Capítulo 21 - Atitude (POV BELLA)

O destino decide quem entra na minha vida. Minha atitude decide quem fica.

Martha Medeiros

Ele parou abruptamente, mas não se virou. Seus olhos fitavam o chão.

– Você pode nos acompanhar? – perguntei, torcendo para que a resposta fosse a melhor possível.

Hesitante, se manteve alguns minutos imóvel, mas então resolveu dar alguns passos em minha direção.

Meu coração acelerou diante da expectativa de sua resposta.

– Creio não ser necessário. Seth irá com vocês, alem do mais, minha namorada esta me esperando.

Apesar da acidez nas suas palavras, pude sentir que ele estava apenas se defendendo. Era mais do que aceitável que Jacob não quisesse ficar ao meu lado, depois de tudo o que eu o fiz sofrer. Mas eu estava determinada, precisava conversar com ele, e temia não ter outra oportunidade.


– Por favor?! – insisti.

Ele me olhou franzindo o cenho, ele bem que tentou manter a mascara fria e distante, mas algo me dizia que ele não conseguiria se manter assim por muito tempo.

Sua respiração ficou forte, sua mandíbula se contraiu. Ele levou as mãos até a cabeça.

– Para que, Bella? Seth a levará em segurança…

– Preciso conversar com você a sós. – acenei com a cabeça em direção ao restaurante.

Os meninos estavam todos olhando em nossa direção.

– Nós não temos mais nada para conversar. – respondeu ele, dando as costas.

– Tem certeza?

Ele não me respondeu, apenas deu de ombros.

– Uma ultima chance, é tudo que eu te peço. Prometo que você não irá se arrepender…

– Impossível! - sua voz estava carregada de amargura. – Não quero dar margens para mais erros.

Jake disse por cima dos ombros, sem nem se quer me olhar direito e partiu em direção a Leah.

Senti as lagrimas escorrerem pelos meus olhos, mas me mantive ali, firme. Segundos depois, Jacob passou de moto por mim.

Jake disse por cima dos ombros, sem nem se quer me olhar direito e partiu em direção a Leah.

Senti as lágrimas escorrerem pelos meus olhos, mas me mantive ali, firme. Segundos depois, Jacob passou de moto por mim.

Já havia sido tratada assim pelo Jacob, mas desta vez havia outro sentido em sua frieza. Ele parecia determinado em seguir em frente, desta vez ele tinha a Leah… Fiquei divagando mentalmente, até finalmente ser arrancada dos meus pensamentos.

– Bella? – Ângela me chamou. – Vamos?!

Caminhei em passos lentos até o carro, deixei que Seth fosse à frente. Entrei em silencio, e permaneci assim ate chegar a minha casa. Deixamos Seth pelo caminho, mas antes dele descer ele deu a entender que voltaria em sua forma de lobo para garantir que tudo ficaria bem.

Ângela seguiu até em casa e vendo meu estado se ofereceu para dormir lá, mas eu neguei. Tinha e precisava ficar sozinha. Sabia que ela queria entender melhor o que estava acontecendo, mas como sempre, Ângela sabia evitar os piores momentos para se atualizar.

– Espero que tudo se ajeite… - disse ela, enquanto eu descia do carro.

Sorri apática em resposta. Eu também desejava que tudo se ajeitasse, agora mais do que nunca, mas o desprezo de Jacob estava doendo em mim, a dor ainda estava latejando.

– Boa noite. – foi tudo o que eu disse.

Arrastei-me até a entrada de casa, fiquei olhando Ângela partir e então, sem forças para me mover mais me sentei no primeiro degrau da escada. Fiquei ali por um tempo, olhando fixamente em direção a floresta. Em questão de segundos ouvi um uivo.

Meu coração acelerou, mas eu sabia que não havia necessidade para isso, não era o meu Jacob – nunca mais seria – quem estava ali. Pude ver o brilho dos olhos cintilarem na escuridão da floresta, uns rosnados baixos ecoaram por ela e então a porta se abriu.

– Esqueceu a chave, Bella? - A voz de Charlie desencadeou uma onde de histeria em mim.

– Esqueceu a chave, Bella? - A voz de Charlie desencadeou uma onde de histeria em mim.


– O que aconteceu? - Charlie me abraçou, mas como minha resposta foi apenas mais choro, ele sentou no chão ao meu lado.


