O Novo Mundo Perdido:2094 escrita por Ravenheart


Capítulo 7
Momento




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            — Adoro esse castelo. É tão imponente...

            — Ed, você me diz isso toda noite. Não tem outro tipo de comentário não?

            A ruiva parou e encarou-me, pensativa. Fiquei admirando seu curto cabelo rubro batendo de leve em seu pescoço, acariciado pelo vento. De repente, ela responde:

            — Ora, você quer que eu diga o que? Acho-o imponente e pronto! Não precisa dizer mais nada!

            — Realmente, imponente é a palavra certa. Você tem razão.

            Ed apenas sorri e se agarra ao meu braço, enquanto entramos no castelo.

Passando pelo grande portal, caminhamos lentamente através do corredor que dá acesso ao hall principal do primeiro andar. O silêncio era quase místico, apenas o ecoar de nossos passos era audível.

— Sorte nossa que não tem ninguém acordado! Estaríamos com sérios problemas se alguém nos visse...

— Ed, são duas da manhã. É claro que não há ninguém acordado!

— Não entendo como você conseguiu que o Alberto fizesse vista grossa sobre as câmeras de segurança. Ele é um dos poucos que não dorme, segue as regras direitinho...

Sorri antes de respondê-la:

— Digamos apenas que ele me devia um favor.

 

Alberto era o operador das câmeras de vigilância do turno da noite. Um bom homem, mas tinha um fraco por bebida...

 

Chegando ao hall, paramos em frente à escadaria do lado esquerdo, que subia em direção ao dormitório masculino.

— Por que parou? – perguntou-me Ed, aos pés da escadaria.

— Bem, seu dormitório é do outro lado e – a pesquisadora puxa-me pelo braço escadaria acima – Ei! O que está fazendo?

— Não é óbvio? Estou te levando pro seu quarto, ora! Ou quer ir pro meu?

“O que? Como é que é?”

— Não era para eu estar te arrastando pro quarto, e não o contrário?

— Não seja antiquado! Sou uma mulher de iniciativa!

— Não entendo como alguém com a sua personalidade consegue ser uma pesquisadora tão respeitada...

— Eu devia ter tirado uma foto da sua cara de espanto ali na escadaria...

Avançamos pelo corredor em meio a risadinhas e beijos, tropeçando em nossos próprios pés e tentando não fazer muito barulho. Rapidamente entramos no quarto e nos jogamos na cama. Por alguns momentos, nos encaramos, olhos nos olhos.

— Você é tão linda – disse acariciando-lhe a face.

— O que está fazendo? Solte-me!

 

Levanto-me de repente, batendo minha cabeça na testa de Mirella.

— Ai! Mas o que está acontecendo, senhor Derek? Primeiro me agarra, e agora me dá uma cabeçada!

Atordoado, tento entender a situação. Mirella, na beirada da cama, fazia uma careta de dor enquanto passava a mão sobre o que logo seria um galo em sua testa. Eu estava seminu, sentado em uma cama, coberto por uma fina manta de um tecido amarelado.

 

“Foi um sonho? Não, parecia mais um visão. Uma visão de meu passado, talvez? Quem é Ed? Onde eu estava?”

— Desculpe Mirella. Foi um sonho, err, real demais...

Ainda com a mão na testa, a garota me respondeu:

— Sonho bom esse, hein? Vim checar seu pulso e o senhor me agarra!

Fiquei sem graça, e apenas disse novamente:

— Desculpe.

— Tudo bem, é bom ver que finalmente acordou. O senhor está dormindo desde ontem! Vou avisar o Jon e o médico, eles chegam logo. Não saia daí! O médico disse que o senhor não pode se esforçar ainda!

Vi que havia faixas enroladas em volta de meu tórax, e uma fraca dor lembrava-me de meus ferimentos anteriores.

— Pode deixar, não vou a lugar algum.

Mirella sorriu e abriu a porta do quarto, a luz amarelada típica do fim da tarde iluminou todo o cômodo. Antes que ela saísse, eu lhe disse:

— Ah, só uma coisa: chame-me apenas de Derek, ok? Não sou tão velho para você me chamar de senhor...

— Entendido, Derek! – a garota frisou bem a última palavra, virou-se e saiu do quarto, deixando a porta aberta.

 

Encostei na cabeceira da cama com os braços cruzados por trás da cabeça e comecei a olhar à minha volta. Era um quarto bastante bagunçado, mas limpo. Havia várias cômodas encostadas pelas quatro paredes do lugar. Armas e balas amontoavam-se em cima delas, enquanto várias revistas e papéis velhos estavam jogados pelo chão. Um grande guarda-roupa estava torto, escorado na parede á esquerda da cama. À minha direita, uma janela fechada com uma corrente. E, acima de minha cabeça, um grande crânio estava pendurado na parede, com certeza era de um daqueles lagartos que haviam me perseguido.

