Perfeito para Você escrita por Thatah


Capítulo 10
Capítulo 10 - INESPERADO


Notas iniciais do capítulo

Meninas... o último capítulo foi Bella revendo o nosso lobão.
E no caminho teve uma surpresa, o que Leah fazia na casa dos Black?!

Era ela sorrindo. Isso já deu para sacar. Mas... o que isso significa?!

Vamos as explicações.

que tal voltarmos alguns meses atrás?!



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“O som aniquila a grande beleza do silencio.” – Charlie Chaplin

“O som aniquila a grande beleza do silencio.” – Charlie Chaplin

Já havia se passado mais de duas semanas, e eu ainda estava correndo. Cansado, porém determinado a me afastar de tudo o que me lembrasse ou trouxesse de volta minhas frustrações.

Jake!Nos escute!

Vamos lá, Jake!

Seja razoável!

Eu forcei a mim mesmo a bloquear as palavras da minha mente – mais uma vez - concentrando-me no ritmo dos meus passos.

Thump-thump, thump-thump, thump-thump, thump-thump

Um-dois, três-quatro, um-dois, tres-quatro


Os meninos não tinham desistido de me fazer voltar. Eles tentavam se comunicar sempre… o que me só me deixava ainda mais irritado.

Quando você vai voltar?

Isso é loucura, já deveria ter se conformado…

Ela me ligou hoje... Está preocupada com você.



Seth tentava de todas as formas, me devolver um pouco do juízo.

Bella preocupada comigo. Há! Ela não tinha esse direito, não depois de ter jogado tudo o que eu fiz por ela, ao vento… como se não fosse nada. Isso só me fazia bufar de raiva.

Pedi que eles me deixassem em paz. Eu não iria voltar! Não adiantava o quanto eles implorassem, eu já não tinha mais razão de viver… Pelo menos, não em La Push, onde cada mínimo detalhe me faria lembrar aquela que eu jamais teria ao meu lado.

Eu tinha consciência de que estava me comportando feito um completo idiota, mas meus sentimentos estavam feridos, meu coração sangrando. Eu tinha direito de extravasar minha dor…


Uma hora você vai ter que amadurecer…

Ela seguiu o caminho dela, siga o seu!


Uivei de raiva novamente. O ódio me consumindo. Mais do que nunca eu odiava essa conexão entre os meninos do bando. Desejar estar sozinho com os próprios sentimentos não era o bastante.

Logo, os indesejados gritos gradualmente foram desaparecendo, até que não restou nada mais do que um ligeiro sopro. Ah, silêncio! Era quase quietude na minha cabeça. Quieto demais. Eu podia me ouvir pensando agora. Mas os mais indesejados pensamentos invadiram minha cabeça: Bells! - e a realidade dos fatos - Ela nunca vai ser minha!

Eu provavelmente até iria ter gostado da distração dos gritos do meu bando comigo em comparação a esses pensamentos mórbidos, mas eu teria que me livrar dos dois. Comandei minhas patas para ir mais rápido, forçando-as a empurrar o chão mais forte, abrindo mais amplamente meu caminho. O vento soou em meus ouvidos e bateu por meus pêlos. Observando cada árvore passando, eu as contei, dando a cada uma foco maior do que completamente necessário.

Um…

Dois…

Três, quatro…

Cinco…


Apenas deixei minhas patas tomarem o controle, deixei meus instintos me dominarem, e logo, eu não era mais um homem. Eu era um lobo. Jacob Black, e tudo o que ele representava tinha que ser deixado para trás.

Todos os outros pensamentos saíram da minha mente. Apenas me concentrei em coisas básicas: meus sentidos. Eu estava com fome, com sede, e cansado, mas não me rendi. Em vez disso, me esforcei ainda mais, passando em meio das árvores e galhos.

Thump-thump, thump-thump.


Eu continuei, forçando minha mente a um estado primitivo. Apenas usei meus sentidos, enquanto diferentes formas, cheiro, sons e toques me alcançavam.

Dei-me ao luxo, de ao menos parar para beber um pouco de água. Isso poderia me ser útil. Forçar tanto o meu corpo parecia uma grande idiotice. Bati as patas em um pedaço de madeira caído na beira do lago e então me aproximei para beber um pouco de água.

Mas então as coisas começaram a se tornar familiar.

