Sweetest Ocean escrita por dust-box


Capítulo 3
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Notas iniciais do capítulo

Hm, antes de postar eu fiz umas pequenas mudanças no chap, mas aí está~ Boa leitura. :3



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POV : Sou.


     Correndo contra o tempo, como sempre. Isso não é uma novidade, é?

    – Mãe, to saindo! – me despedi enquanto fechava a porta do apartamento. Estava cerca de 20 minutos atrasado, e eu não deveria perder um minuto sequer.

   Hoje não teríamos aula, já que era domingo. Então, decidimos sair nós quatro, a fim de mostrar a cidade para Ryosuke. Imagino que todos eles devem estar com muita vontade de me matar enquanto esperam no local combinado. Eu prometi a mim mesmo que não iria atrasar mais, porém é impressionante como sempre tem algo para me atrapalhar.

   Já estava chegando ao lugar onde marcamos de se encontrar quando meu celular tocou.

   – Oi? – atendi andando apressadamente pela rua, tomando cuidado para não esbarrar em ninguém.

   Sou, aqui é o Ban. Peguei o celular da minha mãe pra poder te ligar, acho que perdi o meu... Enfim, vou me atrasar muito. – deu ênfase no “muito”, onde tive a certeza que Ban chegaria algumas horas depois. Sempre é assim quando ele vinha com esse papo. – Liguei para Ryuto avisando, mas ele disse que não iria porque a família inteira do pai dele está na casa dele, e não vai poder sair. Ele me pediu que eu lhe avisasse, e que depois te ligava, ok?

   – Que pena, mas... Tudo bem então. Até logo. – desliguei o celular, sentindo um nervosismo tomar conta de mim. Seria apenas eu e Ryosuke, no fim das contas.

   Ao dobrar a esquina, encontrei Ryosuke em pé olhando algumas vitrines de uma loja vizinha, parecendo totalmente distraído.

   – Ei Ryosuke! – corri até onde ele estava, vendo-o sorrir quando me viu. – Me desculpe pelo atraso, tive imprevistos e...

   – Tudo bem, eu cheguei faz pouco tempo também. Onde estão os outros?

   – Ban me ligou dizendo que iria se atrasar, e que Ryuto não vai poder vir.

   – Ah... Então você será meu guia hoje? – Ryosuke perguntou descontraído. – Legal! Pra onde vamos?

   – Seu guia? – ri como se fosse uma piada, mas de fato era o que parecia. – Na verdade, quem sabia pra onde ir era o Ryuto, mas como ele não vem... Nós podemos dar uma volta pelo parque central, o que acha?

   – Por mim tudo bem. Vamos então?

  Andamos até a parada de ônibus mais próxima dali. Enquanto nós esperávamos, ficamos conversando algumas coisas aleatórias, sempre rindo entre um comentário e outro. O ônibus chegou após alguns minutos, e tive que me controlar para não rir de Ryosuke, que quase caía ao tropeçar em um degrau.


~


    Finalmente chegamos ao destino esperado, e pude perceber uma empolgação nada discreta vinda de Ryosuke, parecia tão animado com uma coisa tão boba...

  Talvez fosse boba para mim, que estava tão enjoado das mesmas coisas nessa cidade tão sem graça.

    – O parque daqui é tão bonito! – Ryosuke comentou com tanto brilho nos olhos, que parecia até uma criancinha quando ganhava um brinquedo novo. – Na minha cidade anterior, o parque era tão sem graça...

   – Ah, o parque daqui é legal até, e bem grande. Tem uma área pra se jogar basquete mais adiante, quer ir lá? – perguntei para Ryosuke, que concordou acenando positivamente com a cabeça.

   – Não sei se te contei, mas... Eu joguei basquete na outra escola, era o capitão do time. – Ryosuke contou enquanto andávamos, deixando-me completamente surpreso.

   – Isso é sério? – não contive o riso ao imaginar Ryosuke capitão de um time de basquete, devia ser no mínimo engraçado.

   – Claro que sim! Modéstia a parte, eu jogava muito bem viu? – falou Ryosuke entrando pela quadra, que por sorte não tinha ninguém além de nós. – Olha, tem uma bola ali. Já que está duvidando de mim, te desafio pra jogar contra mim, aceita?

   – Não sei se é uma boa idéia, eu sou um desastre com esportes e...

   – Tarde demais Sou, vai jogar sim. – jogou a bola repentinamente para mim, e quase não a segurei. Isso definitivamente não iria dar certo.

Maldita hora que fui rir dele. Como era de se esperar, eu estava sendo massacrado ali, não consegui fazer uma cesta sequer, e Ryosuke já tinha feito cinco contra mim em apenas alguns minutos. Depois de bastante tempo jogando, fiquei tão exausto que não suportava nem correr.

   – Chega Ryosuke, não agüento mais! – implorei desesperado, fazendo-o rir no mesmo instante.

   – Espera Sou, só mais essa. – Ryosuke arremessou a bola, acertando a cesta sem nenhum problema. Ficou observando a bola cair, o olhar parecendo distante em algum pensamento.

   – Ei, o que foi? – perguntei preocupado, aproximando-me de onde ele estava.

   – Ah, só me lembrei da outra escola... Apesar de algumas coisas ruins, até que era agradável estar lá.

  – Hm... Está arrependido em ter escolhido a escola que está agora?

