Consequências escrita por LiaLune


Capítulo 4
Mentira


Notas iniciais do capítulo

Heey, estou de volta :D
Esse capítulo ficou menor pois tive que corta-lo ao meio.. E por causa disso, tivemos um final beeem podre.
Não teve nada de importante nesse capítulo e ele foi bem babaca mesmo, mas porque eu queria colocar algo mais “light”
Vocês provavelmente devem estar esperando uma coisa tipo WOW e tudo mais.. Só que assim, precisava acontecer o que aconteceu (:



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Andava pela rua distraída, olhando para as vitrines, mas sem realmente vê-las. Minha mente estava longe, em uma pessoa para ser exata. Uma vitrine, porém, chamou a minha atenção. Roupas para gestantes, dizia a placa. Entrei na pequena loja e comecei a vasculhar pelas araras. Imaginava-me dentro daquelas roupas e ria internamente, pensando no quão engraçada eu ficaria.

    Não havia motivos para ir fazendo as comprar agora, no início da gestação. Despedindo-me da vendedora, deixei a loja. E logo que botei os pés para fora, pude ouvir Luke me chamar.

    Ótimo. Era só o que eu precisava.

    - Rebecca! – ele chamou vindo em minha direção.

    - Ah, oi, Luke – o cumprimentei corada. – Como você está?

     - Bem – Ele riu e olhou para a direção da onde eu vinha. – Loja para mulheres grávidas?

    - É – respondi, pensando em qualquer modo de trocar de assunto.

    - Ah. E quem é a futura mamãe? – ele perguntou, dando mais uma olhada na loja.

    O encarei sem expressão e um pouco atrapalhada, desejando que meu cérebro colaborasse e pensasse em uma resposta útil. Nada. Absolutamente nada. Luke continuava me fitando. Eu não tinha o que responder.

    - Por acaso a... – O que fosse que ele perguntaria, eu deveria evitar.

    - Não! – gritei, sem perceber. – É a minha mãe. Ela, sabe, está grávida e tudo mais.

    Ele murmurou um “ah” de compreensão, mas sua expressão era de completa e total confusão. Quer dizer, minha mãe era novamente uma mãe solteira. Quer dizer, ela será. Aliás, ela não será. Eu serei.

    - Você vai ter um irmãozinho? Nossa, legal – ele comentou, sorrindo. – Você deve estar feliz com as novidades.

    Não. Definitivamente não.

    - Mas é claro que sim – Ri forçadamente. – Quem não estaria? Um bebê na casa seria demais. Mesmo que a gente tenha que, sabe, trocar fraldas, alimenta-lo, acordar bilhões de vezes no meio da noite com o seu choro agudo e pra lá de irritante. Mas faz parte. E quando ele crescer e começar a bagunçar a casa, quebrar tudo, acordar todos, sujar a casa inteira que eu passei o dia inteiro limpando, riscar móveis e fazer manha... Também não vai ter problema. Eu estou feliz, juro. Olhe para mim. Não pareço contente? Eu estou sim, pode ter absoluta certeza. Eu estou totalmente entusiasmada!

    Luke piscou algumas vezes e me olhou intrigado.

    - Ah, eu tenho certeza que você está feliz, Rebecca – ele diz, com uma risada nervosa. – Mas um bebê...

    - Eu amo bebês! – disse sufocada. – Sério, eu amo. Não há nada mais feliz do que ter um bebê, Luke. Você deveria ter um!

    - Você está bem? – ele perguntou preocupado. – Porque você fala como se tivesse um bebê.

    - Não! – neguei. – Não seja idiota, Luke. Estou falando de minha mãe, sabe. A genética da... – Pausa. – A genética, você sabe. Por sermos mãe e filha nós temos um... Uma coisa, uma coisa muito forte. É. Uma coisa. Não, é um laço, sabe? Um laço em... Em relação às coisas que, hum, nós humanos, sentimos. Os sentimentos. É verdade. Eu não estou mentindo, Luke. Mas, Sleeper, por não ser um parente de sangue, não participa dessa... Dessa coisa, sabe, que nos faz sentir o que a outra está sentindo. Mesmo assim, Sleeper já consegue diferenciar uma pessoa grávida de uma normal. Quando alguém corre até a cozinha, ele segue essa pessoa feliz da vida esperando ganhar algum alimento que possa encher sua barriga. Já quando e... Digo, ela, minha mãe, corre para a cozinha, Sleeper sai correndo ao prever que ela vai jogar tudo o que ela comeu durante o dia na lata de lixo. É meio nojento, mas eu posso com certeza afirmar que ela nunca faz isso! Não, aconteceu apenas uma vez. Eu juro. Talvez duas, mas é tudo graças aos enjôos. Geralmente é no banheiro.

     Silêncio.

    - Ah. Tudo bem – ele responde. – Acredito em você.

    - Sim! – gritei. – Acredite, acreditar em mim é o melhor. É tudo verdade.

     Novamente ficamos em silêncio. Vejo a quão desesperada eu pareço e decido que está na hora de acabar com a conversa e me mandar dali.

