So What escrita por Mahriana


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Hello! Apareci!Vejo vocês lá em baixo! ~ Apreciem sem moderação ~



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PDV Jason:

As aulas eram uma porcaria e a única coisa boa que tinha acontecido comigo foi ter conhecido a Alexia. Assim que o sinal da última aula bateu fui quase correndo para fora da sala, apesar de não adiantar de nada já que teria que esperar os outros.

Estava parado na frente do meu carro somente apreciando a paisagem quando escuto um burburinho, olhei na direção de onde vinha o barulho e vi várias “crianças” se aglomerando, fiquei curioso e fui em direção a confusão.

Para o meu espanto Clair estava no meio da confusão, usando um pequeno short e maiô, ela encarava alguns garotos que riam da cara dela.

– ME DEVOLVE ISSO! –ela gritou, e eu estava meio perdido ali.

– Não –um garoto disse sorrindo e Clair bufou irritada.

– Por quê você tá fazendo isso hein? Me devolve logo –disse avanço no garoto que deu um passo para trás e levantou a mochila para que ela não pudesse pegar.

–Porque você é uma “nerd esquisita” –e depois deu uma gargalhada. Tratei de me meter na briga, afinal ela é minha meia-irmã.

– Devolve a mochila dela –disse sério e me colocando ao lado da Clair.

– E se eu não quiser o que você vai fazer seu babaca? –disse rindo junto com outros garotos, suspirei.

– Se você não fizer isso, eu vou ser obrigado e dar um chute no seu traseiro moleque e acredite isso não vai ser nada bom –disse isso já estalando os dedos, ele arregalou os olhos para mim e depois disso entregou a mochila para a Clair.

– Isso não vai ficar assim tá ouvindo? Vai ter volta. –ela só o olhou.

Todos foram embora depois de eu ter encerrado a “brincadeira” de mau gosto e Clair não disse uma só palavra até chegarmos ao carro.

– Você está bem? –quis saber, afinal ela não falou nada e estava ensopada vai saber o que aconteceu –Quer dizer eles não fizeram mais nada com você não é? Porque se fizeram eu posso voltar lá e dar uma lição neles...

– Tô bem –ela disse com uma voz baixa e meio trêmula me interrompendo –não precisa fazer nada –suspirou –posso me trocar no seu carro? –perguntou baixinho.

– Claro que sim! –disse abrindo a porta do para ela entrar, o carro tinha os vidros fumê então não dava para ver nada pelo lado de fora.

Depois de um tempo ela saiu já com a roupa que tinha vindo e ficou encostada na porta do carro olhando para o nada, não ousei me intrometer, acho que ela estava triste, esperamos mais um tempo até que todos chegaram, entramos no carro e o clima se amenizou um pouco, só que a garota continuava calada e quieta no canto, confesso que fiquei preocupado.

Chagamos e eu fui direto para o meu quarto, tomei um banho e desci , fui em direção a cozinha e assim que entrei dei de cara com a minha mãe fazendo algo no fogão e sorri. Minha mãe amava cozinhar apesar de ter empregadas ela ajudava em tudo desde a arrumação das coisas até a comida e eu amava a comida da minha mãe.

– O que temos hoje para o jantar mãe? –perguntei levantando a tampa de uma panela para ver o que tinha dentro, ela deu um tapinha na minha mão me repreendendo e me lançou um olhar de censura.

– Nada de ficar xeretando Jason –disse tentando parecer brava, sorri para ela.

– Tudo bem, nada de ficar xeretando senhora Sulivan. –disse levantando as mãos em forma de rendimento –A senhora vai fazer algo especial? Jonh virá jantar?

– Não estou fazendo nada que eu não faça normalmente. E sim Jonh virá jantar, então resolvi cuidar do jantar, para mostrar que eu não sou um tipo de esposa desnaturada que não pensa no marido e sim só no trabalho, e ainda consigo mostrar meus dotes –disse em um tom zombeteiro, apenas a sorri.

–Até parece que ele iria pensar da senhora como uma “esposa desnaturada”, apesar de não gostar de admitir isso ele ama a senhora e duvido muito que ele deixe de amar só porque a senhora não cuidou do almoço. –sorri ao terminar de falar ela veio em minha direção e me deu um abraço apertado.

– Obrigado Jason, você sempre foi muito compreensível comigo. É um ótimo filho e aposto que toda mãe adoraria tê-lo, mas eu fui a sortuda que conseguiu –só balancei a cabeça retribuindo ao abraço, fazia um tempo que não recebia um abraço desses, um abraço de mãe.

– Eu também quero –Drew falou quase gritando, vindo em nossa direção e nos abraçando também.

– Você estragou o momento mãe e filho Drew.

– Não estragou coisa nenhuma só o deixou mais perfeito, você também é meu filho, somos uma família –disse isso nos apertando mais ainda em um abraço em grupo.

– Lindo a família reunida, também quero –bufei e Daniel veio se juntar a nós no meio da cozinha.

– Muito bem, todos já então abraçados e todos já somos da família agora eu vou terminar o jantar antes que Jonh chegue, vão fazer alguma coisa por aí e quando tudo estiver pronto vou chamá-los.

Depois disso fomos para sala assistir televisão, pelo menos eu fui, porque depois de um tempo Daniel e Drew subiram para fazer alguma coisa que eu não estava a fim de saber.

– Quero assistir TV –inquiriu uma voz infantil, virei em direção a ela e encarei Clair.

– Eu estou assistindo o jogo de basquete então se você esperar um pouco...

–Não to a fim de esperar, e eu sempre assisto TV há essa hora, então se você me der licença eu gostaria de assistir agora. –disse categoricamente.

– Tudo bem, mas eu estou assistindo ao jogo, acho que você pode esperar um pouco certo?

