So What escrita por Mahriana


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Gente, aconteceu uma coisa engraçada. Eu esqueci de postar esse capítulo, mas aqui está ele.

~~Apreciem sem moderação~~



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PDV Jason

– Alexia é linda.

– O que mais? – Drew perguntou.

– Tem belos peitos, bunda. Você já viu o cabelo dela? Até o cabelo dela é lindo – eu não dava a mínima para o cabelo dela.

– Ok, então a Sahra é? – Ele estava falando comigo como se eu fosse retardado.

– Sahra é grosseira, mal-humorada, sem senso de humor, tem um sorriso bonito, mas é muito antipática. Ela também tem um corpo ótimo e sabe conversar sobre coisas interessantes – dei de ombros.

– Então o que nós concluímos com isso?

– Que eu devo continuar firme e forte com a Alexia e deixar a Sahra de lado. – Pontuei.

– Fala sério, você tem problemas – ele rolou os olhos.

– Falou o cara dos incensos – bufei.

O quarto de Drew estava cheio de velas aromáticas e incensos por todo lado, sem contar com os apanhadores de sonhos e amuletos espalhados, aquilo era ridículo.

– Ei! Eles espantam as energias negativas e deixam tudo com um cheirinho gostoso – ele se defendeu.

– Essa garota tem você com os quatro pneus arriados, meus pêsames – levantei da sua cama e caminhei até a cadeira onde ele estava sentado e dei tapinhas em suas costas. – Você deveria ser mais como eu.

– Como você? – Ele perguntou sarcasticamente. – Vejamos, então vou pedir em namoro uma garota que eu não gosto e depois vou começar a transar com a filha do meu padrasto. Sim, isso com certeza é melhorar de vida.

– Você faz parecer ruim.

– Bom, porque é. – Ele levantou da cadeira, pegou-me pelos ombros e me chacoalhou. – A sua vida é uma merda. Cara, você está gostando da Sahra, mas fica botando na cabeça que quer a Alexia. Acorda!

Bufei, soltei-me e caminhei pelo quarto. Não era como se eu estivesse gostando demais da Sahra, eu só gostava de passar algum tempo com ela e não necessariamente fazendo sexo, era interessante ficar com essa garota.

Eu já não ia mais até o seu quarto em busca de aliviar minhas tensões sexuais, eu gostava de conversar e havíamos passado a última semana assistindo filmes antigos. Era divertido e agradável. Nós não tínhamos compromissos e não éramos obrigados a ficar juntos. Como sempre, éramos somente “Jason e Sahra”.

– Quer saber? Eu vou procurar alguma coisa melhor pra fazer do que ver você conversar com a sua namoradinha pela internet. – Falei indo em direção à porta – A propósito, você não foi de grande ajuda.

– Você está extremamente caído pela Sahra, acho que já está na hora de contar – ele riu.

– Beija a minha bunda!

Sai do quarto.

Eu estava nervoso, justamente porque Drew tinha toda a razão. Mas eu não poderia ficar com Sahra, ela era tão problemática e tinha sua “vida secreta” tão cheia de coisas sujas que eu não conseguia não pensar nisso. Eu quase poderia ver aquilo me afetando, na verdade, eu pressentia isso.

Como que para me desestabilizar lá estava Sahra e Clair estava com ela. Elas pareciam estar passando por um momento de irmãs, Sahra corria e Clair tentava pegá-la. Eu ainda não havia me acostumado a vê-la tão desinibida e solta pela casa, era admirável.

– Ok, ok! Você pode ficar – Sahra resfolegou.

– Sério? – Clair perguntou desconfiada.

– Claro. – Sahra deu de ombros e estendeu a mão para que Clair pegasse um retângulo de papel. – Afinal o que eu vou fazer com isso?

Clair estendeu a mão para pegar o papel e bem nesse momento Sahra levantou os braços, impedindo que Clair conseguisse o que quer que fosse. Observei por mais um minuto Clair tentar subir nas costas de Sahra e a pequena luta das duas pelo papel. Caminhei até elas e aproveitando da distração peguei o objeto tão precioso.

– Ei! – As duas gritaram.

Levantei o papel o mais alto que pude e o olhei, era a foto de um garotinho de uns 13 anos de idade.

– ME.DEVOLVE! – Clair gritou pausadamente.

– Opa! Calma, você está muito nervosa, alguém pode explicar o que está acontecendo? – Perguntei e olhei para Clair que se limitou a bufar, Sahra soltou alguns risinhos. –Alguém? – Virei em sua direção com uma sobrancelha erguida.

– Bem – Sahra começou – nossa pequena garotinha está crescendo – ela passou os braços sobre os ombros de Clair, que tratou de se desvencilhar. – Esse garoto – apontou para a foto que eu segurava – pode ser nosso futuro cunhado – então ela colocou a mão ao lado da boca e sussurrou alto o suficiente para que Clair ouvisse – a nossa pequena Clair está crescendo e gostando um pouco mais de garotos agora.

– Hm... – resolvi entrar no jogo. – Sabe Clair, não o deixe beijar você até o terceiro encontro.

Seu queixo caiu e sua face ficou incrivelmente vermelha. Sahra pegou a foto da minha mão e entregou para ela que saiu pisando duro e bateu com força a porta do quarto.

