Down Goes Another One escrita por Aphroditte Glabes


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Era uma noite escura na cidade de Helena, em Montana. Uma deusa de longos cabelos cacheados e negros, com olhos verdes como a grama caminhava por uma estrada precária em direção a uma casa de aparência antiga, onde repousava a beira da morte o filho do prefeito da cidade. A deusa estava impecável. Vestido preto, contrastando com a pele incrivelmente branca e leve maquiagem. Ela estava pronta para seu serviço. Aquela era Macária, deusa da boa morte, e agora ela iria levar consigo uma vida.

 

 

 

Quando chegou ao lado da cama do rapaz, foi impossível leva-lo. O jovem devia ter em torno de vinte e dois anos. Era musculoso, com a pele levemente bronzeada. Os cabelos castanhos eram lisos e caiam pelo rosto, até perto de seu queixo anguloso. Com alguns suspiros, ele abriu os olhos azuis esverdeados quando sentiu o perfume da deusa.

 

-Quem? - ele começou com a voz doce, mas o dedo da deusa nos seus lábios o calou.

 

-Shh - ela disse - Vim aqui para ajudá-lo.

 

-Como... - ele começou novamente, mas a deusa desceu seus lábios para os dele, e com apenas um toque e um pequeno brilho, a paz repousou sobre eles e o jovem estava curado.

 

-Seu nome, jovem - ela disse, docemente enquanto ajudava-o a se sentar na cama.

 

-É... Jason... Jason Bennet - ele disse, enquanto engolia com dificuldade - E você?

 

-Sou Macária - ela disse, e o jovem viu o pequeno sorriso dela. Ficou encantado.

 

-Já ouvi esse nome...

 

-Claro que já - ela disse sorrindo - Sou Macária, deusa da boa morte.

 

Com um risinho, o jovem olhou descrente para ela, mas quando os seus olhos se encontraram, ele parou de rir imediatamente.

 

-S-sério? - gaguejou e a deusa assentiu - Isso é legal, o que... você faz exatamente?

 

-Eu levo para o reino de meu pai aqueles que se conformaram com a morte!

 

-Seu pai?

 

-Sim, Hades - ela assentiu, pesarosa - E minha mãe é Perséfone, deusa da primavera.

 

-Ah - disse o jovem com os olhos brilhantes - Quando estava no colegial tive que fazer um trabalho sobre deuses menores. Fiz sobre Perséfone, sabia que já havia lido seu nome em algum lugar...

 

A deusa sorriu. Não era reconhecida sempre que era vista. Os homens que a viam, pensavam que era uma assombração e faziam o sinal da cruz, como se isso fosse funcionar contra ela. Embora gostasse de levar os espíritos dos mortos para o reino de seu pai, era uma tarefa tediosa, e muitas vezes a deusa desviava-se do seu rumo, visitando homens mortais. Embora nunca tivesse deitado com nenhum deles, nunca passara dos amassos. Gostava de vê-los adormecidos. Quando um último grito de sensatez foi contido em sua mente, ela pegou as mãos do jovem e as segurou juntos as dela.

 

***

 

Aquela foi uma noite inesquecível tanto para a deusa, quanto para o jovem, que ainda murmurava baixinho o nome dela enquanto Macária vestia-se e com um suspiro, deixava um bilhete para ele.

 

?Desculpe as complicações que devo ter trazido para você. Foi pior do que se eu apenas tivesse te levado. Sinto muito?.

 

Arrumou os cabelos despenteados e os prendeu em um coque na nuca, enquanto caminhava para fora da casa, ignorando os mortais que a encaravam bobamente, enquanto ia em direção a um pequeno jardim ao lado da casa de Jason. Chegando lá, ela tirou para fora todas as lágrimas que mantinha escondidas no fundo do coração. Enquanto passava os dedos pelas flores e sorri ao mesmo tempo.

 

Duas horas depois, Macária voltava para o Mundo Inferior, o seu lar. Triste, foi até seu quarto no Palácio do pai. Antes, porém, passou pela sala do trono, onde a mãe conversava com Deméter.

 

-Minha filha - disse Perséfone, sorrindo.

 

-Oi, mãe - disse Macária, desanimada.

 

-O que foi, querida? Qual o motivo desse desanimo?

 

-Um bom campo de trigo ajudaria... - começou Deméter.

 

-Mãe - gemeu Perséfone.

 

-Não quero falar sobre isso - disse Macária, enquanto sentava ao lado da mãe e da avó, que enchia uma tigela de cereal para a neta.

 

A deusa comeu em silencio, enquanto tentava processar o que acontecera na noite anterior, na noite em que deveria estar tirando a vida de Jason Bennet, deitara-se com ele. Para ela, esse era um pecado terrível. Com um tremor, ela sumiu da mesa e apareceu em seu quarto, deitando-se na cama e adormecendo.

 

***

 

Pela manhã, a deusa acordou com a mão da mãe acariciando seus cabelos. Macária se arrependera do que fizera e por mais que quisesse, não podia reverter a situação.

 

-Macária... - disse Perséfone - Conte-me o que houve.

 

-Melhor não, mãe - ela disse, secando as lágrimas que insistiam em escorrer por sua face.

 

-Eu posso ajudar?

 

-Não - falou a deusa, enquanto sentava-se em uma penteadeira e encarava tristemente sua imagem no espelho - Ninguém pode me ajudar agora.


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Notas finais do capítulo

E aí? Valem review?!