– Não. Eu não posso esperar. –disse vindo em minha direção para pegar o controle de minhas mãos, rapidamente me levantei e coloquei a mão em minhas costas.

– Eu não vou deixar você pegar –disse, sei que poderia ser cruel afinal a garota passou por uma situação parecida um tempo atrás, mas estava me divertindo.

– Ah qual é você nem morava aqui, eu tenho todo o direito tá legal –disse vindo em minha direção e nessa hora coloquei a mão no topo da cabeça dela e fiquei segurando ela ali, de maneira que ela não me alcançasse, comecei a rir.

– Me dá logo isso seu idiota –ri e dei língua para ela, atitude infantil eu sei, mas eu não resisti.

– Uhum... –escutei alguém limpar a garganta e nesse momento a pirralha e eu nos viramos para ver quem era, vi Sahra e uma garota loira de rosa dos pés a cabeça –Acho que a época do jardim de infância acabou Jason –tenho certeza que fiquei completamente vermelho com isso, as duas me olhavam estranho.

– Er... Bom... Isso não tem nada a ver... –tentei argumentar.

– Eu não tenho nada a ver com isso, então quero que se dane. A propósito a garota, a Mellany, diz que tem uma amiga dela aqui –ela falou tudo mecanicamente sem exprimir nenhuma emoção, depois se virou para a garota ­­–Pronto você está entregue, agora eu vou indo.

Disse isso e saiu em direção às escadas, antes de chegar à metade delas foi interrompida.

– AH! Mais uma vez muito obrigada por ter me salvado hoje, não sei o que seria de mim. –Sahra só balançou a cabeça e depois sumiu escada acima.

–Er... Clair acho que você deveria chamar a sua irmã –ela bufou e subiu as escadas creio eu que para chamar Mellany –desculpe pela cena que você presenciou ah... Mas você disse que a Sahra a salvou como foi isso? –perguntei levemente curioso e no intuito de tirar a atenção de mim, enquanto sentava no sofá e indicava para que ela sentasse também.

– Você não vai acreditar, um cara roubou a minha bolsa aí eu meio que gritei, e depois ela jogou café quente no cara e fez ele tropeçar e o chutou no meio das pernas –disse empolgada, fiquei meio surpreso, porque aquilo não era algo que se via todo o dia.

– Nossa! Isso foi bem, digamos que interessante... –disse meio incerto –a propósito qual o seu nome?

– Marjorie Mitchell, muito prazer –disse estendendo a mão para mim –e você é?

– Sou Jason, Jason Sulivan e o prazer é todo meu –disse sorrindo.

– Jô querida, você por aqui, a que devo a honra da sua presença –Mellany disse enquanto descia a escada e vinha em nossa direção.

– Só vim para uma visita mesmo, e perguntar se perdi alguma coisa –Marjorie se levantou e ambas beijaram o ar fazendo um barulho estalado, coisa de garota.

– Você não perdeu nada querida, mas porque você faltou hoje?

– Cheguei ontem de viajem, então estava cansada, mas amanhã estarei lá –disse, como uma patricinha deve ressaltar.

– E como foi na França querida? –Mellany perguntou, nesse momento achei melhor sair e dar privacidade a elas.

Fui para o meu quarto e fiquei lá vegetando, não tinha nada para fazer. Sempre que chegava a uma cidade nova os primeiros dias eram uma chatice, já que não conhecia ninguém e pouco conhecia da cidade, então ficar em casa era uma boa opção pelo menos no começo. Fiquei um bom tempo no computador trocando alguns e-mails, vendo alguns sites, nada que me tirasse do tédio.

Tomei mais um banho e desci para o jantar, fui à cozinha peguei um biscoito, enquanto o jantar ainda não era servido. Quando voltei vi Sahra descendo as escadas, aparentemente de banho tomado e usando roupas casuais, com uma mochila nas costas, acho que ela iria sair.

– Aonde você vai, projeto de alienígena? –perguntei.

– Não interessa a você, santo retardado –disse com um sorriso irônico estampado no rosto, aliás todos os sorrisos dela eram irônicos.

Depois disso escutei o som de uma buzina e então a garota me deu as costas e se mandou. Fui até a porta, com uma pequena curiosidade de saber para onde ela iria, e vi um Camaro vermelho estacionado e uma pessoa atrás do volante que não conseguia distinguir de onde estava se era homem ou mulher, resolvi deixar quieto não tinha nada a ver com a vida da garota.

Fiquei esperando o jantar ser servido. Jonh não demorou muito chegar parecia estar feliz, esse seria o nosso primeiro jantar juntos, talvez fosse por isso. Já estávamos todos sentados a mesa esperando o jantar ser servido, bom pelo menos quase todos já que a Sahra tinha saído mais cedo.

– Onde está a Sahra? –Jonh perguntou. Fez-se um silêncio meio incômodo, pois ninguém realmente sabia onde ela estava ­–Ela está no quarto dela?

– Não, bom pelo menos não estava eu mesma fui chamá-la e não a encontrei lá –minha mãe disse.

– Não estava no quarto, então ela deve estar em algum lugar da casa, vou pedir para Sam a procurar, para jantarmos e...

– Ela não tá em casa –disse me chutando mentalmente por ter falado algo –quer dizer... –suspirei –Eu vi ela saindo há um tempo, mas ela não me disse onde ia... Então eu não sei –disse me sentindo constrangido por ter delatado a garota.

– Ela simplesmente saiu? –Jonh perguntou.

– Bom, foi. Eu perguntei para onde ela ia, ela disse que isso não interessava a mim e depois um carro buzinou e ela foi embora –disse um pouco rápido demais.

Jonh respirou fundo e então começou a comer sem falar nada. O clima ficou relativamente tenso na mesa e o jantar transcorreu em um silêncio sepulcral, ninguém falava nada.

