a demora
deixem reviews
aproveitem a leitura



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                Voltar às suas origens deveria ser algo tocante, com lágrimas e boas memórias. Mas quando se trata de semideuses, se torna o seu pior pesadelo. De qualquer modo, eu estava largado na cama do meu quarto no Palácio de Eos, com Nico (o gato... no sentido literalmente... ah, vocês entenderam) dormindo ao meu lado, enquanto eu revirava o presente prateado nas mãos.

                Cloe. Damon. Cloe. Damon. Os nomes reviravam minha cabeça. Cloe. Damon. Cloe. Damon. Cloe. Damon. Cloe. Damon. Ally. Ally? Estremeci assim que o nome intruso atacou minha mente. Esvaziei a cabeça dos nomes. Ouvi a risada de Mors. Suspirei e cocei a cabeça felpuda do gato.

                - Não vou poder te levar comigo, bola de pêlos. – resmunguei para Nico.

                Ele abriu a boca num bocejo e voltou a dormir. Alguém bateu na porta.

                - Entra. – falei.

                A porta se abriu e Ally entrou carrancuda. Me sentei de um salto.

                - Ally. Oi. – gaguejei.

                Ela murmurou algo de forma ininteligível.

                - O quê? – perguntei.

                - Você viu minha faca? – ela perguntou encarando o chão.

                De repente me lembrei da faca da garota, ainda largada no chão, ao lado da minha mochila. Me levantei e fui até ela, catando a arma do chão e estendendo-a na direção de Ally, que ainda parecia achar o chão a coisa mais interessante no quarto, e ela provavelmente tinha razão. A garota ergueu os olhos rosados para a faca, depois para mim.

                - Você a pegou? – perguntou, pegando a faca e pondo o cordão no pulso.

                - Hum... não exatamente. É um pouco complicado. Longa história. Envolve um fantasma tentando me matar.

                - Não me interessa. Queria que ele tivesse mesmo lhe matado. – ela falou.

                - Me mate agora, então. – falei.

                Olha, eu não sei o que tinha dado em mim, ok? Eu só estava chateado com todo o gelo que ela estava me dando.

                - Talvez eu mate. – ela se aproximou.

                - Talvez você deva. – me aproximei também.

                - Talvez eu vá. – estávamos cara a cara agora.

                - Então faça. – inclinei meu rosto para perto do dela.

                - Talvez eu perfure seu coração. – ela me olhou nos olhos.

                - Talvez seja melhor cortá-lo em pedacinhos. – colei nossos narizes.

                - Como você fez com o meu? – ela disse, e isso pareceu despertar a nós dois para o que estávamos fazendo.

                Lentamente, me afastei dela e lhe virei as costas. Murmurei baixinho um ‘desculpe’, sem ter certeza de que ela ouviria. Ouvi o som de seus passos ficando mais distante, e a porta ser fechada. Me virei e Ally tinha ido embora. Peguei o presente prateado na beira da cama, indo até a mochila e o guardando.

                Por que será que eu sinto o clima ficando mais quente? , ouvi Mors dizer em minha mente.

                Agora não, Mors. , respondi.

                Sentei na cama outra vez. Ok, talvez eu não devesse ter feito tudo aquilo que tinha feito na noite anterior. Sabe, beijar Ally e depois dizer que tinha sido um erro. Acho que as garotas não gostam quando falamos que beijá-las foi um erro. Mas... bom... ser um deus ainda era uma grande ambição na minha vida. Eu estava só protegendo-a, não é? Não é?

                Batidas na porta me acordaram dos devaneios. Antes que eu pudesse dizer “entra”, Thalia abriu a porta e foi entrando.

                - Você já está pronto, pirralho? – ela falou sentando na cama.

                - Já. – respondi desanimado.

                - Nossa, Senhor Bom-Humor. O que aconteceu entre você e Ally, afinal?

                Me joguei para trás na cama, deitando.

                - Eu a beijei ontem à noite. – falei.

                Thalia ergueu as sobrancelhas.

                - É? E foi tão ruim que agora ela quer te enforcar?

                Soltei um muxoxo.

                - Claro que não. Eu não sou tão ruim assim. É que... depois eu disse que tinha sido um erro. – falei.

