A Estátua de Atena escrita por maridomingos
Nós gastamos absolutamente todo o nosso dinheiro. A viagem para Los Angeles foi silênciosa. Estávamos todos muito cansados para falar. Muito mais com o motorista olhando para nós no retrovisor de 5 em 5 minutos. Me virei de lado para Annabeth, sonolento. - Você acha que... Vai dar certo? Ela franziu a testa, e se virou para mim. - Não sabemos, Percy. Mas lembre-se, que eu ainda estava em dúvida sobre quem seria mais difícil... - então ela desviou o olhar para o retrovisor, onde o motorista nos encarava enquanto dirigia - O do céu... Ou o subterrâneo. Entendi que ela não queria falar certos nomes perto de humanos. - Eu tenho toda a certeza que é Ha... O subterrâneo. Ela encolheu os ombros. Ao meu lado esquerdo, Grover roncava. - Só sei que... Não prometi uma coisa para nada. Não quero que tudo o que sofremos para chegar aqui seja em vão. - Nem eu. - então, me lembrei da minha promessa para meu pai. Os pêlos de meu braço se arrepiaram. Então, fechei os olhos rezando para não ter sonhos. E aconteceu. Acordamos com o motorista nos chacoalhando de um jeito rude. - Acoooordem! - ele gritava. Nós nos levantamos, confusos. Então, Annabeth abriu a porta ao seu lado e saltou para fora. Fiz o mesmo, e Grover também. Saímos correndo por Los Angeles, o que era estranho, porque não precisávamos ter pressa. Paramos para descansar na lona de uma loja. - Alguém se lembra onde fica o Mundo Inferior? - disse Grover, alto, bem na hora que uma mulher saia da loja. Annabeth lançou o olhar alerta "vou te matar". A mulher entrou no carro, olhando para nós com uma expressão de medo. E arrancou o carro da calçada. - É por isso - Annabeth apontou para o carro voando rua a dentro - Que não devo confiar em garotos. Grover bufou. - Fica em baixo da placa de Hollywood. - me lembrei. Annabeth assentiu. - Vamos ter que ir até lá a pé - ela disse - Não temos mais dinheiro para táxi's. Andamos tanto, que achei que meus pés iriam caír. Annabeth andava em um ritmo impressionante, e de 2 em 2 minutos se virava para mandar a gente andar mais rápido. Eu sempre resmungava. Eu estava quase carregando Grover nos braços. Ele estava apoiado em mim. - Ah, Percy, me desculpe... - ele começou. - Não cara, tudo bem. - eu me apressei em dizer, e juntos caminhamos mais rápido para alcançar Annabeth. Já era fim de tarde, quando enfim conseguimos avistar a placa de Hollywood no horizonte. - Vamos gente - dizia Annabeth - Estamos quase lá. Suspiramos fundo. Contei nossos passos até estarmos diante do morro. Nós nos olhamos. - Hora de escalar. - disse Annabeth. Franzi a testa e olhei para os turistas atrás de nós, tirando fotos. - Hãn, tem certeza? Annabeth pareçeu não entender. - Vamos! - ela começou a escalar o morro em direção á placa, e ninguém pareçeu nem nota-la. Eu subi antes e depois ajudei Grover. Juntos, cambaleamos em direção a Annabeth. Eu sempre olhava para trás, para ver se alguém nos olhava. Quando alcançei Annabeth, tinha que comentar isso. - Por que eles não acham estranho? - eu disse. - Eles devem pensar que somos algum tipo de aventureiros malucos, Percy. - Mas... Isso é permitido? - O que? - ela disse sem paciência. - Escalar o morro da placa de Hollywood! Ela suspirou fundo. - Não sei, Percy. Mas nunca se esqueça que semi-deuses não seguem leis. Não tinha nada a dizer, então continuamos escalando devagar. Chegamos ao letreiro. Era tão enorme que me causava medo. Olhamos para baixo. Os turistas paeciam formigas. -Prontos? - perguntou Annabeth. Olhei para Grover. Seu queixo batia. - Mas e se nós não pudermos entrar? Pelo o que eu sei, só mortos... - ele começou, mas Annabeth fez sinal de silêncio. - Grover, se não quiser, pode ficar aqui fora, e... - Não! - ele debateu - Preciso combater meus medos. Vamos... Entrar logo. - ele não parecia seguro. Coloquei a mão em seu ombro. - Está tudo bem? - Sim. - ele disse - Eu estou pronto. Eu e Annabeth trocamos um olhar. Eu olhei para o por do sol. Eu esperava voltar a ver ele novamente. Então entramos no buraco atrás do letreiro, mergulhando na tremenda e assustadora escuridão. Enquanto desciamos a gigantesca escada, eu sempre tateava atrás de