All I Want Is You escrita por CrazyCullen


Capítulo 1
All I Want Is You


Notas iniciais do capítulo

Então, estava eu no ônibus, indo tomar uma vacina, quando começou a tocar All I Want Is You, do U2 no meu MP3 e praticamente de imediato me veio a idéia dessa one na cabeça. Eu amo essa música e já tinha pensado em escrever algo usando ela como tema, mas esta foi a primeira vez que a idéia veio e ela já veio pronta. Vou deixar vocês lerem, mas antes, tenho apenas um pedido a fazer, além do escutem a música; por favor, não me matem! Boa leitura, a gente volta a se falar lá embaixo.



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Trilha: All I want is you – U2

www(*)4shared(*)com/audio/BPWyhKC9/U2_-_2001-09-01_-_Slane_Castle(*)html

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Bip... Bip... Bip...


Este era o único som que eu ouvia nos últimos três dias. Alice tentou me convencer a ir para casa e revezar a permanência no hospital com ela, garantindo que ela e Jasper me avisariam caso qualquer coisa se alterasse no quadro geral dele, mas eu me recusei a deixá-lo. E se ele acordasse justamente quando eu não estivesse ali? Eu não podia correr esse risco e, principalmente, não havia nenhum outro lugar onde eu quisesse estar. Tudo o que eu queria, tudo o que eu precisava estava ali, desacordado naquela cama de hospital.

Edward sempre gostou de velocidade e nós sempre brigamos por causa disso. Ele havia maneirado um pouco depois que Nessie nasceu, mas a morte de nossa menininha há pouco mais de um ano mexera demais com os seus sentimentos e ele ainda não fora capaz de se perdoar por não ter percebido os sintomas antes que fosse tarde demais; e voltar a acelerar fundo foi uma das válvulas de escape encontrada por ele. Na verdade, ele passara a fazer tudo exageradamente: correr demais, trabalhar demais, estudar demais. A única coisa que ele fazia de menos era me dar atenção. Nessie teve um tipo grave de meningite, a meningocócica, e o que parecia uma simples gripe evoluiu para óbito em menos de 48h. E a nossa relação podia ser facilmente dividida em antes e depois da morte da nossa princesinha.

Antes: o casal perfeito, invejado pelos amigos. Sempre juntos, planos e sonhos que se combinavam. Claro que, como todo casal, brigávamos de vez em quando, mas sempre por motivos bobos que acabavam rapidamente resolvidos e, geralmente, na cama.

Depois: não sei explicar, mas a sensação é que algo se quebrara. Aquele homem que antes não tirava os olhos e as mãos de cima de mim parecia ter medo de me encarar. A culpa o consumia tão profundamente que ele não conseguia perceber que eu não encarava a situação da mesma forma. Não existia um culpado, aquela maldita doença tão traiçoeira... ou talvez existisse, o governo que não faz as campanhas necessárias de alerta sobre esse tipo raro de meningite. Mas nunca Edward. Ele era tão vítima quanto eu e isso doía... vê-lo se culpar só fazia a dor pela perda de Nessie ficar ainda maior, a ponto de eu às vezes achar que não suportaria.

Rosalie vivia me sugerindo fazer uma viagem. Eu, ela e Alice na Europa, deixando os rapazes para trás. Segundo ela, não levaria dois dias para que Edward sentisse minha falta e me ligasse desesperado, implorando a minha volta. Mas eu não tinha coragem. A certeza do amor que existia entre a gente era o que me mantinha firme e forte ali, ao seu lado, suportando a dor da perda de nossa filha e de ser ignorada pelo único homem que eu sempre amara.

Edward entrara na minha vida por mais uma obra do acaso. Era meu primeiro dia de aula em Dartmouth e minha picape fez o favor de enguiçar no meio da rua, quando eu voltava para casa. Mas é claro que, em se tratando da minha pessoa, não seria só isso... Fazia um frio descomunal em Hanover e caía um verdadeiro dilúvio sobre a cidade. Eu já estava me preparando para passar a noite congelada dentro do carro quando vi um farol se aproximando e um belo Volvo, prata, passando devagar ao lado e parando logo a frente do meu carro. De dentro do Volvo desceu simplesmente o homem mais lindo que eu já vira. Esguio, o cabelo desalinhado e com uma cor próxima do bronze e ao se aproximar eu pude notar duas coisas, os músculos perfeitos por debaixo da camisa ensopada, grudando em seu corpo e os olhos verdes mais brilhantes que eu alguma vez tive o prazer de ver. Ele se ofereceu para me levar para casa e na manhã seguinte qual não foi a minha surpresa ao vê-lo parado na porta do meu prédio, me esperando para me levar à faculdade? Edward me contou que morava com a irmã, Alice, o irmão, Emmett e os dois cunhados, Jasper e Rosalie e que esta era a pessoa mais entendida de carro que ele conhecia e que depois da aula ela iria dar uma olhada na minha picape.

