Tocando todo seu corpo

Sem deixá-la fugir

Eu serei chuva

De súbito a cair.

Exaltando o perfume

De terra molhada

Serei garoa,

Serei orvalho.

Escorrendo em sua face

Como pranto...

Tocando seus lábios,

Sua pele branca.

Serei chuva

E dançarás em meu baile

Em meu choque continuo

Contra o chão;

Serei vento

E névoa

Maravilhando sua visão.

Banharei seus cabelos,

Suas vestes;

Fazê-la sorrir a correr

Em meus braços;

Virei na tarde, manhã,

Na noite. De inesperado.

Enquanto eu for presságio

Nuvem trovejando, carregada

Enquanto eu for clarão no escuro

Imploro que paciente, me aguarda.

Não me deixe para trás,

Não se esconda de mim!

Uma só vez te tocar

Antes de parar, de meu fim.

Dance em minha sombra

No cessar de grilos e aves cantando;

Pule, grite, cante!

Em mim...

Quero senti-la

E que me sinta.

Se com fúria

Serei bravura de heróis,

Funeral de anjos

Que partem de volta a morada;

Mas não se assuste, serei tormenta

E tempestade!

Serei um abraço frio

Molhado em teu suor...

Apaziguando teu fardo

Abafando lamúrias;

Serei amor... Na forma de chuva.