 

“Tenho certeza de quem é o dono desse quarto. Já estou te devendo duas, Jon...”.

 

Olhei para a pistola que o Guardião me dera na floresta, repousada sobre um pequeno banco ao lado da cama.

“Não hesitei momento algum em usar essa arma. É como se já soubesse o que fazer e aonde acertar...” – pensei enquanto me lembrava de meu encontro com Jon e do primeiro ataque dos dinossauros– “Certamente fui treinado, mas por quem? E para que?”

Examinei o dogtag em meu pescoço mais uma vez e segurei-o firme, com o punho fechado:

“Exército? Mas de onde? Se o mundo inteiro está assim, não resta país ou organização alguma com poder para formar um exército. E como fui parar no meio da floresta, desarmado e sozinho? Maldita memória que não volta...”

Deitei-me novamente e fechei os olhos. A imagem de Ed vinha à minha mente, por mais que eu tentasse pensar em outras coisas...

“Quem é você, Ed? Uma namorada, talvez uma esposa, ou apenas um caso? Seria aquela minha última lembrança sua, ou seria a primeira? Por que esse sonho me trouxe apenas mais perguntas? Por que, por que, por que... são tantas perguntas... maldita amnésia!”

 

Novamente, vi o rosto de Ed á minha frente, encarando-me com seus profundos olhos negros. Sinto um aperto no coração, e suspiro...

“Ao menos meu corpo se lembra dela. Essa sensação de saudade não me é estranha...”.

 

Abro os olhos e dou de cara com Mirella, me encarando a poucos centímetros de meu rosto, seus opacos olhos negros refletindo a luz do entardecer. Estava ajoelhada ao lado da cama.

— Pensei que estivesse dormindo de novo! Depois de todo o trabalho que tive para encontrar o médico, e também...

— Já chega Mirella. Agora monte guarda na varanda e não deixe ninguém subir aqui. De curiosos bastam apenas nós três.

Reconheci a voz de Jon imediatamente. A garota rapidamente levantou-se e disse a ele:

— Siiiim senhor! Considere feito! – ela então o saudou com uma continência meio desajeitada e saiu pela porta, batendo-a com um grande estrondo.

— Essa magrela não muda mesmo... – disse Jon, chegando mais perto da cama e balançando a cabeça – então, Derek, como se sente? Lembrou-se de algo?

— Mais ou menos... Tive um sonho, mas não ajudou muito. Apenas me trouxe mais dúvidas.

Jon colocou a mão no queixo e balançou a cabeça – Um sonho, hum? Bem, temos que conversar sobre algumas coisas agora... Coisas importantes!

 

O médico permaneceu silencioso no canto do quarto. O Guardião retirou a arma que estava no banco ao lado da cama e sentou-se nele.

— Sabe Derek, essa arma foi um tipo de teste. Saiba que ela está carregada, como você já deve saber – ao dizer isso, Jon retirou rapidamente o pente de munição, checou-o e recolocou-o na arma, carregando-a novamente – mas, mesmo assim, você não a usou ou tentou fugir enquanto ela estava aqui. Isso é bom.

 

Estranhei suas palavras, mas comecei a compreender o jogo de Jon. Ele ainda não confiava em mim, e estava me testando.

 

— Mas eu ainda não engoli sua história de amnésia. E vou lhe contar o porquê.

Jon levantou-se e andou até perto do médico, ainda examinando a arma. E continuou:

— Há exatos sete dias, recebi uma mensagem da Zona 43 dizendo que alguns caçadores ouviram tiros enquanto caçavam perto do rio, ao norte daqui. Seis dias atrás, outra mensagem dizia que sons de tiros e guinchos de animais foram nitidamente audíveis a oeste daqui, perto da Terceira Cerca.

Jon andava de um lado para o outro, sempre mexendo na arma. Eu apenas o seguia com meus olhos, enquanto ele continuava a falar:

— Cinco dias atrás, outra mensagem, essa a mais preocupante: Foi avistado, nas imediações da Terceira Cerca, um grande helicóptero rumando para oeste. Mesmo com a tempestade daquele dia, foi perfeitamente visível.

 

Arregalei meus olhos. Um helicóptero? Aqui, nessa mata sem fim que o mundo se tornou?

 

— Sim, sei o que você está pensando... Como pode ainda existir um aparelho desses completamente funcional? Bem, acho que você mesmo pode responder a essa pergunta... Pois, pouco tempo depois, eu achei você no lugar em que a máquina possivelmente estaria indo.

 

De repente, Jon apontou a arma para mim e disse, calmamente, olhando em meus olhos:

— Derek, quem é você? O que faz aqui?

 


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