mim, para ver se Grover estava nos seguindo. Ele sempre estava lá, e eu sabia disso, só de ouvir seus gemidos. - Ei Grover - eu sussurrei - tudo bem aí amigo? - Sim - ele gemeu - tirando o fato de que eu estou mais aterrorizado do que nunca antes. - Calma cara, nós... - Shiiiiu! - sibilou Annabeth na minha frente - Querem ser mortos sem antes chegar lá. Nós não dissemos nada, e continuamos a descer as escadas, completamente cegos. Enfim, consegui chegar ao chão. Havia pequenas "luzes" ao redor, e eu consegui ver o rosto de Annabeth. Ela olhava ao redor, com uma expressão estranha. Olhei para trás, e consegui ver Grover, parecendo que viu fantasma ( o que não era difícil no Mundo Inferior ). - Eu vou morrer. - disse Grover. - Ei... - Calados! - sibilou Annabeth, ainda analisando o lugar. Havia um Rio preto em nossas frentes, com um barco e dois remos. Nós nos entreolhamos. - Ei, não há ninguém - Annabeth disse - Me sigam! Ela andou em direção ao rio, mas nós não a seguimos. - Você está louca? - eu disse. Ela se virou para mim. - Qual o problema agora? Eu hesitei, nervoso. - E se alguém nos pega aqui, de repente? Ela suspirou fundo. - Eu vou ter mesmo que seguir essas sugestões estúpidas? Vamos, entrem no barco! Grover me olhou nervoso. Nós fomos devagar, e entramos, sempre olhando para trás. - Se forem tão lerdos assim, aí mesmo que vamos ser pegos! - disse Annabeth e começou a remar - Qual o problema de vocês? - Ah, nenhum. Nós só estamos na Terra dos Mortos, em um barco abandonado, remando para algum lugar perigoso em procura do deus da Morte. Nenhum problema. - disse Grover, nervoso. Annabeth suspirou impaciente. Estávamos quase chegando á margem, quando algo me atacou no ombro. Eu gritei de dor. - O que foi?! - Grover foi o primeiro a perguntar, quase pulando do barco. - Alguma coisa... Me atacou no ombro... - Ah, não é nada - disse Annabeth - Eu estou de frente para você e não vi nada. Suspirei nervoso. Chegamos á margem e descemos do barco. - Tem alguma ideia para onde ir? - perguntei. - Sim. - disse Annabeth - Me sigam! Ela correu para dentro da escuridão, e claro, eu corri atrás, com medo do que podia nos seguir. Então, estávamos diante á uma grande porta com trancas. - É aqui onde Hades está. - disse Annabeth, perplexa. Eu respirei ofegante, sem esconder meu medo. - Annabeth, pelos deuses... Ela bateu a porta, e me deu vontade de sair correndo de volta ao barco. - O que está fazendo?? - perguntei nervoso. Grover chegou cambaleando atrás de nós. - Batendo na porta. - ela respondeu sem emoção. - Bater nessa porta é sinônimo de bater na porta da morte. - eu disse, cautelosamente. Antes que ela pudesse me esganar, a porta de abriu, mostrando o belo rosto de uma mulher, sorrindo para nós. Perséfone. - Heróis. - sua voz soava incrívelmente gentil - O que fazem aqui? Nós nos olhamos. - Queremos falar com Hades. - Annabeth disse. A mulher a encarou, admirada. - Entre, oh filha de Atena. - ela abriu um pouco a porta, e sem pensar duas vezes, Annabeth entrou, fazendo-me a perder de vista. A mulher olhou para mim, e em seguida para Grover. - Queremos... Hãn, entrar também. - eu disse. - Acompanhantes? - ela disse. Nós assentimos. - Boa sorte, heróis. Poucos saem com vida. - ela deu um maravilhoso sorriso, o mesmo que as pessoas fazem quando tudo está bem, e abriu a porta um pouco mais. Nós entramos devagar, e vimos Hades sentado em seu trono, e Annabeth aos seus pés, ajoelhada. Conseguimos ouvir um pouco da conversa deles: - Mas senhor...- dizia Annabeth - Eu... Eu preciso dessa... - sua voz falhou ou eu não consegui ouvir. Nos aproximamos mais, a ponto de estar ao lado de Annabeth. Hades desviou a atenção de Annabeth para mim. - Percy Jackson, - ele se levantou de seu trono e sorriu - Você por aqui, outra vez. Eu cruzei os braços. - Senhor. Ele sorriu. Grover pareçeu que ia desmaiar. - Senhor, acho que minha companheira Annabeth já te contou tudo.