Ele não era muito dado a estas demonstrações emocionais, e sempre que ocorria não sabia o que fazer. Ficamos ali, por um tempo, até que ele finalmente conseguiu agir – coisa que estava impossível para mim.


– Vamos entrar querida, está muito frio aqui.


Subimos a escada, Charlie ainda estava agoniado com meu choro, não precisava olhar em seu rosto para ter uma idéia de seu desespero.


Deitei na cama e senti uma pressão ainda maior recair sobre mim, estava sufocando com tanto desprezo. Não conseguia acreditar que desta vez, tudo estaria perdido.


Charlie bem que tentou me acalmar, mas assim que notou que seus esforços eram em vão, ele deixou o quarto depois de me dar um leve beijo na testa.


Depois de um tempo o choro cessou, basicamente na mesma hora em que minha mente ameaçou ir para o mundo inconsciente. Meus olhos estavam fechando, quando tive a impressão de ter visto alguém em pé, diante de mim. Apesar dos meus esforços, não consegui me manter acordada.

..........

O dia estava nublado, lá estava eu em cima de uma montanha. O vento batia feroz contra meu corpo, mas eu não me movia.

– Bella?!

– Bells…

Duas vozes, vindas de lados opostos vieram ao meu encontro e estavam cada vez mais eloqüentes.

Edward foi o primeiro que eu vi. Ele estava lindo como sempre. Vestia uma calça bege e uma blusa preta em corte “v”… seus cabelos bronzeados sendo acariciados pelo vento, e aquele sorriso magnífico que por muitas vezes me fez perder o rumo.

Ao meu lado direito estava Jacob, para minha surpresa vestido da mesma forma que a noite anterior. A jaqueta em suas mãos. Sua blusa, também em corte “v” destacava ainda mais seus músculos, à medida que o vento batia contra seu corpo. Jake estava lindo, avassaladoramente encantador.Sua expressão, porém, era terrivelmente fria. A máscara da indiferença estava novamente diante de mim.

Olhei rapidamente para Edward que estendia suas mãos em minha direção, reparei que a aliança estava presa a um artefato inusitado… uma pequena algema dourada cravejada de lindas pedras brilhantes.

Meus olhos assim como meu corpo claramente demonstraram interesse na direção oposta. Jacob não tinha nada em suas mãos, nada além de sua jaqueta. A intensidade com que ele me olhava inicialmente me incomodou, mas mesmo diante de sua indiferença era em sua direção que eu queria ir.

Dei alguns passos em sua direção, mas a voz de Edward sendo sussurrada em meu ouvido me deteve.

– Quebrar a “promessa” é uma péssima forma de agradecer por sua vida… - os lábios de Edward roçaram em minha orelha.

Aquelas palavras me queimaram por dentro. Era impossível que eu realmente tivesse que cumprir esta promessa. Era obvio que o segredo dos vampiros estavam seguros, até mesmo, para quem eu iria contar sobre eles, sem que corresse o risco de ser internada em um hospício?

Mas quando me virei, não era Edward quem estava diante de mim. Era Aro, segurando meu cabelo e roçando seu nariz em meu pescoço.

Estava na mesma sala subterrânea em que vi Edward ser torturado, e onde a “bendita” promessa teve que ser feita.

– Achei uma forma muito mais eficaz de tê-la em minha modesta coleção… - Aro sussurrava em meu ouvido, e depois percorria seus dedos pelo meu pescoço.

Ouvi alguns rosnados vindo em nossa direção. Era Jacob. Suas mãos estavam acorrentadas, ele estava de costas para mim. Não contive o desespero diante dos seus ferimentos, Jake havia sido surrado, o sangue escorria por suas costas tingindo o chão de vermelho.

– À propósito… Muito obrigado pelo presentinho! – Aro me soltou e foi em direção a Jacob, virando-o de frente para mim. – Estava mesmo precisando de cães de guarda.

Aro me permitiu chegar próximo de Jacob, mas não pude tocá-lo. Fiquei agachada ao seu lado, por um bom tempo, ouvindo-o gemer.

..................................


Acordei aos berros, e muito suada. Felizmente já havia amanhecido. O relógio ainda marcava seis horas. Charlie entrou no quarto assustado.


– Está tudo bem?


– Sim, foi apenas um pesadelo. – respondi secando as lágrimas em meu rosto.