– Acha que pegamos pesado com ela? – Perguntei.

– Ela vai superar.

Alice Cooper - Poison

E lá estava ela novamente, me deixando confuso e nem ao menos percebia isso.

– Sahra?

– O quê? – Ela parecia bem distraída, mas ainda carregava uma leveza consigo.

– Acho que nós precisamos conversar – engoli em seco.

– Claro, sobre o que você quer falar?

– Por favor, me acompanhe – pedi nervoso demais.

– Me pedindo desse jeito, faz com que eu me sinta no colégio. É como se o diretor estivesse me chamando. – estávamos indo para o meu quarto, ela virou para mim e sorriu maliciosamente. – Você vai me punir Jason?

Engoli em seco novamente. Será que ela não via o quanto estava me afetando?

Resolvi ficar em silêncio. Eu não fazia ideia do que eu queria falar com ela, eu não sabia o que eu queria.

– Muito bem, nós estamos seguros, pode falar – Sahra jogou-se sobre a minha cama e esperou que eu falasse.

– Nós somos amigos? – Questionei.

– Somos? – Ela me encarava com uma sobrancelha erguida.

– Somos amantes?

– Amantes?

– O que nós somos Sahra? Porque eu sinceramente não faço ideia.

Sahra parecia deliberar, suas feições pensativas me fizeram temer pela resposta.

Eu realmente não sabia o que nós éramos, mas seja lá o que estava acontecendo eu não queria que acabasse.

– Nós somos amigos – ela falou levantando-se da cama e vindo em minha direção.

– Somos amigos? – Fiquei um pouco surpreso com a sua resposta.

– Sim, nós somos. Trocamos segredos e acho que mesmo que não queiramos admitir ficamos próximos o suficiente para você saber que eu tive aulas de balé quando criança.

Nós realmente ficamos mais próximos, compartilhamos segredos. Claro que nem de longe ela havia me contado tudo o que realmente escondia, mas as pequenas coisas compartilhadas faziam toda a diferença.

– Nós somos amantes – ela sussurrou ao meu ouvido. Minha pele se eriçou.

– Somos amantes? – Sussurrei próximo ao seu pescoço, meus lábios desejavam aquela parte.

Antes que meu objetivo fosse alcançado ela se afastou. Caminhou ao meu redor e tinha um sorriso zombeteiro em seu rosto.

– Sim – ela me abraçou por trás e beijou minha nuca. – Ou você vai querer negar tudo o que aconteceu aqui? Aquilo não foi fruto da nossa imaginação.

Fechei os olhos.

Virei-me e tentei agarrá-la. Antes de conseguir ela simplesmente desviou, deixando o espaço vazio para que eu pegasse, soltei um muxoxo.

– Sabe Jason, na verdade, nós não somos nada – ela caminhou até a minha cama e sentou tranquilamente na beirada.

– O que você quer dizer com isso?

– Nós somos somente “Sahra e Jason” – deu de ombros.

Ela pensava da mesma maneira que eu. Sentei ao seu lado e fiquei pensando no que essa nossa “relação” queria dizer. Parecia mais fácil não termos nada rotulado do que alguma coisa concreta. No entanto, quanto mais eu pensava em não definir nada, mais eu queria definir. Porém o medo do que viria junto com essa relação fazia com que eu recuasse.

Sahra sentou no meu colo, envolvendo suas pernas em minha cintura e segurou meu rosto com uma de suas mãos.

– No que você está pensando? – Seus olhos passeavam pelo meu rosto.

– Eu só queria saber o que realmente significa sermos “Jason e Sahra” – suspirei.

– Somos “Sahra e Jason” não “Jason e Sahra”, além do mais, nós não precisamos ser algo mais do que isso. Pedir mais é exigir muito de mim, acho que não posso oferecer mais do que algumas escapadas e conversas esporádicas – completou com uma careta. – O que você acha?

– Acho que no momento isso soa perfeito pra mim – sorri e passei minha mão por suas pernas.

Comecei a beijar seu pescoço, antes que eu chegasse a sua boca ela me empurrou contra o colchão. Seu quadril roçando no meu, sua boca distribuindo beijos por todo o meu pescoço. Comecei a puxar sua camiseta, mas abruptamente ela parou as carícias e ficou sentada em cima de mim sem fazer nada.

– Ok, isso quer dizer que? – eu estava confuso.

– Nada, você disse que queria conversar comigo, nós conversamos, mas agora eu não estou com vontade de fazer nada. Na verdade eu queria que você me ajudasse com um dever de História – ela olhava suas unhas fazendo pouco caso.

Virei-nos ficando em cima dela, Sahra parecia se divertir. Estreitei meus olhos.

– Você é uma pequena provocadora sabia?

– Eu não fiz nada, só estava aqui e então você me atacou.

– Claro, a culpa é sempre minha – resmunguei.

Finalmente beijei seus lábios, passei por seu maxilar, pescoço, busto, nessa altura seu peito subia e descia com sua respiração acelerada. Beijei seu abdômen, circulei seu umbigo e passei a descer mais e mais, vi seus olhando se fechando e seus lábios serem enfeitados por um pequeno sorriso de satisfação. Enfim desabotoei seu jeans.

No exato momento em que eu iria mostrar para Sahra que não era divertido me provocar alguém bateu na porta.