- eu disse. Ele olhou para ela, e depois para mim novamente. - Sim, já. - ele disse. Eu assenti, e apertei com força minha caneta no meu bolso. - Então... O Senhor vai... Nos forneçer a pérola? Hades explodiu em uma risada abafada. Parecia estar vendo uma das mais interessantes comédias. - Forneçer? - ele repetiu, sem parar de rir - Hades não forneçe coisas! Suspirei, constrangido, vendo o quanto eu tinha soado ridículo. Ao meu lado, Annabeth começou a soluçar. Hades se aproximou mais de Grover e apertou sem braço. Ele se transformou em pó puro, com um gemido agudo. - Não! - eu gritei, me jogando em direção á ele, mas era tarde demais. Caí em cima da poeira. Hades riu mais ainda. - O que fez com ele?! - Annabeth gritou. - Ele não está morto. Está sequestrado na minha sala de sequestros. Há heróis que estão lá a mais de 40 anos, nunca tendo sido resgatados pelos amigos... - Isso não vai acontecer com Grover! - eu me levantei, chacoalhando a poeira de minha roupa. - Ah, eu não sei... - Hades foi á algum lugar na sua sala, e puxou uma corrente. Foi até Annabeth, á empurrou contra a parede da outro lado da sala, e jogou a corrente á parede logo após. Automaticamente, a corrente a acorrentou completamente. - Annabeth! - gritei. - Ah querido... - começou Hades - Está tudo nas suas mãos agora. Ou eu dou a pérola para vocês dois, deixo vocês saírem, ou... - Calma aí, vocês dois? Somos em três! - Exatamente. - ele cruzou os braços - O sátiro fica. O encarei complexo. - Não! - eu gritei. - Então nada de pérola. Olhei para Annabeth, que lutava inutilmente contra as correntes, em pânico. Então, olhei para o lado. Uma pequena fonte de água marrom jorrava. - Percy! - gritou Annabeth. E eu entendi. Me concentrei na fonte. Fechei os olhos com força e ergui os braços. Quando me dei conta, a água estava no meu tornozelo, e Hades flutuava no meio da água, gritando. Enquanto ele estava afogado nas águas, que agora estava em meu joelho e havia cobrido Annabeth até o pescoço, corri até Annabeth e a desacorrentei com facilidade. Ela se levantou. - Obrigada - ela começou a correr para dentro do Mundo Inferior, mas eu agarrei sua mão. - Onde pensa que vai? Ela se virou para mim com um olhar suplicante. - Percy, escute - ela olhou para a água, verificando de que Hades não via nada - Eu sei onde fica a sala de reféns, e por favor não me pergunte como... Eu vou lá, e pego Grover e acho alguma saída. - Mas e a pérola? Ela suspirou fundo. - Eu vou gritar por socorro. E você vai convencer Hades de que fomos raptados por um cão infernal, e que fomos mortos! - Mas isso é loucura! Ela apertou minha mão. - É a única solução. - seus olhos cinzentos se integravam nos meus. Tive que desviar o olhar para a água, e os braços de Hades se chacoalhando. - Vá, então - eu disse, e simplismente a beijei - Eu confio em você. Ela parecia estar quase caindo para trás, mas assentiu sorrindo. - Vai dar tudo certo Cabeça de Alga. Não se esqueça disso. Ela largou minha mão, e correu escuridão a dentro. Corri de volta ao lugar onde eu estava, como se nada tivesse acontecido. A água parou conforme o meu pedido. Hades se levantou, ensopado. - Percy Jackson, agora eu te mato. - sua voz era rude e assustadora. Puxei minha caneta e tirei sua tampa, se transformando em uma espada em minha mão. - Lembre-se, senhor - eu disse, erguendo a espada - Que agora sou ivulnerável. - eu sorri. Ele rungiu de raiva e partiu para cima de mim com uma espada que eu nem tive tempo de ve-lo pegar. Nós lutamos espada contra espada, quando ouvi o grito de Annabeth: Socoooooorro! Eu parei por um instante. Hades olhou automaticamente para a parede onde havia deixa-do Annabeth. Por um momento terrível uma parte de mim perguntava o que realmente havia aconteçido com Annabeth. Se aquele grito foi fingimento ou verdade. Quase desmaiei, quando me dei conta que Hades gritava furioso. - Ela foi raptada! - eu gritei - Você não viu? Ela olhou para mim confuso. - Não... - O seu cão infernal... A pegou... Ah meu Deus... - eu consegui chorar, só de pensar em perder Annabeth e Grover para sempre. - E provavelmente pegou Grover também... - eu soluçava. - Ah.