– Atchim –Clair espirrou alto, atraindo a atenção de todos para ela, ela parecia estar abatida.

– Você está bem? –Jonh perguntou já se levantando, indo em direção a filha e colocando a mão sobre a testa da garota –Você está com febre –constatou com um olhar preocupado –acho melhor você ir deitar, amanhã não irá para escola.

A garota assentiu e saiu da mesa com uma expressão cansada Jonh foi atrás dela. Depois todos nos retiramos, as garotas tinham ido dormir, Drew e Daniel também, talvez a minha mãe e Jonh, e eu estava acordado olhando para o teto, sem sono algum.

Resolvi descer para tomar água, já se passavam da meia noite, talvez se eu caminhasse um pouco o sono chegasse. Assim que desci as escadas dei de cara com um Jonh muito furioso e com a minha mãe tentando acalmá-lo.

– O que tá acontecendo? –perguntei.

– Sahra ainda não apareceu –minha mãe falou com aquele olhar preocupado, que ela sempre tinha quando acontecia alguma coisa com Drew, eu ou até mesmo Daniel –você tem certeza que ela não falou para onde iria? Qualquer coisa serve Jason. –ela estava nervosa isso se percebia de longe.

– Mãe, se eu soubesse de algo eu contaria para a senhora. Eu realmente não sei onde ela foi só a vi entrando em um carro vermelho.

Assim que terminei de falar o telefone tocou, Jonh meio que correu para tendê-lo.

– Alô! –ele disse meio nervoso, deu uma pausa para escutar quem falava –Tem certeza disso? –outra pausa –Tudo bem, estou indo agora! –desligou com uma cara nada boa, pegou o casaco e se dirigiu a porta.

– Aonde você vai? –minha mãe perguntou.

– Buscar a minha filha. –Disse mais furioso. Depois disso, saiu sem dar mais explicações.

Minha mãe ficou parada na sala meio atônita, sem saber o que fazer e então se jogou no sofá com as mãos no rosto, estava visivelmente cansada e pelo que eu a conheço, ela gostaria de estar dormindo agora.

– É melhor você ir deitar mãe –sugeri de forma doce –você não sabe que horas ele vai chegar, e além do mais acho que ele vai querer falar a sós com a filha.

Ela somente balançou a cabeça em concordância e então a levei para o quarto dela. Fui para o meu e mesmo depois disso não consegui dormir, fiquei pensando em onde a garota estaria, afinal Jonh ficou mais furioso depois que recebeu a ligação e sair assim sem dizer para onde ia, aquilo foi estranho. Rolei na cama no intuito de dormir, e até que o sono estava começando a me atingir meus olhos estavam se fechando por vontade própria, quando de repente escuto gritos vindos do andar de baixo.

– Mas que droga é essa que tá acontecendo? –resolvi descer.

PDV Sahra:

A tensão dentro do pequeno cômodo em que nos encontrávamos era quase palpável, Akim, eu, Alan estávamos em uma cela de prisão, as outras pessoas ficaram em outras celas, inclusive em uma de frente para nossa.

– Já falei que odeio você Akim? –perguntei apática.

– Não nos últimos 5 minutos –ele disse da mesma forma.

Enquanto nós dois permanecíamos relativamente calmos, isso não acontecia com os outros, enquanto eu estava sentada no chão em um canto e ao meu lado estava o Akim, os outros ficavam andando de um lado para o outro nervosos, suspirei não era a primeira vez que isso acontecia comigo e duvido muito que seja a última.

– Você pode, por favor, parar de fazer isso? –questionei olhando para Alan que ficava batendo a cabeça devagar na parede –Se você quer ficar batendo a cabeça aí, pelo menos faça isso direito, ou seja, bata com força –disse rispidamente.

– Você não entende. O meu pai vai me matar, quando ele chegar aqui –disse desesperado, e eu continuei a fitá-lo sem nenhuma expressão.

– Ruim pra você –disse sem me importar.

– Eu nunca deveria ter ido lá, porque eu fui cair na tentação... –ele começou a falar sozinho e continuou a bater com a cabeça na parede, rolei os olhos diante da figura patética a minha frente.

Levantei do chão com a ajuda do Akim e rumei para perto do garoto desesperado, passei a mão em seus cabelos pretos que eram um pouco comprido, depois o coloquei de frente para mim para que pudéssemos nos encarar, ele me olhava com grande olhos azuis brilhantes, dei um pequeno sorriso ao qual foi retribuído. Retirei uma das mãos que estavam em seus ombros e acariciei seu rosto, ele fechou os olhos apreciando o toque, então a tirei de lá e dei um tapa bem forte que com toda certeza ficaria bem marcado.

– SEJA HOMEM! –disse gritando, o garoto me olhou com olhos arregalados enquanto esfregava a mão no local onde tinha lhe dado o tapa.

– Você tá louca? –disse com a voz afetada, só dei de ombros.

–Você tem que se acalmar, esse seu ataquezinho histérico é patético só pra você saber. –disse sem fazer caso –Então... –disse olhando para Akim que ainda se encontrava sentado no chão com uma mão no queixo e um olhar pensativo –Você não acha que já está na hora de sairmos daqui?

– Claro, claro –disse dando de ombros. Ele levantou e se encaminhou as grades –Ei! Alguém pode vir até aqui? –chamou entediado. Logo um guarda apareceu.

– O que você quer? –o guarda perguntou meio rude.

– Tenho direito a contatar um advogado, quero fazer isso agora –Akim disse calmamente.