Sahra afundou na cama, frustrada. Eu me joguei ao seu lado.

Jason? – A voz de Mellany ecoou do outro lado da porta.

– O que foi? – Eu meio que gritei, não estava com vontade de abrir a porta, eu só queria voltar a fazer o que eu fora interrompido.

Seu amigo Daniel está aí – Sahra levantou a cabeça, parecia estar mais interessada. – E há outra garota, ela diz ser amiga da Sahra, os dois parecem querer se matar.

Sahra saiu da cama em um pulo e já arrumava suas roupas. Eu também passei a me endireitar. Afinal quem era a tal outra garota?

– Nós estamos indo! – Gritei.

Sahra pulou em mim e colocou ambas as mãos em minha boca. A olhei de forma questionadora.

– Você percebe o que acabou de fazer? – Ela sibilou. Continuei sem entender. – Você disse “nós” e não “eu”. Mellany pode acabar comentando com alguém que pode comentar com outra pessoa e isso chegará aos ouvidos da sua querida namoradinha.

Rolei meus olhos. Alexia não acreditaria em qualquer fofoca de escola, por mais que essa fosse verdade. Puxei as mãos de Sahra do meu rosto e a empurrei em direção à porta.

Não me surpreendi ao encontrar Mellany nos esperando junto a porta, ela nos olhava curiosamente.

– Algum problema Mellany? – Sahra perguntou.

– Não, nenhum – ela parecia prender riso. – Suas visitas estão esperando na sala – ela nos olhava e parecia travar uma árdua batalha para não sair pulando pelo corredor, a ignorei e fui receber Daniel. – Jason? – Ela chamou quando eu já estava no fim do corredor. – O zíper tá aberto.

Ruborizei e escutei sua risada enquanto tentava não deixar a situação pior do que já estava.

Quando cheguei à sala de estar me surpreendi ao ver Daniel e uma garota com traços orientais discutindo. Eles estavam com as cabeças próximas, falavam baixo e ameaçadoramente um com o outro. Mellany não estava brincando quando disse que eles pareciam querer se matar.

– Daniel? – Chamei.

Ele virou em minha direção e um enorme sorriso estampou sua face.

– Jason... E Sahra? – Seu sorriso pareceu aumentar.

Olhei para Sahra e percebi que estava um pouco a sua frente, mas estávamos próximos demais.

– Parece que você melhorou no quesito amizades – Daniel falou se direcionando a Sahra. Minhas sobrancelhas se ergueram.

– Você, no entanto, continua andando com o Natanael – Sahra falou com um falso tom de desapontamento. – Acho que você precisa ter algumas aulas comigo.

– Aparentemente você não está andando somente com as boas companhias, então podemos estar empatados – Daniel olhou para a asiática com uma careta de nojo e fingiu um arrepio. – Estão despachando as coisas ruins de Londres?  Acho que a cidade está se sentindo bem mais limpa com você por aqui – ele apontou para a garota, ela me parecia familiar.

Sahra enrugou as sobrancelhas e caminhou em direção ao Daniel, puxou sua camiseta pela gola e seus rostos estavam a poucos centímetros de distância. Ambos com expressões sérias.

– Você pode falar o quiser – Sahra falou com um tom cortante –, mas em hipótese alguma ofenda meus amigos.

– Você deveria escolher melhor suas amizades – Daniel devolveu. – A sua amiguinha não sabe o que é ter caráter, fazer sexo comigo pra poder arrancar informações. Bem, acho que isso pode ser chamado de prostituição, você não acha? – Deu sorriso debochado.

Sahra cuspiu em seu rosto. Suas mãos tornaram-se garras em torno da camiseta dele. Daniel fechou os olhos, respirou fundo e se desvencilhou do aperto da Sahra.

– Dan? – Chamei.  – Que tal irmos pro meu quarto?

Daniel puxou a barra da sua camiseta e esfregou no rosto. A garota, amiga da Sahra pelo que eu havia deduzido, o encarava com um sorriso de satisfação no rosto.

– Você ainda vai me pedir desculpas por isso e só a nível de curiosidade, eu vou perdoá-la – Daniel sorriu mais uma vez para Sahra. – Nos vemos em breve.

– Espero que não – Sahra latiu em resposta.

Eu sabia que esse desentendimento provinha de assuntos passados, no entanto, eu não gostaria de saber quais eram esses assuntos. Poderiam me chamar de covarde, mas eu ainda gostaria de ter um histórico limpo o suficiente para ser aceito em alguma universidade. Envolver-me com Sahra além das conversas e do relacionamento físico estava além do que eu poderia aguentar.

PDV Sahra:

– Bem, eu acho que a minha chegada não foi uma boa ideia – Sayuri falou.

Estávamos no meu quarto, mais precisamente pintando meu cabelo e fazendo as unhas uma da outra.

– Cala a boca – rolei os olhos. – Você sabe muito bem que é bem vinda aqui a qualquer momento. Sinta-se em casa.

– Então você é dona do lugar? – Ela brincou.

– Eu acho que sim, você sabe – dei de ombros –, em algum momento eu simplesmente aceitei o fato de que estou realmente morando aqui, mas devo acrescentar um “por enquanto”.

– Você poderia morar aqui para sempre – ela comentou distraidamente.

