Castlecalibur 3: Acampando escrita por TriceSorel
A viagem era longa, mas cada um se entretinha da maneira que podia. Jean-Eugène dirigia, Hilde ouvia músicas do Rammstein em alemão em seu Ipod, Rafa lia Entrevista com o Vampiro de Anne Rice, Amy jogava Final Fantasy em seu PSP [PlayStation portátil de mão] da Hanna Montana, Siegfried polia sua Soul Calibur, Leon dormia a sonhar com o lançamento do novo Castlevania e Mathias pensava na vida. “Será que fechei a torneira do banheiro?”, pensou ele.
- Gente, vamos brincar de verdade ou desafio? – convidou Hilde.
- Tá, eu começo! – concordou Mathias. – Rafa, verdade ou desafio?
- Verdade!
- É verdade que você é um vampiro?
- Eu? Não!! Isso é coisa que inventaram para me incriminar! Desde que eu peguei a Soul Edge daquela vez que começaram a falar isso de mim e da minha pequena Amy! Eu jamais me transformaria em um vampiro vil e sangüinário e... nada pessoal, Mat!
- Não ofendeu... – respondeu Mathias, ofendido. – Sua vez.
- Siegfried! Verdade ou desafio?
- Verdade! Eu não tenho nada pra esconder!
- Se você e o Nightmare não são a mesma pessoa, por que você tem a Soul Edge?
- Eu não tenho a Soul Edge, a Amy vendeu ela no E-Bay.
- Mas você tinha. Como você conseguiu e por que você a tinha, se ela é maligna?
- Aí são duas perguntas. Você só pode perguntar uma.
- Droga. Eu quero saber isso desde a segunda edição do jogo...
- Agora sou eu! – disse Siegfried. – Amy! Verdade ou desafio?
- Desafio. – respondeu ela, sem tirar os olhos do seu jogo de vídeo-game portátil.
- É verdade que você tem uma queda pelo Kilik?
- Eu disse desafio, sua mula!
- Ah, é? Eu desafio você a jogar o PSP pela janela da Kombi!
- O quê? Eu não, prefiro ser desclassificada nesse jogo bobo do que jogar meu PSP pela janela.
- Então eu desafio você a matar o protagonista da série!
- Ah, é? Olha isso, então! – e Amy colocou o jogo Soul Calibur em seu PSP e mostrou para Siegfried como ela matava o personagem Siegfried de “perfect” [sem receber nenhum golpe] com um combo de quarenta e oito hits [golpes incessantes].
- Sua vez. – comentou Siegfried, chocado por ver seu personagem apanhando tanto de uma pirralha estreante no modo luta como a Amy [ela aparece nos outros jogos, mas só é selecionável no SC4].
- Leon! – disse ela, guardando o vídeo-game e virando para o banco de trás. – Verdade ou desafio?
- Ahn? Verdade... – comentou ele, ainda sonolento.
- É verdade que o Hector do Curse of Darkness é bem mais foda que você?
- O quê? Nunca! Ele nem é um Belmont! Ele protagoniza o jogo de metido!
- Admita, Leon, esse é o jogo da verdade! – intimou ela. – Você fica todo o Lament of Innocence voltando ao estabelecimento do Rinaldo pra pegar dicas de como proceder! Se eu quisesse dicas, tinha procurado o Walkthrough [dicas de quem já jogou] na Internet!
- Walkthrough é trapaça, você não pode ler as maneiras de virar o jogo com maior facilidade na internet nos sites de quem já virou o jogo, você tem que descobrir por si mesma!
- Admita, Leon, você mesmo leu um walkthrough com um mapa indicativo pra conseguir virar o jogo. O Hector é melhor que você. Diga a verdade!
- Eu... é... TÁ BOM!!! O Hector é mais foda que eu! Ele é um forjador de demônios [the devil’s forgemaster], e tem poderes, pode controlá-los, e mesmo sem o chicote, com uma espada ou com os braços mesmo, ele arrasa no Curse of Darkness! – admitiu Leon, sem agüentar a pressão.
- Eu sabia. – disse ela, voltando para seu PSP.
- Agora sou eu! Jean-Eugène, verdade ou desafio?
- Verdade. – respondeu o velho, olhando o rapaz pelo retrovisor interno do veículo.
- É muito difícil ser o criado do Rafa há tantos anos?
- Há trinta e dois anos, para ser mais exato. – explicou Jean-Eugène. – E hoje em dia não é mais tão difícil, não. Quando ele era criança, aí sim era complicado! Ele não sabia nem amarrar os tênis, e apanhava dos coleguinhas da escola.
- Que calúnia! – exclamou Rafa, sem gostar de ter informações referentes a sua pessoa expostas de forma desonrosa.
- Sem falar que ele não dormia sem o seu ursinho de pelúcia cor-de-marmelo com cheirinho de goiabada e olhos de botão. E ele usou fraldas até os cinco anos, e mamou na mamadeira até os dez.
- Chega, Jean-Eugène, é “verdade ou desafio”, e não “biografia do Rafael”! – reclamou o francês.
- Ursinho cor-de-marmelo? Não foi aquele que ele me deu no dia que ele me adotou? – perguntou Amy.
- Esse mesmo. Ele ficou três meses sem conseguir dormir depois que deu o ursinho pra você. – contou Jean-Eugène. – Tive que comprar uma girafa cor-de-burro-quando-foge pra ele.
- Quer dizer que você ainda dormia com o ursinho quando adotou a Amy? HAHAHAHAHAHA! – riu Hilde.
- Ele ainda dorme com a girafa até hoje! Eu vi nos dias que dormi no quarto dele... – dedurou Siegfried.
- Você não pode falar nada, você dorme com um pijama do Ben10, travesseiro do Buzz Lightyear e usa cueca samba-canção da Hello Kitty! – dedurou também Rafael.
- Não fala mal da minha cueca da Hello Kitty!!! – ofendeu-se Siegfried.
- Chega, rapazes, isso é só uma brincadeira... – lembrou Jean-Eugène. – A propósito, é minha vez. Hilde, verdade ou desafio?
- Verdade! Sou um livro aberto!
- Qual foi o momento mais difícil da sua vida? Abdicar do trono? Virar uma guerreira? Optar por uma vida errante para proteger seu povo?
- Não, foi derrotar o Algol no final do Soul Calibur 4.
- Algol? Mas você não lutou com o Nightmare?
- Não. Eu virei o jogo com a Sophitia! – revelou ela.
- Ah...
- Minha vez!! – disse ela. – Sobrou o Mathias! Verdade ou desafio?
- Sendo você que vai perguntar ou desafiar, eu até tenho medo de escolher algum dos dois... – admitiu o pálido rapaz. – Verdade.
- Por que você nunca namorou ninguém?
- O quê? Perguntas íntimas não valem! – disse ele, constrangido.
- Claro que valem, esse jogo é da verdade ou do desafio! As perguntas têm que valer um desafio! Queria que eu perguntasse sua cor favorita ou seu signo? – contrapôs ela.
- Não, eu me recuso a responder!
- Você não pode se recusar a responder!
- Você vai me obrigar?
- Você acha que eu não posso?
- Crianças, não briguem! – pediu Jean-Eugène.
Os dois começaram a discutir e já estavam quase se batendo, quando Jean-Eugène decidiu apartá-los enquanto os outros incentivavam a briga, abandonando assim o volante, fazendo o veículo perder o controle.
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