Perfeito para Você escrita por Thatah


Capítulo 7
Capítulo 7 - Dilacerada. Perdida.


Notas iniciais do capítulo

Bater na Bella é o mais fraco dos meus pensamentos. Queria era quebrá-la na porrada, arrastar a cara dela no asfalto!^^

Não sou tão má assim, mas as vezes dá vontade!

Mais uma parte para sentirem raiva da lesminha ambulante.



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Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido...

Lya Luft

Não havia avançado muito e já era impossível dirigir. Quando não consegui enxergar mais, deixei que os pneus encontrassem o acostamento e rolassem lentamente até parar. Afundei no banco e permiti que a fraqueza que combati no quarto de Jacob me esmagasse. Foi pior do que eu pensava – a intensidade me pegou de surpresa. Sim, eu estava certa em esconder aquilo de Jacob. Ninguém devia ver.


Mas não fiquei sozinha por muito tempo – tempo suficiente para Alice me ver ali e cinco minutos até ele chegar. A porta se abriu e ele me puxou para seus braços.

No início foi pior. Porque havia aquela parte de mim – que eu jurava ser menor, mas que estava ficando mais ruidosa e mais colérica a cada minuto, gritando para o restante – que ansiava por um par diferente de braços. Então havia culpa renovada para temperar a dor.

Edward não disse nada, e mesmo depois da minha tentativa de balbuciar o nome de Charlie, ele não tinha certeza de que era o melhor momento para me levar para casa. Mal consegui movimentar minha cabeça, para insistir, mas logo ele cedeu.


Então ele me levou para casa, mantendo um braço firme à minha volta. No caminho todo, lutei para me controlar. De início, parecia um esforço condenado ao fracasso, mas não desisti. Só alguns segundos, eu disse a mim mesma. Tempo apenas para algumas desculpas, ou algumas mentiras, e depois eu podia desabar novamente.

Vasculhei minha cabeça, procurando desesperadamente por uma reserva de forças.


Mas só havia o suficiente para que eu aquietasse os soluços – para reprimi-los, não para terminar com eles. As lágrimas não diminuíram, Eu não parecia encontrar nenhum ponto de apoio nem para começar a lidar com elas.

- Voltarei amanhã, se achar melhor… - Edward sussurrou em meu ouvido.

- espere por mim lá em cima – murmurei quando estávamos na frente de casa.

Ele me abraçou mais forte por um minuto, depois se foi.
Depois de entrar, fui direto para a escada.

- Bella? – Charlie chamou atrás de mim, de seu lugar de sempre.

Virei-me e o olhei sem falar nada. Seus olhos estavam esbugalhados e ele se lançou de pé.

- O que aconteceu? O Jacob…? – perguntou ele.

Sacudi a cabeça furiosamente, tentando encontrar minha voz.

- Ele está bem… - garanti, a voz baixa e rouca. Ao menos fisicamente, Jacob estava bem…

- Mas o que houve? – ele me pegou pelos ombros, os olhos ainda ansiosos e arregalados. – O que aconteceu com você?

Minha aparência devia estar pior do que eu imaginava.

- Nada, pai. Tive apenas uma conversa… com Jacob… assuntos complicados…

A ansiedade acalmou e foi obstruída pela censura.

- Não tinha uma hora melhor? – perguntou ele.

- Talvez não, pai, mas cheguei a um ponto em que tive que de escolher… Não havia espaço para o meio-termo.

Ele sacudiu a cabeça lentamente, visivelmente irritado.

- Como ele reagiu?

Não respondi. Ele olhou meu rosto por um minuto, depois assentiu. Deve ter sido resposta suficiente.

- Só espero que você não tenha estragado a recuperação dele.

Charlie suspirou friamente.

- Ele se cura rápido – murmurei, sentindo que já estava perdendo o controle.

Fui para o quarto, cega e cambaleante.