O dia mal havia começado, mas tudo indicava que não seria um dos meus melhores. A onda de azar, provou ser ainda mais forte do que eu imaginei. Pior de tudo, era ter que encarar que tudo não passava de conseqüências… conseqüências de reiterados erros cometidos por mim.


Charlie levantou da cama, e então foi em direção a janela.


– Sentiu calor durante a noite? – ele me perguntou, indo fechar a janela.


– Não… pelo menos não que eu me lembre. – respondi olhando em sua direção.


Já estava recuperada do susto proporcionada pelo pesadelo, mas não pude me livrar daquelas imagens. A sensação de ver Jake daquele jeito, era horrível. Preferia mil vezes não ter mais o seu amor, do que vê-lo sendo machucado daquele ou de qualquer jeito.

Charlie ainda me olhava, encostado na janela – agora fechada.

– O que foi? Estou bem… foi apenas um pesadelo. – lhe garanti.

– Eu sei, é que faz muito tempo que isso não acontece, só achei estranho. Aconteceu alguma coisa?

– Não. – menti.

– Isso tem alguma coisa haver com Jacob?

– Claro que não, porque teria? – menti mais uma vez…

Era claro que eu estava assim por causa dele. Minha dor, era especificamente ligada a ele… de todas as formas possíveis, e mais intensas agora, que eu tinha certeza de que ele jamais seria capaz de me perdoar.

Mas não podia, e nem queria falar isso para meu pai.

– Tem certeza? – Charlie insistiu.

– Claro que tenho. . Porque Jacob teria algo haver com meus pesadelos? – perguntei, levantando-me da cama.

Aquela conversa parecia não ter fim.

– Talvez pelo fato de ter gritado o nome dele a noite toda, e agora, segundos antes de acordar.

Senti meu rosto pegar fogo. A dor que senti no pesadelo, foi tão intensa, e parecia ser tão verdadeira que era impossível que eu não tenha realmente dado este showzinho noturno.

Virei em direção a porta, já estava me preparando para sair, quando Charlie lançou a bomba.

– Ou talvez estivesse assim, por causa de despedida do Jacob.

– Despedida… - meus lábios mal se moveram, minha voz passou estrangulada.

Tudo estava realmente perdido. Não haveria mais oportunidades…

– Você não estava sabendo? Jacob e Leah estão indo embora para Olympia esta tarde.

Fiquei parada na porta, remoendo as palavras de Charlie, e tentando evitar com que as lágrimas voltassem a cair.

Fui em direção ao guarda-roupa peguei uma toalha e segui em direção ao banheiro, sem dizer uma palavra se quer, e nem poderia, respirar já estava difícil, se eu arriscasse falar qualquer coisa, em questão de segundos estaria desabada em choro.

Senti a água escorrer pelo meu corpo, me sentei no chão da banheira. Mas apesar do que eu imaginei, as lagrimas não vieram, havia apenas um doloroso e indesejado nó na garganta, mas nada de choro.

Custei acreditar, mesmo diante de tantas evidencias, não queria admitir que havia perdido a chance de ser feliz ao lado dele.

Não demorei no banho, me sequei, fui ate meu quarto e peguei um par de roupa. Olhei a pulseira em meu braço, ameacei tirá-la, mas desisti. Iria carregá-la comigo, teria que me acostumar com a única coisa que me possibilitaria de estar próximo do lobo marrom-avermelhado novamente.

Prendi o cabelo em um rabo de cavalo. Fui até a cômoda, e vi jogado aos pés da cama o envelope que recebi de Alice ontem à noite. Não abri… fazia uma leve idéia do conteúdo, e lê-lo só iria me deixar ainda mais para baixo.


Só me restava esperar o inevitável… eu não iria me casar com Edward, e agora, mais do que nunca deveria arrumar uma forma de não colocar a vida de Charlie em perigo.

Desci as escadas divagando sobre minhas possibilidades. Eu teria que dar um rumo em minha vida. Não queria e nem iria voltar para Phoenix, e ficar em Forks já não tinha mais sentido.

Tomei um café preparado por Charlie, que depois de me dar a noticia permaneceu calado, ou eu que acabei me desligando por completo…

Deitei-me no sofá, com o controle nas mãos, trocando os canais sem nem se quer prestar atenção em suas propostas… Ouvi apenas quando ele disse que iria até a casa dos Black´s para o almoço de despedida. Balancei a cabeça automaticamente e observei a porta sendo fechada.


Fiquei ali jogada no sofá, observando a porta sendo fechada atrás dele.