– Nossa! Não sabia que você me odiava tanto a ponto de querer me expulsar do meu país. – Ela puxou meu cabelo – Ai!

– Puxo novamente se você voltar a falar besteiras. – Ela continuou a enrolar algumas mexas do meu cabelo em papel alumínio. – O que eu quero dizer é que talvez fosse melhor você ficar por aqui. As coisas poderiam ser menos complicadas.

– Por complicações você quer dizer?

– Natanael.

– Foi o que eu pensei. – Suspirei entediada.

– Você precisa ter uma vida sem ele por perto e aqui, com a sua família por perto, ele não parece conseguir pegar você sozinha.

– Pra falar a verdade eu gostaria de encontrar com ele por aí – ela largou meu cabelo e sentou na minha cama, bem a minha frente.

– Que tipos de drogas você anda usando? – Rolei os olhos. – Por favor, me diz que você não tentou nenhum contato com ele, só diga que não fez isso.

– Eu não fiz isso – ela relaxou. – Mas vou fazer em breve.

– Nem. Morta! – Ela falou pausadamente. – Você ficou louca? Qual o seu problema?

– Eu não fiz isso, foram os garotos que fizeram.

– Que garotos? – Seus olhos se estreitaram.

– Akim, Adam...

– Eu vou matar eles! – Ela levantou da cama e começou a andar pelo quarto. – Qual o problema deles?! Claro! Eles não têm nenhum, afinal o Natanael não quer sacanear nenhum deles, ele só quer ferrar com você. Então eles mandam você para o inferno e você aceita.

– Eles vão me ajudar, acho que vamos resolver todas as pendências nesse encontro – me recostei na cadeira e relaxei.

– Pendências? PENDÊNCIAS?! Você esqueceu que ele tentou te matar? – Ela parou bem na minha frente, segurou meus ombros e olhou diretamente nos meus olhos. – Você está ficando louca.

– Olha, se você acha que isso é loucura, tudo bem. Não posso mudar sua opinião, mesmo assim ainda vou encontrar com ele.

– Você só pode estar de brincadeira comigo?

– Não, na verdade os garotos não querem que eu fale com ele. Foi mais como um plano para pegá-lo. Eu nem preciso me pronunciar, mas eu quero. – Sentei-me ereta na cadeira. – Eu quero olhar nos olhos dele, eu quero ouvir tudo o que ele tem a dizer. Então depois eu quero mandá-lo pessoalmente para o inferno.

– Não acho isso uma boa ideia.

– Relaxa Sayuri. Tudo vai acabar bem, você vai ver.

Batidas na porta interromperam nossa conversa.

Jonh estava parado, com alguns papeis nas mãos e tentava conter um sorriso inutilmente.

– Olá? – Arrisquei.

– Tenho uma novidade para você.

– Bem – me afastei da porta e inclinei a cabeça em direção do quarto. Ele entrou. – Jonh, essa é a Sayuri. Sayuri, esse é o Jonh – apresentei-os. – Vocês devem ter se conhecido na Inglaterra, mas... Esqueçam, o que você gostaria de me contar.

– Antes de qualquer coisa, eu gostaria de avisar a você que a sua avó virá jantar daqui a pouco – ele olhou no seu relógio.

– Espera – pedi. – Eu tenho uma avó?

– Sim – ele confirmou, então franziu as sobrancelhas. – Se você não se sentir confortável com isso, eu posso avisar a todos que você está indisposta e não poderá descer para o jantar.

– Não, não. – Levantei minhas mãos para que ele não continuasse. – Eu sempre quis ter uma avó, não cheguei a conhecer os meus avós maternos. Eu, com certeza, vou descer para o jantar.

Eu realmente gostaria de conhecer a mulher que seria a minha avó. Era quase uma fantasia secreta ter uma senhora idosa e bondosa, que fazia biscoitos, e se vestia com vestidos floridos.

– Fico feliz em ouvir isso – e lá estava aquele sorriso idiota no seu rosto novamente. – Quero que você saiba que eu não desisti de você...

– Olha, eu acho que o sentimentalis...

– Por favor, deixe-me acabar – ele me interrompeu. – Para ser mais conciso, eu não desisti do seu caso. Analisei alguns fatores e discuti com a promotoria, alguns fatos foram refutados e... Bem, não vamos entrar na parte burocrática. O fato é que você está livre do seu serviço comunitário.

– O QUÊ?! – Gritei. – Como assim livre?

– Eu contrapus alguns fatos e percebi que eles não eram tão precisos. – Ele me estendeu os papeis. – Você pode ler se quiser. A partir de agora você não precisa mais se ocupar depois da escola.

– Eu nem sei o que falar.

Eu estava chocada. Felizmente chocada. Ser acusada de algo que não fiz era horrível, no entanto, eu gostei de trabalhar na creche apesar de tudo e eu não iria abandonar aqueles anões.

– Você ainda vai para o evento beneficente não é? – Perguntei. Ele pareceu um pouco confuso.

– Sim.

– Bem, eu estou realmente feliz por ter sido absolvida de tudo isso, mas eu vou continuar trabalhando como voluntária na creche.

– Eu apoio você nessa decisão – ele deu sorriso orgulho em minha direção. – Bom, eu vou buscar a sua avó para o jantar, até lá você já terá se livrado dessas coisas não é? – Ele apontou para o meu cabelo.