O guarda o analisou por um instante, mas por fim abriu o portão e o deixou sair. Depois disso foi só esperar até ele aparecer dizendo que iríamos embora. Akim era um cara muito precavido e influente apesar de fazer coisas erradas e tudo o mais, ele era ótimo com as palavras e tinha bons contatos, o que inclui um advogado maravilhoso que sempre nos livrava desses infortúnios. Recostei-me na parede e fechei os olhos, permitindo a minha mente vagar para o nada.

– Já está tudo resolvido –ouvi a voz de Akim dizer próxima a mim, não me dei ao trabalho de abrir os olhos –Você não vai nem me agradecer?

– Você não fez mais do que a sua obrigação, afinal eu estou aqui por sua culpa –disse já com os olhos abertos, ele só bufou e se recostou ao meu lado.

– Só poderemos sair daqui à uma hora, já que o advogado não está por perto então a “negociação” será feita por telefone –disse fazendo aspas com as mãos ao falar a palavra negociação –o que nós vamos fazer enquanto esperamos?

Andei para o lado oposto da sala e peguei uma pedra que deveria ser do reboco da parede, voltei para onde estava e desenhei quatro linhas se cruzando entre si na parede.

 – Jogo da velha? –sugeri, ele só confirmou com a cabeça e começamos a jogar.

Acho que se passaram uns quinze minutos e nós ainda estávamos jogando a terceira partida do jogo. Jogo da velha pelo menos para nós dois era algo parecido com xadrez, demorávamos a arquitetar uma jogada, estávamos jogando uma melhor de três cada um tinha ganhado uma e agora era vez dele jogar.

– Bakers e Boss, vocês estão liberados –me virei prontamente estranhando ser “Bakers e Boss” e não “Bakers e Garcia”.

– Você tem razão que chamou os nomes certos? –disse meio duvidosa.

– Tenho sim, seus pais estão aqui. –disse claramente sem paciência, nessa hora meu queixo caiu e pude ver pela minha visão periférica que Akim se segurava para não cair na gargalhada –Não tenho todo o tempo do mundo, então se vocês pudessem fazer o favor de se apressar eu agradeceria muito.

– Acho melhor você ir com ele –Akim disse tentando conter uma gargalhada sem muito sucesso tenho que dizer.

Sai da cela furiosa, levantei os pulsos para que o guarda colocasse as algemas, mas para a minha surpresa ele negou com a cabeça e saiu andando na frente, enquanto Alan e eu o seguíamos. Assim que cheguei a uma espécie de escritório, não sei bem o que era aquilo, vi Jonh sentado ao lado de um homem de meia idade, não dei muita importância para o homem, Jonh vinha em minha direção com uma cara de poucos amigos

– O que aconteceu? –vociferou com os olhos tomados pela raiva, somente dei de ombros e desviei os olhos do seu rosto para um ponto qualquer.

– Fui presa –disse tranquilamente.

– Isso eu percebi. E você age com se isso fosse a coisa mais normal do mundo? –perguntou incrédulo, olhei ao redor e percebi algumas pessoas nos olhando, suspirei.

– Será que nós podemos sair daqui? –perguntei já impaciente, ele só deu as costas e eu o segui.

Era só o que me faltava, ter um “pai” para me tirar da cadeia, eu realmente não esperava por uma coisa dessas dou toda a razão para a vontade de rir do Akim. Isso acontecer logo comigo, que sempre fui tão independente. Vi o carro preto parado e com a porta aberta, só entrei e não proferi nenhuma palavra e esperava que o silêncio fosse preservado até chegarmos em casa, não sei se eram as bebidas, mas a minha cabeça estava começando a doer.

– O que você pensa que estava fazendo em local daqueles? Você tem idéia do perigo que estava correndo? –Jonh falou de repente, só suspirei.

– Não estava fazendo nada demais, só bebendo e escutando música. E não fale do que você não sabe, eu não estava correndo perigo algum. –disse entediada.

– Você fala como se costumasse ir sempre aquele tipo de lugar –desdenhou, eu só o encarei com uma sobrancelha erguida –eu não acredito que você frequentava aquele tipo de lugar em Londres, você realmente precisa de limites...

– Epa! –interrompi –Não venha com essa conversa de impor limites, ou tente ser pai agora tá legal? A sua época já passou. –me estressei –Não tenho mais oito anos pra você ficar me falando o que fazer e me impondo regras, vivi praticamente a minha vida inteira sem elas e me sai muito bem, se eu sou um caso perdido, não vai ser agora que eu vou me recuperar.

– Pois você vai ter que me obedecer sim. –disse de forma autoritária –Sou seu pai, posso não ter estado com você e nem acompanhado seu crescimento, mas eu só quero o seu bem e se isso é preciso então você está de castigo –olhei incrédula para ele.

– Você só pode estar brincando. ISSO É INACREDITÁVEL! –disse jogando os braços para o alto –Não pense que essa sua brincadeira de “casinha” vai me impedir de fazer o que eu quero. Ninguém. Eu disse NIN-GUÉM manda em mim. –dito isso sai do carro que já havia parado em frente a casa e fui para o meu quarto com Jonh ao meu encalço, pensei que ele já tinha acabado, mas me enganei, pois foi só entrar em casa para começar tudo de novo.

– Acho melhor você ir se acostumando com as regras se vai ter que morar aqui –disse com uma voz que faria qualquer não responder, mas como eu não sou qualquer uma...

– VAI SE FER-RAR! –gritei pausadamente –Eu não pedi pra vir pra cá! Se você não tá gostando do meu comportamento... ÓTIMO! Me manda de volta pra Londres! Garanto a você que eu vou adorar! –disse o encarando furiosamente.

– Não vou mandar você de volta para Londres, e você vai ter que me obedecer. –disse com uma voz calma –Querendo ou não. Você vai ter que me obedecer. Ou você vai presa esqueceu?