O telefone tocou me fazendo pular do sofá. Olhei irritada na direção da cozinha ameacei ir atendê-lo, mas não estava afim de falar com ninguém, e nem fiquei curiosa em saber quem estava do outro lado da linha. Deitei novamente no sofá, prestando um pouco mais de atenção nas imagens. O telefone prosseguiu persistente…


Levantei-me do sofá, peguei minhas chaves e resolvi sair de casa. Precisava respirar ar puro. Entrei no carro sem ter um lugar especifico em mente. Andei por horas, inconscientemente acabei indo em direção a reserva. Uma caminhada na praia poderia me cair bem.


Ele vai embora. Ele esta apaixonado por Leah… Jacob já me esqueceu.


Era tudo o que eu conseguia pensar. Tentei planejar algo, lugares onde eu poderia recomeçar minha vida, mas era inútil tentar me concentrar em outra coisa que não fosse Jacob.


Eu me odiava profundamente por ter chegado a este ponto. Como eu pude ser tão burra? Quantas vezes eu neguei o que era tão óbvio para o mais distraído ser?! Como eu pude negar que amava Jacob Black? Como eu pude ser tão imbecil?

Estacionei o carro e então desci até a praia. O dia estava completamente nublado, e estava fazendo muito frio. Lembrei que havia deixado o casaco em casa. Apesar de sentir o vento frio chicotear meu corpo, não desisti de caminhar na praia. Ter uma hipotermia me parecia a melhor das minhas opções.

A praia estava deserta. Devido ao clima extremamente rigoroso, nem mesmo os surfistas estavam lá desafiando a própria sorte. Ninguém era tão inconseqüente e burro como eu, deveria ser esse o motivo.

Caminhei por um tempo. Lembrando-me da primeira oportunidade que tive de ser feliz.

Jacob estava bem diante de mim, passando por cima de suas próprias convicções, combatendo seu ódio pelo inimigo… tudo para me ver feliz, tudo para estar ao meu lado.

Era mais fácil quando nós dois éramos humanos… Foi o que ele me disse naquele dia.

Se esse fosse nosso único problema, tudo estaria resolvido. Mas mesmo se fossemos apenas humanos, eu ainda seria a Bella de sempre, cabeça dura e burra. Eu estragaria tudo de novo… e de novo…

Depois de algumas horas caminhando encontrei nosso cantinho. A velha arvore de raízes proeminentes estava lá… Seria a única coisa que permaneceria intacta. Ela e minha pulseira, seriam as únicas provas matérias que garantiriam a veracidade das minhas lembranças.

Sentei no velho tronco caído em frente à enorme árvore, e me recostei nela. Minha mente vagava entre as inúmeras boas lembranças… todas vividas ao lado dele. O sorriso fácil… a forma como me sentia eu mesma ao seu lado. A forma como me sentia viva, apenas de olhar em seus olhos.

Tudo era tão fácil ao seu lado, como segurar a mão dele ou ter seus braços me envolvendo.

Ouvi o barulho de algo estralando, abri os olhos e não acreditei quando o vi ali, parado diante de mim.

Jacob já estava indo, parecia ter se surpreendido com a minha presença. Ele tentou ir, mas era tarde demais, ele já havia partido.

O destino estava dando mais uma chance e eu teria que agarrar essa com unhas e dentes!

– Jake… espere. – minha voz saiu apressada.

Levantei-me rapidamente e fui ao seu encontro.

Ele não parou, ao contrário, apenas apressou os passos.

– Jacob, Por favor!

Ele ameaçou continuar andando. Fiquei furiosa com essa atitude, mas sabia que correr atrás não adiantaria, cada passo que ele dava, eram como se fossem três meus.
– Jake… espere.

Atendendo ao meu chamado, Jake virou-se abruptamente. Desastrada – como sempre- esbarrei em seu corpo. Perdi o equilíbrio, como um reflexo, suas mãos impediram que meu corpo encontrasse o chão. Trocamos um olhar intenso e então ele me soltou.

– Pensei que o lugar estivesse vazio… - disse-me friamente.

Tentei dizer algo, mas não consegui dizer nada.

Jacob impaciente apressou-se em dizer algo.

– Pensei que estaria com sua amiga. Vocês não tinham uma festa para ir?

Perdi o foco ao lembrar da noite anterior. Ainda estava tentando digerir as palavras de Alice, seu tom ameaçador... a lembrança de uma maldita promessa! Irritada com a lembrança, respondi a acusação de Jake de forma hostil.

