=Flashback=

-Ah, Akira, concorda vai, aquele garoto é muito bonitinho!

-Ué..Eu já disse que concordo.

-Com essa cara de ânus? Bah, foda-se! Que bom que ele me...Olha tanto... – Uruha sorriu extasiado enquanto observava o pequeno comendo seu lanche.

-Não sei porque você olha tanto pra ele. Parece que vai comer ele com os olhos! – ri, meio sem jeito.

-Ué, to só retribuindo os olhares, poxa... – ele riu, com uma certa malícia na voz. – E quanto ao “comer com os olhos”...Não é com os olhos que eu quero comer ele, Reita! – ele piscou, o sorriso depravado na cara.

-Larga mão de ser safado, Kouyou! – ri, meio triste, me levantando do gramado e indo conversar com o Kai.

Era triste ver o jeito que o Uruha olhava aquela coisa fofa.

Sabe, ele não dava o verdadeiro valor que o pequeno merecia.

Eu sim dava!

Eu daria tudo para que os olhares fossem para mim!

Mas não eram.

=Flashback=

Levantei assustado do sofá.

Batiam na porta.

Ruki me olhou assustado.

-Deve ser minha irmã, relaxa, chibi. – sorri divertido e me levantei.

Ele sorriu e se sentou no sofá, no lugar onde eu tava.

Abri a porta lentamente, sem nem olhar no olho mágico.

Minha irmã adorava vir pra cá tarde da noite.

-Haaiii?

-Cadê o Takanori?

Não acredito que ele teve a cara de pau de vir até aqui!

-Por quê?

-Não interessa.

Me segurei pra não voar com a mão na cara dele.

-Era isso que tu sempre quis, nee, Akira? O Taka... –ele disse com tom de deboche.

-Não me enche, Takashima!

-Vai ficar nervosinho, Reita?! Vai fazer o quê?” Virar o Hulk?! – ele me empurrou.

Não pensei duas vezes, soquei seu rosto com uma força que eu não sabia que tinha.

Ele pôs a mão na boca, limpando o sangue.

Veio para cima de mim.

-Pára! Kouyou, pára!

Uruha largou o colarinho da minha camiseta e olhou para o chibi.

-Gomen ne. – ele pareceu um leão sendo domado por seu dono.

-Por que você veio?! Eu já disse que não quero te ver!

-Taka, eu quero conversar! – vi uma expressão triste tomar contar do rosto de Uruha. Será que ele realmente estava preocupado?

Me virei para Takanori.

Ele estava com uma expressão chorosa.

-Quer...Conversar com ele, chibi? – disse meio inseguro.

-Talvez. Ele tem que me convencer a ouvi-lo. – ele disse sério, seguro de si, secando as poucas lágrimas do rosto.

Olhei para Uruha.

Ele franziu o cenho.

Okkei, eu me sentia no meio de uma novela mexicana.

Daquelas que minha vó assistia via sinal de satélite.

Uruha suspirou e sorriu triste.

Se ajoelhou sem pensar duas vezes.

Até pulei para trás, me assustando.

-Será que você daria a chance da palavra pra uma pessoa idiota que não te deu o merecido valor?

Abri a boca.

Eu não sabia que o Uruha sabia falar aquelas coisas.

Olhei para Takanori.

Ele sorriu derrotado e olhou para baixo.

Balançou a cabeça.

-Eu sou um idiota mesmo... – ele levantou o rosto. Estava meio corado. Suspirou. – Okkei, você tem a chance da palavra...

Não acredito que ele cedeu!

Bufei.

-Fiquem a vontade, espero na cozinha.

Caminhei com passos pesados, me jogando sobre a pia, sentindo o frio chegar ao meu traseiro.

Pena que o acústico do apartamento era horrível.

Eu não iria conseguir ouvir nada.