E então ele estava ali.

            Encarando-me com seus grandes olhos cor de mel.

            Nenhum de nós dois falava uma palavra se quer, e ninguém estava disposto a fazer isso também.

            O sol batia queimando na minha pele e o vento bateu em meus cabelos os elevando, meus olhos estavam entre abertos ofuscados pela luz do sol ardente.

            E o tempo passava rápido e impiedoso.

            Perguntei-me se o tempo que ainda nos restava era o bastante, provavelmente não, mas não podíamos fazer nada sobre isso.

            Somente deixar passar, aconteça o que acontecer.

            - Eu...eu não sei o que te dizer.

            Ele falava com a voz embargada, suspirei encarando o chão seco como tudo ali naquele deserto escaldante do Arizona, minha casa.

            - Então não diga nada, somente sinta.

            Falei sentindo as emoções explodindo silenciosamente dentro de mim, me fazendo acreditar que mesmo que eu escondesse isso, eu era incapaz de viver sem ele.

            - Não somos Romeu e Julieta, talvez um Bonnie and Clyde moderno, mas isso não faz diferença, e você sabe disso, não posso simplesmente dizer que eu te amo e que nada pode nos separar, pois você sabe que não é verdade, mas sim eu nunca vou te esquecer Mary, eu vou lutar por nós, até o fim.

            Ele falou dando um passo na minha direção, dei um passo pra trás me afastando.

            - Não faça isso, não nos destrua mais ainda, você sabe que tudo acabou Justin, não podemos ficar juntos, você tem sua vida com a sua “galera” e eu tenho uma família, uma vida, pra qual eu devo voltar, esse “romance de verão” acaba aqui, agora.

            Menti friamente, segurando as lágrimas que teimavam em vir, mas eu não podia mais continuar com esse romance, sim eu o amava muito, mais que minha vida, e por isso mesmo que eu estava o deixando, eu não podia deixar que ele perdesse tudo por mim, ainda que isso fosse doloroso demais.

            - Como é?

            Justin perguntou me encarando perplexo, respirei fundo, como eu podia negar tudo o que vivemos? Foram às férias de verão mais intensas da minha vida, eu tinha o conhecido bem aqui, e então começamos nosso romance conturbado, mas eu era complicada demais pra ele, tudo em mim era um grande problema, minha família idiota que tinha arranjado um noivo pra mim nessas férias, a alta tosca sociedade na qual eu vivia, gente fútil e egoísta, sem falar dos milhares de quilômetros de distância que nos separava e o ódio que minha família e os Bieber’s tinham.

            - É isso mesmo Justin, é tão difícil entender? O que tivemos acabou, vou me casar, e você vai voltar pro Canadá, e então nada mais além de lembranças sobraram.

            - Você não está falando sério! Não depois de tudo, eu sei que você também está contando os segundos pra aquele idiota do seu noivo aparecer naquela estrada, por que você não quer desistir de nós, eu sei que não!

            Ele falou apontando pra estrada deserta ao nosso lado.

            - Mas não podemos...

            Não consegui terminar minha frase, seus lábios de chocaram ferozes contra os meus, me lembrando do por que eu amava tanto ele, do por que eu não podia esquecê-lo.

            Mas o barulho dos pneus fortes na estrada ecoou por meus ouvidos, me afastei de Justin completamente arfante, encarei o Porsche prata que vinha a mil pela estrada e então desviei os olhos pra Justin, deixando as lágrimas correrem pelo meu rosto.

            Foi naquele momento então que eu me perguntei se o que tínhamos era capaz de suportar tudo, me perguntei se o tempo que ainda nos restava era o bastante pra escutar sua voz chamando meu nome pela última vez, e então no segundo seguinte tudo voltaria ao que era antes.

            O puxei pra perto o beijando mais uma vez, um beijo que eu guardaria dentro de mim pra sempre, o beijo que me faria lembrar o por que eu já tinha sido tão feliz.

            - Adeus.

            Sussurrei me separando dele e caminhando em direção à estrada.

            - MARY!!

            Ouvi seu grito de desespero, pisquei fortemente contendo minhas emoções e desejos que gritavam por ele, e então abri a porta do carro que acabara de passar e entrei, indo direto pro fim da linha.

            [...]

            - VOLTA AQUI!

            Gritei enquanto Justin corria com meus sapatos gargalhando, saltitei sentindo meus pés queimando no chão.

            - JUSTINNNN!!!!!!!

            - O que eu ganho em troca?

            Falou parando e me encarando, bufei irritada, aquele garoto era tão tonto.

            - Qualquer coisa!!!!!

            Gritei desesperada saltitando, ele sorriu abertamente.

            - Tudo bem.

            Ele falou finalmente me entregando os sapatos, respirei fundo aliviada assim que os coloquei.

            Justin ainda me encarava, franzi a testa.

            - O que você quer?

            Falei suspirando e colocando as mãos na cintura.

            - Isso.

            Ele falou se aproximando e então fez a única coisa que eu não imaginou, ele me beijou intensamente, meu corpo formigou inteiro, e então eu finalmente me toquei que eu sim gostava dele, Justin Bieber meu novo “amigo” encosto, do qual minha família odiava.

            [...]

            Mordi os lábios lembrando nosso primeiro beijo, Justin era tão engraçado e louco, talvez isso fizesse minha família gostar menos ainda dele, além do fato de que supostamente já ter um noivo nossas família conseqüentemente se odiavam à muito tempo, apesar de nunca terem me explicado o motivo.

          - Está pronta Mary?

            Minha irmã Gabe perguntou entrando no quarto, suspirei passando a mão na saia do meu lindo vestido azul.

            - Sim.

            Falei desanimada me levantando, já podia ouvir a festa de noivado lá em baixo.

            - Pode fingir que está feliz?

            Perguntou me encarando, dei um sorriso forçado.

            - Mary, por que está assim afinal, Josh é um cara tão legal.

            - Pra você Gabe, pra você. Eu nunca o esqueci, você sabe disso, não tem como esquecer ele está gravado em mim.

            Falei passando a mão pela minha barriga já bem grandinha, com o coração apertado fechei os olhos fortemente.

            - Mary já se passou quatro mêses, além do mais Josh vai ser o pai do bebê agora, você tem que superar, não sei por que adia tanto esse casamento, olha...eu..eu não devia te mostra isso, papai me proibiu, mas acho que você tem o direito de saber.

            Gabe falou me entregando um jornal, tinha uma mulher vestida de noiva ao lado de Justin, ambos sorrindo.

            “ Apesar de jovem a nova cantora teen de 16 anos Ally se casou nesse último fim de semana com o jovem Justin, filho da socialite Pattie Bieber.”

            Senti as lágrimas descerem livres, e naquele momento qualquer esperança falha que ainda me restava foi destruída, eu sabia o que tivemos tinha sido lindo, mas tinha acabado, como tudo, também teve um final.

            Enquanto caminhava até Josh eu somente podia ouvir a voz dele na minha cabeça, e eu desejava que um dia ele pudesse voltar pra mim, pois um minuto sem ele parecia um ano sem chuva.

            E então meu coração estava seco como o deserto, e só o pequeno Justin que eu carregava no meu ventre e as lembranças podiam me provar que tudo não tinha sido apenas um lindo sonho.