até o Sol se Pôr. escrita por Julyana


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem!
Desculpem a demora em postar também, mas esse foi o capítulo mais difícil de escrever da história até agora *---*



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Eu já sabia que sua cor favorita era azul, que se lhe perguntassem um número de zero a dez ele responderia sete, que havia crescido correndo pelos campos da Escócia, sabia que ele não gostava de doces [embora eu sempre o fizesse comer, nem que fosse um pouquinho], que a relação que ele mantinha com a família da Lívia era mínima por terem formas de viver e valores diferentes e sabia também que ele era rico.

Rico e louco o suficiente para, no nosso aniversário de seis meses, ter me dado um lindo pingente em forma de coração azul. O fato chocante foi que no dia seguinte Lívia estava me olhando com puro ódio e gritando para toda a escola que Sirius não poderia ter me dado a herança de uma avó deles: um diamante azul em forma de coração.

Isso foi a quase dois dias. Hoje sei que o pai de Sirius é dono de uma rede de empresas que adquirem e vendem obras de arte, com sua sede na Escócia e que são passadas de pai para filho na família deles desde a batalha da independência escocesa, época na qual a empresa foi fundada com o intuito de proteger dos ingleses as obras de arte existentes em poder dos escoceses.

Diferente do que a maioria das pessoas possa imaginar eu não reagi bem a essa revelação. Não vou dizer que ter um namorado rico não seja um sonho de toda adolescente, mas eu me magoei por ele não ter me contato tudo isso logo no inicio. E agora, graças a minha sessão “fiquei chateada por você não ter me contado” estou eu, no dia do nosso aniversário de seis meses, brigada com o homem que eu amo...

Não havia porque negar. A dor que dilacerava meu peito ao imaginar o porquê dele não ter me contado era grande demais para que fosse um sentimento superficial. Nesses meses juntos eu aprendi tanto com e sobre ele! Seu sorriso me encantava, seu olhar me envolvia e qualquer comentário sobre ele fazia meu coração disparar.

Eu o amava mais do que achava ser possível um ser amar outro. Era um sentimento tão grande que só podia existir se fosse compartilhado. Com essa certeza crescendo em meu coração em um impulso peguei o telefone e disquei o número já conhecido por meus dedos... Um, dos, três toques e finalmente ele atendeu:

- Alô? – sua voz, sempre tão forte e sonora, soava fraca e desanimada no fone.

- Sou eu Sirius. – tentei deixar minha voz o mais imparcial possível, mas o tom emocionado era perceptível quando continuei - ... Me perdoa?

Não havia nada mais que eu pudesse falar. Eu havia iniciado a briga por algo que ele não tinha domínio e me mantido afastada dele nesse dia tão especial para nós dois. Nunca antes havíamos passado um aniversário separados. Que eu podia fazer se ele não havia me contado? Se eu não havia ligado para o show que Lívia deu quando viu o pingente e havia achado que ela era louca? Afinal, mesmo que fosse um diamante, ainda era a herança da avó dele.

Minha respiração estava rápida e superficial enquanto esperava por alguma resposta.

- Não há pelo que me pedir perdão. Se você errou eu também errei. E...  – sua respiração estava audível enquanto ele hesitava em falar. – Já que essa conversa começou acho que é melhor que continue.

Meu coração disparou com essa frase dele. O que ele queria dizer? O que nós teríamos para conversar que tivesse surgido por essa discussão? Um arrepio gélido varava minha espinha quando reuni coragem o suficiente para perguntar isso a ele:

- E exatamente em que posto essa conversa deve continuar? – minhas mãos tremiam e eu fazia um esforço sobre-humano para que minha voz não falhasse ou revelasse as lágrimas que já corriam livremente por meu rosto.

- No ponto que explica o porquê de eu não haver contado isso antes e o que vai, ou não, acontecer – a voz de Sirius transmitia tanto cansaço que me senti culpada por minhas lágrimas. O que quer que houvesse acontecido não era culpa dele. Fora eu quem começara a briga e agora podia ver o mal que lhe causara. Mas que eu podia fazer também? Não se pode adiar esse tipo de conversa para sempre. Até o paraíso tem seu caminho de volta e nós já nos havíamos outorgado seis meses...

- E... – não consegui controlar o tremor em minha voz ao iniciar essa frase – Quando essa conversa vai acontecer?

Sua hesitação era quase palpável enquanto demorava a me responder. Nesse momento minha curiosidade já havia se acendido. Afinal ele me contaria porque manteve esse segredo de mim por tanto tempo. Era isso que eu queria... Não era?

- Podemos nos encontrar daqui a meia hora no lago? – contive um suspiro quando ouvi sua pergunta. Nosso primeiro encontro havia sido no lago. Fora lá que ele me beijara pela primeira vez, o lugar onde me pedira em namoro. Meu coração batia acelerado quando lhe respondi:

- Sim Sirius. – não havia lugar para hesitação agora. Essa podia ser uma conversa difícil e dolorosa, mas era necessária e aguardada. – Nos vemos no lago em meia hora.

- Tha gra-dh agam ort... * – ele sussurrou enquanto desligava o telefone. Eu já ouvira aquele idioma outras vezes. Sirius havia dito algo em seu idioma natal mais o que teria sido?

Com essas e outras tantas dúvidas em minha mente fui falar com minha família que iria sair. Eu deveria estar mesmo muito mal, pois eles não reclamaram ao deixarem-me sair quase ao anoitecer, deveriam ser por volta das 05h30min – 06h00min.

Eu sabia que essa conversa seria difícil e possivelmente dolorosa mais eu só sairia dela sabendo todas as respostas que me faltavam. Porque ele havia escondido de mim que o pai era rico? Porque havia me dado o coração que herdara da avó se sabia que ele seria o estopim para que Lívia explodisse e me levasse a questioná-lo? E o que ele tinha de tão mais sério que tudo isso para me dizer?

Essas e outras perguntas serão respondidas no próximo capítulo! [frase de final de desenho animado, mas eu não pude resistir ;P



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Notas finais do capítulo

'Tha gra-dh agam ort' significa 'eu te amo' em Gaélico-Escocês, o idioma original da Escócia. Embora atualmente se fale muito o Inglês lá eu achei que ficaria mais fiel ao personagem se ele fosse fluente em Gaélico-Escôces por ser a língua mátria e por ele e a família dele terem tanto orgulho da nacionalidade achei que todos falariam seu próprio idioma e não um exportado pela massa.



E ai pessoal? O que vocês acharam?
Para mim esse foi, como eu disse, o capítulo mais difícil de escrever porque eu tive que explicar o que e como as coisas se sucederam para que eles chegassem a conversa deradeira...
Não esqueçam de comentar!!! *---*