Eu considerei rapidamente o local onde eu estava – não era possível! Estava a quilômetros da reserva. Levantei um pouco a cabeça, inspirando o ar com brutalidade, de repente uma rajada de vento soprou um cheiro particularmente concentrado ao meu nariz sensível.

Ah! Merda. Torci para estar delirando, entrando em um universo sombrio e paralelo. Mas não… O cheiro não me deixava enganar, eu reconheceria aquele perfume em qualquer lugar. Afinal venho convivendo com ele – a contra gosto – um bom tempo.

Leah!

O que essa idiota estava fazendo aqui? Como ela me encontro? Como eu não a vi chegando?

Bufei. Novamente, uma invasão de pensamentos, a pior de todas. Não conseguiria ficar sozinho com meus próprios pensamentos nem por um decreto!

Antes que eu soubesse o que estava fazendo, mudei minha direção, levando meu nariz para o local onde o cheiro estava mais concentrado. Meu cérebro estava lutando para acompanhar meus instintos, e meus instintos me diziam para seguir este cheiro. Forcei minhas pernas mais forte do que nunca, e esta nova meta tomou conta da minha mentalidade. Eu não pensei no que poderia acontecer quando eu estivesse lá.

Diminui para um trote quando meus olhos viram a borda da floresta. Contornei uma árvore, o barulho de galhos e folhas secas de espatifando em baixo das minhas patas.

Meus músculos se contraíram… Onde essa idiota estava?

Tão absorto em si mesmo o tempo todo, pensou Leah.

Virei-me para trás, em espanto, Leah pulou em minha direção. Me afastei a tempo de desviar o contato dos nossos corpos.

O que está fazendo aqui? Meus dentes trincaram, um uivo saiu da minha garganta.

Como qualquer um na alcatéia, Leah sabia de tudo. Ela sabia por que eu fugi… Para ficar só. Ela sabia que era só isso que eu queria. Apenas ficar sozinho.

Como você me encontrou?

Respirei fundo. Não importa, só vá embora.

Grunhi e contornei sua forma lupina e debochada bem na minha frente.

Leah era petulante, por mais que eu gritasse, ela iria me impor sua companhia, de qualquer maneira.

Voltei para o rio, escalando alguns troncos emborcados no meio do caminho. O rio não parecia muito fundo, e também não era muito extenso, seria fácil atravessá-lo.

Jacob, acha que isso ainda vai demorar muito? Perguntou Leah. Impaciente. Lamurienta.

Quer dizer. Você já está nessa há quase um mês, lutando para que ao menos seus instintos consigam te deixar tranqüilo, mas o que conseguiu até agora? Nada. Além de dias correndo feito louco… paradas – raras – para se alimentar… Leah veio discursando ao meu encontro. Saltando de um tronco caído a outro. Então, quando isso tudo vai ter um fim?

Eu estava loucamente irritado. Ter que lidar com os pensamentos dos meninos do bando, era ruim, mas nada se comparava a ter um deles bem aqui na minha frente. Ainda mais em se tratando de Leah.

Vasculhei mentalmente o pecado que eu poderia ter cometido, para merecer tal castigo. Devo ter deixado algo passar… Não era possível.

No que isso te diz respeito? Deixa-me em paz, com meus lamentos. Não estou perturbando ninguém, estou?

Ao menos eu não precisava controlar meu gênio. Isso me deixou levemente presunçoso. Agora era fácil, algo que eu fazia naturalmente. A névoa vermelha não banhava meus olhos. O calor não descia aos tremores por minha espinha. Eu já estava em forma de lobo, e ao analisar o tanto que eu havia corrido, estava completamente curado – ao menos fisicamente.

Ai é que você se engana. Há muito mais pessoas envolvidas nesta história do que você imagina… Ela bufou irritada. Já bem próxima a mim…

Não era engraçado, mas isso me fez rir. Ironicamente. Do que esta louca estava falando?

Você fumou alguma coisa? Bateu a cabeça em algum galho, no caminho?


Francamente, garoto – Ela me ignorou, atirando-se esparramada no chão próximo ao lago. – Você não faz idéia de como isso é difícil para mim.

Para você? – Precisei de um minuto para acreditar que ela falava sério. – Você deve ser a pessoa mais egocêntrica do planeta, Leah. Odeio abalar o mundo de sonhos em que você vive… Aquele onde o sol orbita o lugar em que você está… Então não vou lhe dizer que não dou a mínima para o seu problema. Seja lá qual for. Apenas. Vá.
EMBORA.