– Que saber eu prefiro passar o resta da minha vida na cadeia a ter que ficar morando com você. –disse com fúria –Eu não queria estar aqui e você sabe disso. Eu odeio você! E isso se aplica a toda a sua vida, não por que eu tenho metade dos seus cromossomos que eu sou obrigada a te aturar e o considerar como um pai. Pra mim você deixou de ser pai a partir do momento que deixou a minha mãe sozinha. –disse tão enfurecida que não percebi que gritava.

– Você não sabe o que aconteceu para dizer que abandonei a sua mãe –ele disse também enfurecido, acho que tinha tocado em um ponto sensível.

– Claro que eu não sei não é? –disse ironicamente –Afinal, porque eu saberia? Mas pode ter certeza que eu odeio você com todas as fibras do meu corpo, por tê-la abandonado. Você fez promessas a minha mãe disse que a amava, e depois que a levou pra cama você deu o fora. Bela atitude a sua, você é realmente um exemplo...

– CALE-SE! –vociferou –Você não sabe de nada garota, se eu deixei sua mãe foi porque eu tive meus motivos, você tem 17 anos não sabe nada da vida para me julgar.

– Acredite, eu sei muito mais do que você imagina, cresci mais do que qualquer pessoa cresceria em 20, em apenas 7. Então não me subestime. –sibilei a última parte.

– Vejo como cresceu, foi expulsa da escola direto para um reformatório, presa diversas vezes e em uma das últimas vezes foi acusada por porte de drogas, você realmente cresceu muito –disse ironizando.

– Você não sabe de nada da minha vida –disse entre dentes.

– Sei mais do que você imagina e você me deve respeito.

– Há! Você é realmente muito hilário –disse ácida.

– Escuta só garota você pensa o que? –perguntou retoricamente, vindo em minha direção –Você acha que pode chegar na minha casa e mandar pois você está muito enganada você...

– Vamos parar com isso aqui? –disse uma voz interrompendo, olhei e vi que fora a mulher de Jonh quem nos interrompera –Brigar não vai levar ninguém a nada. Os dois estão de cabeça quente, quando estiverem calmos vocês voltam a conversar –disse em uma voz calma, baixa, e ao mesmo tempo nos repreendendo.

– Você tem razão, isso não vai levar a nada mesmo. –disse sorrindo ironicamente –Vou me retirar e deixar a “família feliz” aqui.

Quando olhei ao redor vi todas as pessoas da casa acordados e olhando para tudo atônitos, aposto que o meu estado não era um dos melhores. Voltei a encarar Jonh e ele tinha uma expressão furiosa e vi uma pontada de tristeza também. Não dei à mínima e subi para o meu quarto o único lugar tranquilo da casa.

Assim que entrei, bati a porta com força que foi desnecessária é claro e esmurrei a mesma, mas quando eu estava com raiva eu tinha que colocar essa raiva para fora ou eu enlouquecia, de maneira literal, sempre fazia coisas erradas era capaz de fazer qualquer coisa. Isso foi uma sequela que herdei quando minha mãe morreu, fiquei totalmente furiosa e frustrada por não conseguir pagar um tratamento para a doença dela e os médicos de nada fizeram para ajudarem a salvá-la. Fiquei violenta e isso me destruiu, tive que passar por tratamentos psicológicos na escola por agredir colegas de classe que simplesmente me olhavam torto. Depois de muito tentarem fui mandada ao reformatório.

Aprendi a me controlar, fiz aulas de luta e comecei a fazer outras atividades também, como tocar violão e desenhar também.

Suspirei e esmurrei a cama repetidas vezes até ficar cansada, olhei ao redor e vi Jason me olhando com seu grandes olhos cor ocre, parecia que ele me olhava com preocupação.

– O que foi? –perguntei rudemente pra o bicho, ele continuava a me fitar, bufei contrariada.

– Olha não acontecendo nada ok? –ele veio caminhando em minha direção e pulou em cima da cama para que ficasse perto e continuou me fitando com preocupação nos olhos –Me desculpa? –pedi para ele, falando isso estendi meu braço ele logo em seguida subiu se aninhando neles.

– Eu sei que tudo tá acontecendo rápido demais e é uma grande mudança –falei olhando bem em seus olhos , ele ainda parecia preocupado –Eu vou ficar bem tá legal? –nesse momento ele bufou e foi muito engraçado afinal ele é um furão e saiu bem fininho, o abracei e depois ele pulou dos meus braços e foi para a cama.

Jason ficou rodeando em cima da cama como se estivesse preparando a cama para deitar e de repente ele parou e ficou a me olhar entendi como um convite mudo para que dormisse, sorri para ele.

– Vou tomar um banho e depois eu venho dormir. –disse para o furão.

Algumas pessoas poderiam me chamar de louca por conversar com um animal, mas eu acho isso normal, claro que ele não me responde, mas sei que entende tudo o que eu falo e ainda é totalmente carinhoso comigo.

Tomei um belo banho, não me importando com a hora, assim que abri a porta dei de cara o furão parado em frente a ela me observando, como se estivesse me esperando. Troquei de roupas colocando um pijama e peguei Jason no meu colo, ele ainda me fitava, era como se a qualquer momento algo fosse acontecer comigo.

– Você não precisa ficar me olhando desse jeito tá legal? Eu já disse que tá tudo bem, se não tá, vai ficar –o levei para minha cama e depois de um tempo a inconsciência me dominou.

Estava correndo meio perdida em um corredor longo com paredes brancas e meio enegrecidas, pelo que parecia ser lodo. Corria como se a minha vida dependesse disso, a iluminação era precária, e havia algumas portas nas laterais, no entanto eu continuava a correr sem saber realmente aonde iria.

Vi a figura de um homem alto parado ao meio do corredor.

Moço me ajuda, por favor –me surpreendi ao ouvir a minha voz.

