Acordei no outro dia com Gina sentada ao meu lado na cama. Ela pôs as costas de sua mão pequena sobre minha testa e depois sobre meu pescoço.

_O que foi?_Perguntei com a voz embargada pelo sono.

_Ontem você não foi à aula, fiquei preocupada._Ela falou com o cenho franzido de preocupação.

Gemi um pouco ao me levantar e quando me sentei, olhei para ela.

_Tudo bem Ginny, era só uma dor de cabeça._Respondi fechando os olhos.

_Ok._Ela respondeu hesitante._Então... Até as aulas.

_Até._Suspirei, ouvindo o baque leve da porta de encontro ao batente.

Abri meus olhos e me deparei com minhas mãos, que estavam viradas sobre minhas coxas. Levantei-me da cama, era hora de me arrumar. Eram 08: 56, o que queria dizer que eu deveria estar arrumada em, no máximo, 4 minutos. Coloquei meu uniforme e um aquecedor de orelhas da grifinória. Estava ficando frio, era melhor eu me prevenir. Escovei meus cabelos e fui a passadas rápidas até o Salão Principal. Assim que entrei, as pessoas me encararam, mas logo voltaram para suas conversas, como normalmente acontecia.

Alguém colidiu fortemente comigo e eu acabei caindo no chão e deixando meu material espalhado pelo chão.

_Oh, desculpe._Uma voz que eu não conhecia disse, pegando meus livros._Ah, você é Hermione Granger?_O sonserino sorria nervosamente, recolhendo meus livros.

_Sou... Sou sim._Respondi pegando os livros de sua mão._Não precisava se preocupar.

_Oh, mas é claro que sim._Ele disse, o que eu achei estranho para um sonserino.

_Teodoro Nott._Ele disse, estendendo a mão para mim.

_Prazer._Disse nervosamente estendendo a mão para ele, que a apertou fortemente.

_Espero lhe ver novamente, Granger.

_Eu também, Nott._Respondi gentilmente.

_Então, até mais._Ele saiu acenando.

_Adeus.

Então o garoto loiro com roupas colocadas de uma forma rebelde saiu do Salão. Virei-me para continuar meu caminho, mas parecia que todos os Sonserinos, Lufa-Lufanos, Corvinais e Grifinórios olhavam para mim. Encolhi meus ombros e fui andando até meu lugar na grande mesa Grifinória, apenas meus passos rápidos eram ouvidos em toda a extensão do Salão.

Quando me sentei, a quietude deu lugar á murmúrios e depois, á conversas novamente. Suspirei pesarosamente e, colocando meus livros no colo, comecei á fazer meu café-da-manhã. Comecei á comer e uma pequena memória foi á tona.

“_Você não para de comer?_Perguntei espantada á Rony, que devorava alguns pedaços de carne enquanto lia algo.

_Que foi?_Ele perguntou de boca cheia, olhando para mim._Eu estou com fome!_E exclamando isso, voltou á comer enquanto Harry chegava lentamente com um jornal em mãos.”

Essas pequenas memórias vinham nas horas mais inesperadas. E era dessas pequenas coisas que eu tinha saudades. Depois de comer, ainda faltavam 20 minutos para a aula, o que me fez passar na Sala Precisa, em um corredor completamente deserto.

Entrando nela, vi Draco, como no dia anterior. Ele olhava um caderno de poções velho e anotava rapidamente algumas palavras em um pergaminho. Ele levantou seus olhos para mim e levantou uma sobrancelha, ligeiramente espantado. E depois de olhar de soslaio para mim, perguntou.

_O que está fazendo aqui?

Suspirei olhando para outro lado e depois preguei meus olhos nele.

_A Sala Precisa não é privada._Respondi com voz cortante.

Ele pareceu não se importar com o meu tom e continuou á me olhar com desprezo. Como se estivéssemos em um jogo na qual quem desviasse os olhos primeiro era o perdedor. Como eu não desviei, ele desistiu, suspirando e olhando distraidamente para o livro médio em sua frente enquanto mudava de página. Fui fazer alguma coisa para não ficar ali como uma idiota, então comecei á passar o dedo sobre os livros, vendo sobre o que eram. Não achei nenhum interessante, no entanto. Todos sobre poções e magias básicas, sobre animais mágicos e suas características, coisas que eu já sabia. Até que um livro me chamou atenção.

_Chapeuzinho Vermelho?_Perguntei subitamente.

_Deixe esse livro aí._Draco disse para mim em um tom de raiva.

Coloquei-o na prateleira e olhei para Draco procurando alguma resposta pra tanta raiva.

_Isso é só uma lenda antiga._Respondi.

Seus olhos acinzentados se espremeram para mim.

_Era de Abraxas. Ele me deu esse livro quando eu era pequeno e mesmo sendo trouxa ensina algumas coisas importantes.

_Por exemplo?_Incentivei.

_Que você não deve falar com estranhos._Ele sibilou agora olhando para o livro.

Entendendo a indireta, olhei novamente para a estante. O livro era dos irmãos Grinn, o que significava que não era aquela história fantasiosa e de final feliz que sempre víamos, afinal, os Grinn eram mais... Realistas.

_Sabe fazer uma Poção Polissuco?_Malfoy me perguntou de supetão e o olhei. Em seu rosto estava um insubstituível sorriso torto.

_Sim._Respondi, ele não me pareceu espantado.

_Senhorita Granger sabe fazer poções complicadas e proibidas?_Ele pareceu se divertir com ele.

_Na realidade, somente essa._Respondi sentando-me em um sofá verde e prata que havia ali._Por que a pergunta?

_Faça uma Poção Polissuco para mim._Ele falou fechando o livro e apoiando os dois braços na mesa.

_Por que eu faria?_Sorri cinicamente.

Ele levantou a varinha e num feitiço silencioso passou uma lâmina dourada em toda a sala.

_Você sabe o que eu posso fazer, Granger._Ele respondeu relaxando a mão.

Olhei para a lâmina dourada.

_O que isso faz?

Ele deu um sorriso de lado novamente.

_”Isso” te mata._Ele respondeu._Sabe, dois anos como Comensal da Morte me ensinou algumas coisas._Ele descansou inocentemente a cabeça sobre os braços.

Olhei para a lâmina e para meu passado. Acho que mais uma aventura não me faria mal, afinal, minhas aventuras haviam chegado ao fim. E se fosse para eu morrer, não deixaria muita coisa para trás... Á não ser Harry. Por isso fiz o que me parecia o mais certo á fazer.

_Tudo bem Malfoy, eu faço a poção para você.