- Hades disse - Isso é bom! Eu caí de joelhos de constrangimento. - Eles foram embora - eu disse - Pra sempre!! Hades me encarou. - O que quer que eu faça, heróizinho? - Você disse que era para mim ir embora ou com Grover ou com a pérola - eu me levantei, com o rosto inchado - Eu estou indo embora sem Grover e sem Annabeth - abaixei a cabeça - O mínimo que posso fazer por ela, não por mim, é reconstruir a estátua... Oh Senhor... Ele ficou me encarando. - Tome essa estúpida pérola - ele jogou uma pérola gorda e verde na minha cara - E suma antes que eu mude de ideia. Chorei mais uma vez, e guardei a pérola no meu bolso. - Obrigado. - murmurei, e saí correndo para fora da sala, de volta o escuro, que me levaria ao rio, que me levaria a escada, que me levaria á noite dos vivos novamente. Eu estava descendo o morro de Hollywood correndo, e agora, por íncrivel que pareça, todos os turistas olhavam para mim, mesmo a noite. Corri, corri, corri, olhando sempre para a multidão. Enfim, o momento mais feliz em toda a minha vida: avistei Annabeth com Grover meio desacordado aos seus braços, sentada num banco do parque. Cheguei ao chão, e atravessei os turistas com empurrões. Cheguei ao parque com o maior sorriso do mundo. - Ah meu Deus... - eu disse e agarrei os dois juntos o mais forte que eu pude. Annabeth parecia estar chorando. - Eu nem acredito... - ela soluçou - Foi horrível. Grover abria os olhos lentamente. - Ah meu Deus, Percy... Você está vivo.- ele disse. Eu sorri. - Você está vivo! Annabeth enxugou as lágrimas. - Eu vi tantos heróis sequestrados... Eu queria ajudar todos eles, mas não havia tempo... Eu vi almas pertubadas... E para achar uma saída... Eu pensei que fosse morrer, ah meu Deus... Eu mexi em seu cabelo, a acalmando. - Está tudo bem agora. - eu não podia descrever o quanto eu estava feliz. - Tirando o fato de que Hades pensa que estamos mortos. - murmurou Annabeth. - Mas então! - se lembrou Grover - Você conseguiu a pérola? Annabeth ergueu a cabeça, se lembrando completamente. - É verdade!! Ele te deu? Eu sorri, mostrando todos os dentes. - Sim! Nós pulamos de alegria, em meio a noite, com uma missão concluída. Eu estava tão orgulhoso deles... Não tinhamos dinheiro para a volta de táxi, o que verdadeiramente era um problema. Então, achei uns trocados amassados em meu bolso, que pagavam 3 passagens em um onibus podre, quebrado, e lotado de passageiros. Nos esprememos no meio do calor, e partimos de pé até Nova York, o que pareceu cansativo, mas estávamos feliz demais para pensar em cansaço. Chegamos em Nova York era meia noite. Grover teve uma ideia maluca de dormirmos na rua, mas eu e Annabeth recusamos. Nós haviamos descido perto do parque da estátua, então decedimos aguentar até lá. Talvez dormissemos dentro do salão da estátua, mas não tinhamos certeza. O parque estava vazio, é obvio, ainda sendo reconstruído pela destruição que causamos. A porta do salão estava estraçalhada, então entramos. A estátua estava recosntruída, perfeitamente. Trabalhadores estavam sentados em bancos e no chão, resmungando. - Eles não virão mais. Devem ter morrido. - mal-humorado murmurou. Entramos na sala, e todos olharam para nós. Sorrisos gigantes nos rostos de todos. - Acho que vão precisar disso. - eu disse, com as três pérolas nas mãos. Um dos trabalhadores foi até nós saltitando. - Oh meu Deus... - ele olhou para as pérolas - Isso é muito bom!! Nós sorrimos. Ele subiu uma escada em frente a estátua e colocou as três pérolas perfeitamente na coroa. - Muito obrigado, heróis. - ele disse, e todos se curvaram para nós. Nós sorrimos. - Nós podemos, hãn, passar a noite aqui? - perguntou Grover sonolento. - É claro que podem!! - exclamou outro trabalhador. - Nós, hein, também precisamos de algum dinheiro para voltar para o Acamp... Voltar para casa. - disse Annabeth. Um trabalhador tirou um chumaço de dinheiro do casaco. - Aqui. - ele entregou para Annabeth. - Vamos sair... - um trabalhador disse. - Nosso trabalho está feito. Obrigado, crianças. Nós sorrimos, e os trabalhadores saíram do local em fila. Nos acomodamos no chão, satisfeitos. - Boa noite gente. - eu disse. Annabeth se virou, deitada, para a estátua da mãe, e sorriu. - Boa noite. Grover já roncava. Annabeth fechou os olhos, ainda sorrindo. Eu lhes apresento meus melhores amigos: corajosos, capazes de me fazerem pensar que minha vida pode não ser assim tão ruim.
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