A Profetisa - Heroes Series escrita por AliceCriis


Capítulo 14
13




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13 – Éphira pra cá, Éphira pra lá...

Steban achou melhor fazermos o exercício com concorrentes na próxima aula – devido ao tumulto dos alunos – e o desaparecimento da vadia, digo, Sharon... Depois disso, deveríamos ir para a aula de hipismo, mas infelizmente eu tive que comparecer á direção da escola – supostamente para conhecer Amentia, mas tinha a leve impressão que o caso com a Sharon na cafeteria teria alguma influência nisso. Joe teve que ir para a próxima aula – e infelizmente não pode estar lá para ser meu defensor/testemunha que a vadia ameaçou minha nobre beleza... hmpff.

Minha tutora – a mulher dos cabelos de labareda – me levou até a diretora Amentia, fazendo um longo interrogatório sobre meus primeiros momentos com meu colega de quarto e com o pessoas do campus – e minhas respostas não passaram de palavras monossilábicas, como eu sempre digo: quando mais palavras, mas encrencado você está. E o que me faz estar certa. Bem, companheiro, eu realmente, sempre estou certa, não é?

Estávamos quase em frente do prédio da direção, quando eu olhei para uma enorme estátua de bronze em meio ao tijolinhos cinza e marrons da calçada. Era uma estátua de uma mulher alta – que me lembrou profundamente a mulher da minha breve visão. Elas estavam me olhando da mesma maneira, segurando uma espada em uma das mãos e um arco recomposto em suas costas. Os olhos pareciam bem moldados e os cabelos desciam lisos até a cintura taciturna. Ela era realmente bonita. Fitei um longo tempo, seu corpo e percebi uma pequenina marquinha em seu punho que não consegui definir exatamente o que era... Mas aquela ínfima olhada meu causou um intenso formigamento na minha marca. Poderia eu, estar passando por menos bizarrices em um só momento?

- A estátua... – Ariela notou que eu a estava olhando, quase como uma maníaca. – É Éphira.

Mas por algum motivo... eu sabia. Sempre fui obcecada por mitologia e tudo mais... E em alguns lugares eu encontrara esse nome.

- Éphira, a deusa olimpiana e protetora dos escolhidos. – citei, com presunção. A maioria das pessoas se satisfaz passando horas na internet ou simplesmente se embebedando de coca cola na frente da TV, mas eu, euzinha, gostava de pesquisar mitologia. O que é bastante recomendado para você, seu sem cultura. Hmpff.

- Em outras palavras, escolhidos são aqueles que merecem ter dons, aqueles que Éphira manda um dom para ele. Ou dois.

- E por que ela está aqui?

- Por que Éphira existe. – por um momento achei que Ariela tivesse ficado maluca, mas ela estava falando sério.

- Acham que um deus grego ainda existe? Ou sequer existiu? Isso é pura mitologia.

- Você acredita no Deus todo poderoso, que criou o universo, Claire?

ARG, mas é claro!

- Sim.

- E qual a sua garantia que ele existe? – ela me perguntou, extorquidamente.

- Ele nos protege... você sabe.

  - Mas nos sabemos que Éphira existe. – disse com harmonia e calma – Mas não é comigo que vai falar sobre a deusa... – deu de ombros. – Vamos logo falar com Amentia.

Depois, Ariela quis me guiar para dentro de um prédio enooooooooorme – que de fato, tocava nas nuvens... Era o maior prédio que eu havia visto na minha vida... era assustadoramente... grande!

E com um pouco mais de atenção, olhei para mais adiante da estatua da deusa e do gigantesco prédio, e vi a igreja que eu tinha visitado com Joe, dias antes.

- Heeey! – interrompi Ariela me empurrando para mais dentro do prédio e mirei o dedo para igreja do outro lado da calçada – Como podem cultuar uma deusa e ao Deus da igreja católica?!

Ariela riu consigo mesma, como se eu tivesse dito alguma piada realmente engraçada. – Acreditamos no que vemos e o que não vemos, Claire. É bastante complicado querer compreender isso logo de chegada.

