_Pronta?_Ele me perguntou em frente á uma sala fechada que eu, particularmente, nunca havia visto.

_Para entrar num ninho de cobras? Nunca.

_Um leão é mais forte._Ele disse já com a mão na maçaneta.

_Não tanto quanto o veneno._Murmurei quando ele abriu a porta por completo.

As pessoas me olhavam com desprezo ou nojo, mas preferiam me ignorar, o que eu achei, sinceramente, uma ótima ideia. Logo eu estava sentada em um sofá verde e prata ali no canto, apenas olhando para o nada.

_Que surpresa, Granger._Uma voz indiferente falou para mim e não tive de me virar para saber quem era.

_Você sabia que eu estaria aqui._Eu falei o dando espaço no sofá.

_Eu sabia mesmo._Ele disse e senti o sorriso em sua voz._Não me parece muito à vontade.

_E como eu estaria?_Perguntei descrente e olhei para ele.

Grande erro. Draco estava mais bonito do que de costume, com o terno elegante cobrindo seu corpo. Os olhos acinzentados olhavam diretamente para mim e, já que o sofá era pequeno, ele estava muito perto. Eu podia sentir seu hálito quente com um leve aroma de menta tocar meu rosto. Sem perceber, prendi a respiração por um momento, meus lábios descolados. Ele apenas sorriu de lado, não sabendo o quanto esse sorriso me influenciava.

_Estando._Respondeu minha pergunta, na qual eu já esquecera ter feito.

_Era uma pergunta retórica._Murmurei ainda fascinada, mas tratei de me virar.

“Que comportamento é esse, Srta. Granger?” Perguntei á mim mesma.

_Eu só não te convido á dançar porque é irritante._Ele relaxou no sofá.

_Por que me convidaria?

_Está incrivelmente encantadora hoje, Srta. Granger. Mas creio que não se arrumou muito.

_Desculpe, parei de ouvir á partir do “incrivelmente”._Fingi desinteresse, enquanto meu coração julgava-me tola, batendo como um balaço dentro de meu peito.

Ele deu uma pequena risadinha rouca, que eu julguei impossivelmente sensual.

_Não tem algo melhor á fazer além de falar comigo?

_Está me dispensando?

_Somente questionando._Respondi diretamente, descansando minha cabeça em minhas mãos.

_Na verdade, não. Quer dizer, eu poderia falar com alguém aqui, brincar de medibruxo com alguma garota..._Corei ao ouvir isso._Mas você sabe à hora de se calar, fazer silêncio.

_Obrigada.

_Não foi um elogio._Sua voz foi arrastada._Apenas um comentário, Granger.

_Mas apontou uma de minhas qualidades._Olhei para ele, me contendo para não surtar novamente._Julgo isso como um elogio.

Ele sorriu de um jeito maroto.

_Você é esperta, Granger.

_Hey, Granger, já arranjou um namorado?_Chegou Nott com seu jeito despojado.

_Não pretendo arranjar um._Respondi prontamente olhando para ele.

_Vamos dançar.

_Acho que não foi uma pergunta._Respondi tocando gentilmente em sua mão estendida.

Ele me puxou e enlaçou minha cintura, levando-me para onde as pessoas dançavam. Lancei um olhar para Draco, que ainda me olhava e o mostrei um sorriso gentil, que foi correspondido pelo mesmo que eu via sempre.

O que me fazia fascinar, como sempre

Nott colocou um dos braços em volta de minha cintura e pegou uma de minhas mãos com a sua. Pousei minha mão sobre seu ombro e colocamo-nos á dançar.

_Está linda hoje, Mione._Ele disse.

_Obrigada._Corei.

Ele sorriu levemente e colou mais seu corpo ao meu. Percebi que havíamos andado quando minhas costas bateram levemente na parede fria e Nott já apertava seus lábios sobre os meus.

_Nott._Ouvi a voz de Malfoy.

Nott olhou para ele e logo estava do outro lado da sala, com o nariz sangrando.

_Venha, Hermione._Ele falou.

_Do que você me chamou?_Perguntei descrente.

_Somente venha._Ele olhou para mim com a fúria nos olhos, estendendo a mão.

A peguei e, ignorando as pessoas, fui guiada por Draco. Logo estávamos na Sala Precisa, eu sentada no pequeno sofá avermelhado. Ele andava para um lado e para o outro.

_Droga, Granger!_Ele gritou enquanto andava._Você não entende, não é? Nott sempre me invejou! Todas as coisas que ele queria, todas as garotas, notas ou benefícios ele queria! Tenta tirar tudo de mim, agora tenta roubar você!

_Draco, eu não sou sua._Falei encolhida, corando pelo que ele acabara de fazer.

_Não, não é. Mas eu sou seu. Olha..._Ele parecia não ter ideia do que estava botando para fora._Minha cor favorita era preta, agora, cor de avelã. Eu gostava de amedontrar os outros e sabe do que eu gosto agora? Ler! Granger, você sabe o que é isso?

_Do que você está falando Draco?

_Droga Granger!_Ele gritou desesperado, seus olhos já transbordavam em lágrimas._Eu te odeio! O jeito que você anda, a sua voz, o seu olhar, o seu modo de falar, a cor do seus olhos, ou do seu jeito sensual, na qual você nem deve saber da existência!_Ele gritava olhando para o teto._Como você pode ser tão fascinante, Granger? Olhe á que ponto nós chegamos! Eu estou louco por você!

Engoli seco, meu coração batia violentamente contra as costelas e as borboletas atrevidas já brincavam em meu estomago, causando cócegas desconfortáveis. Ele foi se aproximando com passos firmes e socou a parte do encosto do sofá ao lado de meu rosto, quando nossos narizes já se roçavam.

_Droga Granger._Ele murmurou antes de invadir minha boca.

Uma mistura de emoções, como uma poção, foi se formando em mim. Seus lábios macios deslizando sobre os meus e o hálito de menta entrando em meus lábios. Sem perceber, levei minhas mãos para seus cabelos claros, á fim de aproximá-lo mais. Era como estar tocando seda, como estar mordendo a mais saborosa maça.

Pois a maçã é o fruto proibido, certo?

Antes parecia que meu corpo estava sendo lavado por uma pequena xícara de café fumegante. Esqueça a xícara, agora um bule inteiro me molhava. Eu estava queimando e clamava por ainda mais desse calor. Abracei-me mais firmemente á ele, sentindo sua saliva dentro de minha boca, meus olhos fechados, meu corpo curvado, á procura do seu. Era incrível nossa sincronia, nossos lábios pareciam dançar um contra os outros. Sua saliva era refrescante, me fazia delirar. Sua respiração descompassada era quente contra minha bochecha. Ele se separou de mim ofegante, buscando ar... E percebi o quanto sensual eram seus lábios finos, e agora vermelhos. Seus olhos turvos pelo desejo, o braço possessivo enlaçando minha cintura.

Seu jeito de se declarar não era muito bom... Mas eu adorava ser surpreendida.