 Assim que olhei para baixo pude ver que essa não era eu, não estava no meu corpo normal, eu estava com 10 anos de novo minhas mãos tremiam e não somente elas, mas meu corpo inteiro, estava com o uniforme da escola onde estudava na época. O homem me olhou e eu não podia ver seu rosto.

O que você quer? –disse rudemente.

Me ajuda, eu não sei onde é que eu to...

Ajudar você? Por acaso você ajudou a sua mãe? –por reflexo dei um passo para trás como se ele tivesse dado um tapa na minha cara –Não! Você não a ajudou você poderia ter trabalhado mais, poderia ter feito mais coisa para conseguir dinheiro. E o que você fez? –deu uma gargalhada irônica –Você ficou chorando, aquilo não salvou a sua mãe.

Pára! Eu tentei! Eu juro que tentei, eu não tinha dinheiro –de repente lágrimas escapavam do meu rosto e soluços rompiam da minha garganta –Eu não consegui.

Tinha que ter tentado mais, por isso sua mãe morreu por sua culpa, você é culpada...

Pára! Pára! Páaaraaaa!

Sai correndo o mais rápido que pude dali. Avistei uma luz no final do corredor e fui desesperada até ela a fim de sair daquele local. Assim que passei dei de cara com um rio enorme acima passava uma ponte velha, ao lado havia uma elevação que levava a rua, essa elevação formava algo parecido com uma parede composta por uma terra avermelhada e cheia de pedras o solo era meio instável, fiquei observando o local por um tempo, olhei para as minhas mãos e vi que tinha voltado para o meu corpo normal.

Ora, ora, ora, quem é vivo sempre aparece certo? –disse uma voz com uma ponta de divertimento atrás de mim ofeguei reconheceria a essa voz até no inferno –Te encontrei –nesse momento a voz ficou dura, virei-me e dei de cara com um par de olhos pretos intensos me encarando com fúria.

Me... Me... Deixa em paz –minha voz tremeu, o dono dos olhos lançou um sorriso divertido para mim.

Por que eu deixaria você em paz? Você não me deixou em paz, há um tempo, não me deixou “brincar”. Lembra desse lugar? –disse com um sorriso, parecia se divertir com o meu medo –Você lembra não é? Nosso último encontro. –disse olhando para o céu –Você está com medo? –perguntou e soltou uma estrondosa gargalhada , de súbito parou –Deveria ter.

Não deu tempo de mais nada em um minuto ele estava lá parado a uns dois metros de mim e em outro estava com as mãos no meu pescoço me estrangulando, o ar já não fazia parte da minha realidade enquanto me debatia tentando me soltar.

Vou pegar você, a sua família e todos que estiverem envolvidos com você de alguma forma –as palavras soaram como foices.

Me sentei na cama ofegante e suada, tinha sido um pesadelo. Abracei um travesseiro e me deitei em posição fetal no meio da cama. Sempre tinha esse tipo de pesadelo, mas uma frase no final desse me deixou extremamente confusa “Vou pegar você, a sua família e todos que estiverem envolvidos com você de alguma forma”. Estremeci ao lembrar dela e resolvi abolir de meus pensamentos afinal, estava do outro lado do oceano, não tinha como me acharem, a única que sabia onde eu estavas era Sayuri e agora o Akim. Ninguém mais sabia.

Sai da cama e fui tomar um banho não sem antes pegar uma pílula para dor de cabeça, pois a minha estava me matando. Tomei outro banho demorado me perguntando quando eu poderia utilizar a banheira, tinha que ter um descanso para poder tirar pelo menos a tala da perna.

Caminhei pelo quarto de roupão, fui até o closed e peguei uma roupa, assim que ia começar a me vestir escuto batidas na minha porta.

– Pois não? –disse ao abrir a porta, dei de cara com Sam –Oi Tio Sam como está?

– Estou bem querida, bom temos um rapaz que diz ser seu amigo a esperando lá em baixo. –disse formalmente, franzi o cenho.

– E por acaso esse rapaz se identificou? –perguntei ainda de cenho franzido.

– Bom... Er... Ele disse que poderia avisar que o, essas palavras são deles e não minhas, “Mestre Gostosão” havia chegado –rolei os olhos.

– Pode mandá-lo subir Sam, indique o meu quarto.

– Mandá-lo paro o seu quarto? –perguntou meio confuso.

– Sim. Não se preocupe eu sei quem é. E pode chamá-lo de “Mestre Idiota” –bufei, Sam saiu em direção as escadas e eu entrei colocando uma roupa confortável, já que pretendia ficar em casa mesmo.

– Não estou nem aí, pelada ou não aí vou eu! –Akim disse entrando no quarto sem ser convidado –E que lance de “Mestre Idiota” é esse? Não gostei.

– Fala sério, acordar pela manhã e dar de cara com você é uma lástima. –disse contrariada.

– Manhã só se for pra você querida, já são quase meio dia –olhei para ele ressaltada.

– Então é por isso que eu estou com fome –falei meio indiferente, ele gargalhou.

– Então creio que eu resolvi seu problema, trouxe comida comigo –só então percebi que ele trazia consigo uma mochila nas costas e algumas sacolas com comida, agradeci muito por não ter que descer para comer, não queria dar de cara com alguém dessa casa.

Akim se jogou na minha cama pegou meu notebook e ficou como se estivesse na própria casa, só dei de ombros quando ele passava por Londres agia dessa forma, nada fora do normal entre a gente, ficamos um tempo comendo em silêncio.

– Estava aqui pensando e agora eu resolvi perguntar. Você ainda não me respondeu o que veio fazer aqui. Será que agora pode me explicar? –suspirei e resolvi contar.

– Em primeiro lugar tenho um pai agora e...