Coloquei-me de pé, pronto para atravessar o lago e continuar minha caminhada.
Só veja isso de minha perspectiva por um minuto, está bem? – continuou ela como se eu não tivesse dito nada.

Não entendi onde Leah pretendia chegar, sua presença – porém, fazia menos sentido do que essa conversa idiota.

Deixe de ser um idiota, e me escute. – pediu ela.

Se eu fingir ouvir, você promete que volta a La Push? perguntei, olhando o seu olhar zangado.

Não agüento mais te seguir…

E quem pediu para você vir? Não me lembro de ter feito o convite...
Rebati.

Não suporto mais ficar na sua cabeça! Livre-se dela já! Ela vai se casar com aquela coisa, aliás… a uma altura dessas, o casamento já deve ter acontecido. E ele vai transformá-la em um deles. Isso se já não o fez…


Estremeci. Ao perceber que o que eu mais temia, já deveria ter acontecido. Odiei ainda mais Leah por estar ali diante de mim, me trazendo de volta pensamentos com os quais eu não queria mais ter que confrontar.

Hora de seguir em frente, garoto. Pare de sofrer por essa idiota, ela jamais irá reconhecer e nunca lhe dará o devido valor. Leah começou a despejar tudo em cima de mim, me fazendo tremer, o ódio fervendo dentro de mim de forma ainda mais avassaladora.

Cale a boca – eu grunhi.

Seria errado revidar. Eu sabia disso. Eu mordi a língua. Controlei meus pensamentos, forçando minha mente a pensar em qualquer coisa e se distanciar dali.

É bem provável que ele só a mate…

Quando estava controlando de novo, eu a fuzilei com os olhos. Ela me olhava aflita, este pensamento escapou, não era sua intenção.

Não consegui formular nenhuma resposta. Suas palavras cravejaram meu cérebro, arranhando-o, a dor era tão forte que eu mal conseguia respirar.

Minha cabeça curvou-se para trás, um uivo de dor ecoou de minha garganta. Bati as patas contra o tronco onde eu estava, depositando nele, o golpe que queria dar em Leah. Meu corpo curvou-se um pouco, as patas dianteiras pegando impulso.

Jacob espere. Desculpe. Não foi minha intenção… eu não quis...

Seu arrependimento não me pareceu suficiente. Não depois do que ele desencadeou em mim...

Minhas patas encontraram o chão, do outro lado do rio. Comecei a correr desenfreadamente. Louco de ódio, meus pensamentos me torturando, o peito sangrando novamente.

Não estava muito longe. Estava distante o suficiente para ouvir algo se chocando contra a água. Não me lembro muito de ter passado tanto tempo com Leah, mas o pouco tempo que estivesse ao seu lado, não me trazia lembranças de sua fama de nadadora.

Tentei ignorar. Talvez ela só se afogasse… isso lhe serviria de lição. Mas eu não consegui ser indiferente, menos ainda, quando o som de uma cachoeira pode ser captada ao longe. Merda! Leah não cansa de ser fazer besteira?!

La estava eu novamente, prestes a salvar Leah. Perguntei-me a que custo.

Acompanhei seu corpo – ainda em forma lupina – até onde foi possível. Avaliei o lugar em nossa volta. Onde poderia resgatá-la sem muitos estragos. Não havia muitas possibilidades.

Jake… Seus pensamentos estavam se desconectando dos meus. Seria um enorme alívio, se isso não significasse algo ruim - eu estaria contente por me livrar deles.

Pulei no rio, a água escura me cobrindo. Bati as patas na água jogando-me a favor da correnteza, tentei alcançá-la, mas vi seu corpo afundando.

A puxei, Leah já não estava mais em sua forma lupina quando consegui puxá-la do fundo.

- Como vamos sair daqui? – Ela perguntou agoniada, cuspindo a água, tentando evitar que mais um pouco entrasse em sua boca.

A correnteza estava forte demais, por mais que minhas patas tentassem, não conseguia nadar contra ela. A queda seria inevitável. Leah agarrou-se ao meu pelo, puxando-o com força assim que percebeu que o percurso terminaria a menos de dois metros.