Ela me olhou paciente, e olhou em seguida para a entrada do prédio.

- Estou indo. – bufei – apressadinha...

Subimos o elevador. Eu odeio elevador. Por algum milagre, eu não botei todo meu café da manhã nos pés de minha tutora... Realmente, não seria um fato tãããão ruim, não é companheiro?

- Amentia está aqui. – Ariela falou e abriu as portas do elevador. – Nos vemos mais tarde, profetisa.

Ela me empurrou para fora do elevador e fechou suas portas.

- Profetisa... que bom vê-la! – era uma voz macia e que parecia estar dignamente á vontade em sua sala, e me virei de frente para poder ao menos vê-la.

- Só quero dizer em minha defesa: eu não fiz absolutamente nada.

Companheiro, de anos e anos de visitas freqüentes á sala do diretor, aprendi que a única afirmação convicta que se pode fazer é esta que eu acabei de citar. E não se deve mais dizer nada. Cale-se e escute a bomba, antes que piore a situação, mané.

- Não tenho nenhuma denúncia contra você, Claire. Algum problema? – ela arqueou a sobrancelha divertida.

Ela era alta e tinha os cabelos louro-acinzentados. Olhos grandes e profundos da cor do céu no crepúsculo e uma estatura alta e um corpo que sugeria anos e anos de ginástica e esgrima.

- Na verdade, não. – esganicei. – Então por que estou aqui?

- Steban me contou sobre sua marca.

Congelei. Pensei no que eles tinham imaginado: Drogada? Membro de um culto que mata galinhas e joga sanguessugas nos outros? Ou que medita de ponta cabeça em uma árvore?

- Eu... meio que nasci com ela. – respondi gaguejando, tentando ler as expressões da mulher.

- Poderia me mostrar?

Silencio.

  - Tudo bem... – respondi hesitante, me aproximei de sua mesa. E ao mais próximo que eu chegava, companheiro, ela emanava uma onda hesitante de poder... um  poder grande... não, um poder enooooooorme!

Ela pareceu ter sentido minha relutância e sorridente respondeu: - É só uma barreira psíquica, não se preocupe.

É claro, é uma onda psíquica de poder, só isso – sarcasmo.

Não respondi, só me prontifiquei ao pé de sua mesa e tirei meu bracelete mostrando minha marca. Sua cara foi hilária, que quase gargalhei. Ela empalideceu e seus olhos clarearam com a pele. Soltei um silvo de risos e ela olhou para mim.

- Você é a... jovem da profecia. – ela olhou para mim, como se olhasse para dentro de mim. Bizarro, bizarro... – Você é...

- Claire Bennett, diretora.

Ela agarrou á meu ante-braço – Okay, não gostei do modo como ela segurou meu braço, se queria ficar olhando para ele, por que não tirava uma foto? AAAAAAAAAAARG!

- Tenho que falar com ela. – pensou sozinha, enquanto largava meu braço. – Mas vamos voltar á você.

E quando o assunto saiu de mim? ARG!

- O que tem eu?

- Como está indo no campus?

- Tudo certo, tudo okay.

- Ariela disse que você tem perguntas... em relação ás vozes.

- Pode se dizer que sim. – limpei a garganta.

- Sente-se.

Sentei-me por instinto, e coloquei as pernas em cima da lateral do sofá.

- Por que eu tenho duas vozes na minha cabeça?

- Por que você tem dois dons. E elas são seus dons.

- E vão viver para o resto da vida na minha cabeça? – meu desespero me decolou.

- É simples, você tem que apreender o que eles são... e quando aprender... Você e seus dons serão apenas um. Sem vozes, mas eles vão estar agindo com você, tendo cem por cento de controle sobre seus dons...

- E demora muito?

- Varia... Mas seu processo pode ser mais rápido do que a maioria que tem em média sete meses de aprendizado com isso... Como você já consegue os ouvir, é um longo processo ignorado. – ela disse olhando para uma jarra de chá gelado que flutuou á minha frente – Quer chá?

Olhei abismada para aquilo. Mas Z era psíquica... não fazia sentido.