  – Claro que não, eu conheci pessoas legais aqui até agora, inclusive você. – passou as mãos em meus cabelos, assanhando-os em um gesto infantil. Odiava quem fazia isso comigo, mas com ele eu não consegui sentir raiva alguma. – Vamos beber água, estou com muita sede.

    Andamos em direção a uma lanchonete do outro lado da rua, tão exaustos que cada passo parecia uma eternidade. Compramos algumas garrafinhas de água, e decidimos andar de volta para o parque, que estava bem mais calmo que a lanchonete.

  Queria perguntar tantas coisas, mas esperei Ryosuke terminar de beber sua água para começar o “questionário”. Desde que ele chegou, eu sabia muito pouco sobre o que ele gosta de fazer, o que ele pensava, se estava feliz aqui, entre outras coisas.

   – Err... Ryosuke...

   – Sim?

   – Me tira uma curiosidade? – paramos de andar ao chegar a uma ponte que passava por cima de um rio. A visão era bonita, já que a luz do sol refletia na água, e também era possível ver alguns peixes passeando.

   – Pode falar.

   – É que as vezes você demonstra estar aliviado em ter saído da antiga escola, mas outras não. Eu realmente não entendo, é contraditório demais. Você pode explicar o que aconteceu ?

   – Hm, vou contar porque confio em você, e espero que não deixe de falar comigo depois do que eu falar, me promete isso? – Ryosuke perguntou parecendo preocupado... O que será que tem de tão grave nisso?

  – Prometo.

  – Eu falei que mudo muito de cidade por conta do meu pai não foi? Na escola anterior, eu passei dois anos lá. Durante esse tempo, fiz muitos amigos e era popular, mas... – hesitou por alguns segundos, mas retornou a falar em seguida. – Eu namorei um menino, e depois que começamos a relação, meus amigos se afastaram de mim. – não consegui esconder o quanto fiquei surpreso, e Ryosuke percebeu. Minha boca abriu involuntariamente, não sabia nem o que dizer.

   – Ryosuke... N-nossa, eu... – gaguejei nervoso, tentando manter as palavras em ordem.

   – Era por isso que eu não queria contar, sabia que você iria reagir assim. – disse triste, dando-me as costas.

  – Ei, não é isso! Desculpa, eu só achei inesperado, não me entenda mal. Mas Ryosuke, e o que aconteceu então ? – questionei ainda mais curioso que antes. Ryosuke se virou para mim novamente, dando-me um sorriso fraco em sinal de que havia compreendido.

  – Como lhe disse os amigos que eu tinha se afastaram, e minha única companhia passou a ser ele. Outras pessoas passaram a nos discriminar, inclusive meninas... Era agradável estar lá apenas por causa dele, e pelo time de basquete, claro. Nós jogávamos juntos.

   – Hm, e vocês não se falam mais?

   – Não. No fim do ano, meu pai me deu a notícia que nós iríamos nos mudar novamente, mas como Yu-ki estava viajando, eu não consegui vê-lo. Mandei uma mensagem, pedi que sua mãe avisasse... Mas ele não me procurou. É muito ruim saber que você foi ignorado... – Ryosuke abaixou a cabeça, querendo evitar que eu visse o quanto estava triste, e sem hesitar, o abracei.

  Yu-ki... Senti uma enorme raiva desse nome. Por causa dele que Ryosuke estava assim tão mal.

   Permanecemos abraçados em completo silêncio, até Ryosuke se afastar e eu ouvir o toque do meu celular, em alto e bom som.

  Sou, não tenho como ir... – reconheci a voz, era Ban. Mas, sinceramente... Nem estava me importando mais em ter apenas o Ryosuke como companhia. – Será que você pode vir pra cá com o Ryosuke?

   – Ir pra sua casa? Eu acho que não vai dar Ban, er... –  olhei para Ryosuke, preocupado com o estado em que ele estava antes, mas me surpreendi ao ver que ele murmurava algo como  “Eu estou bem e posso ir.” –  Esquece, nós vamos sim. Daqui a pouco chegamos aí, até logo.

   – Então nós vamos pra casa do Ban?

   – Sim, ele não explicou o motivo, mas tudo bem, depois nós perguntamos. Você está bem mesmo? – perguntei preocupado. Não sabia se essa era uma boa idéia depois do que ele me contou agora pouco.

   – Claro que sim, não se preocupe comigo. Vamos então?    Saímos em direção para outra parada de ônibus, com um silêncio tão constrangedor que tive medo de quebrá-lo. Queria dizer que estava tudo bem, e que eu estaria ali se ele precisasse, mas... Talvez o silêncio agora fosse melhor.

   – Ei, Sou... – disse repentinamente em um tom baixo, que quase nem ouvi.

   – Hm?

   – Obrigado. – sorri sentindo-me mais aliviado. Ficamos nos encarando por breves segundos, até que eu percebesse o ônibus que esperávamos vir.

   E agora, eu sentia a cidade com mais... Cor. O que antes não parecia ter graça nenhuma, agora parecia ser maravilhoso. Talvez não fosse a cidade e sim ele, que fazia tudo parecer ter mais sentido.


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Notas finais do capítulo

Tive que cortar o chap na metade, porque ficou bem extenso. O próximo será a visita dos dois à casa do Ban mas não irei contar mais, claro. *fdp*

Então, reviews ?



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