Torci para que a queda não fosse muito longa… Senti Leah soltar meu pelo, seu corpo se amolecendo...Forcei meus pensamentos se concentrarem e me devolverem a forma humana, precisaria dela para sair daqui. Consegui segurar Leah antes que encontrássemos o início da cachoeira.

A queda foi menos assombrosa do que eu imaginei. Se Leah estivesse consciente, me garantiria bons risos, mas não era o momento para isso.

A água do rio nos cobriu, mais uma vez. Estávamos no fundo do rio, bati minhas costas em uma pedra, mas evitei que acontecesse o mesmo com Leah.

Assim que cheguei à superfície, tratei de carregá-la até a borda do rio, para a terra firme. Leah não estar inconsciente facilitou as coisas, isso a impediu de se debater, se apavorar ou algo assim. Seu corpo estava mole em meus braços, completamente vulnerável. Há muito tempo não via ela assim, talvez, essa fosse a primeira vez.

Pressionei meus lábios contra os dela, jogando uma lufada de ar para dentro de seus pulmões.

Um. Dois. Três… Outra lufada de ar.

Finalmente Leah colocou para fora o excesso de água. Sua respiração –irregular – voltando gradativamente ao normal. Seus olhos ainda fechados.

Minha mente foi levada ao tempo em que achava Leah bonita, linda para ser mais exato. Seu cabelo – antes – comprido emoldurava seu rosto esplendidamente, destacando seus traços fortes, porém delicados, como de toda garota. Já faz muito tempo. Na época um sorriso lindo, sedutor e cativante era sua marca registrada. Mas desde que ela passou a fazer parte do bando, fomos obrigados – para o nosso próprio bem – a afogar no mar do esquecimento, qualquer que fossem as “boas impressões” causadas por ela, sem contar, que seu rancor e sua nova máscara -–sempre carrancuda – era uma boa contribuição.

- Jake? – Leah abriu os olhos.

Afastei-me instintivamente, pois quando a olhei, foi o rosto de Bella que vi. Seus lábios recheados pelo frio, seus cabelos molhados e seu corpo frágil – como no dia em que a tirei do mar, depois de sua “aventura” no penhasco.

- O que acha que está fazendo, Leah? – Ataquei, na defensiva.

Aquilo estava começando a ficar estranho.

Ela bufou um suspiro pesado, compreendendo perfeitamente onde eu queria chegar.

- É bem óbvio, não é? Estou tentando fazê-lo voltar para casa. – Ela ladrou uma risada baixa, mas me pareceu que havia muito mais naquela história, do que ela realmente se permitiu contar.

- É, e quase conseguiu. Por um instante cheguei a pensar que voltaria com você em um cachão. – Completei, ajeitando-me para longe dela.

- Ei, eu sou a dona do sarcasmo. E não te dei permissão para usá-lo. – Ela rebateu, olhando para cima e respirando fundo.

Leah colocou-se de pé - de costas para mim – caminhou até a outra extremidade do riu, vasculhando, até finalmente para em frente a algumas roupas. Provavelmente as que Leah amarrou em sua pata, antes de vir para cá.

Tentei não olhar, mas meus olhos eram conectados sempre que Leah se movimentava. Respirei fundo, e olhei para frente, para onde o riu seguia o seu curso tranquilamente. O lugar onde estávamos,era lindo, digno de ser apreciado, principalmente em momentos como este, onde qualquer distração se fazia eficiente.

O que estava acontecendo, eu já tinha visto Leah nua – algumas vezes, tudo bem, que era sempre segundos antes dela voltar para sua forma lupina- ou vise versa. Mas ainda que fossem rápidos, não me parecia merecedores de contemplação. Não poderia ser!

- Deve estar aqui em algum lugar. – Ela disse, cortando minha concentração, meus olhos voltaram a fitá-la “discretamente”.

Leah já havia encontrado sua bermuda, mas a parte de cima continuava desaparecida.

Aff… Soltei o ar com força dos meus pulmões. Minha forma lupina era a melhor opção. Instintivamente, acompanhei seus movimentos tentando me concentrar em algo, mas estava difícil não passar vez por outra, os olhos em seu corpo.

Ela se verteu estranhamente, como se estivesse eriçada – desconfortada pela invasão, assim que encontrou meu olhar desprevenido.

Em geral, eu tentava me desligar de Leah, e jamais tentava encontrar sentido nela, quem dirá olhá-la com outros olhos.

- Perdeu alguma coisa? – perguntou ela, jogando algo em minha direção.