- Não, obrigada. – exprimi meus olhos para ela e pedi – Quais são seus poderes?

Ela me olhou divertida: - É uma pergunta que eu me faço todos os dias, Claire.

Olhei pra ela com o olhar vago e sem nenhum entendimento.

- Bem, imagine-me como uma Guardiã, Profetisa. – ela me olhou nos olhos com suavidade – Devo mate-los protegidos, saudáveis e transformá-los em Extradotados de verdade.

O jeito como ela disse, não me agradou em nada. COMO SE CLAIRE BENNETT NÃO FOSSE UMA EXTRADOTADA DE VERDADE!? Hmpff...

- Pense em cada Dot que passou por aqui, Claire... Cada Dot que se transformou, aprendeu tudo o que precisou e seguiu em frente... E esse é meu dom.

- Talvez eu tenha acordado meio lesa hoje... Não entendi. – pisquei com minhas sobrancelhas arqueadas por curvex.

- É realmente complicado, Profetisa. Mas meu dom é um pedacinho ínfimo de cada dom que já tenha passado por esta escola. – ela me disse aquilo, enquanto tomava seu chá. Como se fosse simples. Bem, okay. Talvez fosse muuuuuuuuuuuuito simples para a senhora eu-sou-a-diretora-dessa-escola-de-superdotados-e-sou-a-bambambam-daqui. Mas eu ainda não estava acostumada á esse tipo de coisa e era realmente bizarro...! – Eu sou aquilo que eu protejo, aquilo que eu guardo e sou designada á guardar.

E ao invés de eu fazer uma pergunta racional, eu calculei nos dedos: - Quantos anos você tem?

Ela riu: - É uma pergunta muito pertinente para falarmos aqui, Claire. Mas considere-me... uma breve parte dessa escola. Só isso.

Assenti não muito impressionada. Eu me falaria muito com ela, tinha absoluta certeza... Por que será?!

- E qual o lance da minha marca?

Ela pareceu inquieta, sacudindo os cabelos longos demasiados. – É complicado para dizer ainda... mas Éphira a aguarda, com muita ansiedade, minha jovem.

- Éphira. – suspirei – Mas eu acredito em Deus... não algo que tenha raízes mitológicas!

Amentia pareceu um pouco chateada comigo e me senti mau no momento em que falei isso.

- Eu não quis ofender...

- Tudo bem, Profetisa. – disse ela – Mas vamos á sua dúvida principal: Éphira existe? Sim, Éphira está aqui, e se tudo estiver bem... logo a verá.

Fiquei tonta por alguns minutos e me recostei de novo no sofá onde eu estava;

- Eu vou ver uma divindade?

- Sim.

- Está querendo dizer que... podemos ver Deus um dia destes?

- Não.

- Nada mais faz sentido.

Não fazia idéia do que pensar... Eles estavam me dizendo que tinham uma deusa pra si, e eu não poderia sequer ver o meu Deus.

- Claire, não somos anti-cristãos. Somos apenas afiliados á nossa protetora, guardiã e deusa. Deus não é o inverso dela, e nem o mesmo que ela... São apenas, entendidos e orados á eles de uma forma diferente. Bem... mas existem muitos outros além de Éphira... os quais tenho certeza de que conhece bem, como... Apolo.

Minha cabeça começou a clarear... e a sua companheiro?

- Deus não é contra Éphira?

- Não.

- Éphira não é uma religião.

- Não, mas acolhe nossas preces e socorros.

Fiquei um tempo quieta. Me lembrando da minha – quase - ignorada visão quando tive antes de subir voando loucamente para cima do pau-de-sebo e pegar a bandeira. A lembrança daquela mulher me fazia o corpo formigar... de um jeito realmente estranho. Como se eu a conhecesse... e como se ela e Éphira tivesse alguma ligação.

- Chá? – ofereceu novamente. EU ODEIO CHÁ, CARAMBA!

- Not.

- Acha que pode voltar para sua aula de arco e flecha?

- Provavelmente.

- Foi bom ver você, Bi-dot.

- Fui.


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