Redenção escrita por Maia


Capítulo 1
Preconceito


Notas iniciais do capítulo

Pode acontecer com você.



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- Fala sério! Eu tenho que arrumar uma solução pra esse caso o mais rápido possível. - 

Toni andava de um lado para o outro na sala de reuniões da empresa tentando achar uma solução para o caso Miller.

- É melhor eu ir pra casa. Lá eu consigo pensar melhor. – Saiu da sala de reuniões, passou pela secretária... – Ana, desmarque todos os compromissos de hoje. Se alguém perguntar por mim inventa qualquer coisa, fala que eu sofri um acidente, sei lá, dispensa.

- Sim senhor Santineli.

Toni Álvares Santineli era um importante advogado das empresas Russoli&Santineli. Ele estava trabalhando no caso mais difícil que já pegara em todos os seus 32 anos de vida. Ele não era casado e também não tinha filhos. Sempre dissera que não acreditava nessa coisa de amor e que filhos só lhe trariam despesas e problemas.

As ruas de São Paulo eram movimentadas. Homens engravatados com suas pastas nas mãos, mulheres com sacolas de compras ou com um celular na orelha, crianças e adolescentes indo pra escola e voltando dela, mendigos nos cantos das ruas pedindo esmolas. Ah, os mendigos. Como ele odiava aquela raça deplorável. E como já não bastasse ele não conseguir arranjar uma solução para o caso Mïller, um daqueles ‘’pretos nojentos’’ tinha que esbarrar nele.

- Ei além de preto é cego? Não enxerga por onde anda não? – O negro riu.

- Na verdade não, eu sou cego senhor.

- Hunf. Negro idiota.  Vou ter que tomar banho assim que chegar em casa pra tirar a sujeira que esse negro deixou na minha roupa. – Disse o homem baixo, passando a mão em seu terno para limpar a ‘’sujeira’’ do negro. – em um tom alto suficiente para o negro ouvir.

- O senhor disse alguma coisa?

- Não me amole seu imundo. – Toni já ia se virando pra ir embora.

- Senhor, posso lhe fazer uma pergunta? – Ele voltou a sua atenção para o negro.

- Diga preto. – ele já estava impaciente, queria ir embora tomar um banho, e pensar em paz. Cruzou os braços em frente ao peito esperando o negro se pronunciar.

- Primeiro o meu nome é Victor... Senhor, você sabe a diferença entre o homem e o animal?

- Fala sério! Era o que me faltava... O homem é inteligente e o animal não. Nós construímos, criamos, eles não.

- Sim o senhor está certo, mas... “ De que vale a inteligência, se não soubermos melhorar nossa capacidade de amar o próximo? Mudar nosso coração? A civilização só valerá a pena quando todos os homens forem irmãos. Se o homem ataca seu irmão por que ele tem a pele diferente, é pior do que os animais. Pelo menos os bichos costumam defender a sua espécie.’’*

- Não, eu não vou ficar aqui no meio da avenida, com esse calor dos infernos, escutando sermão de um negro e... – fora interrompido.

- É Victor senhor.

- Victor, que seja. Olha não me amole mais, fique com o seu sermãozinho de novela. Eu vou embora. – ‘’Era só que me faltava, escutar sermãozinho de um imundo. Esse mundo ta perdido mesmo. ’’ – virou-se novamente para ir embora.

- Cuidado senhor Santinelli... Essa foi sua última chance.

- Quê? Como sabe o meu no... me. - Onde diabos foi parar aquele homem? E como ele sabia meu nome se não havia dito pra ele? Última chance do que? Desistiu de ficar pensando naquelas coisas, era um homem ocupado demais pra se dar ao luxo de gastar seu tempo com essas porcarias.

Virou-se  novamente para ir embora, e dessa vez tinha certeza de que não seria interrompido. Desceu a rua, virou a esquerda e parou no sinal vermelho, esperando ele ficar verde para poder atravessar... Assim que o sinal ficou verde caminhou-se para o outro lado da rua.

- ‘’Caralh*, minha cabeça ta doendo... – escutou o som de uma buzina...

Sua vista escureceu.

- MERDA! EU ATROPELEI UM CARA. – Dizia um homem saindo do carro com as mãos na cabeça. – Porr*, será que ele está vivo?

Aproximou-se do corpo de Toni e cutucou-o com um pé. – Porr*, não é um cara! É o senhor Toni. E agora o que eu faço!?

As pessoas saiam de seus carros e se amontoavam em volta de Toni e Matheus. Todos queriam saber se o homem estava morto, o que Matheus iria fazer, já que, era ele que havia atropelado Toni.

- Já sei. Vou ligar pra ambulância. Eu não posso deixar o meu chefe aqui desmaiado no meio da rua... – Matheus discou o número da ambulância enquanto passava a mão pelos cabelos louros como se isso fosse aliviar a tensão. – Merda o senhor Santinelli vai me matar quando ele descobrir que eu o atropelei, pior ele vai me despedir e “bye bye” estágio da faculdade.

Matheus se agachou ficando perto de Toni.

- SENHOR SANTINELLI! ACORDA! ACORDA! NÃO MORRE NÃO CARA, ABRE OS OLHOS! EU NÃO POSSO MATAR O MEU CHEFE, TÔ MUITO NOVO PRA SER PRESO! – Falava desesperado, enquanto sacudia o homem pelos ombros. Já havia ligado para a ambulância.


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Notas finais do capítulo

*Esse é um trecho do livro Irmão Negro de Walcyr Carrasco.

Lain Doll: -Minha primeira fic, então seja legal e diga o que achou sim?

Nós revisamos a fic um monte de vezes, mas caso aja algum erro de português nos avise para podermos concertar.
Bjus 8D