Levei meio segundo para perceber que era uma bermuda. Leah, estava mesmo certa de que iria me encontrar, veio preparada para isso.

Caminhei para longe dela, grunhindo e levemente envergonhado. Eu não estava olhando-a, pelo menos, não com intenções. Era apenas… Difícil desviar o olhar quando seu corpo nu, estava exposto bem ali, na minha frente, por tanto tempo.

Pensei um pouco. Quais eram minhas opções. Leah não iria embora, por mais rude que eu pudesse ser, ela continuaria ali. Eu já estava cansado de correr, isso definitivamente não adiantou nada. A ferida não estava cicatrizada, o problema longe de ser resolvido, então qual o sentido de fugir? Eu não consegui resolver estando em La Push, longe de lá também não… Era ruim ter que aceitar, mas voltar, ainda que fosse ruim, era a melhor das minhas opções.

Ou talvez, eu conseguisse me livrar de Leah. Preparei-me para correr – novamente – em minha forma lupina, mas eu estava “relaxado” demais, para que fosse novamente consumido pelos tremores. Não que eu não tivesse, motivo o suficiente para desencadeá-los, o fato é que simplesmente, não consegui me transformar.

- Tome o tempo que quiser… - Leah apareceu sentada no tronco de uma árvore, próximo a mim. Ela parecia ter lido meus pensamentos.

Ainda não tinha vestido a bermuda, contemplando mentalmente minhas possibilidades que abaram de se desvendar pouco favoráveis com a presença de Leah. Bufei de raiva, e vesti a bermuda, com certa rapidez. Leah como sempre, não pareceu se importar com minha nudez, talvez já estivesse acostumada, depois de nos ver assim, tantas vezes.

Repreendi pensamentos estranhos e completamente inoportunos que sobrevieram à mente.

- E então? – perguntei, recostando-me no tronco de uma árvore atrás de mim. – Qual seu plano?

- Não tenho plano nenhum? – Leah disse na defensiva. – Só vim aqui tentar colocar um pouco de juízo nessa sua cabeça. Você precisa parar um pouco de se lamentar, por aquilo que já não tem mais chance…

- Nossa, cheguei definitivamente ao fundo do poço. – Rebati. Não queria levar um “sermão” de como agir, logo de Leah. Não, minha cabeça não iria agüentar. – Logo você irá me dizer pó que fazer? Tenha dó… - debochei.

- O que? – Leah me fuzilou com os olhos.

- É. Estou recebendo conselhos de “Esqueça isso… siga em frente. Tudo está perdido. Ela seguiu o caminho dela, fez uma escolha. Faça o mesmo…” – Imitei a voz de Leah debochadamente. – O que te faz pensar que seguiria seu conselho? Logo você que vive se lamentando pelo Sam, fazendo o bando inteiro se lamentar por ele? Você não acha que Emily já tem preocupação demais, com essa sua fixação por Sam, sem que tenha que se preocupar com nós morrendo de amores por ele?

Cuspi as palavras para ela. Se ela queria guerra, então ela teria. E eu tinha as armas necessárias para fazer suas feridas sangrar, como ela estava fazendo com as minhas.


Leah colocou-se de pé, seu corpo tremeu como se ela tivesse sido chicoteada. Joguei sal na ferida…

- Idiota. – Seu olhar era pura fúria. Cheguei a pensar que Leah me atacaria fisicamente. – Se não quer seguir meu conselho, então siga o seu próprio conselho… - rebateu ela, tive a sensação de que ela estava disposta a vencer.

- Que conselho? Do que diabos você está falando? – perguntei, perdido.

Leah colocou-se de pé. – Conexão de pensamentos é realmente uma merda. – Ela revirou os olhos, mas a fúria de antes, pareceu se desencadear, se transformar em uma arma muito mais letal de possíveis escoriações físicas. – Só estou achando você muito irresponsável… - ela começou.

- Irresponsável, eu? – perguntei, mas logo ela me interrompeu, antes que eu pudesse concluir que ela estava louca.

“De acordo com você, só beijou uma pessoa. E quando fecha os olhos… só consegue vê-la, só existe ela.” – Leah arqueava os dedos, como se estivesse citando, e eu já tinha me dado conta do que – Leah estava utilizando-se das minhas próprias palavras.

Remexi-me inquieto, um nó se formou em minha garganta. Leah continuou citando.