– Pensei que estivesse de partida. Ansioso para recomeçar a vida ao lado de Leah?
– Então este é assunto tão importante que você tinha para tratar comigo, o meu relacionamento com Leah?

Jake pareceu-me ainda mais insatisfeito.

– Não é sobre este relacionamento que eu queria falar…

– Claro que não. Nada interessa a você, a não ser seus próprios problemas… Mas então Bella… diga, estou aqui agora, bem na sua frente. Surpreenda-me… o que você tinha para me dizer? Do que eu não irei me arrepender?

– Eu só queria dizer que…

– Que o que, Bella? Que está entediada e quer seu tolo “amigo” de volta?O que aconteceu? Edward foi caçar e você está cansada de brincar de casinha com a vidente bizarra?

Jacob esbravejava as palavras, impaciente.

– Eu só queria dizer que… - Não é nada disso… eu só quero dizer que…

Tentei formular uma frase toda, mas Jake não me dava chance sempre impedia ... interrompia…

– Vim dizer que senti a sua falta que…

– Que o que, Bella? Que está entediada e quer seu tolo “amigo” de volta?O que aconteceu? Edward foi caçar e você está cansada de brincar de casinha com a vidente bizarra?

– Sim, estou mesmo entediada… - confessei.

– Sinto não poder ajudá-la, dessa vez terá que se virar sozinha…

Jacob não me dava chance de falar. Ele gritava inúmeras possibilidades de estar querendo vê-lo novamente. E respondia de forma áspera a tudo o que eu dizia.

– Estava tudo dando certo. Tudo estava se encaixando… eu estava conseguindo. Por que? – ele falava sem parar. – Você não deveria estar aqui, pensei que já estava decidido em sua vida, que tudo já havia se encaixado no seu devido lugar…

– Me escuta, por favor?! – pedi
– Eu não entendo porque você é assim, Bella? Porque insisti em bagunçar tudo o que esta dando certo?

Jake continuou.

– Porque você gosta de fazer isso comigo? Porque você simplesmente não segue o seu caminho e me deixa em paz?

– Porque eu não consigo seguir em frente, não consigo porque não sei viver sem você…

Jake pareceu surpreso com minhas palavras, seu semblante raivoso pareceu se iluminar.

– Isso não está certo… não… porque, Bella? Logo agora que tudo parecia ter dado certo? Logo agora que tudo havia se encaixado? Estava tudo dando certo. Tudo estava se encaixando… eu estava conseguindo. Por quê?

Jake não parava de dizer que tudo estava se encaixando, tudo estava dando certo. E eu não para de pensar que isso tinha haver com ela: Leah!

– Você a ama? - As palavras engataram em minha garganta. - É isso que está se encaixando agora, você e ela?

– Não se trata de amar Leah, Bella.

– Me diga se é isso… Se for isso, se você a ama eu juro quero não irei atrapalhar… - não contive as lágrimas. – Quero que apenas que você seja feliz e quero principalmente saber se você não sente mais nada por mim...

Ele aproximou-se de mim. Minhas pernas perderam levemente o equilíbrio, assim que suas mãos caminharam por sua face, secando-me as lágrimas.

– Eu estava enganada…

Sobre o que?

– Sobre Edward… sobre o casamento, sobre tudo… Estava errada principalmente sobre você.

Jacob ficou paralisado. Não disse nada, percebendo que ele permaneceria em silêncio continuei.

– Eu te amo, Jacob. Sempre foi você, eu é que não quis admitir. Eu fui uma burra achando que podia viver sem você, mas não posso… Esses últimos meses em que ficamos afastados, foi um tormento, nada mais fazia sentido, eu só conseguia pensar em você. Era só lembrar do seu rosto, do seu sorriso, que tudo mudava. Meu mundo só tem sentido se tiver você, Jacob. Eu não posso mais cogitar viver sem você… por favor… me diz que ainda me ama e que não irá embora com a Leah. Me diz que ainda sou a sua Bella…

Senti Jacob perder as forças, e as palavras se amontoaram em sua garganta. Havia muito mais brilho em seus olhos, um brilho que pensei não ser mais capaz de presenciar.

– Diz que ainda há tempo, que eu ainda tenho chance de fazer tudo dar certo. – insistiu ela.