– Sim, claro.

– Ótimo. Sayuri seja bem vinda para ficar quanto tempo você quiser.

– Obrigada senhor Benson.

– Vejo vocês duas no jantar. – Essa foi sua deixa.

Assim que fechei a porta meu queixo caiu. Era incrível como a minha vida estava melhorando, era como um sonho. Sayuri estava com um sorriso enorme no rosto. Corremos e subimos em cima da cama, ela me abraçou e começamos a pular como duas loucas.

– Você está livre! – Ela cantarolava.

– Eu estou livre! – Ríamos feito duas hienas loucas. – Agora vamos nos arrumar porque temos um jantar para ir.

Meu cabelo estava escovado e solto, passeando pelos meus ombros, meu rosto tinha uma leve maquiagem, vesti uma calça jeans justa e uma blusa de alças verde.

Eu estava apresentável.

Era um jantar em família, então eu não precisava me vestir formalmente, afinal eu só iria conhecer a minha futura avó, não era como se ela fosse uma estilista famosa ou algo assim. Passei as mãos pelo meu cabelo, eu esperava não assustar a mãe de Jonh, minhas novas madeixas rosa pink não eram algo realmente comum.

Respirei fundo e saí do quarto. Todos já estavam na sala, inclusive Sayuri, ela conversava com Catherine e vestia um vestido azul bonito. Na verdade, todas as mulheres da sala usavam vestido, inclusive Clair. Jason e Drew estavam com blusas e calças sociais.

Olhei para as minhas roupas e me consolei por ter colocado um par de sapatilhas ao invés de tênis.

Sentei ao lado da Clair. Ela parecia tão desconfortável quanto eu.

– Por que todos estão tão bem vestidos? – Sussurrei.

– É um jantar com a vovó – ela falou como se fosse óbvio. A olhei sem entender o que estava querendo dizer. – Droga! O papai não falou nada?

– Depende, o que ele deveria me avisar?

– Bom, ele deveria ter dito que...

A porta foi aberta, interrompendo o que Clair iria me dizer, Jonh entrou e atrás dele, contrariando todas as minhas expectativas, uma mulher vestindo um longo vestido preto com detalhes em renda por toda a cintura e sapatos incrivelmente altos, entrou e observou o ambiente ao redor milimetricamente.

No momento em que sua análise começou tive vontade de me esconder embaixo da cama. Eu deveria ter aceitado a ideia de fingir indisposição para descer, eu estava me sentindo como um saco de batatas. Talvez ela me confundisse com uma criança necessitada.

Catherine foi até ela e se cumprimentaram com beijos estalados no ar.

Todos os outros estavam levantados, eu resolvi fazer o mesmo.

– Mãe, essa é a Sahra, sua neta – Jonh apontou para mim.

O que foi uma droga, pois eu estava tentando ao máximo passar despercebida perante a personificação da Miranda Priestly.

– Sahra, essa é a sua avó G...

– Por favor, nada de vovó. – Ela o interrompeu e passou a me analisar mais minuciosamente.

Me recompus e fiz o mesmo, eu não me deixaria abalar por essa mulher. Quer dizer, que se dane toda a sua postura de Maryl Streep. Ela tinha o cabelo castanho curto e desfiado, com diferentes tonalidades de castanho. Seu corpo era magro e firme, seu queixo quadrado e seus olhos no mesmo tom acastanhado do cabelo a completavam.

Ela percebeu que eu também a estava analisando e deu um leve sorriso de lado.

– Sou Georgia – ela estendeu a mão a qual peguei firmemente. – É um prazer conhecê-la.

– Igualmente – devolvi.

– Jonh não avisou que eu viria para o jantar? – Ela novamente analisou minhas roupas.

– Na verdade sim – dei de ombros. – Então eu resolvi me vestir bem para você.

Engula essa!

– Você é realmente peculiar – ela deu um sorriso enviesado. – Catherine, onde está o vinho? Acho que vou precisar de uma taça agora. E aqui estão minhas outras duas netinhas – seu sorriso se alargou. – Mellany você está mais magra? Você está linda, como consegue ficar mais linda a cada vez que nos vemos? – Mellany sorriu em resposta. – E você Clair, esse é o vestido que eu mandei? Ele ficou maravilhoso em você. – Clair deu um meio sorriso que mais pareceu uma careta.

Uma taça de vinho chegou as mãos de Georgia.

– Vocês devem ser os filhos da Catherine – ela sorriu largamente para Drew e Jason, em seguida dirigiu seu olhar para Sayuri. – E você seria?

– Sayuri, amiga da Sahra – ela fez uma pequena reverência. – É um prazer conhecê-la.

– Igualmente – Georgia analisava Sayuri. – Amei o seu vestido.

– Obrigada, você também está maravilhosa.

A conversa rolava na sala de estar, cada palavra parecia uma sentença de morte. Eu estava entediada a ponto de me jogar da janela só para ter algo mais interessante para fazer.

Sayuri estava toda sobre Georgia, aquilo era irritante. Quer dizer, se eu fosse Georgia estaria irritada, todas as perguntas e os elogios estavam ficando demais.

– O jantar está pronto senhor Benson. – Um dos empregados anunciou.