A partir desse dia nunca mais nos separamos e, quatro anos depois, no dia de minha formatura ele me pediu em casamento.

"Bella?"

A voz de Jasper, seguido pelo seu rosto cansado e preocupado surgindo pela porta do quarto me tiraram de minhas lembranças. Jasper, assim como Edward era médico, mas enquanto meu marido se especializara em cardiologia, Jasper era neurocirurgião e era ele quem estava acompanhando o caso de seu cunhado. Nem eu nem Alice confiaríamos em outra pessoa para isso. Eu lhe abri um pequeno sorriso e ele entrou no quarto, parando ao meu lado, com a mão no meu ombro.

"Como você está?"

"Da mesma forma, Jazz. Eu só preciso que ele acorde. Eu preciso poder dizer que eu o amo e que eu não o culpo por nada."

"Ele sabe disso, Bella."

"Mas eu preciso dizer, Jazz. Eu preciso."

"Eu entendo minha querida. Mas agora, você não quer ir pra casa, tomar um banho, dormir um pouco? Meu plantão já acabou, eu fico aqui com ele."

Eu fiz que não com a minha cabeça freneticamente, como vinha fazendo a qualquer um que me oferecia a mesma coisa. Eu não sairia dali, não enquanto Edward não estivesse lúcido e bem.

Jasper suspirou diante da minha negativa e beijou minha testa antes de deixar o quarto, em silêncio, prometendo voltar na manhã seguinte e me fazendo jurar que ligaria caso alguma coisa acontecesse. Antes de sair, ele foi até a cama de Edward, apertou sua mão e sussurrou algo próximo ao seu ouvido.

"Jazz?"

"Sim Bella." – ele respondeu, se virando, já da porta.

"Você acha que ele é capaz de ouvir?"

"Muito possivelmente sim."

Eu acenei com a cabeça uma vez mais, enquanto ele fechava a porta. Eu encarei a figura de Edward sobre a cama, antes de me aproximar, deixando meus dedos se entranharem pelo seu cabelo, sempre bagunçado ao mesmo tempo que sentia as lágrimas rolando por minhas bochechas.

Depois de chorar pelo o que me pareceram horas, eu me deitei desajeitadamente ao seu lado, tomando cuidado para não tirar nenhum dos vários fios ligados ao seu corpo do lugar. E sem nem mesmo me dar muita conta do que, comecei a falar tudo o que estava sentindo.

"Edward, meu amor... por favor, volta pra mim. Não me deixa você também. Você prometeu, lembra? Nós juramos estar sempre um ao lado do outro. Lembra do seu sonho: nós dois velhinhos, na varanda de casa vendo nossos netos correndo pelo jardim, nadando no rio atrás da casa... então, você não pode me deixar agora. Nós ainda temos muita coisa para fazermos juntos. Eu te amo tanto, tanto, tanto que chega a doer. Reage Edward por favor! Eu preciso de você, eu preciso da chance de te provar que eu continuo te amando e que nada mudou nos meus sentimentos. Você não teve culpa de nada Edward... por favor, acredita em mim. Lute, meu amor. Abra os olhos, por favor, eu preciso ver esses olhos verdes brilhando de novo, como na primeira vez que nos vimos, lembra? Eu preciso te sentir de novo Edward, seus lábios, seu corpo, eu preciso de você dentro de mim..."

Eu acordei com um som frenético próximo de mim e custei a me dar conta de onde estava e o que era aquilo. Mas ao abrir os olhos logo me vi novamente em meio ao pesadelo daquele quarto de hospital enquanto algumas enfermeiras e Jasper entravam correndo no quarto. Jasper parecia mais preocupado do que nunca e então eu percebi: o barulho vinha do aparelho que monitorava os batimentos cardíacos de Edward. Algo estava acontecendo...

"Bella, por favor, vá ficar com Alice no corredor. Eu já vou até lá."

"Jasper eu..."

"Vai Bella!"