Ele permaneceu em silencio, desta vez ele queria ouvir o que eu tinha para falar.

Tentei dizer algo, mas as lágrimas rolaram por minha face. Jacob permaneceu paralisado diante de mim, não disse uma só palavra.

– Me diz alguma coisa… - pedi.

Jacob deu dois passos em minha direção. Sua mão grande e castanha repousou sob o meu queixo. Meu coração acelerou violentamente.

– Você não está brincando comigo novamente?

Suspirei.

– Eu te amo, Jacob. Acredita em mim… nunca estive tão certa assim na minha vida!

Seu lábio inferior foi mordicado. Ele ainda estava hesitante, parecia não querer e não conseguir confiar em mim.

Ficamos nos olhando por um longo momento. A mão dele queimava em minha pele. Meu rosto estava revestido de uma tristeza suplicante – eu queria muito que ele acreditasse em minhas palavras. Eu odiaria ter que dizer adeus à ele, eu não seria capaz de superar mais essa facada em meu peito.

Ele ergueu sua outra mão para passar a ponta dos dedos em meu rosto, descendo-os até meu queixo. Eu podia sentir seus dedos tremerem. Ele colocou a palma em minha bochecha, para que meu rosto ficasse preso entre suas mãos ardentes.

– Você está fria… - ele sussurrou.

Seu hálito doce me inebriou. Balancei a cabeça em afirmação, já havia esquecido que estava com frio. Na verdade, desde que Jacob se aproximou, meu corpo parou de ser chicoteado por ele.

Seus olhos escuros, penetraram nos meus, me mantendo preso a ele. Observei os olhos de Jacob se estreitar, um meigo e singelo sorriso apareceu em seus lábios, deixando-me ainda mais derretida. Não era o meu sorriso, não era o sorriso capaz de contagiar todos a sua volta, mas era o sorriso capaz de iluminar a minha alma, deixar-me sorrindo bobamente. Ele permaneceu em silêncio, parecia anestesiado.

Senti necessidade de declara-me mais uma vez.

– Você estava certo. Sempre foi você e sempre será… Eu te amo, não consigo e não quero mais ter que ficar longe de você. É com você que eu quero ficar, por favor, diz pra mim que não me esqueceu, diz que ainda me ama…

Sustentei seu olhar o máximo que pude, antes de sentir se formar em meus olhos, algumas lágrimas embaçando por completo minha visão. Sem tirar os olhos dos meus, Jacob começou a inclinar a cabeça para mim. Esperei pela união de nossos lábios, sua respiração – intensa – me inebriou completamente, deixando-me ainda mais desejosa por sua boca, eu praticamente podia sentir o doce sabor de seus lábios quentes e carnudos me completando de prazer.

Nossos lábios foram levemente selados, antes, porém, que o beijo pudesse ser concretizado alguém chamou por Jacob.

– Jake…

Contra minha vontade, ele virou-se em direção a voz que parecia ter ficado perdida no barulho das ondas que se quebravam ferozmente na beira da praia.

Ele nem se quer pensou duas vezes, ao vê-la, Jacob sorriu, e foi em sua direção.

Aquela era a pior forme de ser rejeitada. Só agora eu pude compreender o sofrimento que provoquei a ele. Não foram poucas as vezes em que Edward e eu, nos beijamos na frente dele, e maiores ainda foram as vezes em que corri para os seus braços de mármore, depois de ter recebi a melhor declaração de amor de Jake.

Senti uma fenda sendo aberta de baixo dos meus pés, orei para que ela me engolisse e levasse com ela, todos os meus erros… todas as vezes que fui uma completa idiota.

A escolha de Jacob estava bem diante de mim e contra minha vontade, era ela. Leah era a garota perfeita para ele, quanto a isso, não restavam dúvidas. Juntos eles eram mais que perfeitos.

Fiquei plantada, olhando o homem da minha vida se afastar e ir para os braços de outra. Seus passos eram largos, e apressados, mas para mim, pareciam eternos e lentos…


Linda estava linda. Depois que Jake e ela, ataram o namoro, era raridade vê-la vestida desleixadamente. Seus cabelos, agora um pouco longos, eram acariciados pelo vento. Para deixar-me ainda mais em desvantagem, Leah, devido a sua temperatura corporal, vestia um lindo vestido rodado e florido; o qual valorizava as curvas de seu corpo.

Sem delongas, Jake, ao se aproximar, tomou-a nos braços e envolvendo-a em um interminável abraço, fez meu coração estremecer de dor.