Depois de entrar, lutei com o fecho de minha pulseira, tentando abrir com os dedos trêmulos. Como se tirando-a do meu pulso, arrancaria todo aquele sentimento avassalador e desconcertante…

A noite se arrastou implacável, nem mesmo a presença de Edward diminuiu o vazio dentro de mim. Percebi, um pouco tarde, que não seria tão fácil me curar… Talvez nunca tivesse como estar 100%, haveria sempre um vazio injusto dentro de mim.

De repente, como o clarão de um luar, todos os erros cometidos, todos os danos que causara… Cada dor que provoquei em Jacob, cada uma das que provoquei em Edward, estavam acumuladas em pilhas diante dos meus olhos, sem que eu pudesse negá-las.

Lembrei-me da promessa que fiz a mim mesma – de que eu nunca faria Edward me ver soltar outra lágrima por Jacob Black. A idéia causou uma rodada de histeria que deixou Edward mais assustado do que o choro.

Mas uma vez, Edward se calou. Limitou-se a me reconfortar.

A certa altura da noite, senti a inconsciência me dominar, não porque não houvesse mais dor para expressar, nem mais lágrimas para chorar – porque tinha! Acontece que o tempo para desabafar a parte quebrada de mim… até que finalmente meu corpo se sentisse exausto.

A manhã trouxe, se não uma perspectiva mais animadora, pelo menos algum controle, alguma aceitação. Mas, no fundo, eu sabia que o novo rasgo em meu coração sempre doeria.Que agora faria parte de mim.
Precisei de uma dose de otimismo!

Precisava acreditar que o tempo tornaria mais fácil. Ou que ao menos ele fosse a garantia de que um dia, Jacob pudesse ser feliz.

Quando acordei, ainda desorientada. Abri os olhos – secos, porém doloridos – e encontrei seu olhar ansioso.

Como na noite anterior, ansiei por braços diferentes, os olhos que me encaravam também não eram os que eu involuntariamente desejava enxergar. À noite, o choro, os gritos… as lágrimas! Nada daquele desespero noturno pareceu bastar… Não foram suficientes para diminuir ou levar embora o vazio que eu estava sentindo, nem suficientes para reverter o desejo dentro de mim.

Mas eu havia feito uma promessa. Eu tinha aceitado me casar com Edward, era parte de ser responsável, cumprir tal promessa… Não era?!

Edward apenas me olhava, talvez a espera que eu me manifestasse.

Como explicar a crise da noite anterior? Como dizer que superei o insuperável?
Não trocamos uma só palavra por um bom tempo, meus pensamentos estavam em busca de alguma explicação… enquanto os dele estavam – provavelmente – tentando compreender o que realmente havia acontecido.

- Eu vou superar… - disse com a voz rouca.

Ele não se manifestou.

- Estou bem… - garanti, mas não o convenci.

- Você tem certeza de sua escolha?

- Sim.

- Não sei… - Sua testa se vincou. – Se dói tanto em você, como pode ser o certo?

Fiquei em silencio por um tempo, pensando no que poderia e deveria responder… Lembrei-me de sua partida, dos dias em que pensei ser o fim de tudo… de tudo o que sua ausência me causou.

- Edward, eu sei com o que não posso conviver.

Não era uma verdade incontestável, mas serviu para não estender a conversa.

Edward não rebateu e nem se manifestou contrario a mais nada do que eu lhe falei.
- Não suporto vê-la triste, e não quero vê-la infeliz. – Ele passou os braços em minha cintura.

Um breve sorriso iluminou seu rosto perfeito, embora a preocupação ainda vincasse a testa.

- E não irá… - Garanti.

- O que nós vamos fazer agora?

Sorri um pouco, levantando-me da cama.

- Vamos procurar a Alice.

Alice estava no primeiro degrau da varanda, excitada demais para esperar por nós lá dentro. Parecia prestes a explodir numa dança de comemoração de tão empolgada com as novidades que sabia que eu daria.

- Obrigada, Bella! – cantarolou ela enquanto saíamos de minha picape.

Tentei contornar sua alegria, mas deixei que ela se manifestasse… Depois de alguns minutos de conversa cheguei à apenas uma conclusão; a de que deveríamos mudar a data da cerimônia.


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