    - Eu preciso ir, Luke – lhe digo. - Sinto muito, mas preciso ajudar a minha mãe. Às vezes ela tem enjôos e não sabe o que fazer, então eu tenho que socorre-la. E, sabe, se ela passar mal eu tenho que pegar os medicamentos certos pra ela, porque qualquer erro pode causar sérios problemas.

    - Sua mãe não era médica? – ele pergunta.

    Abro um sorriso amarelo, pensando em que o quanto mais eu falo, pior fica a situação. Olhei no meu relógio. Ah, que pena. Hora de vazar.

    - Os hormônios podem causar reações inesperadas nela e podem fazer com que ela se confunda. Não é recomendado que uma gestante fique sozinha em casa, porque sabe, ela pode cair da janela. É muito perigoso.

    - Está certo – ele concorda e vira para o outro lado. – Te vejo qualquer dia desses. Tchau.

    E ele sai andando pela rua, para logo desaparecer de minha visão. Merda, merda, merda. Minha mãe grávida? WTF?!? Malditos hormônios. Morram, seus bobalhões. Morram!

    Hum, talvez não. Entrei em meu apartamento – que ficava ali do lado, motivo pelo qual acredito ter encontrado Luke -, e deitei no sofá apavorada. Sleeper apareceu no mesmo instante. Cheirou meus pés e deitou neles.

    Estava extremamente curiosa e nervosa para saber o que realmente havia acontecido na casa de Sam. Estariam os dois brigando? Discutindo ou simplesmente se ignorando, um com mais raiva que o outro? Esperei por meia hora. Não queria interrompe-los e causar mais problemas ainda. Não precisei ligar para Sam, pois ela mesma ligou.

    - Becky? – ela me chama. Parecia calma. Não, mentira. – Alô? É você?

    - Hum. Sim? – respondo. Começo a batucar com os dedos na mesa, uma mania minha que mostrava que algo me incomodava.

    - Não imaginei que fosse falar com ele – ela confessa.

    - Eu não ia. Fui aí para entregar seu celular, que alias, ainda está aqui – lhe digo, continuando a batucar ritmicamente.

     Sleeper já estava inquieto com o barulho e começou a se mexer feito um louco.

    - Eu conversei com ele – ela me diz. – Quer dizer, eu tentei. Ele estava tão irritado que mal me deixou falar. Nunca o vi daquele jeito, Becky. Eu imaginei que vocês pudessem pensar em alguma solução juntos, mas parece que ela já se decidiu.

    - Eu sei, ele me falou. Vai conseguir dinheiro para o aborto – lhe falo. – Não acredito que ele tenha pensando em algo tão absurdo. Esse bebe é meu e ele não vai tira-lo de mim. Nem que tenha que cuidar do bebe sozinha.

    - Absurdo? E o que você pretendia fazer naquela clínica hoje à tarde? – ela pergunta. – Fala sério, Becky. A questão é a seguinte: Vocês querem abortar a criança e fingir que nada aconteceu. Admita, tudo seria mais fácil.

    - E seria. Mas eu não vou fazer uma covardia dessas. Além do mais, se eu fosse, por que eu não teria concordado com o seu irmão? – pergunto.

    - Ele. Não. É. Meu. Irmão – ela fala pausadamente, com um tom de ódio e desprezo ao pronunciar “irmão”. – Eu sou adotada, tenho certeza.

    - Não me importo com ele – minto. - Mas quero saber o que aconteceu. Não queria que vocês brigassem por minha causa.

    - Corrigindo: Por você e pelo bebe – ela pausa e suspira. – Nada demais. Quer dizer, quando eu cheguei, ele estava na sala. Começou a perguntar quando eu pretendia contar a ele. Eu perguntei do que ele estava falando, mas aí ele começou a falar um monte de bobagens. Ele se irritou, quase arrebentou a porta, xingou a mim, Deus e o mundo, e depois se trancou no quarto.

    - Me desculpa – falo sinceramente. – Se eu pudesse voltar ao tempo...

    - Você assistiu à De Volta Para o Futuro de novo? – ela pergunta com um suspiro cansado. – Não vai rolar, Becky. Mas tenho certeza que se você contar para sua mãe...

    - Você disse a mesma coisa em relação a Matthew e olhe aonde as coisas foram parar – lhe acuso.

    - Então esqueça, ok? – ela pede. – Depois que sua mãe descobrir, a gente se organiza e tudo mais. E não conte com a ajuda do meu irmão.

    - Eu não vou – lhe garanto. – Tchau, Sam.

    Nos despedimos e eu desliguei o telefone. Chequei as horas e vi que deveria dormir. Não que eu fosse conseguir, mas eu devia. Tomei um banho, escovei os dentes e depois me deitei.

Acordei. Mais um dia. Uma semana havia se passado depois da conversa com Matthew. Levantei com muito sono e liguei a luz. Coloquei meu jeans, minha blusa azul e meu all star. Peguei minha mochila e fui tomar meu café da manhã, já que estava atrasada mais uma vez.