Ele sussurrou algo em seu ouvido, fazendo-a sorrir.

Eu não podia, e não queria mais ver nenhuma demonstração de afeto entre eles. Já tinha provado o suficiente do desprezo, por hoje, e pelo resto de minha vida. A vontade dentro de mim, era de lutar com unhas e dentes por ele, mas diante das evidências, preferi deixá-lo ser feliz ao lado de Leah.

Respirei fundo, sequei as lágrimas e caminhei em passos longos – os mais longos e rápidos que minha coordenação precária me permitiram. Jake se afastou de Leah, deu alguns passos em minha direção, mas ela o deteve.

Não pude compreender o que ela falou para ele, mas devido ao olhar que Jake lançou em minha direção, fiquei receosa. E a medida que ela caminhava até mim, minha mente se enchia de questionamentos. O que ela queria falar comigo? Porque Jake não a impedia? Porque ele estava receoso, e porque permitiu?

Travei os passos e esperei que ela viesse até mim, Jacob poderia não me amar mais, mas seria incapaz de deixar que Leah me machucasse…

Esperei que Leah falasse algo, mas como precisava sair logo dali, preferi apressar o inevitável.

– Não se preocupe comigo. – disse tentando encontrar as palavras – Eu já entendi o recado, Jacob é todo seu. Não irei mais tentar interferir.

Tentei sair de sua frente, mas Leah me deteve.

– Você está entendendo tudo errado.

Antes de olhar em seu rosto, vi Jake caminhar em nossa direção apressado.
Então era isso, Leah realmente iria fazer o que sempre teve vontade: me bater.

– Só vim pedir para que você não o faça sofrer novamente. – Meus olhos finalmente voltarem-se para a sua face.

– Não irei, já disse que não pretendo mais atrapalhar vocês. – Tentei soltar o meu braço, mas não consegui.

– Jacob não irá a lugar nenhum. – disse ela, soltando meus braços ao perceber que eu não mais resistia.. – Pelo menos não comigo…

Fiquei sem ter o que dizer, minha cabeça ainda tentava encontrar o significado de suas palavras. Jacob não iria mais embora de La Push? Isso significa… o que exatamente isso queria dizer?

– Mas… eu pensei que você e ele… - não consegui concluir meu pensamento.

Meus pensamentos foram tomados pela esperança que ameaçava reviver.

– Não. Jacob e eu não iremos mais a lugar nenhum, Bella. Por mais que isso me irrite, ele gosta de você. Esta é, na verdade, a prova de que falta algum parafuso na cabeça desse menino. – disse ela apaticamente.

Eu estava me lixando para os bons modos de Leah, o que me importava mesmo, era o significado de suas palavras.

Ele ainda gostava de mim! Sorri por dentro, e senti meu corpo sendo reaquecido a medida que ele se aproximava.

– Vê se não pisa mais na bola. Jacob é paciente, mas até mesmo uma pessoa apaixonada Bella, é capaz de se esgotar. – completou ela, antes de partir.

Fiquei impressionada, surpresa, estática. Não sabia o que fazer, o que dizer. A única coisa que não saia da minha mente, era que Jacob ainda gostava de mim.

Jacob e Leah trocaram um rápido abraço, mas dessa vez não me incomodou. Talvez pelo gosto da vitória.

– Se cuida! – ouvi Jacob dizer a ela.

– Bom, isso serve mais para você… - respondeu ela, olhando friamente para mim.

Meus olhos sustentaram o seu, por um breve momento, e então voltei minha atenção para aquele de onde jamais deveria ter tirado os meus olhos.

Jacob caminhou lentamente em minha direção, e me tomando em seus braços sussurrou em meu ouvido.

– Onde nós estávamos? -

Com um ofegar intenso, uniu nossos lábios. Jacob não demorou muito para corresponder, senti uma de suas mãos caminhar até a base das minhas costas e cravar ali, feito garras. Arfei em seus lábios, derretida pelo sabor de sua boca e extasiada pela sensação maravilhosa deste momento.

Nossas bocas pareciam ter o encaixe perfeito. Jacob não era cuidadoso comigo, e tirava de mim, muito mais do que eu sonhava ser capaz. Senti minhas pernas bambearem quando seus lábios vagaram para o meu pescoço.

– Eu te amo, Bells - Jake sussurrou em meu ouvido.