“Esta encerrando suas buscas? Como sabe que é isso que você quer? Não devia experimentar um pouco?” – Ela manteve a voz fria, e debochada.

Engoli seco, não tinha palavras. Fiquei tentando desviar-me, mas seria impossível escapar desse soco – invisível - na cara.

“Não vai fazer mal verificar mais” – Leah completou em um sorriso de vitória.

Aquilo já era demais. É obvio que nunca havia pensado nisso, como disse a Bella, eu só tinha olhos para ela. E como ser diferente, quando cada parte de mim, a desejava de uma forma irracional e intensa. Eu não conseguia combater o desejo de Bells, dentro de mim, não havia espaço para mais ninguém, só existia ela.

Trinquei meus dentes, quase fui capaz de imaginar minha mandíbula se quebrando. Dei um soco na arvore, quando percebi que não adiantava me lamentar. Bella não seria minha, eu nunca teria mais do que aquele beijo, que ainda ardia em meus lábios, como se a boca de Bella ainda estivesse pressionada neles. Eu podia sentir o doce aroma de sua pele, o palpitar do seu coração, ouvir o seu suspiro. A sua entrega… o gosto inebriante de seus lábios.

O que faltou? Por que Bella, voltou atrás? Havia intensidade naquele beijo, tanto amor, quanto eu sentia por ela. Ela correspondia, me amava também, e isso é o que mais me matava.

- O que afinal de contas você quer, Leah? – Voltei meus olhos, lagrimejados para sua direção E caminhei em sua direção. Leah colocou-se de pé, e me encarou. – Está contente em me fazer reviver tudo de novo? Eu quero ficar sozinho, mas vocês não me deixaram esta opção. Fugi para não ter que vê-los se compadecendo do meu sofrimento, e quando eu penso que consigo, aqui está você. A senhora amargura veio me socorrer… Por quê? O que você quer de mim? Não consegue sofrer sozinha? Gosta de ver os outros sofrendo também? Vá embora. Siga este conselho também, porque até onde eu sei você não esta fazendo diferente…

Eu estava próximo de Leah, me segurando para não acertá-la. Apesar de não parecer, Leah era uma garota, não se comportava como uma, mas deveria ser poupada de embates físicos, feito uma mulher.

- Estou tentando… - Ela sussurrou.

- Tente mais… - rebati. – Vá em busca de algo… e me deixe em paz.

- Eu quero ficar com você… - Ela disse encarando-me de um jeito que nunca tinha visto Leah fazer. – Quero seguir meu próprio conselho, e acho que poderia fazer com quem esta passando pelo mesmo que eu… - Sua voz ficou frágil, pela primeira vez Leah estava baixando a guarda.

Suas palavras me pegaram de surpresa. Não acreditei no que Leah estava me propondo. Se é que ela realmente estava me propondo algo. Eu ouvi bem ou estava delirando? O que está acontecendo aqui?

- Eu amo a Bella! – Sussurrei.

A frase saiu rasgando minha garganta. Sim. Eu amava Bella, e cada parte de mim parecia ter consciência de que não seria capaz de amar outra, mesmo que eu tentasse, no final, só seria a Bella, ela era a escolhida, senti meu destino ser traçado ao dela, sem outra forma de escapar.

Mas Bella não queria esse amor.

- Eu amo o Sam… - Leah rebateu – E no entanto sei que ele jamais será meu… - Sua voz, era profunda e latejante amargura.

Aquela era uma dor que eu conhecia. Sabia o quão ruim era ter que conviver com ela. Mas o que Leah estava propondo era loucura…

- Isso nunca vai dar certo…

- Como você pode saber? – Leah insistiu.

- Eu nunca amarei você…

- Não estou pedindo que me ame. – Ela sorriu – E também acho pouco provável que ame alguém que não seja Sam… - sua voz, era um sussurro rancoroso, e extremamente triste.

- Qual o propósito então? Passar o tempo? Isso não me soa muito bem…

Dessa vez ela não respondeu. Fitou o chão. Não havia resposta para isto. Era simplesmente loucura!

O silêncio, antes desejado, agora era desconcertante. Eu queria uma resposta, mas tive receio do que poderia obter com ela. Onde isso nos levaria? O que isso significaria?

- Quero ter a chance de recomeçar… - Ela retomou a fala. – E não vejo ninguém com que eu me dê melhor do que com você… - Ela completou.