– Vou deixar você pular todas as apresentações, já sei disso tudo, falei com a Sayuri antes mesmo de termos saído ontem –aquilo me pegou de surpresa –por isso não me assustei quando disseram que o seu pai foi te tirar da cadeia sei de toda a coisa.

– O que mais você quer saber, não tem nada além disso –disse pondo um ponto final na conversa.

– Tem certeza? Não quero ser indiscreto ou chato, mas parece que alguma coisa está te incomodando –suspirei.

Depois disso desatei a falar sobre tudo o que tinha acontecido da briga quando cheguei em casa, até mesmo o dia em que saí de Londres, contei tudo a ele. Akim não o tipo de pessoa que julgava e também não se metia na nossa vida, ele só escutava e se você quisesse ele te aconselhava, era um bom amigo e sempre me apoiou as minhas decisões apesar de achar algumas absurdas, ele sempre estava lá dando seu ombro amigo.

– Tá legal, agora você já sabe de tudo –disse depois que terminei de contar a história toda –agora eu quero saber o porquê de você ter vindo aqui, não que você não fosse capaz de vir sem algum motivo, mas eu te conheço e sei que foi por algo maior –ele fez uma careta e rolou os olhos.

– Você tem razão, na verdade eu vim aqui para te entregar a pesquisa sobre o seu “amiguinho” –disse pegando a mochila e retirando um envelope de dentro da mesma –aqui está toda a vida dele, desde ex-namoradas até o seu boletim.

– Não quero subestimar você, mas... –fiz uma pausa –conseguir até o boletim do garoto, isso foi um trabalho muito mais bem feito do que eu esperava.

– Foi bem fácil se você quer saber –disse enquanto mexia no notebook.

– Fácil? Você me disse que não ia ser fácil –estava confusa.

– Se você parasse de falar e abrisse o envelope você iria ver –disse digitando algo e depois voltou os olhos para mim sorrindo.

Fiz o que ele mandou e abri o envelope, vi o conteúdo e meu queixo caiu. Daniel Ackerman filho de dois importantes acionistas, a família dele era amiga dos Sulivan, eram ricos, ele vivia viajando. Mas o que me impressionou foi que o garoto aparentemente perfeito, participava de raxas, foi preso algumas vezes e tinha uma passagem por uma clínica de reabilitação. Sabia que o conhecia de algum lugar.

– Por um acaso, você saberia me informar, se quando ele passou pela clínica de reabilitação, foi por algum tipo de droga ilícita? –perguntei.

– Ao que parece foi sim, o garoto se envolveu em algo grande se você quer saber. –ele disse e logo após se aproximou com uma satisfação no rosto por ter feito um serviço tão bom –É claro que isso você não pode encontrar nos jornais. O estado de declínio dele começou quando fez uma visita a Londres, lá ele começou a se drogar, o garoto enlouqueceu. Pegava o dinheiro todo e comprava drogas, de tudo desde maconha até ao crack, a garota com quem ele se relacionava na época o deixou, depois de ter sido agredida por negar dinheiro a ele.

– E você sabe com quem ele comprava? –perguntei curiosa, eu já tinha uma idéia só precisava confirmar a suspeita.

– Não. –ele disse frustrado –Tentei descobrir de todas as formas, mas não consegui –ele coçou a barba que estava por fazer –o cara não tem nome, pelo menos não deixa rastros tem seus cobaias que fazem o serviço sujo.

– Você conseguiu fazer isso tudo em quanto tempo? –perguntei meio assustada com toda a informação.

– Eu não dormi –disse e só aí foi que fui perceber as olheiras profundas abaixo dos olhos do meu amigo –Ao contrário de você, meu pai não foi me tirar da cadeia –ironizou –depois que eu saí de lá resolvi pesquisar e para saber mais, tive que consultar alguns contatos, assim que consegui vim direto pra cá. –falou e em seguida deu um bocejo –Mas tem uma coisa que me intriga nessa história toda –disse pensativo.

– O que? –perguntei muito curiosa.

– O seu “amiguinho” continua a fazer negociações “estranhas” –disse fazendo aspas no ar –Ele tem feito gastos que não são “normais” já que a grana que é gasta, não é investida em nada aparentemente. É como se o dinheiro simplesmente sumisse no ar. –disse com uma cara emburrada, depois disso bufou –Não tem nenhum indício de onde o dinheiro vai parar, e eu tentei descobrir, mas como eu disse não tem indícios.

– Você acha que ele está fazendo negociações com as mesmas pessoas que vendiam drogas para ele antes da reabilitação? –perguntei sugerindo essa possibilidade.

– Pode ser que sim, e também pode não ser, pode ser algo inofensivo ou não. Talvez ele não esteja comprando drogas, mas temos essa possibilidade. Sempre temos que pesar a balança para os dois lados –disse pensativo –e apesar de não fazer idéia de quem seja o garoto pessoalmente, eu estou interessado na história dele e vou procurar descobrir.

Balancei a cabeça e fiquei pensando, eles ainda não deveriam ter voltado da escola assim, poderíamos entrar no quarto do garoto, olhar algumas coisas, e depois sair sem sermos pegos. Um plano arriscado, pois já era tarde eles deveriam estar voltando a qualquer momento, mas aquilo não iria me impedir. De repente o sorriso que sempre se estampava em meu rosto quando pensava em algo estava no meu rosto.

– Oh ou! Olha eu não sei o que se passa nessa sua cabecinha doente, mas eu to fora –disse cruzando os braços no peito, só rolei os olhos.

– Você mesmo disse que gostaria de saber o que estava acontecendo com o garoto, então nós vamos tentar descobrir –disse sorrindo inocentemente.

– Não, eu realmente não quero descobrir mais nada. Pelo menos não da forma que você quer. –disse sério.

