Quando eu abri os olhos, eu estava nos braços do Austin, que estava com a pele machucada com vários cortes que iam cicatrizando bem rápido, diante dos meus olhos. Ele corria comigo nos braços, com sua camiseta verde toda rasgada. Seus olhos cor de mel estavam cansados e preocupados. Ele ainda não tinha visto que eu tinha aberto os olhos. Eu estava confusa demais pra falar. Nós entramos em um lugar que eu reconheci como sendo o saguão do hotel e fomos até o meu quarto. A minha perna ainda dói demais. Ele me colocou na minha cama e então viu que eu estava com os olhos abertos.

-Ruby! - Ele pegou meu rosto gentilmente entre as mãos e me olhou, beijou minhas duas bochechas. -Você me assustou, por um momento eu pensei que... Ah meus deuses! Espera, deixa eu te ajudar com esse corte na perna. - Ele disse olhando fixamente pro corte, pegando gaze e néctar dos deuses. -Ruby, isso vai doer um pouco... Talvez mais que um pouco.

-Tudo bem... - Ele colocou o néctar em um algodão e passou pela superfície do corte, tentando ser gentil. Estava doendo e ardendo MUITO, mas eu não iria falar. Apenas mordi meu lábio inferior enquanto ele limpava o corte com néctar.

-Esse monstro quase quebrou sua perna com aquela droga daquela faca! Olha isso! Aquele monstro... - Ele jogou um pouco néctar vagarosamente por cima do corte agora. Ele ardeu como fogo no começo, mas em alguns segundos, nem doía mais. Ele enfaixou o local com gaze com muito cuidado e depois de enfaixar, ele olhou pra mim. Eu devia estar horrível. -Está doendo?

-Não mais... - Ele me deu um pedaço de ambrósia e eu comi rapidamente. Ele sorriu pra mim, menos preocupado.

-Ruby, você é muito forte.

-Eu não, se eu fosse forte eu estaria lá lutando com o monstro ajudando meu irmão, Annabeth e Nico. - Eu disse suspirando e olhando pra baixo. Ele se sentou na cama, perto de mim.

-Seu irmão não precisou de muita ajuda. - Eu olhei pra ele.

-Ele matou aquela coisa?! - Ele assentiu.

-Você foi a que mais se machucou nesse ataque, não se preocupe, todos estão bem.

-Obrigada por me salvar.

-Não agradeça, eu queria poder fazer mais...

-Você já fez demais por mim. - Ele sorriu de lado. Seu sorriso estava cansado, não tão brilhante quanto antes. -E... Eu tenho que te falar uma coisa.

-Pode falar. - Ele disse acariciando o meu rosto.

-É sobre o que eu sinto por você, sabe... Hoje, depois que eu quase morri, pensei que talvez eu devesse falar. - O sorriso dele ficou maior, os olhos brilhantes, esperando que eu continuasse. -Eu amo você, e tudo bem se você não me ama, mas eu queria que soubesse que eu te amo... - Eu corei completamente e olhei pra baixo.

-Eu até falaria o que eu sinto, mas como eu não sou bom com palavras... Talvez eu posso te mostrar. - Ele sorriu e me beijou apaixonadamente e com cuidado, ao mesmo tempo, como se eu fosse quebrar. Eu sentia o calor e energia do sol irradiando dele. Ele me segurou bem perto de si enquanto ainda me beijava profundamente. Eu enrosquei os meus braços em volta do pescoço dele e ele estava com uma das mãos nas minhas costas, me segurando perto dele e a outra mão na parte de trás do meu pescoço, ele estava me segurando gentilmente. Ele só interrompeu o beijo quando ambos estávamos sem ar. Ele vez uma trilha de beijos vagarosamente pelo meu pescoço, aquilo me fez estremecer. -Você é linda, Ruby Menninger. Eu também te amo. - Agora ele parou de beijar o meu pescoço e olhava pra mim, com seu grande sorriso, tão grande e tão brilhante quanto eu nunca tinha visto antes. Eu também estava sorrindo.

-E-Eu... Hã... Um garoto como você? Um filho de Apolo gosta de mim?

-Quem não gostaria? Até o próprio Apolo gostaria de você, Ruby.

-Não difame seu pai desse jeito. - Ele riu.

-Eu pensei que nunca notaria o que eu sentia por você.

-E como eu notaria?