                - Você o quê? – Thalia perguntou indignada.

                - Ah, você me ouviu!

                - Qual o seu problema, pelo amor de Zeus? Não se fala para uma garota que o seu relacionamento foi um erro!

                Me sentei.

                - Ah, qual é, nós não temos um relacionamento! E eu tive uma boa razão pra isso, ok? – reclamei.

                - É? E qual foi?

                Hesitei.                               

                - Eu pretendo me tornar um deus. E garotas de corações partidos não estão nos meu planos. – falei, me deitando outra vez.

                Thalia me encarou como se eu fosse um ET caído no seu colo de repente.

                - Você é louco. Imbecil. – ela disse, e se jogou ao meu lado.

                Ficamos em silêncio um pouco. Depois Thalia perguntou:

                - O que vamos fazer com Thalia e Nico?

                - Não podemos levá-los. Talvez seja melhor deixá-los aí. Quer dizer... Eos vai ter uma boa surpresa, mas não acho que ela teria coragem de fazer um ensopado deles.

                Thalia riu de leve e suspirou, se levantando e saindo do quarto. Fiquei deitado mais alguns segundos, depois me levantei e peguei a mochila, pondo-a no ombro. Saí do quarto. Thalia e Luke já estavam no corredor esperando. Me juntei a eles.

                - Então... – Thalia começou – Quando sairmos daqui... Para onde vamos?

                - Eu tive um sonho. Dois dos semideuses estão juntos, eu acho. Estão numa escola. –contei.

                - Legal, Nico, boa dica. Agora nós só temos de procurar duas pessoas entre os milhares de alunos de todas as escolas do Maine e ao redor. – Luke ironizou.

                - São semideuses. Imãs para problemas. Achá-los é o menor dos nossos problemas. – Ally falou, se aproximando.

                - Certo. Podemos ir agora? – Thalia perguntou.

                Eos apareceu ao nosso lado de repente, falando:

                - Já estão prontos? Bom, muito bom.

                A porta da carruagem se abriu e nós descemos. Estávamos numa floresta. Já deviam ser umas duas ou três da tarde. Eos beijou a testa de Ally e sorriu para nós.

                - Boa sorte, queridos. – ela subiu na carruagem e nós observamos seu palácio voador sumir no ar.

                Antes de mais nada, você deve estar se perguntando sobre os gatinhos Nico e Thalia. Bom... digamos que Eos vai ter companhia animal por algum tempo. De um jeito ou de outro, Thalia começou a olhar ao redor com o cenho franzido. Acompanhei seu olhar. De repente, aquela floresta começou a me parecer familiar. A clareira larga, meio losangular.

                O carvalho solitário, o som de mar ao longe. Thalia fixou o olhar em uma árvore. Segui seu olhar. Cravada na árvore, a uns dois metros do chão, havia uma flecha. Não uma flecha qualquer, uma flecha de Caçadora, com um pouco de musgo nela, indicando que estava lá há bastante tempo. Uma rápida imagem de uma barraca armada ali me ocorreu. Santos deuses.

                Comecei a andar para fora da clareira. Depois, correr. Tinha noção dos outros me chamando e tentando me acompanhar, mas não me importei. Enxurradas de lembranças de Bianca, cartas de Mitomagia e uma noite de inverno tempestuosa passavam pela minha mente.

                Cheguei a um penhasco. Abaixo, um violento mar cinzento castigava as pedras escuras. Mais lembranças. Thalia preparada para a batalha, com Aegis. Grover com seus pés falsos. Corri rente ao penhasco. Parei de repente e ergui a visão lentamente para o “castelo” de pedras grandes e escuras e aparência sombria.

Então, de repente, eu me lembrei. Reconheci o quarto de dormitório tão familiar. A floresta, uma enxurrada de flechas atiradas por garotas, um manticore de olhos bicolores. Westerov Hlal. Eu estava lá. Na minha antiga casa. Westover Hall. E eu tinha plena certeza de que Cloe e Damon estavam lá. E estavam em perigo.


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Notas finais do capítulo

gente linda!!
PASSAMOS DOS 100 REVIEWS!!
obrigada a todos voces!!
deixem reviews reviews reviews