Eu quase beijei seus pés por isso.

– Ok, vamos todos jantar.

Todos seguiram Jonh até a sala de jantar, fiquei para trás esperando evitar todo o alvoroço sobre Georgia, no entanto ela também resolveu ficar para trás.

– Sahra? – Ela me chamou. Todos os outros já tinham ido para a sala de jantar.

– Senhora?

– Por favor, me chame de você. Esse negócio de senhora me faz sentir mais velha do que eu já sou. – Ela abanou a mão.

– Tudo bem, o que você quer?

– Sabe, eu gostei de você. – Aquilo me pegou de surpresa. – Não me leve a mal, mas eu pensei que encontraria você como uma manipuladora atrás do dinheiro do meu filho.

– Você não escutou a história de que foi ele quem me encontrou e me trouxe para cá sem o meu consentimento?

– Eu não conheci a sua mãe, não sabia se isso era alguma espécie de plano. Novamente, não me leve a mal por me preocupar com o meu filho – ela se desculpou.

– Eu acho que isso foi uma espécie de plano da minha mãe – seus olhos se arregalaram de surpresa diante da minha informação –, depois de todos esses anos não posso parar de pensar assim.

– O que você quer dizer com isso? – Ela perguntou de forma cautelosa.

– Quero dizer que assim como você resolveu deixar clara sua preocupação com o seu filho, ela deu um jeito de tentar garantir o meu futuro – sentei ao seu lado no sofá. – Veja bem, acho que ela o conhecia bem o suficiente para saber que uma hora ou outra ele iria me procurar. Ele apareceu e bem, agora eu tenho dinheiro o suficiente para poder cursar uma boa faculdade. – Dei de ombros.

Georgia me encarava seriamente, logo depois um pequeno sorriso pintou seus lábios.

– Ardiloso, corajoso e bem elaborado. Quanto tempo levou para você desenvolver essa teoria?

– Mais do que eu achei possível. Creio que acabei me distraindo a ponto de não ver o que estava diante dos meus olhos – cocei uma sobrancelha. – Creio que isso faz dela uma aproveitadora, não?

– Isso faz dela uma corajosa – ela afagou minha mão. – Se ela educou você tão bem no tempo que passaram juntas, então sua mãe é digna de admiração.

– Você gostaria de ir direto ao ponto? Estão nos esperando para o jantar. – Aquela conversa já estava ficando intimista demais.

– Eu gostaria de agradecer o que está fazendo por Mellany. – Franzi as sobrancelhas. – Jonh não gosta de enxergar as coisas como elas realmente são, achei que a doce Mel teria que sofrer de alguma espécie de inanição bem a sua frente para que ele tomasse uma atitude. – Me acomodei mais no sofá. – Você a fez ir ao médico e ela realmente parece ter ganhado um pouco mais de cor e peso. Ela tem falado bastante a seu respeito.

– Não tenho muita coisa a ver com isso – bufei.

– Se você diz – ela desfez. – Trabalhei com moda há algum tempo, antes de resolver me aposentar, depois de perder meu marido resolvi passar mais tempo me divertindo do que trabalhando – ela dava voltas e voltas nos assunto, no entanto não dizia nada. – Eu venho observando algumas coisas e hoje pude ver pessoalmente o quão bem você fez a minha família.

– Esses rodeios são coisa de famílias, às vezes me pego fazendo isso também – ela sorriu.

– Vejo que você não é fácil de enganar, no entanto – sua frase morreu ali.

– O que você quer dizer?

– Você deveria tomar cuidado com quem está perto de você. – Ela me encarou tão profundamente que me senti desconfortável. – Jason parece se importar bastante com você.

– Somo amigos.

– E quanto aos seus outros amigos?

– Creio que você não os conheça.

– Não, não os conheço, porém...

– Sahra, Georgia – Sayuri apareceu naquele momento chamando nós duas. – Eu vim chamá-las para o jantar, todos estão com fome – ela brincou.

– Eu só quero que você tome cuidado – dito isso ela levantou e se retirou.

Sayuri me olhou interrogativamente e eu dei de ombros. Georgia parecia ser uma velha louca afinal.

O jantar passou de forma lenta e torturante, recebia olhares significativos de Georgia, porém eu não sabia interpretá-los. Minha sorte se fez presente quando meu celular vibrou no bolso da minha calça e eu tive a desculpa perfeita para me retirar da mesa ao menos por alguns minutos.

– Alô? – Atendi após ler o nome “Akim” no visor.

Shara, precisamos de você agora. – Akim tinha urgência em sua voz.

– O que houve?

Eu meio que estou em frente ao Natanael nesse exato momento – todo o sangue do meu corpo pareceu congelar.

– O que você quer dizer com isso?

Estamos vendo ele, mas ele parece ter uma porção de caras no seu encalço. Preciso que você venha e o faça ficar longe dessas pessoas.

– Eu estou indo, me mande o endereço por mensagem, chego aí o mais rápido que conseguir.

Tudo bem, se apresse. Finalmente as coisas vão se resolver.

Desliguei o celular e o coloquei contra o peito, meu coração batia desenfreadamente. Voltei a sala de jantar e os olhares se voltaram para mim.

– Vou precisar sair – avisei para ninguém em especial, no entanto, Jonh respondeu.