-Eu estava dando na cara. Todos os meus irmãos e irmãs do chalé e os filhos de Afrodite estavam me perturbando por causa disso.

-Eu pensei que você me tratasse como trata as outras garotas...

-Ai, bendita fama do meu pai... Pode não parecer, mas eu não sou muito de falar o que sinto. Não sou bom com palavras... - Eu senti uma dorzinha na perna e coloquei minha mão na perna por impulso. Ele entendeu que eu estava sentindo dor. -Você tem que descansar agora...

-De novo? Gente, eu só durmo nessa missão. Que ótima líder eu sou. - Eu disse suspirando. Ele riu.

-Sua perna vai melhorar... - Ele se levantou e colocou a mão na minha perna. Falou algumas palavras em grego, pedindo a ajuda de Apolo. Senti uma leve força irradiar em mim, minha perna estava bem melhor, eu poderia dizer que estava curada. -Não se levante. - Ele disse como se estivesse lendo meus pensamentos. -Sei que você se sente forte e curada e coisa e tal... Mas não está. Amanhã sua perna vai estar totalmente curada, ou pelo menos quase. - Ele sorriu pra mim. Então ele agradeceu o pai dele por me ajudar. Ele foi até mim e deu um beijo em meus lábios que eu devolvi com muito gosto. Eu sorri pra ele. -Te vejo amanhã, durma bem e ve se descansa mesmo, não se preocupe com os outros. Te amo. - E com essas palavras, ele saiu e me deixou suspirando que nem uma idiota lá. Aquele foi o melhor beijo do mundo... Eu só podia estar sonhando. Ou tendo alucinações. Ainda assim, gostava disso.

Então eu senti uma presença no quarto e um vento gelado entrando pela janela.

-Nico. - Eu disse sorrindo e ele olhou pra mim.

-Ruby, você está bem? - Ele veio até mim rapidamente e olhou pra minha perna, assustado.

-Foi só um corte, Nico. - Ele balançou a cabeça.

-Eu não sei o que tinha naquela faca, mas quando ela entrou na sua perna, ela não só cortou sua pele, ela estava sugando sua vida, por um minuto eu... Eu vi você morta. - Talvez aquilo fosse mais sério do que parecia.

-Eu quase fui visitar o titio Hades então? - Eu ri.

-Não faça piada sobre isso, Ruby. Eu estava tão preocupado... - Ele me olhou com a dor da tristeza nos olhos.

-Eu estou bem, sério. - Eu sorri pra ele. Ele se aproximou de mim e beijou minha testa, sussurrando algumas palavras em grego que eu demorei pra entender o que queriam dizer.

Uma vez ele me contou que desde que ele tinha convencido Hades a ajudar a salvar o Olimpo e todos os deuses estavam elogiando e tratando Hades melhor, Hades falou que ele tinha direito a um desejo grande. Ele disse ao pai que não sabia o que pedir, mas quando soubesse, pediria. Ali estava ele, desperdiçando o desejo dele comigo.

-Pai, você me prometeu um desejo, me prometeu pelo rio Styx. Aqui estou eu, pra te pedir a única coisa que eu quero. Quero que dê sua benção e proteção pra Ruby. Se ela morresse, mesmo que eu parecesse vivo, estaria morto por dentro. Por favor, me ouça, pai. - Nico disse em grego. Eu estremeci, sentindo um ar frio e ao mesmo tempo reconfortante passando por todo meu corpo. Me senti protegida, me senti... A princesa do submundo. Senti que tinha poder. É claro que eu não tinha, mas eu me sentia bem com isso. Essa era a benção de Hades. Nico olhou pra mim.

-Nico, você não devia ter desperdiçado seu único desejo comigo.

-Eu não preciso de mais nada, desde que você permaneça viva. E agora... Eu vou sair e te deixar descasar. - Ele beijou minha testa novamente e demorou o máximo que pôde pra tirar seus doces lábios gelados da minha testa. Então outro vento gelado veio, e ele se foi pela janela que tinha entrado.

"...Pela união de dois deuses rivais irão as dificuldades superar"

Essa parte da profecia veio a minha mente e eu pensei... Nico e Austin não se gostavam. Tinham todas as razões possíveis pra isso. Seus pais também não se gostavam... Essa era a união dos dois deuses rivais? Sim, essa É a união dos dois deuses rivais, falou uma voz no fundo da minha mente. Pelo menos, eu tinha certeza de alguma coisa agora.