Eu desabei na cadeira ao lado de Alice e senti a pequena fadinha passando seus braços pelo meu corpo, me apertando como se nossas vidas dependessem daquele abraço. Eu sabia que ela estava sofrendo duplamente. Por ver seu irmão naquela situação, mas também por me ver sofrendo. Nós nos tornamos melhores amigas, praticamente irmãs desde o início do relacionamento entre mim e Edward e eu sei o quanto ela sofria me vendo daquele jeito... mas de que outro jeito eu poderia estar?

Permanecemos abraçadas, eu chorando sobre o seu ombro enquanto ela acariciava meu cabelo, até a porta do quarto se abrir, revelando um Jasper aparentando bastante cansado. Ele me deu um pequeno sorriso, que não chegou aos seus olhos e fez um gesto com a cabeça, indicando que eu podia entrar novamente. Quando eu passei ao seu lado ele apenas apertou minha mão, sem nenhuma palavra. Eu respirei fundo e abri a porta, tentando me preparar previamente para o que quer que estivesse me esperando lá dentro.

Aparentemente Edward mantinha a mesma expressão dos últimos dias, mas assim que eu toquei sua mão, a apertando, ele abriu os olhos, me encarando como que confuso.

"Edward... oh meu deus, meu amor, você acordou" – eu praticamente gritei, o abraçando pela cintura, sentindo as lágrimas voltando aos meus olhos.

"Bella..." eu pude ouvi-lo dizendo num sussurro.

"Eu estou aqui, meu amor. Sempre estive, o tempo inteiro."

"Bella, eu te amo, muito. Me perdoa..."

"Shiiiii Edward, não há nada a ser perdoado meu amor."

"Lembre-se Bella, eu sempre estarei ao seu lado, mesmo que você não possa sentir."

"Edward, o que você está..."

"Edward... Edward fala comigo. Não me deixa Edward. Você prometeu..."

Piiiiiiiiiiiiii Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Eu fui tirada de cima dele, sem nem me dar muita conta do que estava acontecendo ao meu redor. Só sei que várias pessoas me abraçavam me dizendo um monte de coisas e eu apenas chorava e acenava com a cabeça, sem ter a mínima idéia do que elas estavam falando. Edward foi enterrado ao lado de Nessie... os dois maiores tesouros da minha vida lado a lado.

Um ano se passou desde o pior dia da minha vida. Na verdade, nunca consegui mensurar qual era o pior. Como decidir entre o dia em que se perdeu sua única filha ou o dia em que se perdeu o amor da sua vida?

Rosalie e Alice finalmente conseguiram me convencer a fazer a tal viagem para a Europa com elas e aqui estou eu, sentada em um café em Paris, ouvindo meu mp3 tranquilamente, enquanto elas caminham olhando vitrines na Champs-Élysées. De repente, uma melodia muito conhecida começou a tocar e imediatamente meus olhos se encheram d'água. Isso sempre acontecia, estivesse eu onde estivesse, quando All I want is you começava a tocar. Edward cantara aquela música para mim no dia em que me pediu em casamento e ela virou uma das nossas músicas mais importantes. Ela era capaz de resumir todo o nosso sentimento e era impossível não repassar um filme, na cabeça, cada vez que a música tocava perto de mim.

"Madame, desculpe incomodar, mas me pediram para te entregar isso." Eu me virei, dando de cara com uma linda garotinha de cabelos castanhos encaracolados e lindos olhos verdes. Olhos como o de Edward e eu senti meu coração se apertar ainda mais ao ver o lírio branco em sua mão, estendido em minha direção. Foi impossível não me arrepiar ao pensar que aquela era a flor que Edward sempre me dava.

"Quem?"

"O moço de cabelo bagunçado e olhos verdes como os meus."

"Onde? Onde ele está?" eu perguntei olhando para todos os lados, sentindo a histeria me atingir.

"Ele apenas me pediu que entregasse a flor e te dissesse: 'All the promises we make...'" – ela começou a dizer num inglês bem carregado no sotaque francês.

'... from the cradle to the grave When all I want is you'. – eu completei baixinho

E pela primeira vez em um ano eu me vi sorrindo para o nada, como uma boba, apenas tendo a certeza que Edward dera um jeito de me enviar um sinal, me mostrando que ele estava, onde quer que ele esteja, cumprindo a sua promessa!

All the promises we make, from the cradle to the grave When all I want is you = Todas as promessas que fizemos, do berço à sepultura. Quando tudo o que eu quero é você


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Sim, podem me xingar. Mas se servir de consolo eu também chorei em muitas partes. Mas eu não podia fazer diferente. A história já surgiu assim na minha mente maluca e quando é assim, não dá para lutar contra e tentar mudar. Espero que apesar de toda a tristeza, vocês tenham gostado!



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