- Quão triste são suas opções… - tentei quebrar o clima estranho e desconhecido entre agente.

- Ao menos estou em busca de uma… - rebateu ela, com uma seriedade que eu não pretendia ver.

- Sam me mataria… - Apelei.

- Por quê? Ele não tem direito. Na verdade, ele perdeu qualquer direito no dia em que colocou seus olhos em Emily… - Seus olhos se encheram de lágrimas.

Eu tinha virado uma espécie de confidente? Aquela melancolia toda de Leah estava me deixando louco. Eu queria Vê-la feroz de novo, sem essa fragilidade toda. Onde estava a carranca de Leah?

- Ele não teve escolha Leah, você sabe perfeitamente disso. Emily é o imprinting dele. Sam queria poder mudar as coisas, mas não pode…

Tentei amenizar as coisas, mesmo sabendo que seria inútil.

- Isso melhora alguma coisa? Acho que isso é o tipo de consolo que se pode dar, a alguém que foi magoada, trocada por outra? – Leah ficou amarga novamente. – Isso não melhora nada. E ouvir isso, é tão ruim quanto saber que ele escolheu seu próprio destino… - Sabia bem a quem Leah se referia. – De qualquer forma não sou a escolha dele… Não sou eu, parte de sua felicidade!


- Eu definitivamente não vejo como isso possa dar certo… - Estava disposto a encerrar a conversa. Aquilo estava causando uma confusão dos diabos dentro de mim… e confusão era tudo o que não precisava neste momento.

- Talvez isso ajude…

Leah estava próximo a mim – novamente, suas mãos seguras, firmes em meu rosto. Tentei me afastar, Leah apertou-se contra meu corpo, suas mãos cravadas na raiz do meu cabelo.

- Só tente… - sussurrou ela, e então encostou seus lábios nos meus.

Foi difícil ficar confortável com esta situação um tanto quanto inesperada.

Minha mente não deixava a imagem de Bella, seus lábios… seus lindos olhos e cabelos castanhos. Era ela que eu queria, e, no entanto, era ela quem eu jamais teria. Era ela que eu amava…

O rosto cristalizado da nova criatura, a nova forma que Bella possivelmente já teria assumido, trouxe uma explosão de sentimentos em mim.

Eu queria ser feliz. Merecia a felicidade! Seria melhor se fosse com ela, meu coração estaria mais extasiado se fosse com ela… Mas, com os lábios de Leah pressionando-se contra os meus, senti-me, pela primeira vez, apto a tentar…

Meus lábios demoraram, mas logo cederam a insistência e determinação dos lábios de Leah. Eu a tomei em meus braços, com força, Leah não se importou. Nosso ritmo era absurdamente brusco no início, logo pegamos o jeito.

Aquela sensação era nova. Os lábios de Leah eram macios, doces, envolventes… experientes. O beijo era bom,de uma forma perturbadoramente boa. Beijar Leah não foi como beijar Bella, não tinha como comparar, um beijo onde havia amor, desejo... e a mais pura vontade de que tudo dê certo.

Beijar Leah, não foi tão ruim, como eu poderia imaginar que fosse. Mas ainda era estranho!

Foi um longo, gostoso, e inquietante processo. Quando nossos lábios se desgrudaram, ambos estávamos arfando. Desconcertados.

- Isso é errado… - sussurrei, tentando normalizar a respiração.

O sabor dos lábios de Leah ainda estava em minha boca.…


Ficamos em silencio. Leah pareceu tão desconfortável quanto eu. Ela me olhou, sorriu, meio envergonhada e se afastou…

Acompanhei seus movimentos… ela foi em direção ao rio e parou. Os olhos fitando o horizonte, não consegui ler sua expressão.

O vento batia em seu cabelo curto, acariciando-o. Ora trazendo, ora tirando os fios de sua face. Ela cruzou os braços, sem nunca tirar os olhos do horizonte.

Aproximei-me dela e então sentei no chão ao seu lado. Peguei algumas pedras em minha mão e comecei a tacá-las no rio. O momento merecia muita reflexão. Não seria fácil aceitar que isso pudesse dar certo, mesmo depois desse beijo. Ainda tinha minhas duvidas. Ambos estávamos magoados, ambos éramos “rejeitados”, nós como ninguém, conhecíamos a dor um do outro.


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Notas finais do capítulo

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