– Você nem ao menos sabe como nós vamos tentar descobrir –disse com o mesmo sorriso.

– E nem quero saber. –disse de forma cortante.

– Tudo bem então. –disse fazendo uma cara decepcionada –Se você não quer saber, quem sou eu pra te obrigar? Eu vou lá tentar saber o que ele anda fazendo, descobrir tudo –disse me levantando da cama –Talvez até descubra quem é o cara das primeiras negociações e ainda vou me gabar que descobri tudo sozinha, sabe acho que ele deve estar...

– Tá bom, já chega! –ele disse se rendendo, dei um largo sorriso com isso –Vamos lá, e seja o que Deus quiser. –disse se levantando e me seguindo –Acho bom isso dar certo caso contrário eu te mato. Qual o plano?

– Não é nada de muito complicado –disse já saindo do quarto, percebi que Jason vinha nos seguindo, com tudo isso havia me esquecido dele –Vem aqui bebê –disse o pegando e o colocando no meu ombro.

– Pode continuar e deixar esse bicho idiota –ele disse contrariado.

– Hei! Não fala mal do meu filho! –disse o repreendendo –Bom continuando, nós vamos entrar no quarto dele revirar e procurar qualquer coisa que sirva como pista –parei no corredor fiquei olhando as portas a fim de adivinhar qual delas era a dele.

– Você já foi mais criativa –ele disse meio divertido, rolei os olhos.

– Por hora é tudo o que temos então se contente –disse fazendo pouco caso –agora só temos que saber qual quarto é o dele –disse ainda observando as portas.

– Nossa! Você quer invadir o quarto dele e nem ao menos sabe qual é. Eu deveria ter ficado naquela cama e ter aproveitado para cochilar –dei um tapa na sua cabeça –Ai! Por que você me bateu? –perguntou esfregando a nuca.

– Não sei. Só me deu vontade sabe? –ele me olhou incrédulo e eu dei um sorrisinho amarelo para ele –Chega de brincadeira Akim! Vamos procurar o quarto –ele me olhou com raiva e depois disso saí em direção a última porta do corredor.

Abri e era um quarto de hóspedes, pois não tinha nenhuma decoração pessoal lá, fui abrir uma oposta a ele e estava trancada, deduzi que era um quarto, e poderia ser do Daniel ou não, por via das dúvidas era melhor continuar procurando. Então abri uma porta e dei de cara com um quarto que parecia ser do casal da casa, fiz uma careta e estava prestes a fechar a porta, quando Akim entrou lá olhando tudo ao redor.

– Acho que é o quarto do seu pai –disse sorrindo –que tal descobrirmos os segredos dele hein?

– Olha a gente faz isso outro dia, agora vamos sair daqui logo, porque temos pouco tempo –ele deu de ombros e quando estava próximo a saída escutamos passos.

Arregalei meus olhos e meio que me desesperei, Akim me acompanhou no desespero, estávamos perto do fim do corredor chegar ao meu quarto do jeito em que eu estava não iria dar tempo então tínhamos que entrar em algum quarto, tentei abrir a porta de um e ela estava trancada, tentei outra e estava trancada também.

– Eu sei, eu já volto! –disse uma voz.

Ofeguei tentei abrir a porta ao lado que por sorte estava aberta, não queria ser pega trotando pelo corredor com um estranho e com a desculpa de tinha acabado de ir ao banheiro se eu nem ao menos sabia onde ficava o banheiro da casa, olhei e vi a porta do quarto de Jonh aberta, com certeza não saberia explicar aquilo. Entrei no quarto e Akim me seguiu, tranquei a porta e encostei-me a ela, suspirando de alívio, pela primeira vez na vida a sorte me ajudou.

– O que vocês estão fazendo no meu quarto? –ou não, choraminguei, tenho que encontrar alguns coelhos por aí.


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Notas finais do capítulo

Vocês chegaram até aqui? Então parabéns!Nesse exato momento estou em um cyber com um baita calor, porque o meu PC decidiu que não quer mais ligar! Morte a ele... Simplesmente não liga tipo o HD pifou. E como eu não sou a Sahra eu fiz umas trocentas cópias da estória em vários pen-drives e acabei de perder uma delas porque o PC daqui deu leg no meu acho que queimou, e eu vou fazer de tudo para o próximo capítulo não atrasar tá legal?! Era pro capítulo ter saído ontem, mas o nyah também não colaborou, tipo ficou fora do ar, mas enfim reclamações a parte .-.'Sei que vocês pensaram que eu não iria colocar o que aconteceu com Sahra na cadeia né?! Mas eu não sou tão ruim assim, eu disse que não era "tão" ruim, não disse que era boa, por isso deixei vocês com a pequena curiosidade no final! :DJason tem um belo relacionamento com a mãe hãn! Coitada da Clair a nossa pequena "mente brilhante", os garotos foram maus com ela. Jonh se descontrolando? Isso é novidade certo? Sempre tão calmo e relevando as situações. Quem gostaria de ter um furão como o Jason? Ele é muito fofo. E que pesadelo foi esse com a Sahra? Acho que alguém vive sendo atormentada pelos fantasmas do passado, quem será esse garoto de olhos verdes que tanto assustaram a nossa destemida heroína? E quem ficou surpreso com o Daniel, parece que a impressão de bom garoto, era mesmo só uma "impressão".E a última pergunta em que quarto ela entrou? Sei que essa todo mundo sabe! *--*Agradeço muito pelos comentários, cara eu amo respondê-los é tão legal saber o que vocês pensam e partilhar as suas opniões! Espero vocês nos comentários tá legal?! Quero um montão kkk'Sintam-se todas abraçadas, beijadas e cheiradas! *3* o//Até o próximo que tá legal! *--*