    Sem trocar uma palavra com minha mãe, ela me levou até a escola, aonde eu desci. Logo encontrei Sam, que veio animada em minha direção.

    - Bom dia, flor do dia – ela diz.

    - Oi – devolvi o cumprimento com muita menos animação.

    - É tão bom saber que eu tenho esse seu bom humor todo direcionado exclusivamente para mim! – ela diz. – Maravilha!

    - Você diz isso porque não está sentindo que vai vomitar seu intestino.

    - Parece que os hormônios já estão te atingindo – ela comenta.

    - E se você não ficar quieta, a minha mochila que vai te atingir – ameacei, seu paciência suficiente para mais brincadeiras.

    - Você está de TPM, por acaso? – ela pergunta.

     Imagino que ela tenha captado meu olhar mortal, pois no segundo seguinte ela se calou e começou a andar em direção à sala de aula.

    - O que você acha de Bob? – ela pergunta do nada.

    - Bob é um nome muito bonito... Para um cachorro, Sam – lhe disse.

    - Cameron? Eu acho Cameron muito bonito – ela comenta, saltitando pelos corredores da escola. – Sabe, aquela cara do livro da Nora Roberts se chamava Cameron. E o apelido dele era Cam.

    - Não, eca. Parece nome feminino – Pauso e penso. – Mas mesmo se for uma menina, eu não quero que ela tenha um nome desses.

    - Ta, ta. Que tal Britney, se for menina? – ela pergunta. – Madonna?

    - Posso bater em você? – brinco. Eu tenho pena da pobre criança que se chamar Madonna. Nada contra a rainha do Pop, mas uma menina não pode ter um nome de uma cinquentona que dança tentando parecer sexy, requebrando as banhas e as pernas cheias de celulite. Mas nem morta. – Você tem alguma ideia que não envolva nomes de famosos?

    - Claro que sim! Dã! – Ela revira os olhos e põe a mão na cintura. – Pode ser.... Brad?

    - Ah, claro – respondo sarcástica. – E se for menina, pode ser Angelina.

    - É! Perfeito! – ela comemora entusiasmada.

    Tsc, coitada. Ignorei seu último comentário super útil e continuei com meu caminho. Assim que entrei na sala de aula, dei um encontrão em alguém, que mais tarde vi que era Hillary, minha colega.

    - Demente – ela diz, revirando os olhos fortemente maquiados. Ajeita o cabelo ruivo e checa se as unhas bem pintadas estão no lugar. – Vamos, Tom.      Tom era seu namorado, ou algo assim. Era aquele cara que a gente só vê em filme americano: O jogador do time da escola, o bonitão, o popular e o pegador. Mas, burro que nem uma porta. Pobre menino.

    Sem ao menos me desculpar, sentei em minha classe e abri meu caderno. Estávamos no período de Matemática. Eu já tinha entendido a matéria e como uma boa aluna que eu era, eu estava desenhando no meu caderno. Uma estrela, um coração, uma casa... Enfim, qualquer desenho que uma criança de cinco anos pode fazer.

    - Senhorita Rebecca – Dei um pulo na cadeira ao ouvir meu professor me chamar. – Está prestando atenção na aula?

    - Sim – respondi fechando o caderno no mesmo instante.

    - Concentre-se na aula, ok? Agora voltando aqui para o quadro... – O professore continuou a explicação, na qual eu não prestei atenção.

    Cinco minutos depois, uma bolinha de papel amassada atingiu minha cabeça. Virei para trás e me deparei com Sam sorrindo. E isso porque ela fazia vôlei, imagina se não fizesse. Sua mira boa só perdia pro Sleeper, que sempre conseguia acertar o carro da nossa vizinha. Hehe. Então, abri o papel.

O que você acha de Carolyn?

     Suspirei. Só Sam mesmo para mandar esse tipo de bilhete no meio da aula. Devolvi o bilhete dizendo que não era hora de escolher os nomes. Mas em instantes outra bola voou em minha cabeça.

     Mas o seu bebe precisa de um nome! E por que não escolher agora nessa aula super, mega divertida? To até vendo sua cara de animação, Becky.

     Samantha, você pode passar lá em casa hoje à tarde e a gente pensa nisso, ok? Não dá para ir se adiantando desse jeito. Há muitas coisas para se decidir, lembra? A gente combinou que só iríamos pensar nisso quando eu contar tudo para a minha mãe.

    Passei o bilhete, que logo voltou para mim.

    Você é muito chata.

   

            Que amada. Total.

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Notas finais do capítulo

Não falei? Final fajuto AJSDFIJSDJF
Como eu disse lá em cima, eu tive que cortar o texto ao meio e ficou esse final lindo aí. Parece que os hormônios atingiram nossa personagem principal (ou ela é mesmo uma demente), porque sinceramente, ‘hoje’ ela não estava bem. Tsc.
Eu vou tentar postar o próximo capítulo semana que vem, já que ele está pronto.
Beijos e espero que tenham curtido (não me matem! Isso foi quase que um bônus, hunf)