– Posso saber o que vai fazer você sair no meio de um jantar importante? – Ele parecia chateado.

– Akim está com problemas, ele precisa de mim – apertei os lábios.

– Seu namorado? – Jonh jogou o guardanapo sobre a mesa. – Você poderia ligar para ele e pedir para que espere até o fim do jantar?

– Jonh, por favor, não faça tanto caso – Georgia falou. – Sahra, você pode ir até o seu namorado, não se preocupe com o jantar, iremos nos encontrar em outro momento.

– Eu vou junto – Sayuri se ofereceu. Concordei.

– No entanto, – Georgia se pronunciou novamente – acho que alguém mais deveria acompanhar as moças.

– Realmente não precisa se inco...

– Jason pode ir junto – Drew sugeriu.

Jason, que estava tomando água nesse momento, engasgou-se.

– Você poderia ir junto? – Jonh perguntou.

Eu estava torcendo por uma resposta negativa, no entanto, eu não era tão sortuda assim.

– Er... Claro. Quer dizer, sim. Vamos – ele levantou e se retirou.

– Você pode começar a falar agora – Sayuri pediu impaciente –, nós estamos nesse carro há horas.

– Primeiro de tudo, nós estamos nesse carro há – olhei meu relógio de pulso – cerca de 15 minutos.

– Tudo bem, então são 15 minutos. – Ela se jogou no banco traseiro. – Mas o que está acontecendo com o Akim? Eu tenho direito de saber, ele também é meu amigo, apesar de tudo.

– Ele está com o Natanael na mira, então nós estamos indo encontrar...

– Com a porra dos lobos! – Ela praguejou. – Vá se foder, Sahra! Você tem a maldita ideia de que está correndo direto para o inferno?

– Eu sei o que estou fazendo. – Bufei, olhei para o assento do passageiro e Jason estava, acima de tudo, pensativo. – Se você está com tanto medo, então talvez fosse melhor você ter ficado em casa. – Ela bufou. – Por falar nisso, Jason?

– O quê? – Ele parecia alheio ao que acontecia ao redor.

– Eu posso deixá-lo em algum lugar?

– Er... Nós estamos indo até algum lugar certo?

– Você não precisa ir conosco, posso deixar você em algum lugar próximo a casa da Alexia, ainda posso fazer isso.

– Eu realmente não preciso disso hoje, então me leve com você.

– Tudo bem, mas você vai ter que ficar vivo e bem, ok?

– Não é como se eu tivesse algum controle total sobre isso. – Ele deu de ombros e olhou através da janela.

– Você não me entendeu, eu quero que você prometa que se as coisas começarem a ficar estranhas... Bem, você vai dar o fora.

– Por que eu prometeria isso Sahra? – Ele me olhou com uma sobrancelha erguida.

– Porque você precisa sair bem dessa, ou sua mãe vai ter um ataque.

– Você também precisa sair bem dessa, ou Jonh terá um ataque. Você sabe disso.

– Certo. Eu não ouvi você prometer coisa alguma.

– Tudo bem.

Mais alguns minutos e estávamos no local de destino.

A mesma baderna de sempre preenchia o local. Sayuri foi a primeira a sair do carro, Jason me lançou um longo olhar antes de sair. Respirei fundo, abri o porta luvas e pesquei meu canivete, peguei minha mochila debaixo do banco e tirei a arma, enfiei o canivete no bolso do meu casaco e enfiei a arma na parte traseira da minha calça.

Eu não era como uma versão feminina do maldito James Bond, eu nem tinha certeza se usaria aquilo, no entanto, eu precisava estar preparada. Respirei fundo mais uma vez e saí do carro, seja lá o que me esperava nessa noite, eu tinha que estar preparada.

Caminhamos juntos, indo a nenhum lugar em especial. Eu precisava achar alguém e meus olhos esquadrinhavam o local como se minha vida dependesse disso, talvez ela dependesse.

Estaquei.

Jason quase esbarra em mim, mas eu não podia me importar menos.

– Sahra, o que diabos... – ele seguiu meu olhar e pareceu entender.

Há alguns metros de distância Natanael estava me observando, um sorriso em seu rosto e seus olhos cravados em mim. Minha pele estava arrepiada, tive a leve sensação de alguém segurando a minha mão, mas eu não prestei atenção nisso. Natanael mudou sua expressão, seu sorriso deixou seu rosto e uma carranca tomou lugar, ele levantou as duas mãos, simulando uma arma, então “atirou”, não em mim, mas nas pessoas ao meu lado.

Minha respiração se acelerou e sem pensar marchei em sua direção.

Mãos prenderam meus ombros e passaram por meu cabelo, eu tentava olhar através do corpo a minha frente. Fui sacudida pelos ombros, só então percebi que era Akim quem estava parado a minha frente.

– Sahra? – Ele me olhava preocupado.

– Eu o vi. Ele estava ali. Bem ali. – Minha respiração estava acelerada.

– Calma, eu também vi ele aqui. Nós ainda temos tempo. – ele colocou as duas mãos em meu rosto. – A propósito, eu gostei do seu cabelo.

– Por favor. – Supliquei.

– Olá Jason! É realmente bom ter você aqui. – Ele deu tapinhas em seu ombro. – Ora, ora, olha só quem está aqui, não que eu esteja reclamando, mas o que você está fazendo aqui Sayuri?

– Cheguei hoje, e qual foi a minha surpresa ao estar participando de um glorioso jantar de apresentação da avó da Sahra e ser chamada até aqui – Sayuri estava com a voz levemente irritada.

– Desculpe? – Akim se dirigiu a mim. Simplesmente declinei o pedido.

– O que diabos há com você? – Todos viramos para encarar uma Sayuri irritada. – Você finalmente pirou?

– O quê? – Akim estava em frente a ela agora.

– Por que você fez Sahra vir aqui encontrar com Natanael? Qual o seu maldito interesse nisso? – Ela o encarava furiosa. – Você não pode simplesmente estar querendo fazer algo bom, você é amigo da Sahra, mas trazê-la direto até ele? O que diabos há de errado com você? Ele está chantageando você com algo? Por favor, me diga, porque você não está sendo um bom amigo nesse momento.

Akim estava aturdido por um momento, porém, rapidamente se recuperou.

– Estou sendo um bom amigo. – Ele deu de ombros. – Mas e quanto a você? Qual o seu maldito problema comigo? – Akim a olhava com os olhos crispados. – Não é a minha amizade que está em jogo nesse momento, nem minha lealdade, você não acha?

– Eu posso estar ficando louca, mas eu estou vendo vocês jogarem palavras com sentidos duplos um para o outro? – Perguntei.

– Você está imaginando coisas – Akim falou. – Nós precisamos encontrar o Natanael agora.

– Como faremos isso, ele não está mais aonde eu o vi. – Suspirei frustrada, apertei a mão de Jason.

– Você vai procurar por ele sozinha por aí – ele apontou ao redor –, mas não se preocupe, nós estaremos perto. Você pode levar Jason com você, afinal ele não o conhece.

– Adam?

– Ele está por aí, não se preocupe. – Ele sorriu. – Você tem uma pequena equipe a protegendo. Agora vá.

Ele puxou a mão de Sayuri e passou caminhar um pouco a frente. Jason e eu estávamos andando distraidamente pelo local, meus pés pareciam flutuar.

– Você está bem? – Jason puxou a minha mão, com as nossas mãos ainda ligadas ele colocou uma mecha de cabelo no lugar.

– Eu não sei – sussurrei. Ele assentiu.

– Estou com você, não precisa se preocupar – ele tinha um olhar profundo.

Seu rosto se aproximou do meu e sem aviso prévio, seus lábios pousaram gentilmente sobre os meus. Então sua testa estava colada a minha. Dei um pequeno sorriso encorajador a ele.

O som de um tiro ecoou.

– Não se preocupe. – Falei. – Alguém deve estar apostando alguma coisa, vamos.

Soltei nossas mãos. Os sons de mais dois tiros ecoaram, gritos vieram de todas as direções, mais tiros foram ouvidos. De repente eu estava sendo empurrada de um lado para o outro, meu cabelo fora puxado uma vez.

Eu tentava correr, mas as várias pessoas de um lado para o outro estavam me confundindo. Jason já não estava ao meu lado. Afastei-me o máximo que pude, estava perto de algum velho galpão, eu esperava encontrar alguém logo.

Minha mão fora agarrada. Meu coração acelerou. Jason não tinha ido embora como havia prometido, sorri. Virei-me em sua direção com a droga de um sorriso no rosto.

Meu corpo congelou por alguns segundos, então Natanael sorriu. Levei minha mão livre até as minhas costas, ele me puxou, prensando meu corpo contra a parede e segurando minhas duas mãos sobre a minha cabeça.

– Eu não gostei do que vi aqui hoje – ele tinha uma expressão grave no rosto. Mas se suavizou logo em seguida. – Eu senti tanto a sua falta – ele enfiou seu rosto no meu pescoço –, seu perfume. Garota, eu preciso de você. – Ele sorriu em minha direção.

Cuspi no seu rosto.

Seus olhos se fecharam, com uma das mãos puxou um lenço do bolso e limpou sua face.

– Vai para o inferno! – Falei pausadamente.

– A mesma audaciosa de sempre – ele alargou o sorriso. – Mas você não deveria ter feito isso. – Sua expressão endureceu, sua mão rumou até meu pescoço.

O mais estranho de toda a situação era que eu não sentia medo. Era como se eu tivesse encontrado com um velho amigo. Apesar de ser desagradável, não era amedrontador.

– Sahra! – Jason gritou.

– Eu realmente não gosto desse seu novo amigo.

– Foda-se!

– Você é minha! – Ele rosnou.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, sua boca encontrou meu pescoço, com uma forte sucção e uma mordida, ele soltou minhas mãos e correu.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu tinha esse capítulo escrito há algum tempo, mas eu simplesmente esqueci de postar. Fiquei meio ocupada com uns lances da faculdade, então eu estava escrevendo outro capítulo e BAM!Eu vi que esse capítulo fui dar uma revisada e vim aqui no site percebi que não tinha postado. Então eu estou postando agora. Espero que vocês gostem e a partir de agora algumas coisas estranhas irão acontecer *uuuuuuuuuu*
Espero que gostem, aquelas pessoas que ainda vêm ler isso aqui, e até a próxima.



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